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“Setenta e dois...etc.” - O Mestre contou este conto enquanto residia em Jetavana, relativo ao brahma Baka (um brahma significa um anjo em um dos céus Brahma loka, três dos quais são mencionados abaixo ). Com ele uma falsa doutrina surge, qual seja, “Esta existência presente é perpétua, permanente, eterna, sem mudança : fora dela não há salvação ou livramento algum.” Em uma vida passada este brahma praticou certa vez meditação, e com isto nasceu no céu Vehapphala. Tendo lá permanecido uma existência de quinhentos kalpas, nasceu no céu Subhakinna ; após sessenta e quatro kalpas passados lá nasceu no céu Abhassara, onde a existência é de oito kalpas. Foi lá que esta falsa doutrina surgiu nele. Ele esquecera que havia passado de céus Brahmaloka mais altos e que então nascera naquele céu e sem perceber nenhuma destas coisas assumiu a falsa doutrina. O Senhor, entendendo as reflexões dele, tão facilmente quanto um homem forte pode estender seu braço dobrado ou dobrar seu braço estendido, desapareceu de Jetavana e apareceu naquele Brahmaloka. O brahma, vendo o Senhor, disse, “Venha aqui, meu senhor ; bem vindo, meu senhor ; faz muito tempo, meu senhor, desde que oportunamente vens aqui ; este mundo, meu senhor, é perpétuo, ele é permanente, ele é eterno, ele é absoluto, ele é sem mudança ; este mundo é não nascido , ele não decai , ele não morre, ele não passa , ele não nasce novamente : fora deste mundo não há além outra salvação.” Quando isto foi dito, o Senhor disse para Baka o brahma, “Baka o brahma tornou-se ignorante, ficou ignorante quando diz que uma coisa que é não permanente, é permanente, e o que segue, e que não há outra salvação fora desta quando há outra salvação.” Escutando isto o brhama pensou, “Este ahi me pressiona duramente, descobrindo exatamente o que digo,” e como um tímido ladrão, após receber poucos golpes, disse, “Sou eu o único ladrão ? Tal e tal e tal e tal também são ladrões,” mostrando seus associados ; ele então, temendo as perguntas do Senhor, mostrando que outros eram seus associados, falou a primeira estrofe :-
Setenta e dois, Ó Gautama, somos nós
Grandes e retos, livres de nascimento e de idade :
Nosso céu é casa da sabedoria, nada há acima :
E muitos outros aprovarão esta visão.
Escutando estas palavras, o Mestre falou a segunda estrofe :-
É curta tua existência neste mundo : está errado,
Baka, pensar a existência aqui como longa :
Uma centena de milhar de eras passadas e idas
Toda tua existência é por mim sabida.
Escutando isto, Baka falou a terceira estrofe :-
De saber infinito, Ó Senhor, eu sou :
Nascimento, idade e sofrimento, tudo em mim descansa :
O que eu devia fazer de boas obras, tempos atrás ?
Assim diga-me algo, Senhor, qu'eu deva saber.
Então o Senhor, relatando e mostrando a ele coisas dos tempos passados, falou quatro estrofes :-
Para muitos homens no passado deste de beber
Prontos para afundarem na aridez da seca abrasante :
Esta virtuosa ação tua tanto tempo atrás
Lembrando, como se acordado do sono, eu sei.
Junto das margens do Eni tu libertaste o povo
Quando encadeado e preso em catividade fechada :
Esta virtuosa ação tua tanto tempo atrás
Lembrando, como se acordado do sono, eu sei.
Na corrente do Ganges um homem tu libertaste,
Cujo barco foi dominado por uma naga, cruelmente
Sedenta de carne e o salvaste poderosamente :
Esta virtuosa ação tua tanto tempo atrás
Lembrando, como se acordao do sono, eu sei.
E eu era Kappa, teu discípulo verdadeiro,
Tua sabedoria e tuas virtudes todas eu conhecia :
E agora estas tuas ações de tanto tempo atrás
Lembrando, como se acordado do sono, eu sei.
Escutando suas próprias ações no discurso do Mestre, Baka agradeceu e falou a última estrofe :-
Tu sabes cada vida qu'eu tive :
Buddha tu és, toda sabedoria certamente é tua :
E com certeza tua gloriosa majestade e estado
Mesmo este mundo de Brahma ilumina.
Assim o Mestre, expondo sua qualidade de Buddha e mostrando a Lei, apresentou as Verdades. No fim os pensamentos de dez mil brahmas foram libertos de apegos e pecados. Assim o Senhor tornou-se refúgio de muitos brahmas e voltando do Brahmaloka para Jetavana, pregou a lei no modo descrito e identificado no jataka : “Naquele tempo Baka o brahma era o asceta Kesava, Kappa o discípulo era eu mesmo.” Cf. Jataka 469.
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