segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

391 Buddha Sakra



391
“Nobre face...etc.” - O Mestre contou isto quando em Jetavana, relativo a suas andanças pelo bem do mundo. Um dia, diz-se, os Irmãos sentados no Salão da Verdade, conversavam. “Senhores,” um teria dito, “o Mestre, sempre amigo da multidão das pessoas, abandonou agradável moradia e viveu apenas para o bem do mundo. Ele atingiu sabedoria suprema, e de próprio proceder, tomou tigela e hábito, e saiu numa jornada de trinta quilômetros ou mais. Para os Cinco Anciãos (os cinco que acompanharam Buddha quando ele começou sua vida ascética: Aññakondañña, Bhaddiya, Vappa, Assaji, Mahā Nāma) ele girou a Roda da Lei; no quinto dia dos idos do mês recitou as Escrituras Anattalakkhana, e outorgou santidade a eles todos; foi até Uruvela (lá pregou aos adoradores do Jataveda, o fogo do lar), e aos ascetas de tranças no cabelo mostrou três mil e quinhentos milagres, e os persuadiu a juntarem-se à Ordem; em Gayāsisa (agora Brahmāyoni, uma montanha perto de Gayā) recitou o Discurso sobre o Fogo, e outorgou santidade a milhares destes ascetas; para Mahā Kasyapa, quando locomoveu-se cinco quilômetros para encontrar com ele, depois de três discursos ele deu as mais altas Ordens; sozinho apenas, depois do almoço, começou uma jornada de setenta quilômetros, e então estabeleceu Pukkusa no Fruto do Terceiro Caminho (um jovem muito nobre); para encontrar Mahā Kappina ele locomoveu-se três mil quilômetros e outorgou santidade a ele; só, à tarde, saiu numa jornada de quarenta quilômetros e estabeleceu em santidade o cruel e terrível Angulimāla; quarenta quilômetros também atravessou para estabelecer Alavaka (este era um demônio-árvore, que clamava sacrifício de uma vítima por dia. O próprio filho do rei estava para ser comido, quando Buddha o salvou) no Fruto do Primeiro Caminho, e salvar o príncipe; no Céu do Trinta e Três habitou três meses, e ensinou a compreensão integral da Lei a oitocentos milhões de deidades; foi ao mundo de Brahma, e destruiu a falsa doutrina de Baka Brahma (cf jātaka 346), e outorgou santidade a dez mil Brahmas; todo ano saía em peregrinação em três distritos, e às pessoas capazes de receber, ele dava os Refúgios, as Virtudes, e os frutos das diferentes etapas; ele até agia em benefício das cobras, dos pássaros e semelhantes, de muitos modos.” Com tais palavras eles louvavam a bondade e o valor da vida de Dasabala pelo bem do mundo.” Então o Mestre disse, “Irmãos esta não é a primeira vez que o Tathāgata saiu andando pelo bem do mundo,” e contou uma velha história. // Jataka 469.

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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva era Sakra. Naqueles dias um mago, usando sua mágica, veio à meia-noite e corrompeu a rainha de Benares. As empregadas tiveram conhecimento. Ela mesma foi ao rei e disse, “Sua majestade, algum homem entrou na câmara real à meia-noite e me corrompeu.” “Poderia fazer uma marca nele?” “Posso.” Então ela tomou uma tigela tinta de vermelhão, e quando o homem veio à noite e estava indo embora depois do prazer, ela colocou a marca dos seus cinco dedos nas costas dele e de manhã disse ao rei. O rei deu ordens a seus homens para irem e procurarem em todo lugar um homem com a marca vermelha das mãos nas costas.
Então o mago depois do seu erro à noite ficava de dia em um cemitério em um pé apenas venerando o sol. Os homens do rei o viram e o cercaram: mas ele, entendendo que a ação dele fora descoberta por eles, usando sua mágica voou pelos ares. O rei perguntou a seus homens quando voltaram de terem visto isto, “Viram-no?” “Sim, vimo-lo.” “Quem é ele?” “Um Irmão, sua majestade.” Pois depois do erro noturno ele vivia de dia disfarçado de Irmão. O rei pensou, “Estas pessoas andam de dia em roupas de asceta e erram à noite;” assim irado com a Irmandade, ele adotou visões heréticas, e enviou um proclama em tambor pela rua que todos os Irmãos deviam sair do reino e que seus homens os puniriam quando encontrados. Todos os ascetas fugiram do reino de Kāsi, que tinha quase seiscentos quilômetros de extensão, para outras cidades reais, e não ficou nenhum, reto Buddhista ou Brahmin, para pregar às pessoas todas de Kāsi; então as pessoas sem pregação tornam-se selvagens, e sendo avessas à caridade e aos mandamentos nascem em estado de punição já que a maior parte morre e nunca nasce no céu. Sakra, sem escutar novas, refletiu qual seria a razão, e viu a expulsão dos Irmãos do reino pelo rei de Benares devido ‘adoção de costumes heréticos com raiva por causa do mago : então ele pensou, “A não ser eu mesmo não há ninguém que poderá acabar com esta heresia do rei; ajudarei o rei e seus súditos,” e assim foi até os paccekabuddhas na gruta Nandamula e disse. “Senhores, dêem-me um velho paccekabuddha, quero converter o reino de Kāsi.” Ele pegou o mais velho dentre eles. Quando tomou sua tigela e hábitos Sakra colocou-se atrás e o mais velho à frente, fazendo respeitosa saudação e venerando o paccekabuddha : ele mesmo se tornou um belo jovem Irmão e em três tempos já tinham atravessado toda a cidade e chegando no portão do rei pousava no ar. Eles falaram ao rei, “Sua majestade, há um belo jovem Irmão com um padre pousado no ar no portão real.” O rei levantou-se do trono e parando na gelosia disse, “Jovem Irmão, por quê você, que é belo, permanece venerando este feio padre e segura seus hábitos e tigela?” e assim conversando falou a primeira estrofe:-

Nobre face, praticas a humilde obediência;
Atrás de um pobre e humilde à vista, tu vais
Ele é melhor ou igual à você, diga,
Declare-nos seu nome e o dele, prego.

E Sakra respondeu, “Grande rei, padres estão no lugar de professores [ n. do tr. : é errado falar o nome de um santo professor, cf. Mahavagga I, 74,1 ]; portanto não é certo que eu pronuncie seu nome : mas lhe direi meu próprio nome,” e falou a segunda estrofe:-

Deuses não falam a linhagem e o nome
De santos devotos e perfeitos no caminho:
Quanto a mim mesmo, meu título proclamo,
Sakra, o senhor a quem obedecem trinta deuses.

O rei escutando isto perguntou na terceira estrofe qual a benção em venerar o Irmão:-

Aquele que contempla o santo de méritos perfeitos,
E anda atrás dele com a humilde obediência:
Te pergunto, ó rei dos deuses, o que ele herda,
Que bençãos será dada em outra vida?

Sakra respondeu com a quarta estrofe:-

Aquele que contempla o santo de méritos perfeitos,
Que anda atrás dele com humilde obediência:
Grande louvor entre as pessoas neste mundo herda,
E à morte para ele o caminho do céu será mostrado.

O rei escutando as palavras de Sakra desistiu de suas visões heréticas, e com prazer falou a quinta estrofe:-

Ó, o sol da fortuna ho-je levanta-se para mim,
Nossos olhos viram tua majestade divina:
Teu santo apareceu, Ó Sakra, a nossos olhos,
E muitos atos virtuosos agora serão meus.

Sakra escutando-o louvar a seu mestre, falou a sexta estrofe:-

Certamente é bom venerar o sábio,
Ao conhecimento que seus pensamentos estudados inclinam:
Agora que o santo e eu encontramos teus olhos,
Ó rei, que muitos sejam teus atos virtuosos.

Escutando isto o rei falou a última estrofe:-

Livre de ira, com a graça em todo pensar,
Prestarei ouvidos onde quer que estranhos solicitem:
Seguirei teu conselho, e terei por nada
Meu orgulho e servirei-te, Senhor, com homenagem devida.

Tendo dito isto saiu do terraço , saudou o paccekabuddha e ficou do lado. O paccekabuddha sentou de pernas cruzadas no ar e disse, “Grande rei, o mago não era Irmão : de agora em diante reconheça que o mundo não é vaidade, que existem bons Buddhistas e bons Brahmins, e assim faça ofertas, pratique os mandamentos e mantenham os dias santos,” pregando ao rei. Sakra também com seu poder pousou no ar, e pregou ao povo, “De agora em diante sejam zelosos,” mandou pelas ruas proclama em tambor que Buddhistas e Brahmins que fugiram devem retornar. Depois ambos voltaram para seu próprio lugar. O rei permaneceu firme no conselho e fez boas obras.

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Depois da lição, o Mestre declarou as Verdades e identificou o Jātaka:- “Naqueles dias o paccekabuddha alcançou o Nirvāna, o rei era Ānanda, Sakra era eu mesmo.”





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