domingo, 20 de janeiro de 2013

458 Buddha Sakra




458
Tu sem falha...etc.”- Esta história o Mestre contou, enquanto residia em Jetavana sobre um Irmão relapso. A ocasião será explanada no Jataka Kusa de número 531. Novamente o Mestre perguntou ao sujeito, “É vero, Irmão que és relapso, como dizem ?” E ele respondeu, “É, senhor.” Então ele disse, “Ó Irmão, por quê és relapso em uma religião como a nossa que leva à salvação e tudo por luxúria da carne ? Sábios antigos, que eram reis em Surundha, uma cidade próspera e medindo doze léguas nas duas direções, apesar de por setecentos anos residirem em um mesmo aposento com uma mulher bela como ninfa divina, ainda assim não cedeu aos sentidos e nunca nem mesmo olhou para ela com desejo.” Assim falando, ele contou uma história do passado. Cf. Jatakas 328 e 443.

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Certa vez quando rei Kasi reinava no domínio Kasi, em Surundha sua cidade, não tinha ele nem filho nem filha. Então pediu para que suas rainhas rezassem por filhos. O Bodhisatva, saindo do mundo de Brahma, foi concebido no útero da rainha principal. E porque seu nascimento alegrou os corações de uma multidão de gente, recebeu o nome de Udayabhadda ou Bem-vindo. No tempo em que o garoto passou a andar nos próprios pés, outro ser veio para este mundo vindo do mundo de Brahma e tornou-se uma menina no útero de outra das rainhas deste rei e foi chamada com o mesmo nome, Udayabhadda ou Bem vinda.
Quando o Príncipe atingiu a idade, alcançou o magistério em todos os ramos da educação ; mais, era casto a tal ponto que nada sabia dos atos da carne nem mesmo em sonho nem estava seu coração inclinado ao pecado. O rei desejava tornar seu filho o rei, com a aspersão solene, e arranjar jogos para o prazer dele ; e deu ordens de acordo com isto. Mas o Bodhisatva respondeu “Não quero o reino, meu coração não se inclina ao pecado.” Por várias vezes foi solicitado contudo sendo a resposta que fizessem uma imagem de mulher de ouro vermelho, que ele enviou para seus pais, com a mensagem, “Quando encontrar uma mulher como esta, aceitarei o reino.” Esta imagem dourada foi apresentada por toda a Índia mas não encontraram mulher como ela. Então arrumaram Bem-vinda finamente e compararam ela com a imagem ; e a beleza dela ultrapassava a da imagem. Então casaram ela com o Bodhisatva, contra os desejos deles, sua meia irmã, nascida de mãe diferente, Princesa Bem-vinda e o ungiram rei.
Estes dois viviam juntos uma vida casta. Com o pasar do tempo, quando seus pais já estavam mortos, o Bodhisatva legislou o reino. Viviam juntos num mesmo aposento, ainda assim negando os sentidos e nunca nem mesmo olhando um para o outro com desejo ; não, uma promessa eles fizeram, que aquele que morresse primeiro, deveria retornar até o outro do lugar de seu novo nascimento e dizer, 'Em tal lugar nasci de novo.'
A partir da data da sua unção, o Bodhisatva viveu setecentos anos e depois morreu. Outro rei não havendo, as ordens de Bem-vinda foram promulgadas e os cortesãos administravam o reino. O Bodhisatva tornou-se Sakra no Céu dos Trinta e Três e devido à magnificência de sua glória por sete dias foi incapaz de lembrar o passado. Então após passar setecentos anos, de acordo com a contagem humana, lembrou ( 'um dia é como cem anos' ) e disse para si mesmo, “Vou até a filha de rei Bem-vinda e a tentarei com riquezas e rugindo o rugido de leão discursarei e cumprirei minha promessa !”
Nesta idade do mundo dizem que o tamanho da vida humana era de dez mil anos. Bem, naquele momento, sendo uma hora da noite, as portas do palácio estavam bem fechadas e a guarda estabelecida e a filha do rei sentada quieta e sozinha em um aposento magnífico no terraço do sétimo andar de sua mansão, meditando em suas virtudes. Então Sakra pegando um prato dourado cheio de moedas de ouro, apareceu em seu quarto de dormir ficando diante dela ; e permanecendo em um dos lados, começou a dialogar com ela recitando a primeira estrofe :

Tu sem falha na beleza, pura e brilhante,
Tu sentada sozinha nesta alto terraço,
Em pose graciosa, com olhos de ninfa celeste,
Peço, deixe-me passar contigo esta noite !

A isto a princesa respondeu com as duas estrofes seguintes :

Desta cidade ameada, cavada com fossos, é difícil aproximar-se,
Enquanto suas trincheiras e torres mão e espada unidas a guardam.

Nem o jovem nem o poderoso facilmente ganham entrada aqui ;
Diga-me – por quê a razão estás ansioso de me encontrar ?

Então Sakra recitou a quarta estrofe :

Sou um Duende, linda mulher, que apareço diante de ti
Conceda-me um favor, senhora, aceite esta tigela cheia.

Escutando isto a princesa respondeu repetindo a quinta estrofe :

Não quero ninguém desde que Udaya morreu,
Nem deus nem duende, nem homem, do lado :
Portanto, Ó poderoso Duende, vae embora
Não venha mais aqui e fique bem longe.

Escutando seu rugido de leoa, ele não ficou mas fez como se partisse e desapareceu. Dia seguinte na mesma hora, ele pegou um prato de prata cheio de moedas douradas e se dirigiu até ela repetindo a sexta estrofe :

Aquela alegria principal, conhecida completamente pelos amantes,
Que leva os homens a fazer muitas coisas más,
Não despreze tu, Ó senhora, sorrindo docemente :
Veja, uma tigela cheia de prata trago aqui !

A princesa então começou a pensar, “Se permito que ele fale e reclame, ele virá novamente. Nada direi à ele agora.” Com isto ela nada disse. Sakra vendo que ela nada tinha a dizer, desapareceu imediatamente deste lugar.
Dia seguinte, na mesma hora, ele pegou uma tigela de ferro cheia de moedas e disse, “Senhora, se me abençoares com o teu amor, te darei esta tigela de ferro cheia de moedas.” Quando ela o viu, a princesa repetiu a sétima estrofe :

Homens que cortejam uma mulher, aumentam e elevam,
As ofertas de ouro, até que ela lhes obedeça.
O caminho dos deuses difere, julgando por você
Vens agora com menos do que nos outros dias.

O Grande Ser, quando escutou estas palavras respondeu, “Senhora Princesa, sou um comerciante cauteloso e não desperdiço minhas posses com nada. Se você aumentasse em juventude ou beleza, eu também aumentaria o presente que ofereço a ti ; mas você está murchando e assim faço a oferta minguar também.” Assim falando, ele repetiu estas três estrofes :

Ó mulher ! A beleza e o vigor da juventude murcham
Neste mundo das pessoas, tu mulher de belos membros.
E você ho-je estás mais velha do que antes,
Então míngua para menos a soma que pagaria.

Assim, gloriosa filha de rei, diante dos meus olhos admirados
Como voa o dia e a noite tua beleza murcha e morre.

Mas se, Ó filha de rei o mais sábio, te agrada
Santa e pura podes durar, mais amável serias !

Com isto a princesa repetiu outra estrofe :

Os deuses não são como as pessoas, eles não envelhecem ;
Em sua carne não se vê dobra de ruga.
Como é isto se os deuses não têm constituição corporal ?
Sobre isto, poderoso Duende, agora me conte !

Então Sakra explicou o assunto repetindo outra estrofe :

Os deuses não são como as pessoas, eles não envelhecem ;
Em sua carne não se vê dobra de ruga :
A-manhã e a-manhã sempre mais
Cresce a beleza celestial e benção incontável.

Quando ela escutou sobre a beleza do mundo dos deuses, perguntou o caminho para ir para lá em outra estrofe :

O quê aterroriza tantos mortais aqui ?
Te pergunto, poderoso Duende, para esclarecer
O caminho, explicado de modo tão diverso :
Qual o caminho para o céu que ninguém deve temer ?

Então Sakra explicou o assunto em outra estrofe :

Quem mantem controlados voz e mente,
Quem não ama pecar com o corpo,
Dentro da casa que há muita comida e bebida,
Mão aberta, bondoso, em toda a fé toda a verdade,
Livre de favores, de língua macia, de ânimo gentil -
Aquele que assim caminha para o céu nada deve temer.

Quando a princesa escutou suas palavras, ela agradeceu em outra estrofe :

Qual mãe, qual pai, Duende, me aconselhaste :
Poderoso, Ó belo ser, me diga, me diga quem és ?

Então o Bodhisatva repetiu outra estrofe :

Sou Udaya, bela senhora, como prometi vim a ti :
Agora, vou, pois já falei : estou livre da promessa.

A princesa respirou profundamente e disse, “És Rei Udayabhadda, meu senhor !” e então explodiu em um dilúvio de lágrimas adicionando, “Sem você não posso viver ! Me instrua, para que possa viver contigo para sempre !” Assim falando ela repetiu outra estrofe :

Se és Udaya, que vieste aqui pela promessa – verdadeiramente ele -
Então me instrua,ó príncipe, para ficarmos juntos novamente.

Então ele repetiu quatro estrofes a guisa de instrução :

Juventude passa logo : um momento – e acabou ;
Nenhuma posição é firme : todas as criaturas morrem
Nascido em nova vida : esta frágil estrutura decae :
Portanto não descuide, ande em piedade.

Se toda a terra com toda sua riqueza pudesse ser
O reino de apenas um rei possuir como feudo
Um santo sagrado o ultrapassaria na corrida :
Portanto não descuide, ande em piedade.

Mãe e pai, irmão e ela
( A esposa ) que por um preço pode ser comprada,
Eles vão e cada um deixa o outro para trás :
Portanto não descuide, ande em piedade.

Lembre que este corpo será alimento
Para outros ; alegria semelhante a miséria,
Uma hora que passa, enquanto vida sucede vida :
Portanto não descuide, ande em piedade.

Deste modo discursou o Grande ser. A senhora ficando agraciada com o discurso, agradeceu nas palavras da última estrofe :

Doce a fala deste Duende : breve a vida que os mortais conhecem,
Ela é triste, curta e com ela vem inseparavelmente sofrimento.
Renuncio ao mundo : de Kasi, de Surundhana, saio.

Tendo assim discursado a ela, o Bodhisatva voltou para seu próprio lugar.
A princesa dia seguinte confiou a seus cortesãos o governo ; e nesta cidade mesma dela, em um parque agradável, se tornou reclusa. Lá ela viveu retamente, até que no fim dos seus dias nasceu novamente no Céu dos Trinta e Três, como ajudante do Bodhisatva.

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Quando o Mestre terminou este discurso, declarou as Verdades e identificou o Jataka : ( bem, na conclusão das Verdades, o Irmão relapso foi estabelecido na fruição do Primeiro Caminho :) - “ Naquele tempo a mãe de Rahula era a princesa e Sakra era eu mesmo.”   


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

457 Buddha Dharma



457
Faço o certo ...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, sobre como Devadatra foi engulido pela terra. Eles se reuniram no Salão da Verdade para conversar : “Amigo, Devadatra tornou-se inimigo do Tathagata e foi engulido pela terra .” O Mestre entrando perguntou sobre o quê conversavam lá sentados. Eles disseram. Ele respondeu, “Agora, Irmãos, ele foi engulido pela terra porque planejou um golpe em minha autoridade vitoriosa ; mas anteriormente ele planejou um golpe na autoridade do direito e foi engulido pela terra e seguiu seu caminho para o ínfero mais profundo.” Assim falando ele contou uma história do passado.
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Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva nasceu no mundo dos sentidos como um dos deuses, e foi chamado Dharma, ou Direito ( Dever ), enquanto Devadatra foi chamado Adharma, ou Erro.

No jejum da lua cheia de tarde quando as refeições são oferecidas, os homens estavam sentados cada qual em sua porta no campo e na cidade e na capital real, quando Dharma apareceu diante deles, pousado nos ares em sua carruagem celestial, montado e adornado com arreios celestes no meio de uma multidão de ninfas e assim se dirigiu a eles :
Não tirem a vida das criaturas ( e os outros dez caminhos para evitar a conduta errada, cumprir o dever de serviço para com a mãe e o dever de serviço para com o pai e o triplo curso do direito ( obrar certo, falar certo e pensar certo ) ) ; assim sereis destinados ao céu e recebereis grande glória.” Deste jeito ele urgia as pessoas a seguirem os dez caminhos retos e fez o circuito solene ao redor da Índia no sentido anti horário. Mas Adharma os ensinava, “Matem o quê vive,” e deste jeito urgia as pessoas a seguirem os dez caminhos do erro e fez o circuito ao redor da Índia no sentido horário.

Bem, suas carruagens encontraram-se face a face no meio dos ares e suas multidões de ajudantes perguntaram uma à outra, “Vocês são de quem ? Vocês são de quem ? “ Elas responderam, “Nós somos de Dharma, nós somos de Adharma,” e pararam de modo que os caminhos estavam divididos. Mas Dharma disse a Adharma, “Bom senhor, tu és Adharma e eu sou Dharma ; tenho direito ao caminho ; coloque sua carruagem no acostamento e me dê passagem,” repetindo a primeira estrofe :

Faço o certo, a fama das pessoas é graça minha,
Sábios e brahmins a mim sempre exaltam,
Venerado pelas pessoas e deuses, o direito de passagem
É meu. Dharma sou : então, Ó Erro, saia do caminho !

Seguem seis estrofes, um respondendo ao outro.

No forte carro do Erro no alto entronizado
Sendo poderoso nada há que possa me aterrorizar :
Então por quê deveria, quem nunca ainda deu passagem,
Abrir caminho ho-je para Dharma me deixar para trás ?

O Dharma da verdade se manifestou primeiro,
Primordial ele, o mais velho, e o melhor ;
Erro era mais novo, nasceu depois de um tempo.
Abra o caminho, meu jovem, ao comando do mais velho.

Nem se você valesse isto, nem se pedisse,
Nem se fosse apenas justo, daria caminho :
Aqui vamos nós dois ho-je travar batalha ;
Terá o lugar, quem quer que vença a luta.

Saiba que estou em todas as regiões longe perto
Forte, de glória ilimitada, sem igual,
Todas as virtudes estão unidas na minha forma.
Dharma sou : Erro, como podes vencer aqui ?

Pelo ferro o ouro é batido, e nunca
Ouro para bater ferro jamais vimos :
Se Erro contra Dharma vencer a luta ho-je,
Ferro ficará tão belo quanto o ouro.

Se você realmente é forte na luta,
Apesar de nem bom nem sábio ser o quê dizes,
Engolirei todas as suas palavras ruins ;
E a contragosto te tiro do caminho.

Mas naquele momento mesmo em que o Bodhisatva repetiu esta estrofe, Adharma não podia mais ficar de pé no carro e mergulhou de cabeça na terra que abriu um fenda para recebê-lo e nasceu novamente no ínfero mais profundo.
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O Abençoado logo que percebeu o quê acontecera, recitou em sua Perfeita Sabedoria as estrofes restantes :

Logo as palavras escutadas, Erro das alturas
Mergulhou de cabeça para baixo para fora de vista :
Este foi o fim e o fado medonho de Erro.
Não tive batalha apesar de querer lutar.

Assim pelo Poder da Paciência jaz
Conquistado o Poder Guerreiro de Erro que morreu
Engulido pela terra : o outro, alegre, forte,
Armado com a Verdade, em seu carro apressou-se em partir.

Quem em sua casa não presta a devida observância
Aos pais, sábios, brahmins, quando cae
O corpo para baixo rompendo em pedaços os laços,
Ele, deste mundo, vae direto para o ínfero,
Como Adharma caiu de cabeça para baixo.

Quem em sua casa presta toda a devida observância
Aos pais, sábios, brahmins, quando cae
O corpo para baixo rompendo em pedaços os laços,
Apressa-se direto deste mundo para o celeste,
Qual Dharma em sua carruagem buscou os céus.

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Quando o Mestre terminou este discurso, ele disse, “Não apenas agora, Irmãos, mas em tempos antigos também, Devadatra me atacou e foi engulido pela terra “ : então ele identificou o Jataka - “Naquele tempo Devadatra era Adharma e seus ajudantes eram os ajudantes de Devadatra e eu mesmo era Dharma e os ajudantes do Buddha eram os ajudantes de Dharma.”

   

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

456 Buddha e Ananda


       
           ( Buddha e Ananda em pintura de Ajanta )

         456
Ó rei dos homens...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre os dons recebidos por Ancião Ānanda. Durante os primeiros vinte anos da sua vida qual Buddha, os ajudantes do Abençoado não foram sempre os mesmos : algumas vezes Ancião Nagasamala, algumas vezes Nagita, Upavana, Sunakkhatta, Cunda, Sagala, algumas vezes Meghiya ajudavam o Abençoado. Um dia o Abençoado disse aos Irmãos : “Agora estou velho, Irmãos : e quando digo, Vamos por este caminho, alguns da Irmandade vão por outro caminho, alguns largam minha tigela e hábito no chão. Escolham algum Irmão que possa me acompanhar .” Então todos se levantaram, começando pelo Ancião Sariputra juntaram as mãos nas cabeças e gritaram “ Te ajudarei Senhor, te ajudarei !” Mas ele os recusou, dizendo, “O pedido de vocês está impedido ! Basta !” Então os Irmãos disseram ao Ancião Ananda, “Você amigo peça o posto de ajudante.” O Ancião disse, “Se o Abençoado não me der a roupa que receber, se ele não me der o donativo de comida, se me não conceder habitar na mesma cela cheirosa, se ele não me tiver com ele quando e onde for convidado mas se o Abençoado for comigo onde eu for convidado, se me for concedido apresentar a companhia que no momento da chegada do estrangeiro de outros estados e países para ver o Abençoado, se me for concedido aproximar do Abençoado tão logo dúvida surja, se quando o Abençoado discursar em minha ausência ele repetir seu discurso para mim assim que eu retorne : então eu servirei e permanecerei do lado do Abençoado.” Estes oito pedidos, ele anelou, quatro negativos e quatro positivos. E o Abençoado os concedeu todos a ele.
Após isto ele permaneceu ao lado de seu Mestre continuamente por vinte e cinco anos. Assim tendo alcançado preeminência nos cinco pontos e tendo ganho as sete bençãos, benção da doutrina, benção da instrução, benção do conhecimento das causas, benção de inquirir sobre o bem de alguém, benção de residir em um lugar santo, benção da devoção iluminada, benção de ser Buddha em potencial, na presença do Buddha recebeu a herança de oito dons e tornou-se famoso na religião do Buddha e brilhou como a Lua nos céus.
Um dia falavam sobre isto no Salão da Verdade : “Amigo, o Tathagata satisfez Ancião Ananda cocedendo-lhe pedidos.” O Mestre entrou e perguntou, “Sobre o quê conversam, Irmãos, sentados aí ?” Eles disseram. Então ele falou, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, mas em dias idos como agora concedi a Ananda seu pedido ; em dias antigos, como agora, o quê quer que ele pedisse, eu lhe concedia.” E assim falando, ele contou uma história do passado.

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Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares, um filho dele chamado Príncipe Junha, ou Príncipe Luz da Lua, estudava em Takkasila. Uma noite, após escutar cuidadosamente as instruções de seu professor, ele deixou a casa do professor no escuro e dirigiu-se para sua casa. Um certo brahmin que havia buscado ofertas, voltava para casa, e o príncipe não o percebendo atropelou o brahmin e quebrou a tigela dele com um golpe de seu braço. O brahmin caiu com um grito. Misericordioso o príncipe voltou e segurando as mãos do brahmin o levantou em seus pés. O brahmin disse, “Agora, meu filho, que você quebrou minha tigela me dê o preço de uma refeição.” Disse o Príncipe, “Não posso te dar agora o preço da refeição, brahmin ; mas sou Príncipe Junha, filho do rei de Kasi e quando voltar para meu reino, venha até mim e peça o dinheiro.”
Quando sua educação estava completa, ele pediu licença ao professor e retornando para Benares, mostrou a seu pai o quê havia aprendido.
Contemplei meu filho antes de morrer,” disse o rei “e o verei rei na realidade.” Então o aspergiu e o fez rei. Sob o nome de Rei Junha o príncipe legislou retamente. Quando o brahmin escutou sobre isto, ele pensou que agora iria recobrar o preço de uma refeição. Então para Benares ele foi e viu a cidade toda decorada e o rei passando em procissão solene no sentido horário ao redor dela. Tomando posição em um lugar alto, o brahmin esticou a mão e gritou, “Vitória ao rei !” O rei passou sem olhar para ele. Quando o brahmin percebeu que não estava sendo notado, pediu explicação repetindo a primeira estrofe :

Ó rei das pessoas, escute o que tenho para dizer !
Não sem razão venho aqui ho-je.
É dito, Ó melhor dos homens, não se deve atravessar
Um brahmin errante estando no caminho.

Escutando estas palavras o rei voltou o elefante com seu aguilhão em jóias e repetiu a segunda estrofe :

Escuto e paro : vamos brahmin, rapidamente diga,
Que razão te traz aqui ho-je ?
Que dádiva desejas de mim
Que tenhas vindo me ver ? Fale, peço !

O quê em seguida rei e brahmin disseram um ao outro a guisa de pergunta e resposta, e relato nas estrofes restantes :

Dê-me cinco cidades, todas belas e ricas
Cem mulheres empregadas e setecentas cabeças de gado,
Mais de mil ornamentos de ouro
E duas esposas, de mesmo nascimento que o meu.

Tens uma penitência, brahmin, terrível de dizer,
Ou tens muitos encantos e muitos feitiços
Ou demônios, prontos para fazer tua vontade,
Ou qualquer reclame por ter me servido bem ?

Nenhuma penitência tenho, nem encanto nem feitiço,
Nenhum demônio pronto a me obedecer
Nem qualquer recompensa por serviço posso clamar ;
Mas nos encontramos antes, verdade seja dita.

Não me lembro, no tempo já passado,
De ter já visto tua face antes.
Diga-me, te suplico, me diga isto,
Quando nos encontramos, ou onde, em dias idos ?

Na bela cidade do rei Gandhara,
Takkasila, meu senhor, era tua morada.
Lá no breu da escuridão da noite
Ombro contra ombro você e eu demos um encontrão.

E enquanto estávamos lá em pé, Ó príncipe,
Uma conversa amigável teve início entre nós.
Então nos encontramos, e lá apenas,
Nem uma vez antes e nenhuma depois.

Onde quer, brahmin, que um sábio encontre
Um homem bom no mundo, ele não deve deixar
Amizade antiga ou um velho conhecido ir
Sem nada, nem uma coisa feita antes ser esquecida.

Tolos negam a coisa feita e deixam
Velhas amizades faltarem àqueles que antes conheceram,
Muitos gestos dos tolos não levam a nada
São ingratos e podem esquecer.

Mas homens confiáveis não podem esquecer o passado,
Amizade e convivência com eles é sempre mais estreita.
Uma insignificância para este não é rejeitada :
Assim homens confiáveis são gratos até o fim.

Cinco cidades te dou, belas e ricas,
Cem mulheres empregadas e setecentas cabeças de gado,
Mais de mil ornamentos d'ouro,
E mais, duas esposas iguais a ti em nascimento.

Ó rei, assim é quando os bons concordam :
Como quando vemos a Lua cheia entre as estrelas
Do mesmo modo, Ó Senhor de Kasi, eu estou,
Agora que cumpriste a barganha feita comigo.

O Bodhisatva adicionou grande honra a ele.

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Quando o Mestre terminou este discurso, ele disse, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que concedi dádivas a Ananda mas concedi-as antes.” Com estas palavras, ele identificou o Jataka : “Naquele tempo Ananda era o brahmin e eu mesmo era o rei.”


 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

455 Buddha Elefante



     Mahabalipuram, Mamallapuram, sudeste da Índia, séc. VIII.

  455
Apesar de distante...etc.” - Esta hstória o Mestre contou, enquanto residia em Jetavana sobre um Ancião que tinha que amparar sua mãe. As circunstâncias do acontecimento são semelhantes àquelas do Sama Jataka nº. 540. Nesta ocasião também o Mestre disse, dirigindo-se aos Irmãos, “Não fiquem furiosos, Irmãos, com este homem ; houveram sábios no passado que mesmo nascidos no ventre de animais, separados de suas mães, recusaram por sete dias a comer, ficando muito tristes ; e mesmo quando lhe foram oferecidas comidas próprias de reis apenas respondeu, Sem minha mãe não comerei ; e depois alimentaram-se novamente quando viram a progenitora.” Assim falando, ele contou uma história do passado.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva nasceu como um Elefante na região dos Himalaias. Ele era todo branco, um animal magnífico e uma horda de 80 mil elefantes o circundava ; mas a mãe dele era cega. Ele teria dado a seus elefantes o doce fruto selvagem, tão doce, que era para levar para ela ; mas não deram e eles comeram tudo eles mesmos. Quando ele perguntou e escutou a notícia, disse, “Deixarei a horda e cuidarei da minha mãe.” À noite então, sem ser visto pelos outros elefantes, levando sua mãe consigo, ele partiu para o Monte Candorana ; e lá colocou sua mãe em uma caverna nas montanhas, bem junto de um lago e cuidava dela.
Bem, um mateiro, que vivia em Benares, perdeu-se ; e incapaz de se orientar começou a chorar alto. Ouvindo o barulho dele, o Bodhisatva pensou consigo mesmo, “Há um ser humano sofrendo e não é conveniente que se machuque enquanto estou aqui.” Então ele se aproximou do homem ; mas o sujeito fugiu temeroso. Vendo isto o Elefante disse a ele, “ Ho man ! Não precisa ficar com medo. Não fujas mas diga porque perambulas chorando?”
Meu senhor,” disse o homem, “perdi o rumo já têm sete dias.”
Disse o Elefante, “Nada tema, Oh homem ; te colocarei nos caminhos das pessoas.” Então ele fez o sujeito sentar nas costas dele e o carregou para fora da floresta e depois voltou.
Este homem ruim resolveu ir à cidade e contar para o rei. De modo que marcou as árvores e marcou os montes e então fez seu caminho de volta a Benares. Naquele tempo o Elefante de estado do rei acabara de morrer. O rei fez com que a notícia fosse proclamada pelo bater de tambores, “ Se alguma pessoa tiver visto em algum lugar um elefante adequado e próprio de montaria ao rei, declare-o !” Este homem então foi para diante do rei e disse, “Vi, meu senhor, um elefante esplêndido, todo branco e excelente, adequado como montaria para qualquer rei. Mostrarei o caminho ; envie junto comigo apenas os treinadores de elefantes e o pegaremos.” O rei concordou e enviou o mateiro e uma grande tropa junto.
Foram juntos e encontraram o Bodhisatva se alimentando no lago. Quando o Bodhisatva viu o mateiro, pensou, “Este perigo sem nenhuma dúvida vem devido aquele sujeito. Mas sou forte ; posso dispersar até mil elefantes ; irado posso destruir todas as bestas que transportam um exército de todo um reino. Mas s'eu deixar escapar a ira estarei maculando minha virtude. Então ho-je não fiarei irado nem mesmo se espicaçado com lâminas.” Com esta resolução, dobrando a cerviz ele ficou imóvel.
Para dentro do lago de lótus foi o mateiro e vendo a beleza de suas presas, disse, “venha, meu filho !” Então segurando-o pela tromba ( e igual a uma corda de prata ela era ), o direcionou para Benares por sete dias.
Quando a mãe do Bodhisatva percebeu que seu filho não viria, ela pensou que ele foi pego pelos nobres do reino. “E agora,” ela gemia, “todas estas árvores continuarão crescendo mas ele estará longe “ ; e ela repetiu duas estrofes :

Apesar de longe estar este elefante
Ainda crescem olíbano e kutaja,
Grãos, gramas, e oleandro, lírios brancos,
Em lugares protegidos os sinos azuis escuros ainda florescem.

Onde quer que aquele elefante real for,
Nutrido pelos que mostram peito e corpo
Todo em arreios dourados, o Rei ou Príncipe pode dirigí-lo
Sem medo para o triunfo sobre o inimigo de armadura.

Então o treinador, enquanto ainda estava no caminho, enviou mensagem para contar ao rei. O rei fez com que se decorasse a cidade. O treinador levou o Bodhisatva para um estábulo todo adornado e aparrelhadocom guirlandas e grinaldas e o cercando com uma tela de muitas cores o mandou para o rei.O rei fez com que dessem ao Bodhisatva todo tipo de comida rica. Mas ele nada comeu : “Sem minha mãe, nada comerei,” disse ele. O rei suplicou a ele que comesse repetindo a terceira estrofe :

Tome, pega um pedaço, Elefante, e não desfaleça :
Há muita coisa a ser feita servindo ao rei ainda.

Escutando isto, o Bodhisatva repetiu a quarta estrofe :

Não, ela junto ao Monte Candorana, pobre cega e infeliz,
Tropeça em alguma raiz de árvore por falta minha, seu filho !

O rei falou a quinta estrofe para perguntar o significado :

Quem está no Monte Candorana, cega pobre e infeliz,
Tropeçando em alguma raiz de árvore, sem seu filho real ?

Ao quê o outro respondeu com a sexta estrofe :

Minha mãe no sopé do Candorana, cega e infeliz !
Tropeça em alguma raiz d'árvore sentindo minha falta
Escutando isto, o rei deu a ele a liberdade, recitando a sétima estrofe :

A este poderoso Elefante que alimenta a mãe, deixem livre :
E deixem-no ir até a mãe e para toda sua família.

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As estrofes oitava e nona são do Buddha em sabedoria perfeita :

O Elefante livre da prisão, o animal libertado das cadeias,
Com palavras de consolação voltou para as montanhas.

[ n. do tr. : o Escoliasta, a Glosa, explica que o elefante discursou sobre a virtude para o rei, depois disse a ele para se cuidar e partiu no meio dos aplausos da multidão quelançava flores sobre ele. Foi para casa e alimentou e lavou sua mãe. Para explicar isto, o Mestre repetiu duas estrofes. ]

Então do lago límpido e frio, que Elefantes frequentam,
Com sua tromba pega água e esparrama toda em sua mãe.

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Mas a mãe do Bodhisatva pensou ao começar a chover, censurando a chuva, repetindo a décima estrofe :

Quem traz chuva fora de época – que deidade ruim ?
Pois ele se foi, meu próprio filho, que costumava cuidar de mim.

Então o Bodhisatva falou a estrofe onze para tranquilizá-la :

Levante mãe ! Por quê deitas ? Teu filho voltou !
Videha, rei glorioso de Kasi, me mandou a salvo para casa.

E ela louvou também o rei falando a última estrofe :

Longa vida ao rei ! Por longo tempo possa fazer prosperar estes reinos,
Que libertou o filho que sempre me mostrou grande respeito.

O rei ficou agraciado com a bondade do Bodhisatva ; e construiu um vila não distante do lago e prestou homenagem contínua ao Bodhisatva e sua mãe. Depois, quando a mãe morreu e o Bodhisatva realizou suas exéquias ele foi para um mosteiro chamado Karandaka. Para este lugar quinhentos sábios vieram e habitaram e o rei prestou o mesmo serviço para eles. O rei mandou fazer uma imagem de pedra da figura do Bodhisatva e prestou grande honra a ela. Lá os habitantes de toda a Índia todo ano reuniam-se para realizar o chamado Festival do Elefante.

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Quando o Mestre terminou este discurso, declarou as Verdades e identificou o Jataka : ( e na conclusão das Verdades o Irmão que amparava a mãe foi estabelecido na fruição do Primeiro Caminho :) “Naquele tempo Ananda era o rei, a senhora Mahamaya era a aliá, e eu mesmo era o elefante que alimentava a mãe.”