sexta-feira, 23 de junho de 2017

503 Buddha Papagaio Pupphaka




503
Em grande hoste...etc.”- Esta história o Mestre contou quando alojava-se no bosque do cervo Maddakucchi, sobre Devadatra. Quando Devadatra jogou uma pedra e um fragmento dela cortou o pé do Abençoado, houve grande dor nisto. Numerosos Irmãos reuniram-se para ver o Tathagata. Quando o Abençoado viu o Povo reunido, disse a eles, “Irmãos, este lugar está cheio : haverá uma grande aglomeração. Vamos agora, carreguem-me numa liteira para Maddakucchi.” Assim então os Irmãos fizeram. Jivaka curou o pé do Tathagata. Os Irmãos sentados diante do Mestre falavam sobre isto : “Senhores, Devadatra é pecador e pecadores são todos do seu povo ; o pecador acompanha o pecado.” O Mestre perguntou, “O quê estão conversando Irmãos ?” Eles disseram. Ele disse, “Foi assim antes e esta não é a primeira vez que Devadatra o pecador acompanha o pecado.” Então contou-lhes uma história do passado.
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Certa vez, um rei chamado Pañcala reinava na cidade de Uttara-Pañcala. O Grande Ser nasceu como o filho do rei dos Papagaios, em um bosque de paineiras que crescia no alto planalto no coração da floresta : eram dois irmãos. Subindo esta montanha havia uma vila de ladrões, onde habitavam quinhentos ladrões : ao seu sopé estava um eremitério com quinhentos sábios.
Na estação em que os papagaios estavam trocando as penas um remoinho de vento carregou um dos papagaios e ele caiu na vila de ladrões nomeio das armas dos ladrões : e porque caiu lá, eles o chamaram Sattigumba ou Lança assobiante. O outro papagaio caiu no eremitério entre as flores que cresciam num lugar arenoso devido ao que o chamaram Pupphaka, Pássaro flor. Sattigumba cresceu entre os ladrões, Pupphaka com os sábios.
Um dia o rei em bravos arreios, à cabeça de uma grande companhia, dirigiu sua carruagem esplêndida para caçar o cervo. Não distante da cidade, ele entrou em um bosque bonito com uma rica colheita de flores e frutos. E disse, “Se alguém deixar o passar a seu lado, responderá por isto !” Então ele desceu da carruagem e se cobriu, de pé, arco nas mãos na cabana designada para ele. Os batedores bateram os arbustos para começar o jogo. Um antílope levantou-se e procurou uma saída ; ele viu um vazio ao lado do rei, passou por ele e escapou. Todos perguntaram quem deixou o antílope passar. Foi o rei ! Escutando isto ele foram e fizeram piada dele. O rei em sua auto estima não tinha estômago para a brincadeira. “Agora pegarei o cervo !” gritou ele e subiu na carruagem. “Toda velocidade !” ele disse para o auriga e saiu perseguindo o cervo. Tão rápido foi o rei que os outros não conseguiram acompanhá-lo : rei e auriga, estes dois sozinhos, continuaram até o meio-dia mas não encontraram o cervo. O rei então retornou ; e vendo próximo à vila dos ladrões uma clareira aprazível, desmontou, banhou-se e bebeu e saiu do rio. Então o auriga trouxe um tapete da carruagem e o abriu debaixo da sombra de uma árvore ; o rei deitou nele, o auriga sentou a seus pés, esfregando-os : o rei cochilava e acordava. O Povo da vila dos ladrões, todos ladrões mesmo, tinham saído para a floresta para presenciar o rei : assim na vila não ficou ninguém a não ser Sattigumba e o cozinheiro, um homem chamado Patikolamba. Naquele momento Sattigumba saindo da vila e vendo o rei pensou, “E se matássemos aquele sujeito lá que dorme e tomássemos seus ornamentos !?”
Então ele retornou para Patikolamba e contou-lhe tudo a respeito.
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Para explicar isto o Mestre recitou cinco estrofes :

Com uma grande hoste o rei de Pañcala saiu para caçar o cervo ;
Fundo na floresta extraviou-se o monarca e próximo ninguém havia.

Olhem, dentro da floresta ele vê um abrigo que ladrões fizeram,
Sai um Papagaio e em seguida esta cruéis palavras pronuncia :-

Um jovem dirigindo um carro, com joias muitas,
E em seu cenho uma coroa dourada brilha vermelha como o Sol !

Ambos rei e auriga dormem lá em pleno meio-dia :
Venha vamos espoliá-los de seus bens e levá-la rápido embora !

Está quieto como na profunda meia-noite : ambos rei e auriga dormem :
Seus bens e joias peguemos e guardemos,
Matemo-los e empilhemos galhos em cima numa pilha.

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Assim falou, o homem saiu e olhou e vendo que era o rei amedrontou-se e recitou esta estrofe :

Por quê Sattigumba, estás louco ? Que palavras são estas que escuto ?
Reis são como fogueiras em chamas e muito perigosos de se aproximar.

O pássaro respondeu em outra estrofe :

Fala de tolo, Patikolamba, esta ; e tu és doido, não eu :
Minha mãe nua ; por quê desprezar a vocação de que vivemos ?
[ a glosa, escoliasta, lembra aqui que a mãe nua significa que está vestida apenas com roupas de ramos d’árvore conforme hábito de lá e então ]

Acorda o rei agora e escutando conversarem na linguagem humana percebendo o perigo recita a seguinte estrofe para acordar seu auriga :

Levante-se rápido amigo auriga e atrele a carruagem :
Busquemos outro abrigo já que não gosto deste papagaio.

Ele levantou-se rápido e colocou a parelha, junta, e então recitou uma estrofe :

O carro está atrelado, Ó poderoso rei, atrelado e pronto ali :
Ponha o pé dentro, Ó Rei ! E vamos buscar abrigo em outro lugar.

Logo que estava dentro, voaram fora rápidos como o vento os puro-sangues. Quando Sattigumba viu a carruagem partindo, tomado de excitação repetiu duas estrofes :

Onde foram todos os companheiros que assombram este lugar ?
Pañcala foge embora, saindo porque não o viram.

Sairá à vontade com vida ? Peguem lança, arco. Azagaia :
Olhem, Pañcala foge ! Ó não deixem ele fugir !

Assim ele esbravejava, agitando-se para cá e para lá : enquanto isto no devido curso o rei chegou no eremitério dos sábios. Naquela hora os sábios tinham todos ido catar raízes e frutos e somente o Papagaio Puppha [ sic ] foi deixado no eremitério. Quando viu o rei, foi encontrá-lo e dirigiu-se com cortesia.
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Então o Mestre recitou quatro estrofes para explicar :

O papagaio com seu bico vermelho cortes e corretamente disse,
Bem-vindo, Ó Rei ! Bonne chance te dirige direto para cá !
És poderoso e glorioso : que errância te traz aqui, prego ?

Folhas de ‘tindook’ e de ‘pyal’ e doce ‘kasumari’,
Apesar de pequenas e poucas, pegue o melhor que temos, Ó Rei, e coma.
[ Glosa: Diospyros embryopteris e Buchanania latifolia são nomeados.]

E esta água fria de uma cova alta escondida na montanha,
Ó poderoso monarca, tome dela, beba, se for tua vontade.

Estão todos catando na floresta aqueles que querem viver aqui :
Levante-se, Ó Rei, e pegue : não tenho mãos para oferecer.

O rei agraciado com as corteses palavras, respondeu com um par de estrofes :

Nunca houve um papagaio engaiolado tão bom ; um pássaro bastante correto :
Mas o outro papagaio de lá falou muitas palavras cruéis.

Ó, não deixem-no ir embora vivo, Ó venham e matem ou amarrem !’
Ele gritava : busco este eremitério e segurança aqui encontro.

Assim respondeu o rei, Puphaka pronunciou duas estrofes :

Somos irmãos, Ó poderoso Rei, alimentados por uma mesma mãe,
Criados ambos juntos na mesma árvore, alimentados em pastos diferentes.

Pois Sattigumba foi para os ladrões, eu vim para os sábios ;
Aqueles ruins, estes bons e daí que nossos modos não são os mesmos.

Ele então explicou as diferenças em detalhes, repetindo um par de estrofes :

Lá feridas e laços, traição, engano e mesquinharia giram,
Assaltos e atos de violência : tal o ensino que aprendeu.

Aqui auto-controle, sobriedade, gentileza, o reto e o verdadeiro,
Abrigo e bebida para os estranhos : estavam ao meu redor enquanto cresci.

Em seguida declarou a Lei para o rei nas seguintes estrofes :

A quem quer que, bom ou mau, uma pessoa preste honras,
Viciado ou virtuoso, esta pessoa o segura abaixo de suas tendências.

Como um camarada que alguém admira, como um amigo escolhido,
Tal se tornará a pessoa que mantém a seu lado, no fim.

Amizade faz o semelhante, e toque infecta toque, descobrirás isto verdadeiro :
Envenene a flecha e não muito depois a aljava estará envenenada também.

O sábio evita má companhia, por temer o toque infectado :
Envolva peixe estragado em gordura e logo a gordura federá tanto quanto.
E aquele que mantém companhia do tolo, tal se tornará logo.

Doce incenso envolvido com folha, a folha vai cheirar doce igual.
Igualmente logo crescerão sábios aqueles que sentam aos pés dos sábios.

Por esta similitude o sábio deve conhecer seu próprio benefício,
Que ele evite má companhia e com os retos caminhe :
Céu espera o reto mas o ruim está destinado ao ínfero abaixo.

O rei ficou agraciado com esta exposição. Então os sábios retornaram também. O rei saudou-os dizendo, “Sejam gentis senhores e venham e tomem residência nos meus terrenos, e persuadiu-os a aceitarem o convite. Quando ele chegou em casa novamente, proclamou imunidade a todos os papagaios. Os sábios foram lá também e o visitaram. E o rei lhes deu seu parque para que vivessem e cuidou deles enquanto viveu. Quando ele foi preencher as hostes celestes, seu filho teve o parassol real aberto sobre si e ele também cuidou dos sábios e e assim seguiu por sete gerações de reis todos bondosos em ofertas. E o Grande Ser morou na floresta até que passou de acordo com seus atos.

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Quando esta lição estava terminada, o Mestre disse, “Assim Irmãos vocês vejam que Devadatra manteve má companhia antes como mantém agora.” Então ele identificou o Jataka : “Naquele tempo Devadatra era Sattigumba, seus seguidores eram os ladrões, Ananda era o rei, os seguidores do Buddha eram os sábios e eu mesmo era o Papagaio Pupphaka.


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