( Pintura de Ajanta com a reprodução em desenho de Monika Zin ; note-se no canto o caçador carregando os dois pássaros na vara de levar coisas ; clique na imagem para vê-la ampliada )
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“Lá
vão os pássaros...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto
residia no Bosque de Bambu sobre a renúncia à vida por Ancião
Ananda. Então os Irmãos também estavam conversando no Salão da
Verdade sobre as boas qualidades do Ancião, quando o Mestre entrou
e perguntou-lhes o quê falavam lá sentados. Ele disse, “Esta não
é a primeira vez, Irmãos, que Ananda renunciou sua vida por mim mas
ele fez o mesmo antes.” E então ele contou-lhes uma história do
passado.
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Certa
vez reinava em Benares um rei chamado Bahuputtaka, ou Pai de muitos
filhos e sua Rainha Principal era Khema. Naquele tempo o Grande Ser
morava no Monte Cittakuta e era o chefe de noventa mil gansos
selvagens, tendo vindo à vida como um ganso dourado. Naquele tempo,
como já foi dito, a rainha teve um sonho, e contou ao rei que
concebeu o desejo feminino de ouvir o discurso do Ganso Dourado
sobre a Lei. Quando o rei questionou se haviam tais criaturas como
gansos dourados, lhe foi dito que sim, havia no Monte Cittakuta.
Então ele construiu um lago que chamou de Khema e fez com que se
plantasse todo tipo de milho e diariamente nos quatro cantos se
proclamava imunidade e enviou um caçador para pegar gansos. Como
esta pessoa foi enviada, sua observação dos pássaros, como
novidades foram contadas ao rei quando os gansos dourados chegaram, a
maneira como a armadilha foi montada e o Grande Ser pego nela, como
Sumukha capitão chefe dos gansos não o viu nas três divisões de
gansos e retornou, tudo isto será estabelecido no Jataka 534 ( onde
o nome de Dhatarattha também é dado ao Grande Ser ). Bem, como
então o Grande Ser foi pego no laço e na armadilha e quando estava
mesmo pendurado no laço na extremidade da armadilha , ele esticou o
pescoço olhando o caminho que os gansos tomaram e percebendo
Sumukha enquanto ele vinha, pensou, “Quando ele chegar vou
colocá-lo em teste.” Então quando ele chegou, o Grande Ser
repetiu as três estrofes :
Lá
vão os pássaros, os gansos vermelhos, todos tomados de medo :
Ó
dourado Sumukha, parta ! Que queres aqui ?
Meus
amigos e parentes me largaram, todos voaram para longe,
Sem
pensar voaram embora : por quê só você ficou ?
Voe,
nobre pássaro ! Com prisioneiros não pode haver amizade :
Voe,
Sumukha ! Não perca a chance enquanto ainda podes ser livre.
Ao
o quê Sumukha respondeu, pousando na lama -
Não,
não te deixarei, Ganso Real, quando problema se aproxima :
Mas
permanecerei e a seu lado viverei ou morrerei.
Assim
falou Sumukha, em tom leonino ; e Dhatarattha respondeu com esta
estrofe:
Um
coração nobre, bravas palavras são estas, Sumukha, que dizes :
Foi
apenas para te testar que te mandei voar de volta.
Enquanto
estavam assim conversando juntos, sobe o caçador cajado nas mãos
para o topo a toda velocidade. Sumukha encoraja Dhatarattha e voa
para encontrar o homem, respeitosamente declarando as virtudes do
pássaro real. Imediatamente o coração do caçador amoleceu ; o
quê, percebendo Sumukha, o faz voltar e permanecer encorajando o rei
dos gansos. E o caçador aproximando-se do rei dos gansos, recitou a
sexta estrofe :
Pisam
nele por caminhos que não se pisa, pássaros voando no céu :
E
você, Ó nobre Ganso, não espreitou de longe a armadilha ?
O
Grande Ser disse :
Quando
a vida está chegando ao fim e a hora da morte se aproxima,
Apesar
de você estar em cima, nem armadilha nem laço você vê.
(
este gatha, verso, aparece nos Jatakas 164 e 399 )
O
caçador, feliz com a colocação do pássaro, então falou três
estrofes para Sumukha.
Lá
vão os pássaros, os gansos vermelhos, todos tomados de medo :
E
você, Ó ave dourada, ainda está parada esperando aqui.
Eles
comem e bebem, os gansos vermelhos : despreocupados eles voaram ;
Dispararam
através dos ares e você foi deixado só.
O
quê é esta ave, que enquanto o resto deixando-o voou
Apesar
de livre, você se junta ao prisioneiro – por quê ficaste só ?
Sumukha
respondeu :
Ele
é meu camarada, amigo e rei, querido como minha vida ele é :
Abandoná-lo
– não, nunca o farei, até a morte me chamar.
Escutando
isto o caçador ficou muito agraciado e pensou consigo mesmo - “Se
eu machucar criaturas virtuosas como estas, a terra abriria e me
engoliria. Que me importa o prêmio do rei ? Os colocarei em
liberdade.” E ele repetiu uma estrofe :
Vendo
agora que pelo bem da amizade estás preparado para morrer,
Liberto
teu rei e camarada, para te seguir em voo.
Isto
dito, ele jogou para baixo Dhatarattha da armadilha e soltou o laço
e o levou para a margem e piedosamente lavou seu sangue e recolocou
os músculos e tendões deslocados. E em razão da gentileza de seu
coração e pelo poder das Perfeições do Grande Ser, no mesmo
instante sua pata ficou curada e nem marca ficou no lugar que foi
pego. Sumukha contemplou o Grande Ser com alegria e agradeceu com
estas palavras :
Com
todos seus parentes e amigos, Ó caçador, seja feliz,
Como
estou feliz vendo o Rei dos pássaros livre.
Quando
o caçador escutou isto, ele disse, “Agora você deve partir
amigo.” Então o Grande Ser disse a ele, “Você me capturou para
fins próprios, meu bom senhor, ou devido a ordens de outro ?” Ele
contou-lhes os fatos. O outro ponderou se era melhor retornar para
Cittakuta ou ir até a cidade. “Se eu for até a cidade,” ele
pensou, “o caçador será premiado, o desejo da rainha será
realizado, a amizade de Sumukha será conhecida, e também pela
virtude de minha sabedoria receberei o lago Khema, como presente. É
melhor portanto ir até a cidade.” Isto estabelecido, ele disse,
“Caçador, leve-nos na sua vara de levar coisas até ao rei e ele
me libertará se quiser.” - “Meu senhor, reis são duros ; sigam
seus caminhos.” - “O quê ? Apaziguei um caçador como você e e
não encontraria favor em um rei ? Deixe isto comigo ; sua parte,
amigo, é transportar-nos até ele.” O homem fez isto.
Quando
o rei colocou seus olhos nos gansos ele ficou deliciado. Colocou
ambos num poleiro dourado, deu-lhes mel e grãos fritos para comer e
água adocicada para beber e com as mãos postas em súplica
pediu-lhes que falassem da Lei. O rei dos gansos vendo quão ansioso
ele estava para escutar, primeiro dirigiu-se a ele em palavras
agradáveis. Estas são as estrofes expressando a conversa do rei e
do ganso um com o outro.
Tem
sua excelência, saúde e riqueza e o reino cheio
De
bem-estar e prosperidade e justamente legislado ?
Ó
aqui temos saúde e riqueza, Ó Ganso, e aqui reino cheio
De
bem-estar e prosperidade e justa e retamente legislado.
Não
há mancha à vista no meio da tua corte e estão teus inimigos
Distantes,
como a sombra no sul, que nunca cresce ?
Não
há mancha à vista no meio dos meus cortesãos e meus inimigos
Distantes
como a sombra no sul, que nunca cresce.
E
tua rainha de linhagem igual, obediente, melíflua,
Fértil,
bonita, famosa, acompanha seus desejos, realizando cada um ?
Ó
sim, minha rainha de linhagem igual, obediente, melíflua,
Fértil,
bonita, famosa, acompanha meus desejos, realizando cada um.
Ó
legislador criador ! Tens filhos muitos, nobremente criados,
Espertos,
homens fáceis de agradar em qualquer coisa que sejam enviados ?
Ó
Dhatarattha ! Filhos tenho de fama, cinco e mais um :
Diga-lhes
seus deveres : não deixaram seu bom conselho desfeito.
Escutando
isto, o Grande Ser deu-lhes conselhos em cinco estrofes :
Aquele
que adia até muito tarde o esforço de fazer o bem,
Apesar
de nobremente criado, com virtude dotado, ainda assim afunda debaixo
da correnteza.
Seu
conhecimento murcha, grande perda a sua ; como a cegueira noturna
Vê
todas as coisas cheias duplamente em seu tamanho com a visão
imperfeita.
Quem
vê a verdade em falsidade não ganha sabedoria nenhuma,
Como
em um caminho montanhoso escarpado o cervo frequentemente cairá.
Se
um homem corajoso qualquer ama virtude, segue o correto,
Então
mesmo um casta baixa, ele queima como fogueira na noite.
Usando
esta similitude explique todas as verdades da sabedoria,
Cuidando
de seus filhos até crescerem sábios, como árvore nova na chuva.
Assim
o Grande Ser discursou para o rei toda a noite. O desjo da rainha foi
apaziguado. Àurora ele o estabeleceu nas virtudes dos reis e o
exortou a ser vigilante, então com Sumukha voou para fora pela
janela norte a caminho do Cittakuta.
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Após
este discurso, o Mestre disse, “Assim, Irmãos, este homem ofereceu
sua vida por mim antes,” e então ele identificou o Jataka :
“Naquele tempo Channa era o caçador, Sariputra o rei, uma irmã
era a Raninha Khema, a tribo Sakiya era o bando de gansos, Ananda era
Sumukha e eu mesmo o Rei Ganso.”
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