quinta-feira, 23 de junho de 2016

500 Buddha Mah'Osadha ( cont. )





             ( Os cinco sábios em pintura de Ajanta, Índia. Mah'Osadha à direita )


500
Pleno de sabedoria… etc.” - Continuação com a Questão do Pobre e do Rico do Jataka 546, o penúltimo, história de Mah’Osadha e Amara que se reproduz em partes nos Jatakas 110, 111, 112, 170, 192, 364, 350, 387, 402, 452, 471, 500, 508, 515, 517, 518.

Mas Rainha Udumbara sabia que os outros conseguiram o conhecimento da questão através do sábio ; e ela pensou, “O rei deu o mesmo prêmio para todos os cinco, como uma pessoa que não vê diferença entre ervilhas e feijões. Com certeza meu irmão deveria ter tido um prêmio especial.” Então ela foi e perguntou ao rei,” Quem descobriu o enigma para ti, senhor ?” “Os cinco sábios, senhora.” “Mas meu senhor, através de quem os quatro tomaram conhecimento ?” “Não sei, senhora.” “Senhor, o quê aqueles senhores sabem ! Foi o sábio – que não desejava que estes tolos se arruinassem por causa dele e os ensinou a solução. E depois você deu o mesmo prêmio para todos os cinco. Isto não é justo ; deves fazer uma distinção ao sábio.” O rei ficou feliz que o sábio não revelou que tiveram conhecimento através dele e desejoso de dar a ele um prêmio ainda maior, ele pensou, “Deixa estar : vou perguntar a meu afilhado outra questão e quando ele responder lhe darei um grande prêmio.” Pensando nisto ele acertou a Questão do Pobre e do Rico.

Um dia quando os cinco sábios vieram até ele e quando estavam sentados confortavelmente, o rei disse, “Senaka, perguntarei uma pergunta.” “Pergunte, senhor.” Então ele recitou a primeira estrofe da Questão do Pobre e do Rico :

Pleno de sabedoria e despojado de riqueza, ou rico e sem sabedoria – pergunto a vocês esta questão, Senaka : qual destes dois, pessoas inteligentes consideram a melhor ?

Bem, esta questão foi transmitida de geração em geração na família de Senaka e então ele respondeu prontamente :

Verdadeiramente, Ó rei, sábios e tolos, pessoas educadas e não educadas, prestam serviço ao rico, sejam bem nascidos ou de casta baixa. Olhando isto digo : O sábio é medíocre e o rico é melhor.

O rei escutou esta resposta ; e então sem questionar os outros três, ele disse ao sábio Mah’Osadha sentado ao lado :

A ti também questiono, elevado em sabedoria, Mah’Osadha, que conhece toda a Lei : um tolo com riqueza ou um sábio com poucas provisões, qual dos dois, pessoas inteligentes consideram a melhor ?

Então o Grande Ser respondeu, “Escute, Ó rei :

O tolo comete atos pecaminosos, pensando ‘Neste mundo sou o melhor’ ; ele olha para este mundo e não para o próximo e pega o pior de ambos. Olhando isto digo : O sábio é melhor que o tolo rico.

Isto dito, o rei olhou para Senaka : “Bem, você vê Mah’Osadha dizer que o sábio é melhor.” Senaka, disse, “Sua majestade, Mah’Osadha é uma criança ; mesmo agora sua boca cheira a leite. O quê ele pode saber ?” e recitou uma estrofe :

Ciência não produz riqueza, nem família ou beleza pessoal. Olhe aquele idiota do Gorimanda grandiosamente próspero porque a Fortuna favoreceu o tratante. Olhando isto digo : O sábio é medíocre, o rico é melhor.

Escutando isto o rei disse, “E agora, Mah’Osadha meu filho ?” Ele respondeu, “Meu senhor, o quê Senaka sabe ? Ele é qual corvo onde se espalhou arroz, qual cachorro tentando lamber leite : olha a si mesmo mas não vê a vara que esta pronta a cair sobre sua cabeça. Escute meu senhor,” e ele recitou esta estrofe :

Aquele que é de pouco entendimento, quando consegue riqueza, está intoxicado : atingido pelo infortúnio fica estupidificado : atingido por má ou boa fortuna segundo seja a sorte, ele retorce-se como peixe em Sol quente. Olhando isto digo : O sábio é melhor que o tolo rico.

Agora então, Mestre !” disse o rei escutando isto. Senaka disse, “Meu senhor, o quê ele sabe ? Sem falar de pessoas, é a boa árvore cheia de frutos para a qual os pássaros vão,” e ele recitou esta estrofe :

Como na floresta, os pássaros reúnem-se de todos os cantos n’árvore que tem frutos doces, assim ao homem rico que tem tesouros e riquezas aglomeram-se bandos juntos para seu benefício. Olhando isto digo : O sábio é medíocre, o rico é o melhor.

Bem, meu filho, é agora ?” o rei perguntou. O sábio respondeu, “O quê aquele barriga de balde sabe ? Escute meu senhor,” e recitou esta estrofe :

O tolo poderoso não faz bem em ganhar riqueza pela violência ; rugindo alto como gosta, eles ( nirayapala, guardiões dos ínferos ) carregam o simplório para os ínferos. Olhando isto digo : O sábio é melhor que o tolo rico.

Novamente o rei disse, “Bem, Senaka ?” ao que Senaka respondeu :

Qualquer corrente que se derrame no Ganges, todas estas perdem seus nome e espécie. O Ganges derramando-se no mar, não mais se distingue. Assim o mundo é dedicado à riqueza. Olhando isto digo : O sábio é medíocre, o rico é melhor.

Novamente o rei disse, “Bem, sábio ?” e ele respondeu, “Escute, Ó rei !” com um par de estrofes :

Este poderoso oceano do qual ele fala, dentro do qual fluem rios inumeráveis, este mar batendo incessantemente nas praias não podem nunca ultrapassá-las apesar de ser poderoso oceano. Assim é com o palavrório do tolo : sua prosperidade não pode ultrapassar a do sábio. Olhando isto digo : O sábio é o melhor que o próspero tolo.

Bem, Senaka ?” disse o rei. “Escute, Ó rei !” disse ele e recitou esta estrofe :

Uma pessoa rica em alta posição pode não ter autocontrole mas se fala algo para os outros, sua palavra tem peso no meio do seu Povo ; mas sabedoria não tem este efeito para a pessoa sem riqueza. Olhando isto digo : O sábio é medíocre, o rico é melhor.

Bem, meu filho ?” disse o rei novamente. “Escute senhor ! O quê o estúpido do Senaka sabe ?” e recitou esta estrofe :

Para o benefício de outro ou seu próprio, o tolo e de pouco entendimento fala falsamente ; ele é envergonhado no meio da companhia e com isto entra em miséria. Olhando isto digo : O sábio é melhor que o rico tolo.

Depois Senaka recitou uma estrofe :

Mesmo que alguém seja de grande sabedoria mas sem arroz ou grãos e carente, diga alguma coisa, sua palavra não tem peso no meio de seu Povo, e prosperidade não vem para pessoa devido a seu conhecimento. Olhado isto digo : O sábio é medíocre, o rico é melhor.

Novamente o rei disse, “O que diz você a isto, meu filho ?” E o sábio respondeu, “O quê Senaka sabe ? Ele olha este mundo não o próximo,” e recitou esta estrofe :

Não para seu bem nem para de outrem, fala uma mentira a pessoa de grande sabedoria ; ele é honrado no meio da assembleia e na vida futura seguirá feliz. Olhando isto digo : O sábio é melhor que o tolo rico.

Então Senaka recitou uma estrofe :

Elefantes, gado, cavalos, brincos em joias, mulheres, encontram-se em famílias ricas ; isto tudo é para o gozo da pessoa rica sem poderes sobrenaturais. Olhando isto digo : O sábio é medíocre, o rico é melhor.

O sábio disse, “O quê ele sabe ?” e continuando a explicar o assunto recitou esta estrofe :

O tolo que obra atos sem pensar e fala palavras tolas, o não sábio, é jogado fora pela Fortuna como a serpente joga fora a pele velha. Olhando isto digo : O sábio é melhor que o tolo rico.

E agora ?” perguntou o rei então ; e Senaka disse, “Meu senhor, o quê pode este pequeno garoto saber ? Escute !” e ele recitou esta estrofe, pensando que silenciaria o sábio :

Somos cinco sábios, venerável senhor, todos te servindo com gestos de respeito ; e tu és nosso senhor e mestre, qual Sakra, senhor das criaturas, rei dos deuses. Olhando isto digo : O sábio é medíocre, o rico é melhor.

Quando o rei escutou isto ele pensou, “Isto foi bem colocado por Senaka ; cogito se meu filho será capaz de refutar isto e dizer algo mais.” Então perguntou-lhe, “Bem, sábio senhor, e agora ?” mas este argumento de Senaka não havia ninguém capaz de refutá-lo exceto o Bodhisatva ; então o Grande Ser refutou-o dizendo “Senhor, o quê este tolo sabe ? Ele olha apenas para si mesmo e não conhece a excelência da sabedoria. Escute, senhor,” e ele recitou esta estrofe :

O tolo rico é apenas escravo da pessoa sábia quando questões deste tipo surgem ; quando o sábio resolve-a inteligentemente, então o tolo cai em confusão. Olhando isto digo : O sábio é melhor que o tolo rico.

Como se espalhasse areia dourada no sopé do Sineru, como se levasse a lua cheia alto no céu, assim ele estabeleceu este argumento, assim o Grande Ser mostrou sua sabedoria. Então o rei disse a Senaka, “Bem, Senaka, cubra esta se podes !” Mas como alguém que usou todo o milho do celeiro, ele sentou sem resposta, perturbado, lamentando-se. Se pudesse produzir outro argumento, mesmo mil estrofes não terminaríamos este Jataka. Mas quando ele permaneceu sem resposta, o Grande Ser continuou com esta estrofe em louvor à sabedoria, como se derramasse águas torrenciais :

Verdadeiramente sabedoria é estimada pelos bons ; riqueza é amada porque as pessoas são devotas do prazer. O conhecimento dos Buddhas é incomparável e riqueza nunca suplantará sabedoria.

Escutando isto o rei ficou tão agraciado com a solução da questão pelo Grande Ser que ele o presenteou com uma chuva de riquezas e recitou uma estrofe :

O que quer que pergunte ele me responde, Mah’Osadha o único pregador da Lei. Mil vacas, um touro e um elefante e dez carruagens puxadas por puro sangue e dezesseis excelentes cidades, aqui te dou, agradecido com tua resposta à questão.

( Aqui termina a Questão do Rico e do Pobre )



Um comentário:

Mariana disse...

O conhecimento ninguém tira de nós