( Os cinco sábios em pintura de Ajanta, Índia. Mah'Osadha à direita )
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“Pleno
de sabedoria… etc.” - Continuação com a Questão do Pobre e do
Rico do Jataka 546, o penúltimo, história de Mah’Osadha e Amara
que se reproduz em partes nos Jatakas 110, 111, 112, 170, 192, 364,
350, 387, 402, 452, 471, 500, 508, 515, 517, 518.
Mas
Rainha Udumbara sabia que os outros conseguiram o conhecimento da
questão através do sábio ; e ela pensou, “O rei deu o mesmo
prêmio para todos os cinco, como uma pessoa que não vê diferença
entre ervilhas e feijões. Com certeza meu irmão deveria ter tido um
prêmio especial.” Então ela foi e perguntou ao rei,” Quem
descobriu o enigma para ti, senhor ?” “Os cinco sábios,
senhora.” “Mas meu senhor, através de quem os quatro tomaram
conhecimento ?” “Não sei, senhora.” “Senhor, o quê aqueles
senhores sabem ! Foi o sábio – que não desejava que estes tolos
se arruinassem por causa dele e os ensinou a solução. E depois você
deu o mesmo prêmio para todos os cinco. Isto não é justo ; deves
fazer uma distinção ao sábio.” O rei ficou feliz que o sábio
não revelou que tiveram conhecimento através dele e desejoso de dar
a ele um prêmio ainda maior, ele pensou, “Deixa estar : vou
perguntar a meu afilhado outra questão e quando ele responder lhe
darei um grande prêmio.” Pensando nisto ele acertou a Questão do
Pobre e do Rico.
Um
dia quando os cinco sábios vieram até ele e quando estavam sentados
confortavelmente, o rei disse, “Senaka, perguntarei uma pergunta.”
“Pergunte, senhor.” Então ele recitou a primeira estrofe da
Questão do Pobre e do Rico :
Pleno
de sabedoria e despojado de riqueza, ou rico e sem sabedoria –
pergunto a vocês esta questão, Senaka : qual destes dois, pessoas
inteligentes consideram a melhor ?
Bem,
esta questão foi transmitida de geração em geração na família
de Senaka e então ele respondeu prontamente :
Verdadeiramente,
Ó rei, sábios e tolos, pessoas educadas e não educadas, prestam
serviço ao rico, sejam bem nascidos ou de casta baixa. Olhando isto
digo : O sábio é medíocre e o rico é melhor.
O
rei escutou esta resposta ; e então sem questionar os outros três,
ele disse ao sábio Mah’Osadha sentado ao lado :
A
ti também questiono, elevado em sabedoria, Mah’Osadha, que conhece
toda a Lei : um tolo com riqueza ou um sábio com poucas provisões,
qual dos dois, pessoas inteligentes consideram a melhor ?
Então
o Grande Ser respondeu, “Escute, Ó rei :
O
tolo comete atos pecaminosos, pensando ‘Neste mundo sou o melhor’
; ele olha para este mundo e não para o próximo e pega o pior de
ambos. Olhando isto digo : O sábio é melhor que o tolo rico.
Isto
dito, o rei olhou para Senaka : “Bem, você vê Mah’Osadha dizer
que o sábio é melhor.” Senaka, disse, “Sua majestade,
Mah’Osadha é uma criança ; mesmo agora sua boca cheira a leite. O
quê ele pode saber ?” e recitou uma estrofe :
Ciência
não produz riqueza, nem família ou beleza pessoal. Olhe aquele
idiota do Gorimanda grandiosamente próspero porque a Fortuna
favoreceu o tratante. Olhando isto digo : O sábio é medíocre, o
rico é melhor.
Escutando
isto o rei disse, “E agora, Mah’Osadha meu filho ?” Ele
respondeu, “Meu senhor, o quê Senaka sabe ? Ele é qual corvo
onde se espalhou arroz, qual cachorro tentando lamber leite : olha a
si mesmo mas não vê a vara que esta pronta a cair sobre sua cabeça.
Escute meu senhor,” e ele recitou esta estrofe :
Aquele
que é de pouco entendimento, quando consegue riqueza, está
intoxicado : atingido pelo infortúnio fica estupidificado : atingido
por má ou boa fortuna segundo seja a sorte, ele retorce-se como
peixe em Sol quente. Olhando isto digo : O sábio é melhor que o
tolo rico.
“Agora
então, Mestre !” disse o rei escutando isto. Senaka disse, “Meu
senhor, o quê ele sabe ? Sem falar de pessoas, é a boa árvore
cheia de frutos para a qual os pássaros vão,” e ele recitou esta
estrofe :
Como
na floresta, os pássaros reúnem-se de todos os cantos n’árvore
que tem frutos doces, assim ao homem rico que tem tesouros e riquezas
aglomeram-se bandos juntos para seu benefício. Olhando isto digo :
O sábio é medíocre, o rico é o melhor.
“Bem,
meu filho, é agora ?” o rei perguntou. O sábio respondeu, “O
quê aquele barriga de balde sabe ? Escute meu senhor,” e recitou
esta estrofe :
O
tolo poderoso não faz bem em ganhar riqueza pela violência ;
rugindo alto como gosta, eles ( nirayapala, guardiões dos ínferos )
carregam o simplório para os ínferos. Olhando isto digo : O sábio
é melhor que o tolo rico.
Novamente
o rei disse, “Bem, Senaka ?” ao que Senaka respondeu :
Qualquer
corrente que se derrame no Ganges, todas estas perdem seus nome e
espécie. O Ganges derramando-se no mar, não mais se distingue.
Assim o mundo é dedicado à riqueza. Olhando isto digo : O sábio é
medíocre, o rico é melhor.
Novamente
o rei disse, “Bem, sábio ?” e ele respondeu, “Escute, Ó rei
!” com um par de estrofes :
Este
poderoso oceano do qual ele fala, dentro do qual fluem rios
inumeráveis, este mar batendo incessantemente nas praias não podem
nunca ultrapassá-las apesar de ser poderoso oceano. Assim é com o
palavrório do tolo : sua prosperidade não pode ultrapassar a do
sábio. Olhando isto digo : O sábio é o melhor que o próspero
tolo.
“Bem,
Senaka ?” disse o rei. “Escute, Ó rei !” disse ele e recitou
esta estrofe :
Uma
pessoa rica em alta posição pode não ter autocontrole mas se fala
algo para os outros, sua palavra tem peso no meio do seu Povo ; mas
sabedoria não tem este efeito para a pessoa sem riqueza. Olhando
isto digo : O sábio é medíocre, o rico é melhor.
“Bem,
meu filho ?” disse o rei novamente. “Escute senhor ! O quê o
estúpido do Senaka sabe ?” e recitou esta estrofe :
Para
o benefício de outro ou seu próprio, o tolo e de pouco entendimento
fala falsamente ; ele é envergonhado no meio da companhia e com isto
entra em miséria. Olhando isto digo : O sábio é melhor que o rico
tolo.
Depois
Senaka recitou uma estrofe :
Mesmo
que alguém seja de grande sabedoria mas sem arroz ou grãos e
carente, diga alguma coisa, sua palavra não tem peso no meio de seu
Povo, e prosperidade não vem para pessoa devido a seu conhecimento.
Olhado isto digo : O sábio é medíocre, o rico é melhor.
Novamente
o rei disse, “O que diz você a isto, meu filho ?” E o sábio
respondeu, “O quê Senaka sabe ? Ele olha este mundo não o
próximo,” e recitou esta estrofe :
Não
para seu bem nem para de outrem, fala uma mentira a pessoa de grande
sabedoria ; ele é honrado no meio da assembleia e na vida futura
seguirá feliz. Olhando isto digo : O sábio é melhor que o tolo
rico.
Então
Senaka recitou uma estrofe :
Elefantes,
gado, cavalos, brincos em joias, mulheres, encontram-se em famílias
ricas ; isto tudo é para o gozo da pessoa rica sem poderes
sobrenaturais. Olhando isto digo : O sábio é medíocre, o rico é
melhor.
O
sábio disse, “O quê ele sabe ?” e continuando a explicar o
assunto recitou esta estrofe :
O
tolo que obra atos sem pensar e fala palavras tolas, o não sábio, é
jogado fora pela Fortuna como a serpente joga fora a pele velha.
Olhando isto digo : O sábio é melhor que o tolo rico.
“E
agora ?” perguntou o rei então ; e Senaka disse, “Meu senhor, o
quê pode este pequeno garoto saber ? Escute !” e ele recitou esta
estrofe, pensando que silenciaria o sábio :
Somos
cinco sábios, venerável senhor, todos te servindo com gestos de
respeito ; e tu és nosso senhor e mestre, qual Sakra, senhor das
criaturas, rei dos deuses. Olhando isto digo : O sábio é medíocre,
o rico é melhor.
Quando
o rei escutou isto ele pensou, “Isto foi bem colocado por Senaka ;
cogito se meu filho será capaz de refutar isto e dizer algo mais.”
Então perguntou-lhe, “Bem, sábio senhor, e agora ?” mas este
argumento de Senaka não havia ninguém capaz de refutá-lo exceto o
Bodhisatva ; então o Grande Ser refutou-o dizendo “Senhor, o quê
este tolo sabe ? Ele olha apenas para si mesmo e não conhece a
excelência da sabedoria. Escute, senhor,” e ele recitou esta
estrofe :
O
tolo rico é apenas escravo da pessoa sábia quando questões deste
tipo surgem ; quando o sábio resolve-a inteligentemente, então o
tolo cai em confusão. Olhando isto digo : O sábio é melhor que o
tolo rico.
Como
se espalhasse areia dourada no sopé do Sineru, como se levasse a lua
cheia alto no céu, assim ele estabeleceu este argumento, assim o
Grande Ser mostrou sua sabedoria. Então o rei disse a Senaka, “Bem,
Senaka, cubra esta se podes !” Mas como alguém que usou todo o
milho do celeiro, ele sentou sem resposta, perturbado, lamentando-se.
Se pudesse produzir outro argumento, mesmo mil estrofes não
terminaríamos este Jataka. Mas quando ele permaneceu sem resposta, o
Grande Ser continuou com esta estrofe em louvor à sabedoria, como se
derramasse águas torrenciais :
Verdadeiramente
sabedoria é estimada pelos bons ; riqueza é amada porque as pessoas
são devotas do prazer. O conhecimento dos Buddhas é incomparável e
riqueza nunca suplantará sabedoria.
Escutando
isto o rei ficou tão agraciado com a solução da questão pelo
Grande Ser que ele o presenteou com uma chuva de riquezas e recitou
uma estrofe :
O
que quer que pergunte ele me responde, Mah’Osadha o único pregador
da Lei. Mil vacas, um touro e um elefante e dez carruagens puxadas
por puro sangue e dezesseis excelentes cidades, aqui te dou,
agradecido com tua resposta à questão.
(
Aqui termina a Questão do Rico e do Pobre )
Um comentário:
O conhecimento ninguém tira de nós
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