( Vesali, Vaisali, Stupa, Índia )
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“Uma maravilha
no mundo foi vista...”. - Esta história o Mestre contou
enquanto residia em Jetavana sobre Irmãos leigos que fizeram
votos de jejum. Naquela ocasião o Mestre disse : “Irmãos
Leigos, sábios antigos, em virtude de guardarem votos de
jejum, foram com o corpo para o céu e lá habitaram por
um longo tempo.” Então com o pedido deles, ele contou uma
história do passado.
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Certa vez
houve um Rei Sadhina em Mithila, que reinava em retidão. Nos
quatro portões da cidade e no meio dela, e na porta mesma do
seu palácio, erigiu seis salões de dons, presentes,
ofertas, e com sua bondade causou um grande alvoroço por toda
a Índia. Diariamente seiscentos mil peças eram doadas
em caridade : ele guardou as Cinco Virtudes, observou os votos de
jejum ; e as pessoas da cidade também seguindo seus
conselhos, fizeram ofertas e obras boas e quando eles morreram, foram
viver todos juntos na cidade dos deuses.
Os
príncipes do céu, sentados em pleno conclave na sala
de justiça de Sakra, louvaram a vida virtuosa e caridosa de
Sadhina. O relato sobre ele fez todos os outros deuses desejarem
vê-lo. Sakra, rei dos deuses, percebendo a mente deles,
eprguntou, “Vocês querem ver Rei Sadhina ?” Eles
respodneram que sim, queriam. Então ele falou a Matali, “Vá
a meu palácio Vejayanta, atrele meu carro e traga Sadhina
aqui.” Ele obedeceu a ordem e atrelou o carro e foi para o reino
de Videha.
Era então
o dia de lua cheia. Naquele momento quando o Povo já tinha
compartilhado a janta e estavam sentados em suas portas tranquilos,
Matali direcionou seu carro lado a lado com o disco da lua. Todo o
Povo gritou, “Vejam, duas luas no céu!” Mas quando eles
viram o carro passar a lua e vir na direção deles,
então eles gritaram, “Não é lua mas um carro ;
um filho dos deuses, parece. Para quem ele traz este veículo
divino, com este time de puro sangues, criaturas da imaginação
? Não será para nosso rei ? Sim, nosso rei é um
rei bom e reto !” Em sua alegria eles juntaram as mãos com
reverência e de pé repetiram a primiera estrofe :
Uma maravilha no
mundo foi vista, que fez os cabelos eriçarem :
Para o grande rei
de Videha é enviado um carro dos céus !
Matali aproximou o
carro e então enquanto o Povo venerava com flores e perfumes,
dirigiu-o por três vezes ao redor da cidade no sentido horário.
Depois procedeu para a porta do rei e lá permaneceu no carro
parado diante da janela do oeste , fazendo um sinal de que
ascenderia. Bem, naquele dia mesmo o rei inspecionava os salões
de caridade e deu conselhos sobre como devia ser feita a distribuição
; o que realizado, passou a guardar os votos de jejum e assim passou
o dia. Justo então ele estava sentado em um belo sofá,
diante da janela leste, com seus cortesãos ao redor,
discursando para eles a respeito de direito e justiça. Naquele
momento Matali o convidou a entrar no carro e tendo feito isto saiu
fora com ele.
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Para
explicar isto, o Mestre repetiu as seguintes estrofes :
O deus mais
poderoso, Matali, o auriga, trouxe
Uma
convocação a Videha, quem em Mithila era rei.
Ó
poderoso monarca, nobre rei, suba neste carro comigo :
Indra te verá
e os deuses, os gloriosos Trinta e Três,
Agora sentam em
pleno conclave, pensando em ti.
Então
Rei Sadhina girou a sua face e montou no carro :
O
qual com seus mil corcéis o carregou para os deuses distantes.
Os deuses
contemplaram o rei chegar : e então, saudando o convidado
Gritaram,'Bem
vindo poderoso monarca, a quem somos gratos em conhecer !
Ó Rei !
Ao lado do rei dos deuses pedimos tome assento.'
E Sakra
recebeu Videha, o rei da cidade de Mithila,
Sim, Vasava (
Indra / Sakra ) ofereceu a ele todas as alegrias e pediu que
sentasse.
'Entre os
legisladores do mundo Ó bem vindo a nossa terra :
More com os deuses,
Ó rei ! Que tem todos os desejos atendidos,
Goze de prazeres
imortais,onde estão os Trinta e Três.'
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Sakra rei dos
deuses deu a ele metade da cidade dos deuses, dez mil léguas
de extensão e de vinte e cinco milhões de ninfas e do
palácio de Vejayanta. E lá ele residiu por setecentos
anos pela contagem humana, gozando felicidade. Mas então seu
mérito exauriu-se naquele carácter celeste ;
insatisfação surgiu nele e então falou a Sakra
com estas palavras, repetindo a estrofe :
Alegrei-me
quando primeiro vim para o céu,
Danças,
canções e claras músicas :
Agora não
mais sinto o mesmo.
Minha
vida acabou, a morte se aproxima,
Ou é
a loucura, rei, que devo temer ?
Então Sakra
disse a ele :
Tua vida
não acabou e morte está longe,
Nem és
doido, poderoso rei :
Mas tuas
boas ações estão exauridas
E agora
teu mérito está todo acabado.
Permaneça
morando aqui, Ó poderoso rei,sob minha divina atenção;
Goze
de prazeres imortais,onde estão os Trinta e Três.
[
n. do tr. : o Escoliasta explica : “Te darei metade do meu mérito,
portanto permaneça aqui sob meu poder.” ]
Mas o Grande Ser
recusou e disse a ele :
Como quando um
carro ou bens são dados em demanda,
Do mesmo modo é
gozar de benção dada pelas mãos de outro.
Não quero
bençãos recebidas pelas mãos de outro,
Meus bens são
meus quando permaneço nos meus atos apenas.
Irei e farei
muita caridade às pessoas, darei ofertas por toda a terra,
Seguirão
virtude, exercício de controle e auto domínio :
Aquele que age
assim é feliz e não teme remorso nas mãos.
Escutando isto,
Sakra então deu ordens a Matali : “Vá agora,
transporte Rei Sadhina para Mithila e coloque-o em seu próprio
parque.“ Ele fez isto. O rei andava daqui para lá no parque
; o guardião do parque espreitou-o e após perguntá-lo
quem ele era, foi até o Rei Narada com as novidades. Quando
ele escutou sobre a chegada do rei, enviou o guardião com
estas palavras : “Você vá antes e prepare dois
assentos, um para ele e um para mim.” Ele fez isto. Então
o rei questionou-o, “Para quem você prepara estes dois
assentos ?” Ele respondeu, “Um para você, e um para nosso
rei'. Então o rei disse, “Quaoutro ser sentará em
minha presença ?” ele sentou em um assento e colocou os pés
no outro. Rei Narada chegou e tendo saudado seus pés sentou em
um lado : agora, é dito que ele era o sétimo em
descendência direta do rei e naquele tempo a idade humana era
cem anos. Tal era o tempo que o Grande Ser gastou, pelo poder de sua
bondade. Ele tomou Narada pelas duas mãos e subindo e descendo
pela mansão, recitou três estrofes :
Aqui estão
as terras, os canais ao redor nos quais àgua corre,
A grama verde
vestindo tudo, os riachos que fluem,
Os lagos
aprazíves, que escutam os gansos dourados chamarem,
Onde lótus
branca e azul crescem e árvores quais corais,
- Mas aqueles que
amavam este lugar comigo, Ó diga, onde eles estão ?
São estas
terras, este lugar,
A mansão
e os campos estão aqui :
Mas não
vejo nenhum rosto familiar,
Me parece um
deserto sombrio.
Aqui Narada disse
a ele : “Meu senhor, desde que partiste para o mundo dos deuses,
setecentos anos se passaram; sou o sétimo em linhagem de ti,
teus ajudantes desceram todos para as mandíbulas da morte.
Mas este é teu próprio domínio de direito e peço
que receba-o.” O rei respondeu, “Meu querido Narada, não
vim aqui para ser rei mas para fazer e bem eu farei.” Então
disse como segue :
Vi mansões
celestiais, brilhando em todo canto,
Os Trinta e
três arcanjos e seu monarca, face a face.
Alegrias mais
quehumanas senti, tinha uma casa celeste,
Com tudo que o
coração pode desejar, entre os divinos Trinta e três.
Isto vi e para
fazer obras virtuosas desci :
Viverei uma
vida santa : não quero coroa real.
O Caminho que
nunca leva ao pesar, o Caminho que os Buddhas apresentam,
Neste Caminho
entro agora pelo qual o sagrado vai.
Assim falou o
Grande Ser, por sua onisciência sintetizando tudo nestas três
estrofes. Então Narada novamente disse a ele,
“Tome
o governo do reino para você” ; e ele respondeu, “Meu filho
querido, não quero o reino ; mas por sete dias desejo
distribuir novamente ofertas dadas durante estes setecentos anos.”
Narada estava disposto e fazendo o que ele pediu, preparou uma larga
quantidade para distribuição. Por sete dias o rei fez
ofertas ; e no sétimo dia ele morreu e nasceu no céu
dos Trinta e três.
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Quando o Mestre
terminou este discurso, ele disse, “Tal é a realização
de votos sagrados que se deve guardar,” e declarou as Verdades : (
bem, na conclusão das Verdades, alguns dos Irmãos
leigos entraram na fruição do Primeiro Caminho e alguns
do Segundo :) e ele identificou o jataka : “Naquele tempo Ananda
era o Rei Narada, Anurudha era Sakra e eu mesmo era o Rei Sadhina.”
[ Cabe aqui uma nota
sobre os Trinta e três e a aproximação numérica
com as 33 cúrias das 3 tribos romanas – sim é a mesma
cultura. A fundação de Roma um ritual védico
seguido por Rômulo. A obra do grande historiador francês
Georges Dumèzil trata desta aproximação que
complementa-se revelando que esta unidade é geral, iraniana,
germana, celta, etc, compondo o quadro de uma grande identidade
védica do mundo antigo. Flamen = Brahman. Urano = Varuna (
apesar de contestarem ). Numa = Manu. A economia política
neste jataka aparece novamente mostrando que a riqueza deve
naturalmente ser distribuída e não acumulada como o 1%
faz no atual totalitarismo financeiro – a moeda destrói a
economia. Etc. ]
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