terça-feira, 7 de julho de 2015

491 Buddha Pavão Dourado




491
S'eu for capturado...” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre um Irmão relapso. A este Irmão o Mestre disse, “É verdade, como me disseram, que és relapso ?” 'Sim, Senhor, é verdade.” “Irmão,” disse ele, “como um homem como você não será confundido por esta luxúria de prazeres ? O furacão que cobre o Monte Sineru não intimida-se diante de uma folha seca. Em dias antigos esta paixão confundiu seres santos que por sete mil anos evitaram de seguir as luxúrias que surgiam dentro deles.” Com estas palavras ele contou uma história do passado. // Jataka 159.

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Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares, o Bodhisatva foi concebido por uma Pavoa ( Pavão fêmea ) em um distrito da fronteira. Quando o tempo devido tinha passado, a mãe deixou o ovo no lugar em que estava se alimentando e foi embora. Bem, o ovo de uma mãe que é saudável não é danificado, se não houver perigo de cobras e vermes semelhantes. Este ovo portanto sendo um ovo dourado como um broto de kannikara ( Pterospermum Acelifolium ) quando estava maduro , rachado pela própria força dando origem a um pinto dourado com dois olhos como de fruta gunja e um bico coral e três vermelhas estrias correndo ao redor do pescoço descendo até o meio das costas. Quando ele cresceu seu corpo cresceu até ficar do tamanho de um carrinho de mão de construção muito bonito de ver, e todo o bando de pavões escuros reunidos o escolheram para ser seu rei.

Um dia,enquanto ele estava bebendo água de um lago espreitando sua própria beleza pensou “sou o mais belo dos pavões. Se permanecer entre eles no meio do caminho dos homens, cairei em algum perigo : vou para o Himalaia e lá morar em algum lugar agradável.” Então à noite, quando todo o bando de pavões estava em seus retiros despercebido de todos ele partiu para o Himalaia e atravessando três cordilheiras de montanhas estabeleceu-se na quarta. Isto foi numa floresta onde ele encontrou um vasto lago natural todo coberto com lótus e não distante de um grande árvore banian do lado de uma montanha ; nos ramos desta árvore ele pousou. No coração desta floresta havia uma caverna agradável ; e desejoso de morar lá pousou na parte plana da boca dela. Bem, para este lugar era impossível subir, seja para cima vindo para baixo seja de baixo indo para cima ; ele estava livre de todo temor de pássaros, gatos selvagens, serpentes ou seres humanos. “Este é um lugar ótimo para mim ! “ ele pensou. Aquele dia ele ficou lá e no seguinte saindo da caverna ele sentou no topo do monte olhando o leste. Quando viu a esfera do Sol surgindo, ele protegeu-se para o dia que vinha recitando o verso “Lá ele surge, rei omnividente.” Após isto saiu buscando comida . À noite retornou e sentado no topo do monte olhando o oeste ; então quando viu a esfera do Sol afundando na vista , ele protegeu-se para a noite que vinha recitando o verso “Lá ele se põe ; o rei omnividente.” E deste modo ele passou sua vida.

Mas um dia um caçador que vivia na floresta o viu sentado no topo da montanha e foi para casa. Quando chegou o tempo dele morrer contou ao filho sobre : “Meu filho, na quarta cadeia de montanhas, na floresta, vive um pavão dourado. Se o rei quiser um você sabe onde encontrá-lo.”

Um dia a rainha principal do rei de Benares ( seu nome era Khema ) teve uma visão no crepúsculo e a visão era esta : um pavão dourado pregava a Lei, ela escutava aprovando, o pavão tendo terminado seu discurso levantou-separapartir, ela gritou com isto “O rei dos pavões está escapando, peguem-no !” E enquanto ele falava estas palavras, ela acordou. Quando ela acordou e percebeu que era um sonho, pensou, “S'eu falar para orei que foi um sonho ele nem vai ouvir ; mas s'eu dizer que é um desejo de mulher grávida, então ele vai escutar.” Então ele fingiu que tinha um desejo como as grávidas o tem e deitou. O rei a visitou e perguntou o quê a fazia sofrer. “Tenho um desejo,” disseela. “Qual é o seu desejo ?” “Desejo, meu senhor, escutar o discurso de um pavão dourado.” “Mas onde arranjaremos tal pavão, senhora?” “Se algum não for encontrado, meu senhor, morrerei.” “Não se preocupe com isto, minha senhora ; se houver algum em algum lugar será pego para você.” Assim ele a consolou e saindo, sentando, questionou os cortesãos : “Vejam vocês minha rainha deseja escutar o discurso de um pavão dourado. Existe tal ser como um pavão dourado ?”. “Os brahmins saberão isto, meu senhor.” O rei questionou os brahmins. Os brahmins responderam assim : “Ó grande rei ! É dito em nossos sutras das marcas da fortuna, De criaturas aquáticas, tartarugas, e caranguejos, de cervos terrenos, gansos selvagens, pavões, perdizes, estas criaturas e seres humanos também podem ser cor cor dourada.” Então o rei reuniu todos os caçadores que haviam nos seus domínios e os perguntou se já haviam visto um pavão dourado. Todos disseram, não, exceto aquele cujo pai houvera dito ter visto. Este disse, “Nunca vium eu mesmo mas meu pai me contou de um lugar onde um pavão dourado vivia.” O rei disse, “Meu bom homem, isto significa vida ou morte para mim e minha rainha : pegue-o e traga-mo aqui.” Ele deu ao homem dinheiro bastante e o despachou. O caçador deu o dinheiro para a esposa e filho, e foi até o lugar e viu o Grande Ser. Ele colocou armadilhas para pegá-lo, todo dia dizendo para si que a criatura seria pega ; ainda assim morreu sem capturá-lo. E a rainha também morreu sem ter o desejo de seu coração. O rei estava irado e furioso e dizia, “Minha rainha querida morreu por causa deste pavão” ; e ele fez com que a história ser escrita em um prato dourado como na quarta cadeia de montanha do Himalaia vive um pavão dourado e aquele que comer sua carne será para sempre jovem e imortal. Este prato ele colocou em um tesouro após o quê ele morreu. Após ele outro rei levantou-se que leuo que estava escrito no prato, e desejoso de ser imortal e sempre jovem, enviou um caçador para pegá-lo ; mas este morreu primeiro como o outro. Deste modo reis reis sucessivos passaram, seis caçadores morreram sem sucesso nos Himalaias. Mas o sétimo caçador, enviado pelo sétimo rei, sendo incapaz de pegar o pássaro por sete anos, apesar de todo dia esperar fazê-lo, começou a pensar porque não conseguia pegar o pé do pássaro na gaiola. Então viu o pássaro e o viu em suas orações de proteção de manhã e à tarde e então assim arguiu o caso : “Não há outro pavão no lugar e é claro que este deve ser um pássaro de vida santa. É o poder de sua santidade e o encanto de proteção que fazem com que suas patas nunca sejam pegas pelas armadilhas.” Tendo chegado a esta conclusão ele foi a terra fronteiriça e arranjou uma pavoa a qual treinou com estalo de dedo para pronunciar uma nota, com bater de palma a dançar. Levando-a com ele, retornou para o lugar ; armou a armadilha antes do Bodhisatva recitar seu encanto, ele estalou os dedos e a fez piar. O pavão escutou : no mesmo instante, o pecado que por sete mil anos estava escondido, realimentou-se como uma cobra espalhando sua crista com um toque. Estando doente de luxúria, ele não pode recitar seu encanto de proteção mas correndo para ela, desceu dos céus com as patas direto na armadilha : aquela armadilha que por sete mil anos não teve nenhum poder de pegá-lo, agora prende sua pata apertada. Quando o caçador o viu balançando na extremidade da vara, pensou consigo mesmo, “Seis caçadores falharam em pegar este rei dos pavões e porsete anos não consegui. Mas ho-je, assim que veio doente de luxúria pela pavoa, foi incapaz de repetir seu encanto, caiu direto n'armadilha e foi pego e lá balança de cabeça para baixo. Tão virtuoso é o ser que machuco ! Entregar tal criatura para outra pessoa apenas por uns trocados é algo impensável. Que me serve as honras reais ? Vou deixá-lo ir.” Mas novamente pensou, “É um monstro, pássaro poderoso e forte, se for para cima dele pode pensar que quero matá-lo , temeroso por sua vida lutará e pode quebrar uma perna ou asa. Não em aproximarei dele mas permanecerei escondido e cortarei 'armadilha com uma flecha. Então ele pode seguir seus caminhos à vontade.” Assim ele ficou escondido e esticando seu arco colocou uma corda na linha e puxou para trás.

Agora o Pavão pensava, “Este caçador me fez ficar doente de luxúria e como viu que me pegou não ficarei sem se importar comigo. Onde será que ele está ?” ele oulhou para um lado, olhou para outro e espreitou o homem em pé com o arco armado pronto para o disparo. “Sem dúvida ele deseja me matar e ir embora,” pensou ele, e temendo pela morte repetiu a primeira estrofe pedindo por sua vida :

Se capturado riqueza te trarei,
Então me machuque mas leve-me ainda vivo.
Peço-te, amigo, me conduza ao rei :
Creio que um grande prêmio te será dado.

Com isto o caçador pensou, “O grande pavão imagine que vou atingí-lo com a flecha : devo aliviar sua mente,” e recitou a segunda estrofe com esta finalidade :

Não coloquei está flecha no arco,
Para te machucar, Ó Pavão real, ho-je :
Desejo cortar 'armadilha e te deixar ir,
Então seguir tua vontade e voar para longe.

Com isto o pavão respondeu em duas estrofes :

Sete anos, Ó caçador, primeiro tu perseguiste,
Aguentando sede e fome noite e dia :
Agora estou n'armadilha o quê farás ?
Por quê desejas me libertar me deixar voar embora ?

Certamente todos os seres vivos são protegidos por ti :
Tirar a vida tu rejeitaste este dia :
Pois estou n'armadilha ainda assim me libertas,
Ainda assim tu me soltas, me deixas voar embora.

Então segue isto :

Quando um homem jura não matar nenhum ser vivo :
Quando tudo que vive, para ele, está livre de medo :
Que benção no próximo nascimento isto trará ?
Ó Pavão real, me responda isto !

Quando tudo que vive para ele está livre de medo,
Quando um homem jura não machucar nenhum ser vivo,
Mesmo no mundo presente, bem falado ele é,
Ele após a morte seu valor levará ao céu.

Não há deuses, assim muitos homens dizem :
A mais alta benção esta vida apenas pode trazer ;
Esta produz frutos do caminho bom e do ruim ;
E fazer oferta é declarado tolice.
Portanto prendo pássaros, pois sacerdotes disseram isto :
Não merecem suas palavras, pergunto, crédito ?

Então o Grande Ser determinou-se a contar ao homem a realidade do outro mundo ; e enquanto girava na extremidade da vara de cabeça para baixo, repetiu uma estrofe :

Claros aos olhos ambos seguem Sol e Lua
Altos nos céus percorrendo seus caminhos.
Como as pessoas os chamam no mundo de baixo ?
São deste mundo ou de outro , diga !

O caçador repetiu uma estrofe :

Claros aos olhos ambos seguem Sol e Lua
Altos nos céus percorrendo seus caminhos.
Eles não são parte deste nosso mundo de baixo,
Mas de outro : isto as pessoas dizem.

Então o Grande Ser disse a ele :

Então eles estão errados, eles mentem quem tal coisa diz ;
Sem qualquer razão, quem diz este mundo pode trazer
Apenas o fruto do caminho bom ou mal.
Ou quem declara fazer oferta tolice.

Enquanto o Grande Ser falava, o caçador ponderou e depois repetiu um par de estrofes :

É verdade o quê disseste :
Como pode alguém dizer que ofertas não trazem nenhum fruto ?
Que aqui colhe-se o fruto do caminho mal
Ou do bom ; que ofertar é tolice ?

Como devo agir, o quê fazer, que caminho santo
Devo seguir, pavão real, Ó diga!
Que tipo de virtude ascética – fale,
Para me salvar de afundar no ínfero !

O Grande Ser pensou, quando escutou isto, “S'eu resolver este problema para ele, o mundo vai parecer todo vazio e vão. Direi a ele desta vez a natureza dos brahmins ascetas e santos.” Com esta intenção ele repetiu duas estrofes :

Aqueles na terra, que guardam os votos ascéticos,
Em hábito amarelo, sem dormir em casa,
Que caminham desde cedo para conseguir alimento,
Não à tarde : estes homens são bons.
[ n. do tr. : comer à tarde é estritamente proibido entre os Irmãos . ]

Visitar na estação tais bons homens como estes,
E questionar qualquer um te agradará :
Eles te explicarão o assunto, pois eles sabem,
Sobre o outro mundo e este debaixo.

Assim falando, ele aterrorizou o homem com o medo do ínfero. O outro atingiu ao estado perfeito de pacceka Bodhisatva ; pois ele vivia com este pensamento no ponto de amadurecer, como um broto de lótus maduro procurando o toque dos raios do Sol. Quando o caçador escutou este discurso, de pé como estava, ele entendeu tudo em um momento, as partes constituintes das coisas existentes, apreendeu suas três propriedades [ impermanência, sofrimento e não realidade ; anicca, dukkha, anatta ] e penetrou no conhecimento de um Pacceka Budha. Esta compreensão dele e a libertação do Grande Ser d'armadilha, vieram ambas em um mesmo instante. O Pacceka Buddha, tendo aniquilado suas luxúrias e desejos, estando no limite extremo da existência [ i.e. no ponto de entrar em Nirvana ], pronunciou sua aspiração nesta estrofe :

Como a serpente solta sua pele seca,
Àrvore suas folhas murchas quando as verdes brotam :
Assim renuncio minha atividade de caçador neste dia,
Abandono para sempre arte de caçar.

Tendo pronunciado esta aspiração sublime, elepensou,”Justo agora fui liberto dos laços do pecado ; mas em casa tenho muitos pássaros presos em gaiolas e como agora os libertarei ?” Então perguntou ao Grande Ser : “Rei Pavão, há muitos pássaros que deixei presos em casa, comoposso os libertar ?” Bem, o Bodhisatva, que era omnisciente, tem mais compreensãodos caminhos e meios que um Pacceka Buddha ; daí ele respondeu, “Como você quebrou o poder da luxúria e penetru o conhecimento de um Pacceka Buddha, nesta base faça um Ato de Verdade e em toda a Índia não haverá criaturas presas em laços.” O outro então, entrando pela porta que o Bodhisatva assim lhe abriu, repetiu esta estrofe fazendo um Ato de Verdade :

Todas minhas aves empenadas que prendo,
Centenas e centenas, confinadas em minha casa,
Para todos eles dou suas vidas ho-je,
E liberdade : que voem para casa.

Então através deste Ato de Verdade, apesar de tardio, foram todos libertos de confinamento e piando felizes foram para suas casas em seus próprios lugares. No mesmo momento através de toda a Índia todas as criaturas amarradasforam libertas e nenhuma foi deixada em cativeiro, nem mesmo um gato. O Pacceka Buddha levantou sua mão e esfregou sua testa : imediatamente a marca de família desapareceu e a marca da religiosidade apareceu em seu lugar. Ele então, como um Ancião de sessenta anos, inteiramente vestido, carergando as oito coisas necessárias [ tigela, três roupas, cinto, navalha, agulha e filtro : os oito requisitos ], fez uma reverência de obediência ao Pavão real e andando ao redor dele em sentido horário, elevou-se nos ares e foi embora para a caverna no pico do Monte Nanda. O Pavão também, levantando-se d'armadilha, tomou seu alimento e partiu para o lugar em que vivia.

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A última estrofe foi repetida pelo Mestre, contando como por sete anos a caçador saia com armadilha na mão e foi então liberto da dor pelo rei Pavão :

O caçador atravessou toda a floresta
Para pegar o senhor dos pavões, armadilha na mão.
O glorioso senhor dos pavões ele libertou
Da dor, assim que foi pego, como eu.

Terminando este discurso, o Mestre declarou as Verdades : agora na conclusão das Verdades, o Irmão relapso atingiu a santidade : então ele identificou o Jataka dizendo, “Naquele tempo eu era o rei Pavão.”


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