Indra / Sakra, com a coroa no centro da imagem de Ajanta, Índia, as outras pessoas são do céu dos trinta e três.
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“Um preto,
bem preto cão... etc.” - Esta história o Mestre
contou enquanto residia em Jetavana, sobre viver para o benefício
do mundo.
Um dia,dizem,
os Irmãos sentados no Salão da Verdade, conversavam.
“Senhores,” um dizia, “o Mestre, sempre na prática da
amizade na relação com as multidões de pessoas,
abandona moradia agradável e vive apenas para o bem do mundo.
Ele atingiu sabedoria suprema e ainda assim de sua própria
vontade toma tigela e manto e sae em jornada de dezoito léguas
ou mais. Para os Cinco Anciãos ( os cinco que acompanharam
Buddha quando começou sua vida de asceta : Aññakondañña,
Bhaddiya, Vappa, Assaji, Mahanāma
) estabeleceu rodando a Roda da Lei ; no quinto dia da meia lua
recitou a Escritura Anattalakkhana e outorgou santidade sobre todos
eles ; foi a Uruvela e aos ascetas com cabelos em tranças fez
milagres para três mil e quinhentos e os persuadiu a ser
juntarem à Ordem ; em Gayasisa ( atualmente Brahmayoni, uma
montanha próxima a Gaya ) recitou o Discurso sobre o Fogo e
outorgou santidade a mil destes ascetas ; a Mahakassapa, quando
caminhou três milhas para encontrá-lo, após três
discursos que deu altas Ordens ; tudo sozinho, após o almoço
do meio dia foi para uma jornada de quarenta e cinco léguas e
então estabeleceu na Fruição do Terceiro
Caminho, Pukkusa ( um jovem de nascimento muito bom ) ; para
encontrar Mahakappina ele seguiu por uma distância de duas mil
léguas e outorgou santidade a ele ; sozinho, à
tarde, saiu numa jornada de quarenta quilômetros e estabeleceu
em santidade o cruel e terrível Angulimāla; quarenta
quilômetros também atravessou para estabelecer Alavaka (
este era um demônio-árvore, que clamava sacrifício
de uma vítima por dia. O próprio filho do rei estava
para ser comido, quando Buddha o salvou ) no Fruto do Primeiro
Caminho, e salvar o príncipe; no Céu dos Trinta e Três
habitou três meses e ensinou a compreensão integral da
Lei a oitocentos milhões de deidades; foi ao mundo de Brahma,
e destruiu a falsa doutrina de Baka Brahma ( cf. Jātaka 346 e 405 )
e outorgou santidade a dez mil Brahmas; todo ano saía em
peregrinação em três distritos, e às
pessoas capazes de receber, ele dava os Refúgios, as Virtudes,
e os frutos das diferentes etapas; ele até agia em benefício
das cobras, dos pássaros e semelhantes, de muitos modos.”
Com tais palavras eles louvavam a bondade e o valor da vida de
Dasabala
pelo bem do mundo. O Mestre entrou e perguntou o quê
conversavam lá sentados. Eles disseram. “Não é
surpresa, Irmãos,” disse ele. “Eu que agora em minha
sabedoria perfeita vivo para o bem do mundo, posto que no passado, em
dias apaixonados, vivi para o bem do mundo.” Assim falando ele
contou uma história do passado. Cf Jatakas 50, 391 e 347
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Certa vez,
nos dias do Supremo Buddha Kassapa, reinava o rei chamado Usinara.
Foi muito tempo depois do Supremo Buddha Kassapa ter declarado as
Quatro Verdades, e livrado multidões de pessoas dos laços
e foi transladado para aumentar o
número
daqueles que habitam o Nirvana ; e a religião caiu em
decadência. Os Irmãos ganharam a vida nos vinte e um
jeitos ilegais ; associavam-se com as Irmãs e filhas e filhas
nasciam deles ; Irmãos abandonavam as tarefas da Irmandade e
Irmãs abandonavam os deveres de Irmãs, Irmãos e
Irmãs leigos as suas tarefas, brahmin não mais faziam
as obrigações de um brahmin : as pessoas na maior parte
seguem os dez caminhos do fazer mal e quando morrem preenchem as
hostes de todos os estados de sofrimento.
Sakra
então, observando que nenhuma nova deidade veio à
existência, olhou largamente sobre o mundo ; e então ele
percebeu como as pessoas nasciam em estados de sofrimento e que a
religião do Buddha decaíra. “Que farei agora ?”
cogitou. “Ah, já sei !” pensou ele : “Apavorarei e
aterrorizarei a humanidade ; e quando ver que estão
assustados, consolo-os, declaro Lei, restauro a religião que
caiu, fazendo-a durar por mais mil anos !” Com esta resolução,
fez o deus Matali ( seu auriga ) ficar na forma de um grande cão
de caça preto, de raça pura, tendo quatro presas
compridas qual bananas, horrível, de aspecto hediondo e uma
barriga gorda, qual a de uma mulher grávida pronta para parir
uma criança ; amarrando-o com uma corrente quíntupla e
colocando nele uma guirlanda vermelha, o levou pela corda. Em si
mesmo colocou um par de vestes amarelas, e amarrou o cabelo atrás
da cabeça e se adornou com uma grinalda vermelha ; pegando um
arco pesado, armado com corda de coral cor e girando em seus dedos
uma zagaia com ponta de diamante, assumiu o aspecto de uma pessoa da
floresta e desceu em um lugar distante uma légua da cidade. “O
mundo está condenado à destruição, está
condenado à destruição !” gritou ele três
vezes em alta voz de modo a aterrorizar o povo ; e quando alcançou
a entrada da cidade repetiu o grito. O povo vendo o cachorro ficou
amedrontado e correu para dentro da cidade e contou ao rei o quê
tinha acontecido. O rei rapidamente fez com que se fechasse os
portões da cidade. Mas Sakra pulou o muro de dezoito côvados
de altura e com seu cão entrou na cidade. O povo aterrorizado
fugia para dentro das casas e fechava as portas. Big Blackie caçava
toda pessoa que encontrava e assustava-as e por fim entraram no
palácio do rei. O povo amedrontado que se refugiara no jardim
correu para o palácio e fechou as portas. Quanto ao rei, ele
com as mulheres de sua casa foram para o terraço. Big Blackie
levantou suas patas dianteiras e colocando-as nas janelas rugiu um
grande rugido ! O som do rugido teve alcance do inferno
até o mais alto céu : todo o universo era um grande
rugido . Os três grandes rugidos que foram os maiores jamais
ouvidos na Índia são estes : o grito do rei Punnaka no
Jataka Punnaka, o grito do rei das serpentes Sudassana no Jataka
Bhuridatra ( nº 543 ) e este Jataka do grande cão preto
ou a história de big blackie. O povo estava aterrorizado e
horrorizado e ninguém conseguia dizer uma palavra para Sakra.
O rei
arrancou coragem do coração e aproximando-se da janela
gritou para Sakra - “Ei caçador ! Por quê teu cão
ruge ?” Cotejou ele, “O cachorro está faminto.”
“Bem,” disse o rei, “ordenarei que se lhe dê alguma
comida.” Então falou para eles lhe darem sua própria
comida e a comida de todos da sua casa. O cão engoliu tudo de
uma bocada só e rugiu novamente. Novamente o rei perguntou.
“Meu cachorro continua com fome,” foi a resposta. Ordenou então
que todas as rações dos elefantes e cavalos e assim por
diante fossem trazidas e dadas a ele. Esta também ele engoliu
tudo de uma vez ; o rei fez que se lhe desse toda a comida da cidade.
Ele engoliu esta também do mesmo jeito e rugiu novamente.
Disse o rei, “Isto não é cachorro. Com toda certeza
é um duende. Perguntarei de onde vem.” Aterrorizado de
medo, ele fez sua pergunta repetindo a primeira estrofe :
Um preto, bem
preto cão, amarrado com cinco correntes e presas brancas
Majestoso,
feio – poderoso ! O quê ele faz aqui contigo ?
Escutando isto,
Sakra repetiu a segunda estrofe :
Cão
Negro não veio para brincar de caça mas para uso
De
punir pessoas, Usinara, quando o deixar solto.
Disse o rei, “Oquê
caçador! O cão vae devorar a carne das pessoas ou de
seus inimigos somente ?” “Somente de meus inimigos, grande rei.”
“E quem são seus inimigos?” “Aqueles, Ó rei,
que amam a injustiça e andam errado.” “Descreva-os para
nós,” ele pediu. E o rei dos deuses descreveu-os em
estrofes :
Quando falsos
Irmãos, tigela na mão, com hábito, escolham
Tonsurados, o
arado seguir, então o Cão Preto soltarei.
Quando Irmãs
da Ordem forem encontradas com hábito
Tonsuradas,
ainda assim andando no mundo, soltarei o Cão.
Quando
ascetas, usurários, estendendo o beiço
Dentes fétidos
e cabelo sujo mostrarem – Cão Negro deixarei sair.
Quando
brahmins, hábeis em livros santos e ritos sacros, usarem
Suas habilidades
para sacrificar em troca de riqueza, o Cão Preto irá
solto.
Quem a seus
pais agora velhos, a juventude deles acabada,
Não
amparar, apesar de capaz, enviarei contra ele o Cão Negro.
Quem a seus
pais agora velhos, a juventude deles acabada,
Gritar, Tolos
vocês são ! Contra tal como este mandarei o Cão
Preto.
Quando homens
vão atrás das esposas dos outros, de professor ou de
amigo,
Irmã de
pai, esposa de tio, mandarei o Cão Preto.
Quando escudos
nos ombros, espada na mão, todo armado na estrada
Eles tomarem
os caminhos para matar e roubar, soltarei então Cão
Negro.
Quando filhos
de viúvas, imberbes, sem qualquer habilidade
Armados devam
discutir e brigar, então soltarei o Cão.
Quando
pessoas com corações cheios de maldade, enganem os
outros,
Entrando e
saindo ao redor do mundo, soltarei o Cão Preto então.
Quando ele assim
falou, “Estes”, disse, “são meus inimigos, Ó rei
!” e fez como se fosse deixar saltar o cão e devorar todos
que obravam os atos dos inimigos. Mas como todo a multidão
estava em choque, segurou o cachorro pelo laço e fez como se
fosse amarrá-lo no lugar ; retirando o disfarce de caçador
pelo seu poder elevou-se e pousou nos ares, brilhante na aparência,
disse : “Ó grande rei, sou Sakra, rei dos deuses ! Vendo que
o mundo estava prestes a ser destruído, vim aqui. Agora mesmo
enquanto morrem preenchem estados de sofrimento porque seus atos são
ruins e o céu está ficando vazio. De agora em diante
sei como lidar com o mau mas você fique vigilante.” Tendo
então em quatro estrofes de lembranças valorosas
declarado a Lei e estabelecido o povo nas virtudes da liberdade, ele
fortaleceu o poder minguante da religião de modo que ela durou
por ainda mais mil anos e depois com Matali retornou para seu próprio
lugar.
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Quando do
Mestre terminou este discurso, adicionou : “Assim, Irmãos,
em tempos antigos como agora vivi para o bem do mundo;” e
identificou o Jataka : “Naquele tempo Ananda era Matali e eu era
Sakra.”
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