quarta-feira, 23 de outubro de 2013

469 Buddha Sakra




                      Indra / Sakra, com a coroa no centro da imagem de Ajanta, Índia, as outras pessoas são do céu dos trinta e três.

469

Um preto, bem preto cão... etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, sobre viver para o benefício do mundo.

Um dia,dizem, os Irmãos sentados no Salão da Verdade, conversavam. “Senhores,” um dizia, “o Mestre, sempre na prática da amizade na relação com as multidões de pessoas, abandona moradia agradável e vive apenas para o bem do mundo. Ele atingiu sabedoria suprema e ainda assim de sua própria vontade toma tigela e manto e sae em jornada de dezoito léguas ou mais. Para os Cinco Anciãos ( os cinco que acompanharam Buddha quando começou sua vida de asceta : Aññakondañña, Bhaddiya, Vappa, Assaji, Mahanāma ) estabeleceu rodando a Roda da Lei ; no quinto dia da meia lua recitou a Escritura Anattalakkhana e outorgou santidade sobre todos eles ; foi a Uruvela e aos ascetas com cabelos em tranças fez milagres para três mil e quinhentos e os persuadiu a ser juntarem à Ordem ; em Gayasisa ( atualmente Brahmayoni, uma montanha próxima a Gaya ) recitou o Discurso sobre o Fogo e outorgou santidade a mil destes ascetas ; a Mahakassapa, quando caminhou três milhas para encontrá-lo, após três discursos que deu altas Ordens ; tudo sozinho, após o almoço do meio dia foi para uma jornada de quarenta e cinco léguas e então estabeleceu na Fruição do Terceiro Caminho, Pukkusa ( um jovem de nascimento muito bom ) ; para encontrar Mahakappina ele seguiu por uma distância de duas mil léguas e outorgou santidade a ele ; sozinho, à tarde, saiu numa jornada de quarenta quilômetros e estabeleceu em santidade o cruel e terrível Angulimāla; quarenta quilômetros também atravessou para estabelecer Alavaka ( este era um demônio-árvore, que clamava sacrifício de uma vítima por dia. O próprio filho do rei estava para ser comido, quando Buddha o salvou ) no Fruto do Primeiro Caminho, e salvar o príncipe; no Céu dos Trinta e Três habitou três meses e ensinou a compreensão integral da Lei a oitocentos milhões de deidades; foi ao mundo de Brahma, e destruiu a falsa doutrina de Baka Brahma ( cf. Jātaka 346 e 405 ) e outorgou santidade a dez mil Brahmas; todo ano saía em peregrinação em três distritos, e às pessoas capazes de receber, ele dava os Refúgios, as Virtudes, e os frutos das diferentes etapas; ele até agia em benefício das cobras, dos pássaros e semelhantes, de muitos modos.” Com tais palavras eles louvavam a bondade e o valor da vida de Dasabala pelo bem do mundo. O Mestre entrou e perguntou o quê conversavam lá sentados. Eles disseram. “Não é surpresa, Irmãos,” disse ele. “Eu que agora em minha sabedoria perfeita vivo para o bem do mundo, posto que no passado, em dias apaixonados, vivi para o bem do mundo.” Assim falando ele contou uma história do passado. Cf Jatakas 50, 391 e 347
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Certa vez, nos dias do Supremo Buddha Kassapa, reinava o rei chamado Usinara. Foi muito tempo depois do Supremo Buddha Kassapa ter declarado as Quatro Verdades, e livrado multidões de pessoas dos laços e foi transladado para aumentar o
número daqueles que habitam o Nirvana ; e a religião caiu em decadência. Os Irmãos ganharam a vida nos vinte e um jeitos ilegais ; associavam-se com as Irmãs e filhas e filhas nasciam deles ; Irmãos abandonavam as tarefas da Irmandade e Irmãs abandonavam os deveres de Irmãs, Irmãos e Irmãs leigos as suas tarefas, brahmin não mais faziam as obrigações de um brahmin : as pessoas na maior parte seguem os dez caminhos do fazer mal e quando morrem preenchem as hostes de todos os estados de sofrimento.
Sakra então, observando que nenhuma nova deidade veio à existência, olhou largamente sobre o mundo ; e então ele percebeu como as pessoas nasciam em estados de sofrimento e que a religião do Buddha decaíra. “Que farei agora ?” cogitou. “Ah, já sei !” pensou ele : “Apavorarei e aterrorizarei a humanidade ; e quando ver que estão assustados, consolo-os, declaro Lei, restauro a religião que caiu, fazendo-a durar por mais mil anos !” Com esta resolução, fez o deus Matali ( seu auriga ) ficar na forma de um grande cão de caça preto, de raça pura, tendo quatro presas compridas qual bananas, horrível, de aspecto hediondo e uma barriga gorda, qual a de uma mulher grávida pronta para parir uma criança ; amarrando-o com uma corrente quíntupla e colocando nele uma guirlanda vermelha, o levou pela corda. Em si mesmo colocou um par de vestes amarelas, e amarrou o cabelo atrás da cabeça e se adornou com uma grinalda vermelha ; pegando um arco pesado, armado com corda de coral cor e girando em seus dedos uma zagaia com ponta de diamante, assumiu o aspecto de uma pessoa da floresta e desceu em um lugar distante uma légua da cidade. “O mundo está condenado à destruição, está condenado à destruição !” gritou ele três vezes em alta voz de modo a aterrorizar o povo ; e quando alcançou a entrada da cidade repetiu o grito. O povo vendo o cachorro ficou amedrontado e correu para dentro da cidade e contou ao rei o quê tinha acontecido. O rei rapidamente fez com que se fechasse os portões da cidade. Mas Sakra pulou o muro de dezoito côvados de altura e com seu cão entrou na cidade. O povo aterrorizado fugia para dentro das casas e fechava as portas. Big Blackie caçava toda pessoa que encontrava e assustava-as e por fim entraram no palácio do rei. O povo amedrontado que se refugiara no jardim correu para o palácio e fechou as portas. Quanto ao rei, ele com as mulheres de sua casa foram para o terraço. Big Blackie levantou suas patas dianteiras e colocando-as nas janelas rugiu um grande rugido ! O som do rugido teve alcance do inferno até o mais alto céu : todo o universo era um grande rugido . Os três grandes rugidos que foram os maiores jamais ouvidos na Índia são estes : o grito do rei Punnaka no Jataka Punnaka, o grito do rei das serpentes Sudassana no Jataka Bhuridatra ( nº 543 ) e este Jataka do grande cão preto ou a história de big blackie. O povo estava aterrorizado e horrorizado e ninguém conseguia dizer uma palavra para Sakra.

O rei arrancou coragem do coração e aproximando-se da janela gritou para Sakra - “Ei caçador ! Por quê teu cão ruge ?” Cotejou ele, “O cachorro está faminto.” “Bem,” disse o rei, “ordenarei que se lhe dê alguma comida.” Então falou para eles lhe darem sua própria comida e a comida de todos da sua casa. O cão engoliu tudo de uma bocada só e rugiu novamente. Novamente o rei perguntou. “Meu cachorro continua com fome,” foi a resposta. Ordenou então que todas as rações dos elefantes e cavalos e assim por diante fossem trazidas e dadas a ele. Esta também ele engoliu tudo de uma vez ; o rei fez que se lhe desse toda a comida da cidade. Ele engoliu esta também do mesmo jeito e rugiu novamente. Disse o rei, “Isto não é cachorro. Com toda certeza é um duende. Perguntarei de onde vem.” Aterrorizado de medo, ele fez sua pergunta repetindo a primeira estrofe :

Um preto, bem preto cão, amarrado com cinco correntes e presas brancas
Majestoso, feio – poderoso ! O quê ele faz aqui contigo ?

Escutando isto, Sakra repetiu a segunda estrofe :

Cão Negro não veio para brincar de caça mas para uso
De punir pessoas, Usinara, quando o deixar solto.

Disse o rei, “Oquê caçador! O cão vae devorar a carne das pessoas ou de seus inimigos somente ?” “Somente de meus inimigos, grande rei.” “E quem são seus inimigos?” “Aqueles, Ó rei, que amam a injustiça e andam errado.” “Descreva-os para nós,” ele pediu. E o rei dos deuses descreveu-os em estrofes :

Quando falsos Irmãos, tigela na mão, com hábito, escolham
Tonsurados, o arado seguir, então o Cão Preto soltarei.

Quando Irmãs da Ordem forem encontradas com hábito
Tonsuradas, ainda assim andando no mundo, soltarei o Cão.

Quando ascetas, usurários, estendendo o beiço
Dentes fétidos e cabelo sujo mostrarem – Cão Negro deixarei sair.

Quando brahmins, hábeis em livros santos e ritos sacros, usarem
Suas habilidades para sacrificar em troca de riqueza, o Cão Preto irá solto.

Quem a seus pais agora velhos, a juventude deles acabada,
Não amparar, apesar de capaz, enviarei contra ele o Cão Negro.

Quem a seus pais agora velhos, a juventude deles acabada,
Gritar, Tolos vocês são ! Contra tal como este mandarei o Cão Preto.

Quando homens vão atrás das esposas dos outros, de professor ou de amigo,
Irmã de pai, esposa de tio, mandarei o Cão Preto.

Quando escudos nos ombros, espada na mão, todo armado na estrada
Eles tomarem os caminhos para matar e roubar, soltarei então Cão Negro.

Quando filhos de viúvas, imberbes, sem qualquer habilidade
Armados devam discutir e brigar, então soltarei o Cão.

Quando pessoas com corações cheios de maldade, enganem os outros,
Entrando e saindo ao redor do mundo, soltarei o Cão Preto então.

Quando ele assim falou, “Estes”, disse, “são meus inimigos, Ó rei !” e fez como se fosse deixar saltar o cão e devorar todos que obravam os atos dos inimigos. Mas como todo a multidão estava em choque, segurou o cachorro pelo laço e fez como se fosse amarrá-lo no lugar ; retirando o disfarce de caçador pelo seu poder elevou-se e pousou nos ares, brilhante na aparência, disse : “Ó grande rei, sou Sakra, rei dos deuses ! Vendo que o mundo estava prestes a ser destruído, vim aqui. Agora mesmo enquanto morrem preenchem estados de sofrimento porque seus atos são ruins e o céu está ficando vazio. De agora em diante sei como lidar com o mau mas você fique vigilante.” Tendo então em quatro estrofes de lembranças valorosas declarado a Lei e estabelecido o povo nas virtudes da liberdade, ele fortaleceu o poder minguante da religião de modo que ela durou por ainda mais mil anos e depois com Matali retornou para seu próprio lugar.
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Quando do Mestre terminou este discurso, adicionou : “Assim, Irmãos, em tempos antigos como agora vivi para o bem do mundo;” e identificou o Jataka : “Naquele tempo Ananda era Matali e eu era Sakra.”


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