quarta-feira, 11 de setembro de 2013

466 Buddha carpinteiro sábio



 “Estamos diante dos demônios que formam o exército de Mara. Segue que o personagem real apresentado próximo ao meio do lintel deve ser Mara mesmo caracterizado como deus do sexto céu. E a presença da árvore bodhi à esquerda prova que Buddha não está ausente da cena. Daí somos lembrados dos famosos incidentes da 'Tentação' que justo antes da Iluminação levou a uma disputa entre o Sábio, que abole os desejos e o Soberano Senhor dos mundos dos desejos : e realmente para confirmar-nos na ideia de que estamos realmente lidando com este episódio da carreira de Buddha, Sujata entra à esquerda com a ânfora numa mão e a bandeja em outra, atravessando a torana, que age como pórtico até a árvore bodhi, carregando a famosa oferta de mingau de arroz , a última refeição feita pelo Mestre antes da Iluminação. Tendo assim fixado o momento e o local da cena, será fácil perceber três incidentes distintos pelo escultor : Primeiro, ele mostra próximo ao centro, sentado em seu trono real entre figuras femininas carregando o guardassol e o abanador, como é a regra para deuses e para reis : este é sem dúvida o momento em que teme em sua mente que o Abençoado possa ter sucesso em destruir seu império ; não o vemos em um conselho de guerra, como alguns textos relatam ; mas é curioso notar que próximo a ele, com as características de uma criança ( note o coque no alto da abeça ), o escultor retratou um dos Mara putras ou 'filhos de Mara' conhecidos na tradição literária. Em seguida vemos Mara em pé em companhia de seu filho e sem dúvida de uma de suas 'filhas' na direita junto àrvore, procedendo à Tentação propriamente dita, que foi apenas mais ou menos uma troca de palavras de descortesia. Aqui, é curioso notar que a força do hábito fez o escultor juntar as mãos de Mara e tratar o grupo de modo similar a famílias que rezam nos retratos do segundo Grande Milagre. A terceira cena está esculpida entre as duas primeiras : Mara, sua filha e seu filho estão se retirando vencidos e derrotados como seus gestos de dor e desamparo mostram. Enquanto isto a corte dos demônios, completamente indiferente ao que está acontecendo à esquerda do lintel, continua a beber, dançar e cantar música : evidentemente ele ainda não mobilizou-os para um 'assaulto' ou 'ataque'. O escultor deu rédea livre a sua fantasia mostrando este bando de gênios rufiões, enormes, deformados, fazendo caretas ; e é difícil saber exatamente ao quê correspondem na mente popular e se são Asuras caricaturados ou Rakshasas engrandecidos ...” ( Prancha 29, The Monuments of Sañchi, sir John Marshall, Delhi, Swati publications, 1982 ).


466
Outros semeiam.. etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre Devadatra, quando este desceu aos Ínferos, levando com ele quinhentas famílias.
Agora Devadatra, quando os Discípulos Chefes haviam partido, levando seus seguidores com eles, sendo incapaz de segurar a dor, cuspiu sangue quente de sua boca e partiu ; qundo atormentado por grande agonia, quando lembrava as virtudes do Tathagata, ele disse a si mesmo, “Por nove meses pensei mal do Tathagata mas no coração do Mestre nunca houve um único pensamento ruim para mim ; nos oitenta anciãos chefes não há malícia contra mim ; por meus próprios atos que pratiquei fiquei completamente abandonado tendo renunciado ao Mestre, aos grandes Anciãos, ao Ancião chefe Rahula da minha família ( Devadatra era cunhado de Buddha ) e a todos os clãs reais Sakyas. Irei ao Mestre e me reconciliarei com ele.” Assim chamando seus seguidores, fez que seus seguidores o carregassem numa liteira e viajando sempre à noite fez seu caminho até a cidade de Kosala.
Ananda o Ancião contou ao Mestre, dizendo, “Devadatra está vindo, eles disseram, para fazer a paz contigo.” - Ananda, Devadatra não me verá.” Novamente quando ele chegou na cidade de Savatthi, o Ancião disse ao Mestre ; e o Abençoado respondeu como antes. Quando ele estava no portão de Jetavana, e movendo-se em direção ao lago de Jetavana, seu pecado chegou à cumieira :uma febre surgiu em seu corpo e desejando se banhar e beber, mandou que o deixassem fora da liteira para que pudesse beber. Assim que saiu e ficou no chão antes que pudesse se refrescar a si mesmo a grande terra abriu uma chama levantou-se do mais profundo ínfero de Avici e o cercou. Então ele soube que seus atos de pecado chegaram ao cume e lembrando as virtudes do Tathagata, repetiu esta estrofe :

Com estes meus ossos, ao Ser mais supremo,
Marcado com uma centena de marcas afortunadas, onividente,
Deus, mais que deus, que doma o touro do espírito do ser humano,
Com toda minh'alma para Buddha fujo !


Mas no ato mesmo de tomar refúgio, ele foi destinado ao Ínfero de Avici. E haviam as quinhentas famílias de seus ajudantes, famílias que injuriaram o Dasabala e abusaram dele e no ínfero de Avici nasceram, eles também. Assim ele foi para Avici, levando com ele quinhentas famílias.
Então um dia estavam falando no Salão da Verdade : “Irmão, o pecador Devadatra, pela cobiça de ganho, colocou sua cólera sem razão contra o Supremo Buddha e sem considerar os terrores do futuro, com quinhentas famílias foi destinado ao ínfero.” O Mestre entrando perguntou do que eles estavam falando : disseram a ele. Ele falou : “Irmãos, Devadatra sendo ganancioso de ganho e honra não percebia os terrores do futuro, ele com seus seguidores através da cobiça da felicidade presente encontraram a completa ruína.” Assim falando, ele contou a eles uma história do passado.
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Certa vez, quando Brahmadatra era rei de Benares, havia junto a Benares uma grande cidade de carpinteiros, contendo uma mil famílias. Os carpinteiros desta cidade professavam que fariam uma cama, ou uma cadeira, ou uma casa e após receber uma larga soma adiantada, mostravam-se incapazes de fazer qualquer coisa. O povo costumava repreender todo carpinteiro que encontrava e interferia com eles. Então estes devedores foram tão molestados que não podiam mais viver lá. “Vamos para alguma terra estrangeira,” eles disseram, “encontrar algum lugar para residir ;” Foram para a floresta. Cortaram árvores, construíram um grande navio, o lançaram no rio e dirigiram para aquela cidade e a uma distância de ¾ de légua pararam. Então no meio da noite retornaram para a cidade para buscar suas famílias, as quais transportaram para dentro do barco e continuaram o devido curso para o oceano. Lá viajaram à vontade do vento, até alcançarem uma ilha que descansa no meio do mar. Bem, nesta ilha crescia selvagem todo tipo de plantas e árvores frutíferas, arroz, cana de açúcar, banana, manga, jambo, jaca, côco, e outras. Havia outro homem náufrago que apossara-se da ilha antes deles e lá vivia, comendo arroz e gozando da cana de açúcar e todo o resto, com o quê ficou grande e gordo ; ia nu e sua barba e cabelo estavam compridos. Os carpinteiros pensavam, “Se a aquela ilha distante estiver assombrada por demônios, todos pereceremos ; então vamos explorá-la.” Os sete homens bravos e fortes, armados com os cinco tipos de armas ( espada, lança, arco, escudo e machado ) desembarcaram e exploraram a ilha.
Naquele momento o excluído acabara de comer e beber caldo de cana e em grande contentamento descansava de costas em um lugar agradável, no frescor de uma sombra n'areia que cintilava qual metal de prata ; e ele estava pensando, “Uma felicidade como esta, os que moram na Índia, que semeiam e collhem, não têm ; melhor é para mim esta ilha do que a Índia !” ele cantou de alegria e estava no auge da benção.
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O Mestre, para explicar como este excluído canta alegre e abençoado, repetiu a primeira estrofe :
Outros semeiam e outros aram,
Vivendo com suor na sobrancelha ;
Em meu domínio eles não participam :
Índia ? Isto aqui é bem melhor !
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Os batedores que exploravam a ilha apreenderam o som dele cantando e disse, “Parece que escutamos a voz de um homem ; vamos conhecê-lo.” Seguindo o som, eles chegaram próximo mas seu aspecto os horrorizou. “Isto é um duende !” eles gritaram e colocaram flecha no arco. Quando o homem os viu, temia ser ferido, de modo que gritou -”Não sou duende, senhores, mas se humano : poupem minha vida !” - “O quê !?” eles disseram, “pessoas andam nuas e sem proteção como você ?” e perguntaram a ele repetidas vezes, recebendo a mesma resposta, de que ele era uma pessoa. Por fim aproximaram-se dele e todos passaram a conversar alegremente juntos, e os recém chegados perguntaram a ele como chegou ali. O outro contou a eles a verdade sobre. “ Como um prêmio por suas boas ações vocês chegaram aqui,” disse ele, “esta é uma ilha de primeiro nível. Nenhum trabalho às mãos é necessário para viver aqui ; não há fim a quantidade de arroz, de cana de açúcar e todo o resto e tudo crescendo selvagem ; podeis viver aqui sem ansiedade.” “Não há nada mais,” eles perguntaram , “que atrapalhe nossa vida aqui ?” “Há apenas um temor e é este : a ilha é assombrada por demônios e os demônios ficariam enfurecidos em ver os excrementos dos teus corpos ; então quando forem se aliviar, cavem um buraco n'areia e esconda-os lá. Este é o único perigo ; não há outro ; apenas sempre sejam cuidadosos neste ponto.”
Então eles ergueram seus domicílios naquele lugar.
Mas entre estas mil famílias haviam dois mestres trabalhadores, cada um na chefia de quinhentas delas ; e um destes era tolo e cobiçoso da melhor comida, o outro sábio e não inclinado em apanhar o melhor de tudo.
Com o passar do tempo enquanto continuavam a viver lá, todos ficaram robustos e fortes ( stout & sturdy ). Então pensaram : “Não temos sido pessoas alegres todo este tempo ( suro, sura, brandy, água ardente de frutas, para 'alegres' ) : faremos grogue quente ( toddy ) do caldo da cana de açúcar.” Assim eles fizeram bebida forte e bêbados, cantaram, dançaram, jogaram e sem pensar soltaram excrementos aqui e lá e para todo lado sem os esconder, de modo que tornaram a ilha suja e um desgosto. As deidades ficaram exasperadas porque estes homens tornaram seu lugar de diversão uma sujeira. “Devemos trazer o mar por cima dela,” eles deliberaram, “e limpar a a ilha ? - estamos na lua nova : agora nossa reunião está dispersa. Bem, daqui a quinze dias, no primeiro dia da lua cheia, na hora que a lua estiver levantando, faremos subir o mar e daremos um fim a todos eles.” Assim fixaram o dia. Com isto uma deidade correta que estava com eles pensou,”Não quero que estes pereçam diante dos meus olhos.” Então na sua compaixão, quando as pessoas estavam sentadas em suas portas em conversas agradáveis depois da janta, ele fez de toda a ilha um brilho de luz e adornado em todo seu esplendor permaneceu pousado nos ares na direção norte e falou com eles assim : “Ó vocês carpinteiros ! as deidades estão iradas com vocês. Não morem mais neste lugar, pois em quinze dias a partir de agora, as deidades faão subir o mar e destruir vocês todos. Portanto fujam deste lugar.” E ele repetiu a segunda estrofe :

Em três vezes cinco dias a lua surgirá à vista:
Então a partir do mar uma poderosa enchente deve
Esta grande ilha cobrir : então apressem-se
Abriguem-se em outro lugar, que ela não machuque vocês.

Com este aviso, ele voltou para seu próprio lugar. Tendo ele ido, um outro camarada dele, um deus cruel, pensou, “Talvez eles sigam o conselho deste e escapem ; vou prevenir que eles vão e levá-los a completa destruição.” adornado de divino esplendor, ele fez um grande brilho de luz sobre todo o lugar e aproximando-se deles, permaneceu pousado nos ares na direção sul , enquanto perguntava, “Esteve um deus aqui ?” “Esteve,” foi a resposta. “O quê ele disse a vocês ?” Eles responderam, “Tal e tal, meu senhor.” Então ele disse, “Este deus não deseja que vocês vivam aqui e fala com raiva de vocês. Vão não para outro lugar masfiquem aqui mesmo.” E com estas palavras ele repetiu duas estrofes :

Para mim com muitos sinais está claro,
Aquele poderoso dilúvio do oceano do qual ouviste
Nunca encobrirá esta grande ilha :
Portanto divirtam-se, não sofram, nunca temam.
Aqui vocês desceram um amplo domicílio,
Cheio de todas as coisas para comer, beber, se alimentar ;
Não vejo qualquer perigo para vocês : vamos, gozem
Em todas as gerações este teu bem.

Tendo com estas duas estrofes oferecido alívio ànsiedade deles, partiu. Quando já tinha ido, o carpinteiro tolo levantou sua voz e sem prestar consideração as palavras da deidade correta, ele gritou, “Que vossas excelências me escutem !” e dirigiu-se a todos os carpinteiros repetindo quatro estrofes :

Aquele deus, que do quadrante sul claramente
Gritou, 'Tudo salvo !' dele a verdade escutamos ;
Temer ou não temer, o norte não sabe nada :
Por quê sofrer então ? Divirtam-se – nunca temam !

Escutando isto, os quinhentos carpinteiros que eram gananciosos de coisas boas inclinaram-se ao conselho do carpinteiro tolo. Mas então o sábio carpinteiro recusou-se a escutar esta fala e dirigindo-se aos carpinteiros repetiu quatro estrofes :

Enquanto estes dois duendes gritam um contra o outro,
Um chamando ao temor e outro à segurança,
Venham escutem meu conselho, para que não pereçamos
Todos, cedo completa e imediatamente

Vamos nos juntar todos e construir uma grande barca
Uma nave forte e colocar dentro desta arca
Todos os acessórios : se o sul fala a verdade,
E o outro loucura apenas disse, separamos.

Esta nave será boa na necessidade ;
Nem deixaremos esta ilha incontinenti ;
Mas se o deus do norte fala a verdade,
O sul apresentando apenas tolices -
Então no barco todos embarcamos juntos,
E onde estiver nossa segurança, todos se apressarão para lá.

Não tomem por melhor ou pior o quê escutaste primeiro ;
Quem porém deixar tudo passar para dentro do ouvido,
E tendo deliberando ficar com o meio,
Esta pessoa à porto seguro guiará.

Após isto, ele disse novamente : “Vamos agora, seguiremos as palavras de ambas as deidades. Construamos um barco se as palavras do primeiro são verdadeiras, dentro desta nave subiremos e partimos ; mas se as palavras do outro são veras, separamos o barco e continuamos morando aqui.” Quando ele falou assim, disse o carpinteiro tolo : “Vá ! Você vê crocodilo em xícara de chá ! És lerdo, lerdo demais ! O primeiro deus falou com raiva de nós, o segundo com afeição. Se deixarmos esta ilha escolhida, para onde iremos ? Mas se vocês precisam ir, vão, levem seus rabos com vocês e façam seu barco : nós não queremos barco !”
O sábio com aqueles que o seguiam, construíram um navio e colocaram todos os acessórios à bordo e ele e toda companhia permaneceram no barco. Então no dia da lua cheia, na hora da lua surgir, levanta-se do oceano uma onda e até a altura dos joelhos ela varreu toda a ilha. O sábio, quando observou o surgimento da onda, soltou a nave. Aqueles do partido do carpinteiro tolo, quinhentas famílias que eram, sentaram quietos, dizendo um para o outro, “Uma onda se levantou varrendo toda a ilha mas não será funda.” Então a onda oceânica elevou-se até àltura da cintura, àltura de um ser humano, àltura de uma palmeira, até sete palmeiras e por toda a ilha rolou. O sábio, fértil em recursos, sem estar preso na armadilha da ganância de coisas boas, partiu em segurança ; mas o carpinteiro tolo, cobiçoso de boas coisas, sem considerar o temor do futuro, com quinhentas famílias foi destruído.

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As outras três estrofes, cheias de instrução, ilustrando este assunto, são estrofes da Perfeita Sabedoria :

Como atravessando o meio do oceano, pelos atos que obraram,
Os mercadores escaparam felizes :
Assim sábios, compreendendo o quê se esconde
Dentro do futuro, nada transgredirão.

Tolos em sua loucura, devorados pela cobiça
Que não compreendem os perigos futuros,
Afundam esmagados, em face da precisão presente,
Qual estes no meio do oceano encontraram seu fim.

Realize portanto o feito antes da precisão,
Não deixe a falta me prejudicar da coisa necessária.
Quem em tempo, obra o feito necessário
Vem o tempo, nunca vem em sofrimento.


Quando o Mestre terminou este discurso, ele disse :”Não agora pela primeira vez, Irmãos mas anteriormente também Devadatra foi enlaçado pelos prazeres do presente e sem olhar o futuro veio à destruição com todos seus companheiros.” Assim falando, ele identificou o Jataka : “Naquele tempo, Devadatra era o carpinteiro tolo, Kokalika era a deidade incorreta pousada na região sul, Sariputra era a deidade que pousava na parte norte e eu mesmo era o sábio carpinteiro.”   

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