“Estamos
diante dos demônios que formam o exército de Mara. Segue
que o personagem real apresentado próximo ao meio do lintel
deve ser Mara mesmo caracterizado como deus do sexto céu. E a
presença da árvore bodhi
à esquerda prova que Buddha não está ausente da
cena. Daí somos lembrados dos famosos incidentes da
'Tentação' que justo antes da Iluminação
levou a uma disputa entre o Sábio, que abole os desejos e o
Soberano Senhor dos mundos dos desejos : e realmente para
confirmar-nos na ideia de que estamos realmente lidando com este
episódio da carreira de Buddha, Sujata entra à esquerda
com a ânfora numa mão e a bandeja em outra, atravessando
a torana,
que age como pórtico até a árvore bodhi,
carregando a famosa oferta de mingau de arroz , a última
refeição feita pelo Mestre antes da Iluminação.
Tendo assim fixado o momento e o local da cena, será fácil
perceber três incidentes distintos pelo escultor : Primeiro,
ele mostra próximo ao centro, sentado em seu trono real entre
figuras femininas carregando o guardassol e o abanador, como é
a regra para deuses e para reis : este é sem dúvida o
momento em que teme em sua mente que o Abençoado possa ter
sucesso em destruir seu império ; não o vemos em um
conselho de guerra, como alguns textos relatam ; mas é curioso
notar que próximo a ele, com as características de uma
criança ( note o coque no alto da abeça ), o escultor
retratou um dos Mara
putras
ou 'filhos de Mara' conhecidos na tradição literária.
Em seguida vemos Mara em pé em companhia de seu filho e sem
dúvida de uma de suas 'filhas' na direita junto àrvore,
procedendo à Tentação propriamente dita, que foi
apenas mais ou menos uma troca de palavras de descortesia.
Aqui, é curioso notar que a força do hábito fez
o escultor juntar as mãos de Mara e tratar o grupo de modo
similar a famílias que rezam nos retratos do segundo Grande
Milagre. A terceira cena está esculpida entre as duas
primeiras : Mara, sua filha e seu filho estão se retirando
vencidos e derrotados como seus gestos de dor e desamparo mostram.
Enquanto isto a corte dos demônios, completamente indiferente
ao que está acontecendo à esquerda do lintel, continua
a beber, dançar e cantar música : evidentemente ele
ainda não mobilizou-os para um 'assaulto' ou 'ataque'. O
escultor deu rédea livre a sua fantasia mostrando este bando
de gênios rufiões, enormes, deformados, fazendo caretas
; e é difícil saber exatamente ao quê
correspondem na mente popular e se são Asuras caricaturados ou
Rakshasas engrandecidos ...” ( Prancha 29, The Monuments of
Sañchi, sir John Marshall, Delhi, Swati publications, 1982 ).
466
“Outros
semeiam.. etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto
residia em Jetavana sobre Devadatra, quando este desceu aos Ínferos,
levando com ele quinhentas famílias.
Agora Devadatra,
quando os Discípulos Chefes haviam partido, levando seus
seguidores com eles, sendo incapaz de segurar a dor, cuspiu sangue
quente de sua boca e partiu ; qundo atormentado por grande agonia,
quando lembrava as virtudes do Tathagata, ele disse a si mesmo, “Por
nove meses pensei mal do Tathagata mas no coração do
Mestre nunca houve um único pensamento ruim para mim ; nos
oitenta anciãos chefes não há malícia
contra mim ; por meus próprios atos que pratiquei fiquei
completamente abandonado tendo renunciado ao Mestre, aos grandes
Anciãos, ao Ancião chefe Rahula da minha família
( Devadatra era cunhado de Buddha ) e a todos os clãs reais
Sakyas. Irei ao Mestre e me reconciliarei com ele.” Assim
chamando seus seguidores, fez que seus seguidores o carregassem numa
liteira e viajando sempre à noite fez seu caminho até a
cidade de Kosala.
Ananda o Ancião
contou ao Mestre, dizendo, “Devadatra está vindo, eles
disseram, para fazer a paz contigo.” - Ananda, Devadatra não
me verá.” Novamente quando ele chegou na cidade de
Savatthi, o Ancião disse ao Mestre ; e o Abençoado
respondeu como antes. Quando ele estava no portão de
Jetavana, e movendo-se em direção ao lago de Jetavana,
seu pecado chegou à cumieira :uma febre surgiu em seu corpo e
desejando se banhar e beber, mandou que o deixassem fora da liteira
para que pudesse beber. Assim que saiu e ficou no chão antes
que pudesse se refrescar a si mesmo a grande terra abriu uma chama
levantou-se do mais profundo ínfero de Avici e o cercou.
Então ele soube que seus atos de pecado chegaram ao cume e
lembrando as virtudes do Tathagata, repetiu esta estrofe :
Com
estes meus ossos, ao Ser mais supremo,
Marcado com
uma centena de marcas afortunadas, onividente,
Deus,
mais que deus, que doma o touro do espírito do ser humano,
Com toda
minh'alma para Buddha fujo !
Mas no ato mesmo de
tomar refúgio, ele foi destinado ao Ínfero de Avici. E
haviam as quinhentas famílias de seus ajudantes, famílias
que injuriaram o Dasabala e abusaram dele e no ínfero de Avici
nasceram, eles também. Assim ele foi para Avici, levando com
ele quinhentas famílias.
Então um
dia estavam falando no Salão da Verdade : “Irmão, o
pecador Devadatra, pela cobiça de ganho, colocou sua cólera
sem razão contra o Supremo Buddha e sem considerar os terrores
do futuro, com quinhentas famílias foi destinado ao ínfero.”
O Mestre entrando perguntou do que eles estavam falando : disseram a
ele. Ele falou : “Irmãos, Devadatra sendo ganancioso de
ganho e honra não percebia os terrores do futuro, ele com seus
seguidores através da cobiça da felicidade presente
encontraram a completa ruína.” Assim falando, ele contou a
eles uma história do passado.
_________________________
Certa
vez, quando Brahmadatra era rei de Benares, havia junto a Benares uma
grande cidade de carpinteiros, contendo uma mil famílias. Os
carpinteiros desta cidade professavam que fariam uma cama, ou
uma cadeira, ou uma casa e após receber uma larga soma
adiantada, mostravam-se incapazes de fazer qualquer coisa. O povo
costumava repreender todo carpinteiro que encontrava e interferia com
eles. Então estes devedores foram tão molestados que
não podiam mais viver lá. “Vamos para alguma terra
estrangeira,” eles disseram, “encontrar algum lugar para residir
;” Foram para a floresta. Cortaram árvores, construíram
um grande navio, o lançaram no rio e dirigiram para aquela
cidade e a uma distância de ¾ de légua pararam.
Então no meio da noite retornaram para a cidade para buscar
suas famílias, as quais transportaram para dentro do barco e
continuaram o devido curso para o oceano. Lá viajaram à
vontade do vento, até alcançarem uma ilha que descansa
no meio do mar. Bem, nesta ilha crescia selvagem todo tipo de plantas
e árvores frutíferas, arroz, cana de açúcar,
banana, manga, jambo, jaca, côco, e outras. Havia outro homem
náufrago que apossara-se da ilha antes deles e lá
vivia, comendo arroz e gozando da cana de açúcar e todo
o resto, com o quê ficou grande e gordo ; ia nu e sua barba e
cabelo estavam compridos. Os carpinteiros pensavam, “Se a aquela
ilha distante estiver assombrada por demônios, todos
pereceremos ; então vamos explorá-la.” Os sete
homens bravos e fortes, armados com os cinco tipos de armas ( espada,
lança, arco, escudo e machado ) desembarcaram e exploraram a
ilha.
Naquele
momento o excluído acabara de comer e beber caldo de cana e em
grande contentamento descansava de costas em um lugar agradável,
no frescor de uma sombra n'areia que cintilava qual metal de prata ;
e ele estava pensando, “Uma felicidade como esta, os que moram na
Índia, que semeiam e collhem, não têm ; melhor é
para mim esta ilha do que a Índia !” ele cantou de alegria
e estava no auge da benção.
___________________
O
Mestre, para explicar como este excluído canta alegre e
abençoado, repetiu a primeira estrofe :
Outros
semeiam e outros aram,
Vivendo
com suor na sobrancelha ;
Em
meu domínio eles não participam :
Índia
? Isto aqui é bem melhor !
_______________________
Os
batedores que exploravam a ilha apreenderam o som dele cantando e
disse, “Parece que escutamos a voz de um homem ; vamos conhecê-lo.”
Seguindo o som, eles chegaram próximo mas seu aspecto os
horrorizou. “Isto é um duende !” eles gritaram e
colocaram flecha no arco. Quando o homem os viu, temia ser ferido,
de modo que gritou -”Não sou duende, senhores, mas se
humano : poupem minha vida !” - “O quê !?” eles disseram,
“pessoas andam nuas e sem proteção como você ?”
e perguntaram a ele repetidas vezes, recebendo a mesma resposta, de
que ele era uma pessoa. Por fim aproximaram-se dele e todos passaram
a conversar alegremente juntos, e os recém chegados
perguntaram a ele como chegou ali. O outro contou a eles a verdade
sobre. “ Como um prêmio por suas boas ações
vocês chegaram aqui,” disse ele, “esta é uma ilha de
primeiro nível. Nenhum trabalho às mãos é
necessário para viver aqui ; não há fim a
quantidade de arroz, de cana de açúcar e todo o resto e
tudo crescendo selvagem ; podeis viver aqui sem ansiedade.” “Não
há nada mais,” eles perguntaram , “que atrapalhe nossa
vida aqui ?” “Há apenas um temor e é este : a ilha
é assombrada por demônios e os demônios ficariam
enfurecidos em ver os excrementos dos teus corpos ; então
quando forem se aliviar, cavem um buraco n'areia e esconda-os lá.
Este é o único perigo ; não há outro ;
apenas sempre sejam cuidadosos neste ponto.”
Então
eles ergueram seus domicílios naquele lugar.
Mas entre
estas mil famílias haviam dois mestres trabalhadores, cada um
na chefia de quinhentas delas ; e um destes era tolo e cobiçoso
da melhor comida, o outro sábio e não inclinado em
apanhar o melhor de tudo.
Com o passar
do tempo enquanto continuavam a viver lá, todos ficaram
robustos e fortes ( stout & sturdy ). Então pensaram :
“Não temos sido pessoas alegres todo este tempo ( suro,
sura, brandy, água ardente de frutas, para 'alegres' )
: faremos grogue quente ( toddy ) do caldo da cana de açúcar.”
Assim eles fizeram bebida forte e bêbados, cantaram,
dançaram, jogaram e sem pensar soltaram excrementos aqui e lá
e para todo lado sem os esconder, de modo que tornaram a ilha suja e
um desgosto. As deidades ficaram exasperadas porque estes homens
tornaram seu lugar de diversão uma sujeira. “Devemos trazer
o mar por cima dela,” eles deliberaram, “e limpar a a ilha ? -
estamos na lua nova : agora nossa reunião está
dispersa. Bem, daqui a quinze dias, no primeiro dia da lua cheia, na
hora que a lua estiver levantando, faremos subir o mar e daremos um
fim a todos eles.” Assim fixaram o dia. Com isto uma deidade
correta que estava com eles pensou,”Não quero que estes
pereçam diante dos meus olhos.” Então na sua
compaixão, quando as pessoas estavam sentadas em suas portas
em conversas agradáveis depois da janta, ele fez de toda a
ilha um brilho de luz e adornado em todo seu esplendor permaneceu
pousado nos ares na direção norte e falou com eles
assim : “Ó vocês carpinteiros ! as deidades estão
iradas com vocês. Não morem mais neste lugar, pois em
quinze dias a partir de agora, as deidades faão subir o mar e
destruir vocês todos. Portanto fujam deste lugar.” E ele
repetiu a segunda estrofe :
Em três
vezes cinco dias a lua surgirá à vista:
Então
a partir do mar uma poderosa enchente deve
Esta
grande ilha cobrir : então apressem-se
Abriguem-se
em outro lugar, que ela não machuque vocês.
Com este aviso,
ele voltou para seu próprio lugar. Tendo ele ido, um outro
camarada dele, um deus cruel, pensou, “Talvez eles sigam o conselho
deste e escapem ; vou prevenir que eles vão e levá-los
a completa destruição.” adornado de divino
esplendor, ele fez um grande brilho de luz sobre todo o lugar e
aproximando-se deles, permaneceu pousado nos ares na direção
sul , enquanto perguntava, “Esteve um deus aqui ?” “Esteve,”
foi a resposta. “O quê ele disse a vocês ?” Eles
responderam, “Tal e tal, meu senhor.” Então ele disse,
“Este deus não deseja que vocês vivam aqui e fala com
raiva de vocês. Vão não para outro lugar
masfiquem aqui mesmo.” E com estas palavras ele repetiu duas
estrofes :
Para
mim com muitos sinais está claro,
Aquele
poderoso dilúvio do oceano do qual ouviste
Nunca
encobrirá esta grande ilha :
Portanto
divirtam-se, não sofram, nunca temam.
Aqui
vocês desceram um amplo domicílio,
Cheio
de todas as coisas para comer, beber, se alimentar ;
Não
vejo qualquer perigo para vocês : vamos, gozem
Em
todas as gerações este teu bem.
Tendo com
estas duas estrofes oferecido alívio ànsiedade deles,
partiu. Quando já tinha ido, o carpinteiro tolo levantou sua
voz e sem prestar consideração as palavras da deidade
correta, ele gritou, “Que vossas excelências me escutem !”
e dirigiu-se a todos os carpinteiros repetindo quatro estrofes :
Aquele
deus, que do quadrante sul claramente
Gritou,
'Tudo salvo !' dele a verdade escutamos ;
Temer
ou não temer, o norte não sabe nada :
Por
quê sofrer então ? Divirtam-se – nunca temam !
Escutando
isto, os quinhentos carpinteiros que eram gananciosos de coisas boas
inclinaram-se ao conselho do carpinteiro tolo. Mas então o
sábio carpinteiro recusou-se a escutar esta fala e
dirigindo-se aos carpinteiros repetiu quatro estrofes :
Enquanto
estes dois duendes gritam um contra o outro,
Um
chamando ao temor e outro à segurança,
Venham
escutem meu conselho, para que não pereçamos
Todos,
cedo completa e imediatamente
Vamos
nos juntar todos e construir uma grande barca
Uma
nave forte e colocar dentro desta arca
Todos
os acessórios : se o sul fala a verdade,
E o
outro loucura apenas disse, separamos.
Esta
nave será boa na necessidade ;
Nem
deixaremos esta ilha incontinenti ;
Mas
se o deus do norte fala a verdade,
O
sul apresentando apenas tolices -
Então
no barco todos embarcamos juntos,
E onde
estiver nossa segurança, todos se apressarão para lá.
Não
tomem por melhor ou pior o quê escutaste primeiro ;
Quem
porém deixar tudo passar para dentro do ouvido,
E
tendo deliberando ficar com o meio,
Esta
pessoa à porto seguro guiará.
Após isto, ele
disse novamente : “Vamos agora, seguiremos as palavras de ambas as
deidades. Construamos um barco se as palavras do primeiro são
verdadeiras, dentro desta nave subiremos e partimos ; mas se as
palavras do outro são veras, separamos o barco e continuamos
morando aqui.” Quando ele falou assim, disse o carpinteiro tolo :
“Vá ! Você vê crocodilo em xícara de
chá ! És lerdo, lerdo demais ! O primeiro deus falou
com raiva de nós, o segundo com afeição. Se
deixarmos esta ilha escolhida, para onde iremos ? Mas se vocês
precisam ir, vão, levem seus rabos com vocês e façam
seu barco : nós não queremos barco !”
O
sábio com aqueles que o seguiam, construíram um navio e
colocaram todos os acessórios à bordo e ele e toda
companhia permaneceram no barco. Então no dia da lua cheia, na
hora da lua surgir, levanta-se do oceano uma onda e até a
altura dos joelhos ela varreu toda a ilha. O sábio, quando
observou o surgimento da onda, soltou a nave. Aqueles do partido do
carpinteiro tolo, quinhentas famílias que eram, sentaram
quietos, dizendo um para o outro, “Uma onda se levantou varrendo
toda a ilha mas não será funda.” Então a onda
oceânica elevou-se até àltura da cintura, àltura
de um ser humano, àltura de uma palmeira, até sete
palmeiras e por toda a ilha rolou. O sábio, fértil em
recursos, sem estar preso na armadilha da ganância de coisas
boas, partiu em segurança ; mas o carpinteiro tolo, cobiçoso
de boas coisas, sem considerar o temor do futuro, com quinhentas
famílias foi destruído.
______________________
As
outras três estrofes, cheias de instrução,
ilustrando este assunto, são estrofes da Perfeita Sabedoria :
Como
atravessando o meio do oceano, pelos atos que obraram,
Os
mercadores escaparam felizes :
Assim
sábios, compreendendo o quê se esconde
Dentro
do futuro, nada transgredirão.
Tolos
em sua loucura, devorados pela cobiça
Que
não compreendem os perigos futuros,
Afundam
esmagados, em face da precisão presente,
Qual
estes no meio do oceano encontraram seu fim.
Realize
portanto o feito antes da precisão,
Não
deixe a falta me prejudicar da coisa necessária.
Quem
em tempo, obra o feito necessário
Vem
o tempo, nunca vem em sofrimento.
Quando o
Mestre terminou este discurso, ele disse :”Não agora pela
primeira vez, Irmãos mas anteriormente também Devadatra
foi enlaçado pelos prazeres do presente e sem olhar o futuro
veio à destruição com todos seus companheiros.” Assim falando, ele identificou o Jataka : “Naquele tempo,
Devadatra era o carpinteiro tolo, Kokalika era a deidade incorreta
pousada na região sul, Sariputra era a deidade que pousava na
parte norte e eu mesmo era o sábio carpinteiro.”
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