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“Onde quer que árvores frutíferas...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana relativa a um certo Irmão. A história diz que ele vivia em uma floresta próxima a uma vila na fronteira país de Kosala e recebeu instruções na forma de meditações do Mestre. O povo fez para ele um lugar para morar em um lugar onde as pessoas continuamente passavam indo e vindo, fornecendo alojamentos noturno e diurno e atentamente servindo-o. No primeiro mês após entrarem na estação chuvosa, a vila foi incendiada e o povo ficou sem nem mesmo um semente e foi incapaz de fornecer comida gostosa para a tigela dele ; e apesar dele estar em um lugar agradável de morar, ele ficou tão estressado por causa das ofertas que não podia nem entrar no Caminho nem nas suas Fruições. Então no final de três meses ele foi visitar o Mestre e após palavras de saudações gentis o Mestre esperava que apesar de estressado por causa das ofertas ele tinha um lugar agradável para viver. O Irmão contou a ele como estavam as coisas. O Mestre escutando que ele tinha aposentos agradáveis disse, “ Irmão, se é assim, um asceta deve deixar de lado caminhos cobiçosos e ficar contente em comer qualquer comida que ele conseguir e em realizar todas as obrigações de um sacerdote. Sábios antigos quando nasceram no mundo dos animais, apesar de viverem na poeira de uma árvore decaída na qual tinha sua moradia, deixaram de lado desejos gananciosos e ficaram contentes de estar onde estavam e cumpriram a lei do amor. Por quê então tu abandonas uma moradia agradável devido a comida pouca e tosca que recebes ?” E com o pedido dele o Mestre contou uma história do passado.
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Certa vez muitas miríades de papagaios viviam no Himalaia nas margens do Ganges em um bosque de figueiras. Um rei dos papagaios lá, quando o fruto d'árvore na qual ele morava terminou, comia do que quer que sobrasse, seja broto, ou folha, ou casca ou crosta, e bebia água do Ganges e estando muito feliz e contente ficou onde estava. Devido a sua felicidade e contentamento a residência de Sakra foi sacudida. Sakra refletindo sobre a causa viu o papagaio e para testar a virtude dele, com seu poder sobrenatural secou àrvore, que se tornou um mero toco perfurado com buracos e lá ficou sendo fustigada pelos ventos com poeira saindo dos buracos. O rei papagaio comia esta poeira e bebia água do Ganges e não indo para nenhum outro lugar, sentava empoleirado no topo do tronco de figueira, não se importando com o vento e com o sol.
Sakra percebeu como o papagaio estava contente e disse, “Após escutá-lo falar da virtude da amizade, irei e darei a ele a escolha de um dom e farei a figueira ficar carregada com frutos ambrosíacos.” Então ele assumiu a forma de ganso real e precedido de Sujā na forma de uma ninfa Asura, foi para o bosque de figueiras e pendurou-se no galho de uma árvore próxima, entrando em conversação com o papagaio e falando a primeira estrofe :
Onde quer que árvores frutíferas abundem,
Pássaros famintos se encontram aos bandos :
Mas caso as árvores todas sequem,
Logo para longe os pássaros voam.
E após estas palavras, para tirar o papagaio dali, ele fala a segunda estrofe :
Apresse-se, Sr. Bico Rubro, em partir ;
Por quê sentas e sonhas sozinho ?
Vamos, diga-me, por favor, pássaro da primavera,
A este tronco morto por quê te apegas ?
Então o papagaio disse, “Ó ganso, com sentimento de gratidão, não abandono esta árvore,” e ele repetiu duas estrofes :
Aqueles que foram amigos próximos desde a juventude,
Cientes da bondade e da verdade,
Na vida e na morte, na alegria e na tristeza
Os clamores d'amizade nunca esquecem.
Também anseio em ser gentil e bom
Com alguém que por longo tempo foi amigo ;
Quero viver, mas não tenho ânimo nenhum
De deixar, apesar de morta, esta velha figueira.
Sakra escutando o quê ele disse ficou deliciado e louvando-o desejou oferecê-lo um dom e pronunciou duas estrofes :
Sei de tua amizade e de teu amor de gratidão,
Virtudes que sábios certamente devem aprovar.
Te ofereço o que quer que desejes escolher ;
Papagaio, que dom mais regozijaria teu coração ?
Escutando isto, o rei papagaio fez sua escolha falando a sétima estrofe :
Se, tu, Ó ganso, o quê mais anelo quer me dar,
Conceda que esta árvore que amo, possa viver novamente.
Que ela uma vez mais brote com seu velho vigor,
Reúna fresca doçura e carregue frutos bondosamente.
Sakra então concedendo o dom falou a oitava estrofe :
Veja ! Amigo, uma nobre e justa árvore frutífera,
Própria para tua residência ser.
Que ela uma vez mais brote com seu velho vigor,
Reúna fresca doçura e carregue frutos bondosamente.
Com estas palavras Sakra deixou sua forma apresentada e manifestando seu poder sobrenatural e de Sujā, pegou água do Ganges com a mão e lançou-a contra o tronco da figueira. Imediatamente àrvore cresceu rica em ramos e galhos e com fruto doce elevava-se numa bela vista, como um Monte-Jóia solitário. O rei papagaio vendo-a ficou altamente agraciado e cantando os louvores de Sakra ele falou a nona estrofe :
Possa Sakra e todos amados por Sakra abençoados serem,
Como eu ho-je sou abençoado vendo esta visão bondosa !
Sakra, após conceder o dom ao papagaio e fazer a figueira carregar fruto ambrosíaco, retornou com Sujata a seu próprio domicílio.
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Ilustrando esta história, estas estrofes inspiradas pela Perfeita Sabedoria foram adicionadas no fim :
Assim que rei papagaio sabiamente fez sua escoha,
Àrvore uma vez mais ofereceu seus frutos ;
Então Sakra com sua rainha voaram velozmente
Para onde em Nandana os deuses se regozijam.
O Mestre, sua lição terminada, disse, “Assim, Irmão, sábios antigos apesar de nascidos em forma animal foram libertos da cobiça. Por que então tu, após ser ordenado sob dispensação, administração, tão excelente , segue caminhos gananciosos ? Vá e more no mesmo lugar.” E deu a ele uma forma de meditação e assim identificou o Jataka :- o Irmão voltou e com insight espiritual atingiu a Santidade :- “Naquele tempo Sakra era Anuruddha e o papagaio rei era eu mesmo.”
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