segunda-feira, 16 de novembro de 2015

496 Buddha e a oferta ao Dharma




                                 ( Os quatro ashramas, estágios da vida )

 496
Vi alguém válido...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre um certo dono de casa. Ele era um crente sincero e verdadeiro e mostrava reverência continuamente ao Tathagata e à Ordem. Um dia estes pensamentos ocorreram lhe ocorreram : “Mostro reverência constantemente ao Buddha, esta joia preciosa, e à Ordem, esta joia preciosa, doando-lhes comida fina e roupas macias. Agora gostaria de honrar à joia preciosa que é a Lei ( Dharma ): mas como alguém venera a isto ?” Então ele pegou bastante guirlandas perfumadas e coisas como estas e dirigiu-se a Jetavana e saudando o Mestre, fez uma pergunta : “Meu desejo, Senhor, é de honrar a joia da Lei : como uma pessoa deve realizar isto ?”. O Mestre respondeu, “Se você deseja honrar a joia da Lei, então reverencie-se Ananda, O Tesoureiro da Lei.” “Está bem,” ele disse e prometeu fazer isto. Ele convidou o ancião para visitá-lo e o levou dia seguinte a sua casa em grande pompa e esplendor ; colocou o Ancião sobre um assento magnífico e o venerou com guirlandas perfumadas e assim por diante, deu a ele comida fina de muitos tipos, presenteou-o com tecidos de grande preço suficiente para fazer três hábitos. Pensou o Ancião, “Esta honra é devida a joia da Lei ; não condiz comigo mas sim com o Comandante da Fé.” Então a comida colocada na tigela e os tecidos, ele levou para o mosteiro e os deu para Ancião Sariputra. Ele pensou do mesmo modo, “Esta honra é devida à joia da Lei ; ela convem simplesmente e apenas ao Supremo Buddha, senhor da Lei,” e deu as coisas para o Dasabala. O Mestre não vendo ninguém acima de si mesmo, partilhou da comida, aceitou o tecido para hábitos. E os Irmãos conversavam sobre isto no Salão da Verdade : “Irmãos, tal e tal fazendeiro na intenção de honrar a Lei, fez uma oferta ao Ancião Ananda, Tesoureiro da Lei ; ele pensou consigo mesmo que não convinha e a deu ao Comandante da Fé ; e ele pensando a si mesmo não ser digno, ao Tathagata. Mas o Tathagata não vendo ninguém acima de si mesmo, entendeu ser digno dela como Senhor da Lei e comeu a comida e aceitou o tecido de roupas. Assim a oferta da comida encontrou seu senhor, indo direta para quem de direito.” O Mestre entrando perguntou-lhes o que conversavam lá sentados. Eles disseram a ele. “Irmãos,” ele disse, “esta não é a primeira vez que comida dada caiu em sucessivas etapas para o lote do de mérito ; assim aconteceu muito tempo atrás, antes dos dias de Buddha.” Com estas palavras, ele contou-lhes uma história do passado.

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Certa vez Brahmadatra reinava retamente em Benares ( Varanasi ), tendo renunciado os caminhos errados e guardado as Dez Virtudes Reais. Sendo assim sua corte de justiça tornou-se como que vazia. O rei, a guisa de achar suas próprias faltas, questionava todos, começando com aqueles que residiam a seu redor ; mas nem nos apartamentos das mulheres nem na cidade, nem nas vilas próximas, pode ele encontrar alguém que alguma falta para lhe contar ( comparar com jataka 151 ). Então decidiu tentar o campo. Então entregando o governo aos cortesãos e levando o capelão consigo, ele atravessou o reino de Kasi disfarçado ; e ainda assim não encontrou ninguém com uma falta para lhe contar.

Por fim ele chegou numa vila da fronteira e sentou num salão de fora do portão. Naquele momento um dono de casa daquela cidade, um rico de oitocentos milhões, descendo com um grande séquito para o lugar de banho, viu o rei sentado no salão, com seu corpo forte e pele de cor dourada. Ele gostou dele e entrando no salão disse, “Fiquem aqui um pouco.” Então ele foi para a sua casa e aprontou todo tipo de comida fina e retornou com seu grande cortejo carregando pratos de comidas. Naquele momento, um asceta do Himalaia chegou e sentou lá, um homem que tinha as Cinco Faculdades Transcendentes. E um Pacceka Buddha também, de uma caverna no Monte Nanda, veio e sentou lá. O dono de casa deu ao rei água para lavar suas mãos e preparou um prato de comida com todo tipo de temperos gostosos e condimentos e colocou diante do rei. Ele recebeu-o e deu-o ao capelão brahmin. O capelão pegou-o e deu-o ao asceta. O asceta andou até o pacceka Buddha em sua mão esquerda segurando o vaso de comida e na direita o pote d'água,primeiro ofereceu àgua da doação ( água derramada na mão direita ratifica alguma promessa feita ou dom concedido ) e depois colocou a comida na tigela. Ele passou a comer, sem convidar ninguém a dividir ou pedir licença. Quando a refeição estava feita , o dono de casa pensou : “ “Dei esta comida ao rei e ele ao capelão e o capelão para o asceta e o asceta para o Pacceka Budda ; o Pacceka Buddha comeu tudo sem nem pedir licença. O quê significa este modo de oferta ? Por quê o último comeu tudo sem tua licença ou com tua licença ? Vou perguntar um por um.” Então ele aproximou-se de cada um por vez e saudando-os, perguntou sua dúvida, enquanto eles respondiam :

Vi alguém válido de um trono, que de um reino veio
Para o deserto gasto, de palácios, de estrutura delicada.

Para ele gentilmente dei para comer arroz com grãos escolhidos,
Um prato de arroz cozido, belo como se derrama nas refeições.

Você recebeu a comida e a deu ao brahmin, nada comendo :
Data venia pergunto, o quê foi que fizeste ?

Meu professor, pastor, zela por deveres grandes e pequenos,
Devo dar a comida para ele, pois ele merece ela toda.

Brahmin, quem até os reis respeitam, diga por quê não comeste
O prato de arroz, cozido, belo como se derrama nas refeições ?

Você não soube o alcance do dom mas para o sábio passou o prato :
Data venia pergunto, o quê foi que fizeste ?

Mantenho esposa e família, em casa também habito,
Legislo as paixões de um rei, e sou indulgente com as minhas.

Para um sábio asceta há muito habitante dos bosques,
Ancião, praticante de ensino religioso, devo dar a comida.

Bem ao sábio magro pergunto, cuja pele mostra debaixo todas as veias,
Com unhas grandes crescidas, cabelos engrenhados, dentes e cabeça sujos :

Não cuidas da vida, Ó solitário habitante dos bosques?
Como é que este monge é melhor pessoa, a quem deste a comida ?

Escavo raízes e bulbos do mato, menta e ervas busco,
Arroz selvagem, mostarda preta pego e ponho pra secar,

Jujuba, ervas, mel, ramos de lótus, myrobolans, pedaços de refeição,
Esta é minha riqueza e estes tomo e preparo pra comer.

Cozinho, ele não cozinha : tenho riquezas, ele nada : amarro-me apertado
Às coisas do mundo mas ele é livre : a comida é dele por direito.

Pergunto ao Irmão, sentado aqui,com desejos todos dominados;
- Este prato de arroz, cozido e belo, como se derrama nas refeições,

Você o pegou e comeu com apetite sem dividir com ninguém ;
Data venia pergunto, o quê foi que fizeste ?

Não cozinho, nem faço com que cozinhem, nem destruo nem faço destruir ;
Ele sabia que não possuo riqueza, todos os erros evito.

O pote ele carregava na direita e a comida na esquerda,
Me deu o caldo que se derrama nas refeições, o prato de arroz tão bom ;

Eles têm posses, eles têm riquezas, dar é dever deles :
Quem pede a um oferente que divida, é um inimigo.

Escutando estas palavras, o dono de casa altamente deliciado repetiu as últimas duas estrofes :

Foi um feliz fado para mim ho-je que me trouxe o rei :
Nunca soube antes como ofertas frutos abundantes podem trazer.

Reis em seus reinos, brahmins em seus trabalhos, são cheios de cobiça,
Sábios catando frutos e raízes : Irmãos de erros são livres.

O Pacceka Buddha tendo discursado para ele, depois partiu para seu próprio lugar e o asceta também. E o rei, após permanecer alguns dias com ele, voltou para Benares.

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Quando o Mestre terminou este discurso ele disse : “Não é a primeira vez, Irmãos, que comida vai para aquele que merece ela, pois a mesma coisa aconteceu antes.” Então ele identificou o Jataka : “Naquele tempo o dono de casa que honrou a Lei era o dono de casa da história. Ananda era o rei, Sariputra o capelão e eu mesmo era o asceta que vivia no Himalaia.”


[ Os quatro ashramas parece ser indicado ].


   

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