( Os quatro ashramas, estágios da vida )
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“Vi alguém
válido...etc.” - Esta história o Mestre contou
enquanto residia em Jetavana sobre um certo dono de casa. Ele era um
crente sincero e verdadeiro e mostrava reverência continuamente
ao Tathagata e à Ordem. Um dia estes pensamentos ocorreram lhe
ocorreram : “Mostro reverência constantemente ao Buddha, esta
joia preciosa, e à Ordem, esta joia preciosa, doando-lhes
comida fina e roupas macias. Agora gostaria de honrar à joia
preciosa que é a Lei ( Dharma ): mas como alguém venera
a isto ?” Então ele pegou bastante guirlandas perfumadas e
coisas como estas e dirigiu-se a Jetavana e saudando o Mestre, fez
uma pergunta : “Meu desejo, Senhor, é de honrar a joia da
Lei : como uma pessoa deve realizar isto ?”. O Mestre respondeu,
“Se você deseja honrar a joia da Lei, então
reverencie-se Ananda, O Tesoureiro da Lei.” “Está bem,”
ele disse e prometeu fazer isto. Ele convidou o ancião para
visitá-lo e o levou dia seguinte a sua casa em grande pompa e
esplendor ; colocou o Ancião sobre um assento magnífico
e o venerou com guirlandas perfumadas e assim por diante, deu a ele
comida fina de muitos tipos, presenteou-o com tecidos de grande preço
suficiente para fazer três hábitos. Pensou o Ancião,
“Esta honra é devida a joia da Lei ; não condiz
comigo mas sim com o Comandante
da Fé.” Então a comida colocada na tigela e os
tecidos, ele levou para o mosteiro e os deu para Ancião
Sariputra. Ele pensou do mesmo modo, “Esta honra é devida à
joia da Lei ; ela convem simplesmente e apenas ao Supremo Buddha,
senhor da Lei,” e deu as coisas para o Dasabala. O Mestre não
vendo ninguém acima de si mesmo, partilhou da comida, aceitou
o tecido para hábitos. E os Irmãos conversavam sobre
isto no Salão da Verdade : “Irmãos, tal e tal
fazendeiro na intenção de honrar a Lei, fez uma oferta
ao Ancião Ananda, Tesoureiro da Lei ; ele pensou consigo mesmo
que não convinha e a deu ao Comandante da Fé ; e ele
pensando a si mesmo não ser digno, ao Tathagata. Mas o
Tathagata não vendo ninguém acima de si mesmo, entendeu
ser digno dela como Senhor da Lei e comeu a comida e aceitou o tecido
de roupas. Assim a oferta da comida encontrou seu senhor, indo direta
para quem de direito.” O Mestre entrando perguntou-lhes o que
conversavam lá sentados. Eles disseram a ele. “Irmãos,”
ele disse, “esta não é a primeira vez que comida dada
caiu em sucessivas etapas para o lote do de mérito ; assim
aconteceu muito tempo atrás, antes dos dias de Buddha.” Com
estas palavras, ele contou-lhes uma história do passado.
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Certa vez
Brahmadatra reinava retamente em Benares ( Varanasi ), tendo
renunciado os caminhos errados e guardado as Dez Virtudes Reais.
Sendo assim sua corte de justiça tornou-se como que vazia. O
rei, a guisa de achar suas próprias faltas, questionava todos,
começando com aqueles que residiam a seu redor ; mas nem nos
apartamentos das mulheres nem na cidade, nem nas vilas próximas,
pode ele encontrar alguém que alguma falta para lhe contar (
comparar com jataka 151 ). Então decidiu tentar o campo. Então
entregando o governo aos cortesãos e levando o capelão
consigo, ele atravessou o reino de Kasi disfarçado ; e ainda
assim não encontrou ninguém com uma falta para lhe
contar.
Por fim ele
chegou numa vila da fronteira e sentou num salão de fora do
portão. Naquele momento um dono de casa daquela cidade, um
rico de oitocentos milhões, descendo com um grande séquito
para o lugar de banho, viu o rei sentado no salão, com seu
corpo forte e pele de cor dourada. Ele gostou dele e entrando no
salão disse, “Fiquem aqui um pouco.” Então ele foi
para a sua casa e aprontou todo tipo de comida fina e retornou com
seu grande cortejo carregando pratos de comidas. Naquele momento, um
asceta do Himalaia chegou e sentou lá, um homem que tinha as
Cinco Faculdades Transcendentes. E um Pacceka Buddha também,
de uma caverna no Monte Nanda, veio e sentou lá. O dono de
casa deu ao rei água para lavar suas mãos e preparou um
prato de comida com todo tipo de temperos gostosos e condimentos e
colocou diante do rei. Ele recebeu-o e deu-o ao capelão
brahmin. O capelão pegou-o e deu-o ao asceta. O asceta andou
até o pacceka Buddha em sua mão esquerda segurando o
vaso de comida e na direita o pote d'água,primeiro ofereceu
àgua da doação ( água derramada na mão
direita ratifica alguma promessa feita ou dom concedido ) e depois
colocou a comida na tigela. Ele passou a comer, sem convidar ninguém
a dividir ou pedir licença. Quando a refeição
estava feita , o dono de casa pensou : “ “Dei esta comida ao rei
e ele ao capelão e o capelão para o asceta e o asceta
para o Pacceka Budda ; o Pacceka Buddha comeu tudo sem nem pedir
licença. O quê significa este modo de oferta ? Por quê
o último comeu tudo sem tua licença ou com tua licença
? Vou perguntar um por um.” Então ele aproximou-se de cada
um por vez e saudando-os, perguntou sua dúvida, enquanto eles
respondiam :
Vi alguém
válido de um trono, que de um reino veio
Para o deserto
gasto, de palácios, de estrutura delicada.
Para ele
gentilmente dei para comer arroz com grãos escolhidos,
Um prato de arroz
cozido, belo como se derrama nas refeições.
Você recebeu
a comida e a deu ao brahmin, nada comendo :
Data venia
pergunto, o quê foi que fizeste ?
Meu professor,
pastor, zela por deveres grandes e pequenos,
Devo dar a comida
para ele, pois ele merece ela toda.
Brahmin, quem até
os reis respeitam, diga por quê não comeste
O prato de arroz,
cozido, belo como se derrama nas refeições ?
Você não
soube o alcance do dom mas para o sábio passou o prato :
Data venia
pergunto, o quê foi que fizeste ?
Mantenho esposa e
família, em casa também habito,
Legislo as paixões
de um rei, e sou indulgente com as minhas.
Para um sábio
asceta há muito habitante dos bosques,
Ancião,
praticante de ensino religioso, devo dar a comida.
Bem ao sábio
magro pergunto, cuja pele mostra debaixo todas as veias,
Com unhas grandes
crescidas, cabelos engrenhados, dentes e cabeça sujos :
Não cuidas
da vida, Ó solitário habitante dos bosques?
Como é que
este monge é melhor pessoa, a quem deste a comida ?
Escavo raízes
e bulbos do mato, menta e ervas busco,
Arroz selvagem,
mostarda preta pego e ponho pra secar,
Jujuba, ervas,
mel, ramos de lótus, myrobolans, pedaços de refeição,
Esta é
minha riqueza e estes tomo e preparo pra comer.
Cozinho, ele não
cozinha : tenho riquezas, ele nada : amarro-me apertado
Às
coisas do mundo mas ele é livre : a comida é dele por
direito.
Pergunto
ao Irmão, sentado aqui,com desejos todos dominados;
-
Este prato de arroz, cozido e belo, como se derrama nas refeições,
Você
o pegou e comeu com apetite sem dividir com ninguém ;
Data
venia pergunto, o quê foi que fizeste ?
Não
cozinho, nem faço com que cozinhem, nem destruo nem faço
destruir ;
Ele
sabia que não possuo riqueza, todos os erros evito.
O
pote ele carregava na direita e a comida na esquerda,
Me
deu o caldo que se derrama nas refeições, o prato de
arroz tão bom ;
Eles
têm posses, eles têm riquezas, dar é dever deles :
Quem
pede a um oferente que divida, é um inimigo.
Escutando
estas palavras, o dono de casa altamente deliciado repetiu as últimas
duas estrofes :
Foi
um feliz fado para mim ho-je que me trouxe o rei :
Nunca
soube antes como ofertas frutos abundantes podem trazer.
Reis
em seus reinos, brahmins em seus trabalhos, são cheios de
cobiça,
Sábios
catando frutos e raízes : Irmãos de erros são
livres.
O
Pacceka Buddha tendo discursado para ele, depois partiu para seu
próprio lugar e o asceta também. E o rei, após
permanecer alguns dias com ele, voltou para Benares.
__________________
Quando
o Mestre terminou este discurso ele disse : “Não é a
primeira vez, Irmãos, que comida vai para aquele que merece
ela, pois a mesma coisa aconteceu antes.” Então ele
identificou o Jataka : “Naquele tempo o dono de casa que honrou a
Lei era o dono de casa da história. Ananda era o rei,
Sariputra o capelão e eu mesmo era o asceta que vivia no
Himalaia.”
[
Os quatro ashramas parece ser indicado ].
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