sexta-feira, 28 de setembro de 2012

453 Buddha Professor



453
Declare a verdade...etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre a Escritura Maha Mangala ou o Tratado dos Augúrios ( ver Sutta-nipata, II,4 )[ n. do tr.: segundo Raymond Bloch a etimologia de omen, augúrio, agouro, é do hitita ha- ter por verídico, aceitar por verdadeiro ] . Na cidade de Rajagaha por alguma causa ou outra uma grande companhia se juntou na casa de repouso real e e entre estes havia um
homem que levantava-se e saía dizendo as palavras, “Ho-je é de bom agouro.” Alguém escutou e disse, “Aquele companheiro saiu falando de 'agouros' ; o quê ele quer dizer com augúrio ?” Disse um terceiro,”A visão de qualquer coisa com olhar afortunado é de bom augúrio ; suponha uma pessoa que levanta-se cedo e vê um touro perfeitamente branco ou uma mulher com criança ou um peixe vermelho ( Cyprinus Rohita ) ou um jarro cheio até a borda ou ghee recém derretida de leite de vaca ou uma roupa nova não lavada ou pudim de arroz, não há agouros melhores que estes.” Alguns dos espectadores elogiaram esta explicação ; “Bem colocado” disseram. Mas um outro interrompeu, “Não, não há agouro nestes ; o quê vocês escutam é o augúrio. Uma pessoa escuta o povo falando 'Cheio', depois 'Pleno' ou 'Crescido' ou escuta 'Comer' ou 'Mastigar' : não há agouro melhor que estes.” Alguns espectadores disseram, “Bem colocado,” e louvaram a explicação. Outro disse, “Não há augúrio nenhum em tudo isto ; o quê você toca é o agouro. Se uma pessoa levanta cedo e toca a terra ou toca a grama verde, estrume fresco, roupa limpa, um peixe vermelho, ouro ou prata, comida, não há augúrios melhores que estes.” E aqui também alguns dos espectadores aprovaram e disseram que foi bem colocado. Então os adeptos dos agouros pela visão, agouros pelo som, agouros pelo toque se dividiram em três grupos e foram incapazes de convencer um ao outro. Dos deuses da terra até o céu de Brahma ninguém podia dizer exatamente o quê um augúrio era. Sakra pensou, “Entre os deuses e os homens ninguém a não ser o Abençoado é capaz de resolver esta questão dos agouros. Vou até o Abençoado e colocarei a questão a ele.” Então à noite ele prestou uma visita ao Abençoado e saudando colocou as mãos juntas em súplica, colocou a questão desde o começo, “Certa vez deuses e homens estavam juntos.” O Mestre então em doze estrofes contou a ele os trinta e oito grandes augúrios. E enquanto ele repetia as escrituras dos agouros uma após outra , dez milhões de deuses atingiram a santidade e daqueles que entraram nos outros três Caminhos foram incontáveis. Quando Sakra já tinha escutado os augúrio, voltou para seu próprio lugar. Quando o Mestre contou os augúrios, o mundo das pessoas e o mundo dos deuses aprovaram e disseram, “Bem colocado”.
Então no Salão da Verdade começaram a discutir as virtudes do Tathagata: “Senhores, o Problema do Augúrio estava além do nosso escopo mas ele compreendendo os corações das pessoas e dos deuses e resolveu suas dúvidas como se fizesse a lua se elevar no céu ! Ah, muito sábio é oTathagata meus amigos !” O Mestre entrando perguntou sobre o quê conversavam lá sentados. Disseram a ele. Ele respondeu, “Não é nenhuma maravilha, Irmãos, qu'eu resolva o problema dos agouros agora que possuo sabedoria perfeita ; mas mas quando andava na terra qual Bodhisatva, resolvi as dúvidas das pessoas e dos deuses, esclarecendo a Questão do Augúrio.” Assim falando, ele contou uma história do passado.

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Certa vez quando o Bodhisatva nasceu em uma certa vila na família de um brahmin rico e o chamaram Rakkhita-Kumara. Quando ele cresceu, completou sua educação em Takkasila ( Taxila ), casou com sua esposa e com a morte de seus pais fez um inventário de seus tesouros ; sendo então de mente muito exercitada, distribuiu ofertas e dominando suas paixões tornou-se um eremita nas regiões do Himalaia, onde desenvolveu poderes sobrenaturais e habitou em um certo lugar, alimentando-se de raízes e frutos da floresta. Com o passar do tempo seus seguidores tornaram-se muitos, quinhentos discípulos que viviam com ele.
Um dia, estes ascetas, aproximando-se do Bodhisatva, assim se dirigiram a ele : “Professor, quando a estação das chuvas vier, vamos descer do Himalaia, atravessar para o campo e conseguir sal e temperos ; assim nossos corpos se tornarão fortes e teremos realizado nossa peregrinação.” “Bem, podem ir,” disse ele,”mas eu continuarei morando aqui.” Então eles pediram licença, desceram do Himalaia e continuaram sua viagem até chegarem a Benares, onde fixaram residência no parque do rei. E foi mostrada muita honra e hospitalidade a eles.
Bem, um dia havia uma grande multidão reunida na sala de estar do rei em Benares e o Problema do Augúrio foi discutido. Tudo acontece, deve ser entendido, como na história da introdução. Então, como antes, a multidão não encontrou ninguém que pudesse aquietar as dúvidas das pessoas e resolver o problema dos agouros ; então eles voltaram para o parque e colocaram o problema para um corpo de sábios. Os sábios se dirigiram ao rei, dizendo, “Grande rei, não podemos resolver esta questão mas nosso Professor, o eremita Rakkhita, o mais sábio dos homens, mora no Himalaia, ele resolverá a dúvida pois ele compreende os pensamentos das pessoas e dos deuses.” Dissse o rei, “Himalaia, caros senhores, é longe, e difícil de chegar ; não podemos ir lá. Por quê vocês não vão até o Professor, perguntam a ele a questão e quando vocês tiverem aprendido , retornam e contam para nós ?” Eles prometeram fazer isto ; e quando chegaram junto do Professor, o saudaram e ele perguntou como estava o rei e as práticas do povo, contaram a ele toda a história dos agouros da visão e assim por diante, do começo até o fim e explicaram como vieram com mensagem do rei para escutar a resposta da pergunta com seus próprios ouvidos ; “Agora Senhor,” disseram eles, “por favor nos esclareça este Problema do Agouro para nós e diga-nos a verdade.” Então o discípulo mais velho fez a pergunta ao Professor recitando a primeira estrofe :

Declare a verdade às pessoas mortais perplexas
E diga que escritura, que texto sacro,
Estudado e dito em hora auspícia,
Produz benção neste mundo e no próximo ?

Quando o discípulo mais velho já tinha colocado o problema do agouro com estas palavras, o Grande Ser, apaziguando as dúvidas dos deuses e das pessoas, respondeu, “Isto e isto é um agouro,” e assim descrevendo os agouros com habilidade de Buddha disse,
Quem quer entre os deuses e todos os patriarcas
[ glosa : do mundo da forma e da não-forma]
Répteis e todos os seres, que vemos,
Honra sempre com coração gentil
Certamente ele é Benção para todas as criaturas.

Assim o Grande Ser declarou o primeiro augúrio e continuou para declarar o segundo e todo o resto :

Quem encarar o mundo com humor tranquilo
Amável com homens e mulheres, filhos e filhas
Que por natureza não responde insultando,
Certamente uma benção a toda brabeza.

Quem, claro de intelecto, sábio na crise
Sem desprezar parceiros e companheiros,
Nem jactar-se de nascimento, sabedoria, casta ou riqueza,
Entre seus camaradas faz surgir benção.

Quem toma como amigos pessoas boas e verdadeiras,
Que creem nele por sua língua livre de veneno,
Que nunca machuca um amigo, que divide sua riqueza,
Certamente é benção entre amigos.

A esposa que é amiga e da mesma idade,
Devota, boa e geradora de muitas crianças
Fiel, virtuosa e nobre,
Esta é a benção que aparece nas esposas.
O Rei que é o poderoso Senhor dos Seres,
Que conhece a vida pura e todas as potências
E diz, 'Ele é meu amigo', sem qualquer malícia -
Esta é a benção que descansa nos monarcas.
O verdadeiro crente, ofertando água e comida
Flores, guirlandas, perfumes, todas estas coisas,
Com o coração em paz e espalhando alegria ao redor -
Isto em todos os céus traz beatitude.

Quem vivendo bem procura sábios virtuosos
Purificar com esforço estrênuo,
Homens bons e inteligentes, edificados em vida tranquila,
Benção ele no meio de santa companhia.

Assim o Grande ser trouxe este discurso até uma pedra angular na santidade ; e tendo explicado em oito estrofes os Augúrios, em louvor a estes mesmos Agouros, Omens, recitou a última estrofe :

Estas bençãos que no mundo ocorrem,
Estimadas por todos os sábios magnífica,
A pessoa que é prudente sigam-las
Pois em augúrios nada há de verdadeiro.

Os sábios tendo escutado isto sobre os Augúrios, permaneceram sete ou oito dias e então pediram licença e partiram para aqule mesmo lugar.
O rei os visitou e perguntou sobre a questão. Eles explicaram o Problema dos Augúrios do mesmo modo que lhes foi contado, e voltaram para o Himalaia. Daí em diante o conteúdo sobre augúrios, omens, agouros, foi entendido pelo mundo. E tendo atendido o problema dos agouros quando morreram foram todos encher as hostes celestes. O Bodhisatva cultivou as Excelências e junto com seu bando de seguidores nasceu no céu de Brahma.
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O Mestre tendo terminado seu discurso disse : “Não apenas agora, Irmãos, mas em tempos antigos expliquei o Problema dos Augúrios” ; e então ele identificou o Jataka - “Naquele tempo a companhia dos seguidores de Buddha eram o bando de sábios ; Sariputra era o pupilo sênior, que perguntou a questão dos augúrios ; e eu mesmo era o Professor.”

[ n. do tr. : o importante aqui me parece é lembrar que augur- aparece em in-augurare, inauguração e também em augmentar de antiga graphia, uma palavra falada para fortificar. Torna-se uma benção. ] 

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