-->
“Sete
dias...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana,
sobre um certo irmão relapso. A ocasião será
explicada no Jataka 531. Quando o Mestre perguntou se este relato era
verdadeiro, ele disse, “Irmão, sábios em dias há
muito idos, antes que o Buddha surgisse, mesmo homens que tinham
entrado na vida religiosa não ortodoxa, por mais de cinquenta
anos, andando em santidade sem se importar com isto, com escrúpulos
de uma natureza sensível nunca contou a ninguém que foi
relapso ; e por quê você que abraçou uma religião
como a nossa que leva à salvação e estando em
presença de um venerável Buddha que eu sou, por quê
declaraste ser relapso diante dos quatro tipos de discípulos ?
Por quê não preservaste teus escrúpulos ?”
assim falando, ele contou um conto do mundo antigo.
____________________________
Certa
vez, no reino de Vamsa, reinava em Kosambi ( no Ganges ) um rei
chamado Kosambika. Naquele tempo havia dois brahmins em uma certa
vila cada um possuindo oitocentos milhões e amigos caros um
para o outro ; que, tendo percebido o engano que descansa na luxúria
e distribuindo muitos bens em ofertas doadas, ambos abandonam o mundo
e no meio de lamento e choro de muitas pessoas, partiram para o
Himalaia e lá construíram um eremitério (
hermitage ). Lá por cinquenta anos viveram como
ascetas alimentando-se de frutas e raízes da floresta onde
tinham a chance de encontrar e colher ; mas entrar em ênstase
eles eram incapazes de atingir.
Depois que
estes cinquenta anos passaram eles saíram em peregrinação
através do país para conseguir sal e temperos e
chegaram no reino de Kāsi. Em
uma certa cidade deste reino vivia um dono de casa chamado Mandavya
que tinha sido amigo laico no tempo de estudos do asceta Dipayana (
um dos ascetas). A este Mandavya vieram nossos dois amigos ; que
quando os viu, arrebatado, construiu para eles uma cabana de folhas e
proviu ambos com as quatro necessidades da vida. Três ou
quatro estações eles moraram lá e depois
despedindo-se dele foram em peregrinação para Benares,
onde viveram em um cemitério cultivado de com árvores
atimuttaka. Quando Dipayana já tinha ficado lá tanto o
quanto quis, voltou a seu velho companheiro novamente ; Mandavya o
outro asceta ( que tinha o mesmo nome do dono de casa ) permaneceu
morando no mesmo lugar.
Aconteceu
de um dia um ladrão que roubara a cidade retornava do ato
cometido com uma quantidade de espólio. O proprietário
e o vigias levantaram e gritaram “Ladrão!” e o ladrão,
perseguido por estes, escapou pelo esgoto e correndo rapidamente pelo
cemitério deixou cair um fardo na porta da cabana de folha do
asceta. Quando os proprietários viram o fardo na porta eles
gritaram, “Ah, você tratante! Ladrão de noite e de dia
anda por ahi disfarçado de asceta !” Então, com
tapas e socos, o carregaram para diante do rei.
O rei nem
investigou mas disse apenas, “Saiam com ele daqui, empalem-no numa
estaca !” Levaram-no para o cemitério e o levantaram numa
estaca de madeira de acácia ; mas a estaca não
machucaria o corpo do asceta. Então trouxeram uma estaca de
árvore nimb mas esta também não o furaria :
então uma estaca de ferro e nem esta mesmo furaria seu corpo. O
asceta cogitava que ato no passado dele poderia ter causado isto e
investigou o passado ; então surgiu nele o conhecimento das
existências anteriores e com ele investigando o passado viu o
quê tinha feito muito tempo atrás ; e era isto – furou
uma mosca com uma lasca de ébano.
É dito
que numa existência anterior ele foi filho de um carpinteiro.
Uma vez ele foi no lugar onde seu pai estava serrando árvores
e com uma lasca de ébano furou uma mosca como se empalando-a.
E foi justamente este pecado que ele descobriu quando chegou naquele
supremo momento. Ele percebeu que aqui então não havia
como ficar livre do pecado ; então disse para os homens do
rei, “Se vocês querem me empalar , peguem uma estaca de
madeira de ébano.” Isto eles fizeram e o espetaram nela e
deixaram um guarda para vigiá-lo e saíram.
Os vigias de
um lugar escondido observavam todos que vinham para olhá-lo.
Então Dipayana, pensando “Faz tempo desde que vi meu
camarada asceta,” saiu para vê-lo ; e tendo escutado que ele
estava pendurado por todo o dia empalado do lado da estrada, foi até
ele e ficando em um dos lados, perguntou o quê ele tinha feito.
“Nada,” cotejou ele. “Guardas rancor de alguém ou não
?” perguntou o outro. “Bom amigo,” disse ele, “nem contra
aqueles que me prenderam nem contra o rei e não há
qualquer rancor em minha mente.” - Se é assim a sombra de
alguém tão virtuoso é um prazer para mim,” e
com estas palavras sentou embaixo do lado da estaca. Então
sobre seu corpo cae gotas de sangue coagulado do corpo de Mandavya ;
e estas enquanto caíam sobre a pele dourada e lá
secavam, tornavam-se pontos pretos sobre ele ; que deu a ele o nome
de Kanha ou Dipayana Negro dahi em diante. E ele ficou sentado lá
a noite toda.
Dia
seguinte os vigias foram e contaram o acontecido ao rei. “Agi
precipitadamente,” disse o rei ; e rapidamente correu para o lugar
e perguntou a Dipayana o quê a fez sentar do lado da estaca.
“Grande rei,” respondeu ele, “sento aqui para guardá-lo
. Mas diga, o quê ele fez, ou o que deixou de fazer, que o
trata assim ?” Ele explicou que o assunto não foi
investigado. O outro respondeu, “Grande rei, um rei deve agir com
circunspecção ; um leigo preguiçoso que ama o
prazer não é bom etc ( cf. Jataka 276 ) e com conselhos
tais, discursou para ele.
Quando o
rei descobriu que Mandavya era inocente, ordenou que a estaca fosse
retirada. Mas apesar de tentarem, não saiu. Disse Mandavya,
“Senhor, recebi esta desgraça medonha devido a uma falta que
aconteceu a muitos anos atrás e é impossível
retirar a estaca do meu corpo. Mas se queres poupar a minha vida,
traga um serrote e corte dela o pedaço de fora da pele.”
Então o rei ordenou que se fizesse isto ; e a parte da estaca
de dentro do corpo ficou lá. Pois naquela ocasião
prévia dizem que ele pegou um pequeno pedaço de
diamante e furou o duto da mosca, de modo que ela não morreu
então não até o próprio fim de sua vida ;
e dahi também o homem não morreu, dizem.
O
rei saudou estes ascetas e suplicou por perdão ; e
estabelecendo os dois em seu parque, cuidava deles lá. E a
partir deste tempo Mandavya foi chamado Mandavya com a Estaca. E ele
viveu neste lugar próximo ao rei ; e Dipayana após
curar a ferida de seu amigo asceta voltou para seu amigo Mandavya o
dono de casa. Quando eles o viram entrar na cabana de folhas,
contaram para seu amigo. Quando ele escutou, ficou feliz ; e com a
esposa e criança, pegando abundantes incensos, guirlandas,
óleo, e açúcar e coisas semelhantes, foi até
a cabana de follhas; saudando Dipayana , lavando e ungindo seus pés
e dando a ele de beber, sentou escutando a história de
Mandavya da Estaca. Seu filho então, um jovem chamado
Yañña-datra, estava jogando com uma bola no fim do
caminho coberto. Lá uma serpente vivia em um cupinzeiro A bola
do moleque, jogada no chão, rolou por um buraco para dentro do
cupinzeiro e caiu em cima da cobra. Sem saber disto, o menino colocou
sua mão dentro do buraco. A cobra enraivecida picou a mão
dele que caiu desmaiado devido à força do veneno da
serpente. Por isto seus pais, encontrando seu filho picado de cobra,
o levantaram e levaram para o asceta ; deitando-o aos pés do
asceta, eles disseram, “Senhor, pessoas religiosas conhecem
amostras e encantos ; por favor cure nosso filho.” - “Não
conheço amostras ; e não exerço a medicina.”
- “És um homem de religião. Tenha piedade, portanto,
Senhor, deste menino e faça o Ato da Verdade.” “Bom,”
disse o asceta, “um Ato da Verdade farei.” E colocando as mãos
na cabeça de Yañña-datra, ele recitou a primeira
estrofe :-
Sete
dias sereno no coração
Puro
vivi, desejando mérito
Desde
então, por cinquenta anos apartado,
Auto-absorvido,declaro,
Aqui,
relutante, vivo :
Possa
esta verdade produzir uma benção :
Veneno
rejeitado, o rapaz reviva !
Logo que feito
este Ato de Verdade, para fora do peito de Yañña-datra
saiu o veneno e mergulhou no solo. O rapaz abriu os olhos e com um
olhar para seus pais, gritou, “Mãe !” e então virou
e deitou quieto. Então Dipayana Negro disse para o pai,”Veja,
usei o meu poder ; agora é sua tua vez de usar o teu.” Ele
respondeu, “Então farei um Ato de Verdade” ; e colocando a
mão no peito de seu filho, ele repetiu a segunda estrofe :
Se não
ligava a mínima para presentes,
Entretendo
todos que eventualmente se apresentavam
Ainda
assim o sábio e bom não sabia
Estava
meu verdadeiro self restringindo ;
Se
relutante dou,
Possa esta
verdade uma benção produzir,
Veneno
rejeitado, o rapaz reviva !
Após a
realização deste Ato de Verdade, para fora de suas
costas saiu o veneno e afundou no chão. O rapaz sentou mas
não conseguia ficar de pé. Então o pai disse
para a mãe, “Senhora, usei o meu poder ; agora é
contigo através de um ato de Verdade fazer nosso filho
levantar e andar.” Ela disse, “Eu também tenho uma
Verdade para falar mas na tua presença não posso
falar.” “Senhora,” cotejou ele, “por qualquer e todos os
meios faça meu filho inteiro.” Ela respondeu, “Muito
bem,” e seu Ato da Verdade é dado na terceira estrofe :
A
serpente que te picou ho-je
Naquele
buraco, meu filho,
E este
teu pai, são, digo,
Em
minha indiferença, um :
Possa
esta Verdade produzir benção :
Veneno
rejeitado, o rapaz reviva !
Logo que feito este
Ato de Verdade, então todo o veneno caiu e afundou no chão
; e Yañña-datra levantando-se com todo o corpo purgado
do veneno, começou a brincar. Quando o filho tinha deste modo
se levantado, Mandavya perguntou o que estava na mente de Dipayana
com a quarta estrofe :
Deixam o
mundo aqueles que são serenos, contidos,
A não
ser Kanha, todos em ânimo nenhum relutante ;
O que te
faz recolher, Dipayana, e por quê
Relutante
andas no caminho da santidade ?
Para responder isto,
o outro repetiu a quinta estrofe :
Deixar o
mundo e depois novamente retornar ;
'Um
idiota, um tolo !' pode assim se pensar :-
É
isto que me faz recolher,
Assim
ando santamente, apesar de desejo faltar,
A
causa porque faço o bem é esta -
Louvada
pelo sábio é a moradia da boa pessoa.
[
n. do tr. : ou neste último verso : 'Religião é
o louvor do que é sábio e bom'. Recolher aqui no
sentido de recollection, recolhimento. ]
Tendo assim
explicado seu próprio pensamento, ele questionou Mandavya
ainda novamente na sexta estrofe :
Esta
tua casa era como um bar,
Comida
e bebida armazenadas em suprimentos :
Sábios,
viajantes, brahmins aqui
Sede
e fome satisfazendo.
Temes
algum escândalo, ainda
Dando
apesar de contra tua vontade ?
Então
Mandavya explicou seus pensamentos com a sétima estrofe :
Pai
e avô foram santos,
Senhores
de ofertas, ainda mais livres em dar ;
E eu
sigo com todo cuidado
Nosso
jeito ancestral de viver ;
Para
não ser degenerado
Dou
presentes relutantemente.
Após dizer
isto, Mandavya, perguntou sua esposa uma questão nas palavras
da oitava estrofe :
Quando
uma jovem mulher, sem sentidos desenvolvidos,
Te
trouxe da tua casa para ser minha esposa,
Tu
não me disseste de tua indiferença,
Como
sem amor viveste toda tua vida
E
por quê, ó senhora de belos membros, ficaste
E
viveste comigo deste jeito sem amor ?
E ela
respondeu a ele repetindo a nona estrofe :
Não
é costume nesta família
Uma
esposa casada arranjar um novo companheiro,
Nem
nunca será ; e este costume eu
Manterei,
para não ser chamada degenerada.
Foi
o medo de tal relato que me fez ficar
E
viver contigo deste jeito sem amor.
Mas quando
isto foi dito, um pensamento passou pela mente dela - “Meu segredo
foi contado a meu marido, o segredo nunca contado antes ! Ele ficará
irado comigo ; suplicarei perdão na presença deste
asceta, nosso confessor.” E ele repetiu a décima estrofe :
Agora
que falei o que não devia ser dito :
Pelo
bem de nosso filho possa isto ser perdoado.
Nada
há mais forte aqui que o amor dos pais ;
Nosso
Yañña-datra vive, aquele que estava morto !
“ Levante-se
senhora,” disse Mandavya, “te perdoo. De agora em diante não
me trate mal ; nunca te magoarei.” E o Bodhisatva disse
dirigindo-se a Mandavya, “Em acumular ganhos mal obtidos e em
desacreditar que quando você dava liberalmente, o ato é
a semente que traz fruto, nisto agiste errado. No futuro acredite no
mérito dos presentes, das ofertas, e dê-lhos.” O
outro prometeu isto e por sua vez disse ao Bodhistva, “Senhor, tu
mesmo erraste em aceitar nossos dons enquanto andando no caminho da
santidade contra tua vontade. Agora de modo a que teus atos possam
produzir frutos abundantes, no futuro andes em santidade com coração
tranquilo e puro, cheio de alegria enstática.” Então
ele despediu-se do Grande Ser e partiu.
Daquele
momento em diante a esposa passou a amar o marido ; Mandavya com
coração tranquilo deu presentes com fé ; o
Bodhisatva, largando a relutância, cultivou a Faculdade
enstática e tornou-se destinado ao céu de Brahma.
______________________
Este
discurso terminado, o Mestre declarou as Verdades : (agora na
conclusão das Verdades o relapso foi estabelecido no fruto do
Primeiro Caminho : ) e identificou o Jataka : - “Naquele tempo
Ananda era Mandavya, Visakha a esposa, Rahula o filho, Sariputra era
Mandavya da Estaca e eu mesmo era o Dipayana Negro.”
[ a história de Mandavya da estaca encontra-se no Mahabharata, Adi parva, seção CVII : o excesso de rigor com a punição ao rishi por ter matado a mosca resulta em maldição ao deus da justiça, dharma, que por isto, por este excesso, nasce servo, filho da empregada, no caso de Vyasa, Krishna Dwaipayana, com a empregada apsara do rio Sayavati, nasce portanto Vidura que vimos há pouco em jataka anterior, irmão de Pandu e de Dhritarastra, personagens centrais do Mahabharata. ]
[ a história de Mandavya da estaca encontra-se no Mahabharata, Adi parva, seção CVII : o excesso de rigor com a punição ao rishi por ter matado a mosca resulta em maldição ao deus da justiça, dharma, que por isto, por este excesso, nasce servo, filho da empregada, no caso de Vyasa, Krishna Dwaipayana, com a empregada apsara do rio Sayavati, nasce portanto Vidura que vimos há pouco em jataka anterior, irmão de Pandu e de Dhritarastra, personagens centrais do Mahabharata. ]
Nenhum comentário:
Postar um comentário