segunda-feira, 6 de junho de 2011

427 Buddha Abutre


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             pintura de Ajanta, Índia. 

427
Formada por pesados troncos...etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana relativa a um Irmão desobediente. Ele era, dizem, de família nobre e apesar de ordenado na doutrina que leva à Salvação, foi aconselhado por seus professores, mestres, conselheiros e colegas deste jeito : “Assim deves andar e assim recuar ; assim olhar os objetos ou afastar a vista ; assim deve o braço ser estendido ou recolhido ; assim as vestes de dentro e de fora devem ser vestidas ; assim deve-se segurar a tigela e quando receberes comida suficiente para o sustento da vida, após auto-exame, assim deves dividí-la, mantendo guarda sobre as portas dos sentidos ; comendo deves ser moderado e exercitar a vigilância ; deves reconhecer tais e tais tarefas em relação aos Irmãos que vêm e vão do mosteiro ; estas são as quatorze tarefas sacerdotais e as oitenta grandes tarefas a serem devidamente realizadas ( conforme contido no Vinaya ) ; estas são as treze práticas Dhuta ; tudo isto deve ser escrupulosamente realizado.” Ainda assim ele era desobediente e impaciente e não recebia as instruções respeitosamente mas recusava a escutá-los dizendo, “Não te fiz nenhum mal porque falas assim comigo ? Saberei o que me fará bem e o quê não.” Então os Irmãos, escutando a desobediência dele, sentaram no Salão da Verdade falando destes erros. O Mestre veio e perguntou-os o que estavam conversando e mandando chamar o Irmão disse, “É vero Irmão que és relapso ?” E quando ele confessou que sim, o Mestre disse, “Por quê, Irmão, após ser ordenado em uma doutrina tão excelente que leva à Salvação, não escutas a fala de teus conselheiros ? Antes também desobedecestes o conselho dos sábios e fostes explodido em átomos pelo vento Veramba.” E com isto ele contou uma história do passado.

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Certa vez o Bodhisatva veio à vida como um jovem abutre no Monte Abutre. Então seu herdeiro Supatra, o rei dos abutres, era forte e poderoso e tinha um séquito de muitos milhares de abutres e ele alimentava os pais pássaros. E devido a sua força costumava voar até distâncias muito grandes. Então seu pai o aconselhou dizendo, “Meu filho, não deves ir além de tal e tal ponto.” Ele disse, “Muito bem,” mas um dia quando chovia, ele voou alto com os outros abutres e deixando o resto para trás e indo para além dos limites prescritos, entrou no alcance do vento Veramba e foi explodido em átomos.

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O Mestre, em sua Perfeita Sabedoria, para ilustrar este incidente, pronunciou estes versos :

Formada por pesados troncos, um antigo caminho leva
A vertiginosas alturas, onde um jovem abutre alimenta
Os pais pássaros. Poderoso e forte de asas
Ele frequentemente trazia gordura de serpentes ;
E quando seu pai o viu voando alto
E aventurando-se longe no céu, assim gritou,
Meu filho, quando não puderes ver com os olhos
A esfera redonda da terra cercada pelos oceanos,
Não vá mais longe, mas retorne imediatamente, peço.”
Então foi este rei dos pássarosrápido em seu caminho,
E inclinando-se sobre a terra, com olhar penetrante
Viu abaixo florestas e montanhas altas :
E a terra aparecia, como seu pai descreveu,
Entre os oceanos ao redor como esfera redonda.
Mas quando além destes limites ele passou,
Apesar de forte pássaro ser, uma tempestade explodiu
Varrendo-o para morte inesperada,
Sem poder para enfrentar o sopro feroz de tempestade de vento.
Assim o pássaro pela desobediência mostrou
Ser fatal àqueles dependentes de seu amor :
Assim morrem todos que desprezam a anciedade
Rindo de avisos pronunciados pelos sábios,
Como o jovem abutre desafiando as palavras da Sabedoria
Desprezando os limites estabelecidos para restringir seu orgulho.

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Portanto Irmão, não seja como este abutre mas obedeça a seus conselheiros.” E sendo assim advertido pelo Mestre, ele a partir daí tornou-se obediente.

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O Mestre, sua lição terminada, identificou o Jataka : “ O abutre desobediente daqueles dias é agora o Irmão desobediente. O pai do abutre era eu mesmo.”

[ Cf. Jatakas 161, 381 e 439 : a lição é a mesma que a de Dédalo para Ícaro : Oriente e Ocidente juntos desde sempre. ]

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