quarta-feira, 17 de setembro de 2025

515 Buddha sábio Sambhava

 

 

 

 


 515     Sambhava Jataka 

      “Esta lei...”etc. – Esta história o Mestre contou quando residia em Jetavana relativa à Perfeição da Sabedoria. As circunstâncias que levam a história introdutória serão estabelecidas no Mahaummagga Jataka (número 546).

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            Certa vez um rei chamado Dhanañjaya Korabya reinava na cidade de Indrapatra no reino Kuru. Um brahmin chamado Sucirata era seu sacerdote e conselheiro nas coisas temporais e espirituais. O rei legislava seu reino retamente, no exercício da caridade e em outras obras boas. Bem, um dia ele preparou uma questão sobre o serviço da Verdade e tendo feito sentar-se o brahmin Sucirata e tendo prestado a ele honra devida, colocou esta questão para ele na forma de quatro estrofes:

                        Esta lei e senhorio desdenho,

                        Sucirata pois anseio

                        Ser grande e sobre o largo mundo reinar.

                        

            

                        Pelo certo apenas – o errado evito –

                        Pois o que quer que seja a Verdade e o Bem 

                        Reis acima de todos os homens devem perseguir.

 

                         Através disto sempre livre de culpa,

                         Aqui e na vida futura, podemos clamar

                        Entre deuses e seres humanos um nome glorioso.

 

                   Saiba, brahmin, que anseio fazer

                  O que quer que seja considerado bom e verdadeiro,

                  Então prego, quando questionado me declare

                  A Verdade e o Bem, o que podem ser. 

 

     Bem, esta era uma questão profunda, caindo dentro do julgamento de um Buddha. Esta é uma questão que alguém podia perguntar a um Buddha Omnisciente e faltando ele a um Bodhisatva que esteja procurando o dom da Omnisciência. Mas Sucirata, devido a não ser um Bodhisatva, não podia resolver a questão e longe de assumir um ar e sabedoria, ele confessou sua incompetência na seguinte estrofe:

                             Ninguém a não ser Vidhura, Ó rei,

                            Tem poder para declarar esta coisa maravilhosa,

                            Qual seja, meu senhor, a Verdade e o Bem,

                            Que tu estás sempre ansioso de praticar.

[o comentarista explica que Vidhura é o capelão do rei de Benares]

 

      O rei escutando estas palavras disse, “Vá então brahmin, logo,” e deu a ele um presente para levar e em seu desejo de despachá-lo imediatamente, ele repetiu esta estrofe:

                      Olhem!  Direto este peso em ouro , meu amigo,

                      Por ti para Vidhura envio;                   

                     Presente adequado para o sábio que melhor apresentar

                     A Verdade e o Bem que quero saber.

 

    E com estas palavras deu a ele uma barra de ouro válida cem mil peças de dinheiro, um lugar para escrever a resposta da questão, uma carruagem para viajar, um exército para escoltá-lo e um presente para oferecer e logo o despachou. Partindo da cidade de Indrapatra, sem ir direto para Benares, ele primeiro visitou todos os lugares onde sábios residiam e não encontrando nenhum em toda a Índia que resolvesse a questão, ele gradualmente se aproximou de Benares. Fixando residência lá, ele foi com alguns seguidores para a casa de Vidhura  na hora da primeira refeição e tendo anunciado a sua chegada foi convidado a entrar e encontrou Vidhura almoçando em sua própria residência.

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             O Mestre, para tornar o assunto claro, repetiu a sétima estrofe:

 

                     Então rapidamente Bharadvaja fez

                     Seu caminho para Vidhura e encontrou seu amigo

                     Sentado em casa e pronto para partilhar

                     Uma simples refeição, seu des-jejum .

         [o comentarista diz que Bharadvaja é o nome de família de Sucirata]                                         

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         Bem, Vidhura era um amigo da juventude e foi educado na família do mesmo professor, e então após almoçar com ele, quando já tinham terminado e Sucirata estava sentado confortavelmente, sendo questionado por Vidhura, “O que o traz aqui, amigo ?” contou a ele porque viera e repetiu a oitava estrofe:

 

                            Vim às ordens do rei Kuru de larga fama

                            Nascido de Yudhitthila e esta é sua questão,

                            Te pedir, Vidhura, para me dizer

                            A Verdade e o Bem, o que isto certamente pode ser.

[o comentarista diz que os Kurus descendem de Yudhisthira, cf. Mahabharata]

     

       Naquele momento o brahmin pensando coletar as ideias de numerosas pessoas procurava suas respostas, como alguém empilhando como que enchente do Ganges e não tinha tempo para resolver a questão. Então estabelecendo o caso ele repetiu a nona estrofe:

                         Atarefado por um grande tema

                         Como se fora a enchente do Ganges,

                         Não posso te falar o que isto pode ser,

                        A Verdade e o Bem que você busca comigo.

 

        E assim falando ele adicionou: “Tenho um filho inteligente, bem mais sábio que eu mesmo: ele vai esclarecer isto para você. Vá até ele.” E repetiu a décima estrofe:

                         Tenho um filho, meu mesmo,

                        Conhecido entre as pessoas como Bhadrakara;

                         Vá, busque-o e ele declarará

                         A ti o que Verdade e Bondade são.

 

       Escutando isto Sucirata deixando a casa de Vidhura foi para a residência de Bhadrakara e o encontrou sentado almoçando no meio do seu pessoal.

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           O Mestre, para esclarecer o assunto, repetiu a undécima estrofe:

                         Então Bharadvaja rapidamente

                         Apressou-se para a casa de Bhadrakara,

                        Onde entre amigos, todos reunidos juntos,

                        Sentado confortavelmente o jovem foi encontrado.

                                         ___________________             

 

           A sua chegada lá ele foi hospitaleiramente recebido pelo jovem Bhadrakara com a oferta de uma cadeira e presentes e tomando o assento, e sendo questionado porque viera, ele repetiu a décima segunda estrofe: 

                        Venho às ordens do rei Kuru de larga fama,

                      Nascido de Yudhitthila e esta é sua questão,

                      Te pedir, Bhadrakara, que me mostre

                      Verdade e Bondade, o que elas certamente são.

 

      Então Bhadrakara disse a ele, “Justo agora, Senhor, estou tentando me envolver com a esposa de outro homem. Minha mente está doente no ócio então não posso responder tua questão mas meu irmão mais novo Sañjaya tem um intelecto mais esclarecido que o meu. Pergunte a ele: ele responderá tua questão.” E de modo a enviá-lo, repetiu duas estrofes:

                       Boa caça eu deixo, de perseguir um lagarto:

                      Como então saberia algo sobre o Bem e a Verdade ?

 

                      Tenho um irmão mais jovem, deves conhecer,

                      Chamado Sañjaya. Então brahmin, vá

                      E busque-o e ele declarará

                      A ti o que Bondade e Verdade são. 

 

       Ele direto partiu para a casa de Sañjaya e foi bem recebido por ele e tendo sido questionado porque viera contou a ele a razão.

                                   ___________________________         

 

        O Mestre, para esclarecer o assunto, pronunciou duas estrofes:

                      Então Bharadvaja rapidamente

                     Apressou-se para a casa de Sañjaya,

                    Onde entre amigos, todos reunidos ao redor,

                     Sentado confortavelmente o jovem foi encontrado.

 

                   Venho às ordens do rei Kuru de larga fama

                    Nascido de Yudhitthila e esta é a busca dele,

                   Te pedir, Sañjaya, que me mostre

               Bondade e Verdade, o que elas certamente são.

                                        ___________________________

 

               Mas Sañjaya também estava ocupado flertando e disse a ele, “Senhor, estou atrás da esposa de outro homem e desço até o Ganges e atravesso para o outro lado. À tarde e de manhã enquanto atravesso a corrente, estou nas mandíbulas da morte: portanto minha cabeça está perturbada e e não serei capaz de responder a tua pergunta mas meu irmão mais novo Sambhava, um garoto de sete anos de idade, é cem mil vezes superior a mim em conhecimento. Ele te dirá: vá  e pergunte a ele.”

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        O Mestre para esclarecer o assunto, repetiu duas estrofes:

                           

                           Morte abre suas largas mandíbulas para mim,

                           Cedo e tarde. Como te falar

                           De Verdade e Bondade, o que elas são ?

 

                          Tenho um irmão mais novo, deves conhecer,

                          Chamado Sambhava. Então, brahmin, vá,

                          E procure-o. Ele te declarará

                          O que são Verdade e Bondade.

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         Escutando isto Sucirata pensou, “Esta questão deve ser a coisa mais maravilhosa do mundo. Imagino que ninguém seja capaz de respondê-la,” e assim pensando ele repetiu duas estrofes:

                               Esta estranha maravilha me desagrada,

                               Nem o pai nem os filhos, nenhum dos três,

                              Sabe como resolver este mistério.

                             Se vocês assim falharam como pode este mero garoto

                             Saber algo de Bondade e de Verdade ?

 

         Escutando isto Sañjaya disse, “Senhor, não considere o jovem Sambhava como um mero garoto. Se não houver ninguém que possa responder a tua questão, vá e pergunte a ele.” E. descrevendo as qualidades do garoto através de símiles que ilustravam o caso, ele repetiu doze estrofes:

                  

                     Pergunte a Sambhava não despreze sua juventude,

                               Ele sabe bem o certo e pode falar de

                       Bondade e de Verdade.

 

                   Como a clara Lua excede em brilho a hoste das estrelas,

                  Suas glórias menores perdidas em seu esplendor,

                  

                   Assim mesmo o menino Sambhava parece

                   Exceder em Sabedoria bem além dos seus anos;

                     Pergunte a Sambhava não despreze sua juventude,

                       Ele sabe bem o certo e pode falar de

                     Bondade e de Verdade.

 

                   Como o charmoso Abril sobrepuja todos os meses

                   Com flores em botão e folhagens da floresta,

                   Assim mesmo o menino Sambhava parece etc.

 

                  Como Gandhamadana, com seu cume enevoado

                  Vestido com florestas e adornado com ervas celestes

                  Difundindo luz e fragrância por tudo ao redor,

                 Para miríades de deuses um refúgio certo é encontrado,

                 Assim mesmo o menino Sambhava parece etc.

              Como um fogo glorioso queima através de um mato

              Em espirais entrelaçadas, insaciável, comendo a grama

              Deixando uma trilha negra, por onde quer que passe,

              

              Ou chama alimentada por ghee na noite mais escura

              Da madeira mais nobre estimulando seu apetite,

              Brilhando visivelmente em alguma altura distante,

               Assim mesmo o menino Sambhava parece etc. 

 

             Um boi por sua força, um cavalo pela velocidade,

              Mostram sua excelência de linhagem,

              Uma vaca pelo leite copioso que flue,

              Um sábio por suas sábias palavras conhecemos.

                 Assim mesmo o menino Sambhava parece etc.

           

        Enquanto Sañjaya cantava os louvores de Sambhava, Sucirata pensou, “Descobrirei colocando a questão para ele,” e então perguntou, “Onde está teu irmão mais jovem ?” Então ele abriu a janela e esticando sua mão disse, “Você vê aquele garoto lá com aparência dourada, brincando com outros jovens na rua diante da porta da mansão: aquele é meu irmão mais novo. Vá até ele e pergunte; ele responderá tua questão com todo o charme de um Buddha.” Sucirata, escutando as palavras dele, desceu da mansão,  e aproximou-se do garoto no momento mesmo que ele estava com a roupa solta e atirada acima dos ombros e pegava um pouco de lama com as mãos.

                            ________________________________               

 

            O Mestre, para explicar o assunto, repetiu a estrofe:

                      Então Bharadvaja rapidamente

                      Para a casa de Sambhava apressou-se,

                      E lá do lado de fora

                   O pequeno garoto foi encontrado brincando. 

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           O Grande Ser quando viu o brahmin chegar e ficar de pé diante dele , perguntou, “Amigo, o que te traz aqui ?” Ele respondeu, “Caro jovem, vago por toda a Índia e não encontrando ninguém competente para responder uma questão que coloco, vim até você.” O garoto pensou, “Há uma questão, eles dizem, que não foi respondida em toda a Índia. Ele veio até mim. Sou velho em conhecimento.” E ficando com vergonha ele largou a lama que tinha nas mãos, arrumou as vestes e disse “Brahmin, pergunte e eu te responderei com a fluente maestria de um Buddha,” e em sua omnisciência ele o convidou a escolher o que queira perguntar. Então o brahmin fez sua pergunta na forma de uma estrofe:

                         Venho sob as ordens do rei Kuru de larga fama

                         Nascido de Yudhitthila e esta é sua pergunta,

                         Pedir a ti, Sambhava, que me mostre

                         Bondade e Verdade, o que certamente podem ser.

 

     O que ele queria tornou-se claro para Sambhava, como se fosse a lua cheia no meio do céu. “Me escute,” ele disse e respondendo a questão como a Serviço da Verdade ele pronunciou esta estrofe:

                       Te direi, Senhor, e direi corretamente,

                       Justo como um homem de sabedoria pode

                       O rei deve conhecer o Bem e a Verdade,

                       Mas quem sabe o que fará o rei ?

 

         E enquanto ele estava na rua e ensinava a Verdade com voz doce como mel, o som se espalhou por toda a cidade de Benares, por doze léguas em todas as direções. Então o rei e todos seus vice-reis e outros legisladores reunidos juntos e o Grande Ser no meio da multidão começou sua exposição da Verdade. 

         Tendo então prometido nesta estrofe responder a questão, ele agora dava a resposta como um Serviço da Verdade:

                        Em resposta ao rei, Sucirata, proclame,

                       ‘A-manhã e Ho-je nunca são o mesmo;

                       Te convido então, ó rei Yudhitthila, seja sábio

                 E esteja preparado para pegar o que quer que a ocasião faça surgir.’

 

                Anseio te sugerir também, Sucirata,

                Um pensamento no qual a mente dele possa descansar vantajosamente,

             ‘Um rei deve cuidadosamente evitar todos os caminhos ruins,

              Nem, qual louco selvagem, seguir um curso do mal.’

             

              Com a perda de sua própria alma ele nunca deve transgredir,

               Nem ser culpado de atos de injustiça,

              Ele mesmo nunca deve se engajar em qualquer caminho do mal,

               Nem nunca deixar se extraviar um irmão por uma trilha ruim.

 

             Estes pontos devem realizar aquele que quer conhecer corretamente,

             Qual lua crescente, o rei em fama deve sempre crescer.

             Uma luz brilhante para amigos e querido entre seus parentes,

             E quando seu corpo falhar, o sábio ao céu ganhará.   

 

   O Grande Ser assim, como alguém que faz a lua levantar no céu, respondeu a questão do brahmin com toda a maestria de um Buddha. O Povo gritou, berrou e bateu palmas. E levantaram-se mil gritos de aplausos com grande balançar de roupas e estalar de dedos. E eles deram os ornamentos de suas mãos. E o valor do que lançaram fora acumulou-se em cerca de um crore ( dez milhões ). E o rei e Benares em sua alegria prestou a ele grande honra. E Sucirata, após oferecer a ele um mil pesos em ouro, escreveu a resposta da questão em vermelho em uma tábua dourada e chegando na cidade de Indrapatra ele contou ao rei a resposta como ao Serviço da Verdade. E o rei residindo constantemente na retidão atingiu o céu.

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              Ao final da lição  o Mestre disse, “Não apenas agora, Irmãos, mas antes também, o Tathagata foi grande em responder questões,” e ele identificou o Nascimento/ Jataka: “Naquele tempo Ananda era o rei Dhanañjaya, Anurudha era Sucirata, Kassapa Vidhura, Moggaallana Bhadrakara, Sariputra o jovem Sañjaya e eu mesmo era o sábio Sambhava.”