quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

506 Buddha Rei Serpente Campaka

   



           



                           Imagem do jataka 506, de Ajanta, rei serpente Campeyya / Campeyaka / Campaka está a esquerda da imagem com suas cristas quais cabeças de serpente e explica ao rei humano porque é melhor ser humano que ser-pente ; às margens do rio Campa, na Índia.   lique na imagem para vê-la ampliada : encontro da imagem com seu texto.  

   506

        “Quem é como, etc” - Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre os votos de dia de jejum. O Mestre disse, “É bem feito, Irmãos leigos, que vocês guardem os votos de dia de jejum. Sábios antigos do mesmo modo renunciaram mesmo à glória de se Rei Serpente e viveram sob estes votos.” Então com o pedido deles ele contou uma história do passado. 

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         Certa vez, quando Anga era rei do reino de Anga e Magadha rei em Magadha, entre os dois reinos de Anga e de Magadha estava o rio Campa, onde havia um lugar em que serpentes residiam e neste lugar dominava o rei serpente Campeyya.

      

             Algumas vezes Rei Magadha tomava o campo de Anga, outras vezes Rei Anga tomava Magadha. Um dia Rei Magadha, tendo lutando uma batalha contra Anga e levado a pior, montou seu corcel e fugiu, perseguido pelos guerreiros de Anga.  Quando ele chegou no rio Campa, ele estava na cheia. Mas ele disse, “Melhor morrer afogado neste rio que morrer nas mãos de meus inimigos!” Então homem e cavalo mergulharam na corrente.

         

                Bem, o rei serpente Campeyya construiu para si debaixo d’água um pavilhão em joias ; e lá naquele momento no meio da sua corte ele festejava. Mas o rei e seu cavalo mergulharam no rio justamente em frente ao Rei Serpente. A serpente, vendo este magnífico monarca, concebeu amizade por ele. Levantando do seu assento, fez o rei sentar no seu próprio trono, ordenando-lhe que nada temesse e perguntou por que ele mergulhava n’água.  O rei contou a ele tudo como se passara. Então disse a serpente, “Nada tema, Ó grande rei ! Farei de você mestre de ambos os reinos.”  Assim ele o consolava e por sete dias mostrou a ele grande honra.   No sétimo dia ele e o Rei Magadha deixaram o palácio da serpente. Então pelo poder do Rei Serpente, Rei Magadha  apossou-se do Rei Anga e o matou e reinou sobre os dois reinos juntos.  A partir daquele momento houve uma firme aliança entre ele e o Rei Serpente. Ano após ano ele fazia um pavilhão em joias ser construído às margens do rio Campa e oferecia tributo ao rei Serpente de grande custo : o Rei Serpente saía com um largo séquito de seu palácio e recebia o tributo e todo o Povo contemplava a glória do Rei Serpente. 

        

                  Naquele tempo o Bodhisatva era alguém de uma família pobre e costumava descer como pessoal do rei para a margem do rio.  Lá vendo a glória do Rei Serpente, cobiçou-a ; e com este desejo morreu, e sete dias após a morte do rei serpente Campeyya, o Bodhisatva, tendo feito ofertas e vivido vida virtuosa, veio à existência no palácio dele sobre o leito real : seu corpo era como uma grande grinalda de jasmin. Quando viu isto, ficou cheio de remorso. “Como consequência das minhas boas ações”, cotejou ele, “armazenei poder nos seis principais mundos dos sentidos ( seis devalokas ), qual milho armazenado no celeiro. Mas vejam, aqui nasci nesta forma réptil ; que me importa a vida !”  E assim ele pensamentos de colocar um fim a si mesmo. Mas uma jovem fêmea serpente, chamada Sumana, vendo-o, deu a direção para os outros, “Este deve ser Sakra, forte em poderes, nascido aqui entre nós !”  Então eles todos vieram e fizeram oferendas para ele, com todo tipo de instrumentos musicais em suas mãos. Seu palácio da serpente  tornou-se como se fosse o palácio de Sakra, o pensamento de morte o deixou : ele  largou sua forma de serpente  e sentou no sofá , magnífico em vestes e adornos. A partir daquele momento grande foi sua glória e legislou sobre as serpentes. Outra vez ele se arrepende, pensando, “O que me importa esta forma réptil ? Viverei sob votos de jejum e deste lugar me sacudindo me libertarei, para entre os seres humanos irei e aprenderei as Verdades e darei um fim ao sofrimento.” Mas depois ele ainda permaneceu naquele mesmo palácio, preenchendo os votos de jejum e quando a jovem fêmea das serpentes vinha apara próximo dele alegremente vestida, ele geralmente violava sua lei de virtude. Depois disto ele saiu do palácio para o parque mas elas o seguiram aí também e seu voto foi quebrado como antes. Então ele pensou : “Devo deixar este palácio e ir para o mundo dos seres humanos e lá devo viver sob os votos de jejum.” Assim então nos dias de jejum ele saiu do palácio e deitou no topo de um cupinzeiro ao lado da autoestrada não distante de uma vila na fronteira. Ele disse, “Aqueles que desejam minha pele ou qualquer parte de mim, deixem eles pegarem ; ou se qualquer um me fizer serpente dançante, deixe-os me fazer tal.”   Assim ele rendeu seu corpo como um presente e contraindo sua crista ele deitou lá observando os votos de dia de jejum. 

          

           Aqueles que iam e vinham na autoestrada viram ele, o veneraram com incensos e perfumes. E os moradores daquela vila da fronteira, considerando-o ser um rei serpente de grande poder, levantaram um pavilhão acima dele, espalharam areia ao redor dele, veneravam com perfumes e coisas cheirosas. Bem então o Povo começou a querer filhos através da ajuda dele, tendo fé no Grande Ser e venerando-o.  O Grande Ser guardou lá os votos de jejum do décimo quarto e décimo quinto dias da meia lua, deitado em cima do cupinzeiro ; no primeiro dia da metade lunar e retornaria para seu palácio ; e enquanto ele assim preenchia seus votos, o tempo passava.

 

               Um dia sua consorte Sumana falou com ele assim : “Meu senhor, você tem o costume de ir entre os seres humanos para guardar seus votos de jejum. O mundo dos seres humanos é perigoso, cheio de medo.  Suponha que algum perigo acontecesse contigo, me diga agora por qual sinal saberei sobre este perigo.”  Então o Grande Ser levou-a para o lado de um lago afortunado e disse, “Se alguém me bater ou me machucar, àgua deste lago tornar-se-á turva. Se um pássaro roc me carregar, àgua desaparecerá. Se um encantador de serpente me apanhar, àgua tornar-se-á da cor do sangue.”   Estes três sinais explicados para ela, ele saiu de seu palácio para guardar o décimo quarto dia, foi e deitou no cupinzeiro, iluminando o cupinzeiro com o brilho de seu corpo.  Branco era seu corpo qual uma espiral de pura prata, qual bola de lã vermelha era sua cabeça : bem, neste Jataka o corpo do Bodhisatva era grosso como cabeça de arado, no Jataka Bhuridatra ( 543 ) grosso  como uma coxa, no Jataka Sankhapala ( 524 ) redonda grande qual uma canoa. 

 

         Naqueles dias havia um jovem brahmin de Benares que veio à Takkasila ( Taxila ) para estudar aos pés de um professor mundialmente renomado, de quem aprendeu o encanto que comanda todas as coisas de sentidos, sensos.  Indo para casa através daquela estrada, o que podia ele ter visto se não o Grande Ser. “Esta cobra pegarei,” ele pensou, “e viajarei através da cidade e dos campos e a metróle real, fazendo-a dançar e arrecadando grandes lucros.”  Então ele arranjou ervas ‘máyacas’ e repetindo o encanto ‘máyaco’ abordou a serpente.  Logo que escutou o som deste encanto, o Grande Ser sentiu seus ouvidos como que furados por lascas em fogo, sua cabeça como que quebrada com um golpe de espada. “O que temos aqui !”  pensou ele ; colocando para fora sua cabeça, viu o encantador de serpente. Então pensou, “Meu veneno é poderoso e se estiver irado e soprar o sopro pelas narinas o corpo dele será dividido e espalhado como um punhado de palha ; e então minha virtude será quebrada.  Nem olharei para ele.”  Fechando seus olhos escondeu a cabeça dentro da crista. O brahmin encantador de serpente comeu uma erva , repetiu seu encanto, cuspiu sobre a serpente : pela virtude da erva e do encanto, onde quer que o cuspe caísse surgia bolhas. Então o homem o pegou pela cauda , arrastou-o e o estendeu em toda sua extensão : com uma barra pé de cabra ele o espremeu até ficar fraco, então pegando-o pela cabeça esmagou com força. O Grande Ser abriu sua larga boca ; o homem cuspiu nela e devido à erva e ao encanto quebrou seus dentes ; a boca estava cheia de sangue.  Mas o Grande Ser temia mais quebrar sua virtude, que suportou todo este tormento e nunca nem mesmo abriu os olhos para vê-lo.  Então o homem disse, “Vou enfraquecer esta serpente real !”  Da cauda até a cabeça ele espremeu o corpo da serpente como se fosse quebrar seus ossos até virar pó.  Então o envolveu no que chamam roupa envelope, deu-lhe o que chamam esfrega roupa, pegou-o pelo rabo e deu-lhe o golpe do algodão, como o chamam ( estes parecem ser termos técnicos ). O corpo do Grande Ser estava todo coberto de sangue e ele sentia muita dor.  Vendo que a serpente estava fraca agora, o homem fez um cesto de vime no qual colocou a serpente. Então o carregou para a vila e o fez fazer performance para a multidão.  Negro ou azul ou o que mais, figura redonda ou figura quadrada, pequeno ou grande – o que quer que o brahmin desejasse o Grande Ser faria, dançando, espalhando sua crista como centenas ou como milhares ( isto é, pela sua velocidade de movimento aparecendo com milhares de cristas ). O Povo ficou tão agraciado que deu muito dinheiro : em um dia ele conseguiu mil rúpias e coisas de valor ouras mil rúpias.   No princípio o homem tinha intenção de deixá-lo ir livre quando já tivesse ganho mil peças de dinheiro ; mas quando a conseguiu, ele pensou, “Em uma vila pequena da fronteira  ganhei tudo isto : de reis e cortesãos quanta riqueza não ganharei !”  Então comprou um carreto e uma carruagem, no carreto colocando seus pertences enquanto sentava na carruagem.  Assim com um bando de ajudantes ele atravessava vila e cidade, fazendo a performance do Grande Ser e seguiu com a intenção de mostrá-lo ao Rei Uggasena em Benares ( Varanasi ); e depois então o deixaria ir. 

 

              Ele costumava matar sapos e dá-los à serpente real.  Mas a serpente toda vez recusava comer, de modo que nada podia ser morto para ela.  Então o homem deu a ele mel e milho torrado. Mas o Grande Ser recusou comer estes também ;  pois ele pensou, “Se comer comida, ficarei nesta cesta até morrer.” 

 

     No período de um mês o brahmin chegou em Benares ( Varanasi ). Lá ele ganhou muito dinheiro fazendo a performance da serpente nas vilas além dos portões. O rei também o chamou e pediu para ver a performance :  o homem prometeu para de manhã, que era o último dia da meia lua.  Então o rei enviou um  tambor batendo ao redor da cidade com a proclamação que de manhã uma cobra real dançaria no palácio da corte ; que o Povo então se reúna em multidões para vê-la. Dia seguinte o jardim da corte do palácio estava adornado e o brahmin chamado. Ele trouxe o Grande Ser em uma cesta em joias num tapete bonito, que colocou no chão e ele mesmo tomou um assento.  O rei desceu do pavimento de cima e sentou em seu assento real no meio de uma grande reunião do Povo. O brahmin tirou para fora o Grande Ser e o fez dançar. O Povo não conseguia ficar parado : milhares de lenços balançavam nos ares ; uma chuva de joias dos sete tipos caíram sobre o Bodhisatva. 

 

             Era agora lua cheia desde que a Serpente foi pega : e por todo este tempo ela não comeu nada.  Agora Sumana começou a pensar - “Meu querido marido demora a chegar. Faz um mês desde que ele não voltou : qual será o problema ?”  Então ela foi e olhou no lago afortunado : vejam, àgua estava vermelha qual sangue !  Então ela soube que ele devia ter sido pego por um encantador de serpentes.  Saiu do palácio e foi até o cupinzeiro ; ela viu o lugar em que ele fora pego e depois o lugar em que ele foi atormentado e ela chorou. Então ela foi para a vila da fronteira e investigou ; e descobrindo todos os fatos foi para Benares e no meio do Povo acima do paço do palácio nos ares ela permaneceu chorando então.  O Grande Ser enquanto dançava olhou para os ares e a viu e ficando envergonhado  entrou para dentro da sua cesta e lá ficou.  Quando ele entrou para dentro da cesta o rei gritou, “Qual é o problema agora ?”  Olhando para um lado e outro, ele a viu pousada nos ares e recitou a primeira estrofe :

 

              Quem é aquela que brilha qual relâmpago ou igual estrela luminosa ?

               Deusa ou Titã ? Me parece que ser humano você não é. 

 

  O conversa deles é dada nas estrofes seguintes :

 

            Não sou deusa, nem Titã, nem humana, poderoso rei !

            Fêmea da espécie das serpentes, venho para um certo assunto.

 

             Cheia de ira e raiva você se mostra

             Dos seus olhos lágrimas fluem :

                  Diga que erro ou que desejo

             A traz aqui, senhora ?  Quero saber.

 

            Serpente rastejante, feroz qual chama

           Assim o chamam : aquele lá veio,

                  O prendeu para lucrar, senhor :

           Liberdade para meu marido clamo ! 

 

           Como pode tal sujeito esfomeado

           Pegar uma criatura cheia de poder ?

                   Filha das serpentes, diga,

           Como considerar a serpente retamente ?

 

          Tal é seu poder, que mesmo esta cidade

           Ele poderia queimar abaixo em cinzas.

                  Mas ele ama o caminho sagrado,

           E busca renome em austeridade. 

 

Então o rei perguntou como pode o homem prendê-lo. Ela respondeu na seguinte estrofe : 

 

  Nos dias santos ( décimo quarto e décimo quinto são nomeados ) a serpente real

           Na encruzilhada costuma observar

                    Votos sagrados : um malabarista o pegou.

           Liberte meu marido em consideração a mim !  

 

     Após estas palavras ela adicionou ainda estas outras duas estrofes, suplicando a libertação dele : 

 

               Vejam, dezesseis mil mulheres bonitas com joias e com anel,

               Debaixo das águas o contam como refúgio e como rei.

 

               Com justiça e com gentileza liberte-o,

               Compre a liberdade da Serpente,

                      Com ouro, cem vacas, uma cidade :

               Isto te fará ganhar mérito. 

 

   Então o rei recitou três estrofes : 

 

             Com justiça e com gentileza veja

             Compro a liberdade da Serpente

                  Com ouro, cem vacas, uma cidade

             Isto me fará ganhar mérito. 

 

          Te dou um brinco joia, cem dracmas de ouro

          Um amável trono qual flor do linho com almofadas quatro.

 

   Um touro, cem vacas, duas esposas de igual nascimento que o teu :

            Liberte a Serpente santa : o gesto será meritório. 

 

A isto o caçador respondeu :

 

         Não quero presentes, sua majestade,

         Mas deixe a Serpente agora ir livre.

                Assim agora liberto a Serpente :

       O gesto será meritório. 

 

Após esta fala ele tirou o Grande Ser  da cesta.  O Rei Serpente saiu e rastejou para dentro de  um arbusto onde ele largou sua forma e reapareceu na forma de um jovem homem magnificamente adornado : lá ele ficou, como se tivesse fendido a terra e saído de dentro dela.  E desce do céu Sumana e fica do lado dele. O Rei Serpente  ficou de mãos juntas reverenciando em respeito o rei. 

 

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        Para tornar tudo claro, o Mestre recitou duas estrofes : 

 

     O Rei Serpente Campeyyaka dirigiu-se ao Rei, agora liberto : 

  ‘Ó Rei de Kasi, senhor acolhedor, toda a honra agora para ti !

A ti reverencio, antes de voltar para ver minha casa.

 

   Seres sobre-humanos podem

    Dificilmente ganhar crédito, dizem.

          Se falas a verdade, Ó Serpente,

  Onde é seu palácio ? Mostre o caminho.

 

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        Mas o Grande Ser para se fazer acreditado, jurou um juramento como segue nestas duas estrofes : 

 

                        Deve o vento mover alta montanha,

                       Sol e Lua cair do céu,

                               Fluir contracorrente os rios que correm

                    Eu, Ó Rei ! Nunca poderia mentir.  

 

                   Divida-se o céu, o mar seque,

                   A abundante mãe terra erre

                          A roda enrugada, desenraíze o monte Meru,

                 Ainda assim, Ó Rei, eu não poderia mentir !  

 

    Mesmo assim apesar desta afirmação, ele ainda não acreditava no Grande Ser e disse -

                            Seres sobrehumanos podem

                            Dificilmente ganhar crédito, dizem.

                            Se falas a verdade, Ó Serpente,

                          Onde é teu palácio ? Mostre o caminho.

 

 

      Novamente ele repetiu a mesma estrofe, adicionando, “Você deve estar agradecido pelas boas obras que obrei : se acho que você está certo ou não, contudo, isto eu decido.”  Isto ele tornou claro na próxima estrofe :

 

                       De veneno mortal, cheio de força,

                        Rápido na confusão , brilhante em luz,

                                   Foste libertado por mim da prisão :

                        Então gratidão é meu direito. 

 

     O Grande Ser fez um juramento assim, para ganhar o seu crédito :

 

                          Aquele que boa ação não retribui,

                          Felicidade nunca conhecerá : 

                                  Morrerá na prisão de cesta,

                          Ele em ínfero horrível arderá ! 

 

   Agora o rei acreditou nele e agradeceu assim : 

 

                        Como este voto teu é vero

                        Ira abandonada e raiva evitada :

                                Como fugimos do fogo no verão, 

                        Possam os pássaros-roc fugirem de ti !  

                  

O Grande Ser também por sua parte disse outra estrofe querendo agradecer o rei :

 

                 Qual mãe teria feito

                 A um amado filho único,

                     És gentil com todas as serpentes :

                 Te serviremos, todos nós, cada um. 

 

    Agora o rei estava ansioso para visitar o mundo das serpentes, deu ordem para que seu exército se aprontasse para partir com a seguinte estrofe : 

 

                 Atrelem os carros reais e aguardem

                 Mulas Cambodjanas às mãos,

                       Elefantes em arreios dourados :

                Visitaremos a terra das serpentes !  

 

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    A próxima estrofe é da Perfeita Sabedoria : 

 

                  Apertem os tamborins, toquem os tambores

              Concha e címbalo sons e zunidos

                    Glorioso no meio de uma hoste e mulheres

            Vejam Rei Uggasena vem. 

 

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         Naquele momento ele deixou a cidade, o Grande Ser através de seu poder tornou visível no mundo das serpentes os muros protetores feitos com as sete coisas preciosas, e as torres portões de entrada e toda a estrada de chegada no domicílio das serpentes ele fez que que se adornasse gloriosamente.  Por esta estrada o rei com seus seguidores entrou no palácio e viu o delicioso lugar com as mansões dentro.

 

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     Explicando isto, o Mestre disse : 

 

            O Senhor de Kasi viu o chão polvilhado com pó de ouro,

     Belas flores de coral cor espalham-se ao redor, torres douradas por todo lado.

 

        Então o Rei entrou nos divinos salões de Campeyya, 

        Que qual raio brônzeo ou Sol vermelho brilhavam. 

 

     Nos divinos salões de Campeyya o Rei fez sua entrada : 

    Milhares de perfumes no ar, milhares de árvores dando sombra. 

 

    Dentro do palácio de Campeyya certa vez o Rei andou,

    Harpas celestiais tocavam, belas donzelas serpentes dançavam. 

 

                       Lhe é apresentado um assento dourado

                       Estofado e com cheiro de sândalo

                              Onde um bando de belas donzelas

                        Caminhavam pelas salas em pés aglomerados. 

 

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       Logo ele estava lá sentado colocaram diante dele comida divina de sabores escolhidos e deram também para as dezesseis mil mulheres e o resto da companhia. Por sete dias ele e sua comitiva partilharam da divina comida e bebida e gozaram todo tipo de prazer.  Sentado em seu belo assento ele louvou a glória do Grande Ser. “Ó Rei das serpentes”, ele disse, “por que largaste toda esta magnificência para deitar num cupinzeiro no mundo dos seres humanos e guardar os votos de dia de jejum ?” O outro lhe disse. 

 

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       Para explicar isto o Mestre disse :

 

              Lá o Rei agraciado estava

              Para Campeyya então ele fala : 

              ‘Gloriosas mansões estas tuas ! 

               Vermelhas igual ao Sol elas brilham.

              Iguais na terra não se vê : 

              Por que você queria ser eremita  ? 

 

           Lindas e belas estas donzelas estão,

              Que com esguios dedos seguram

          Bebidas em ambas mãos pintadas de vermelho,

          Seios e corpo cingidos com ouro. 

          Tais na terra não se vê : 

           Por que querias tu ser eremita ?     

         

         Rio, lago de peixe, belos quais vidros,

         Cada um com bem construídas escadas de acesso,

         Tais na terra não se vê : 

          Por que querias tu ser eremita ? 

 

          Garça, Pavão, gansos celestiais,

         Encantos de cuco iguais a estes,

         Tais na terra não se vê : 

         Por que tu querias ser eremita ?

 

         Manga, salgueiro e tilak florescem,

         Cássia, Begônia crescem plenamente

         Tais na terra não se vê :

        Por que tu querias ser eremita ? 

 

       Vejam os lagos !  E soprando por cima

       Aromas divinos em cada praia :

       Tais na terra não se vê :

       Por que tu querias ser eremita ? 

 

       Não pela vida, por filhos, nem riqueza

       Luto comigo mesmo ; 

       É minha ambição, s’eu puder,

       Nascer novamente ser humano.  

 

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         A esta resposta o rei respondeu :  

 

                         Bravamente vestido, olhos vermelhos e turvos,

                        Ombros largos, cabeça e barba raspada

                               Como um anjo Rei direcionando-se a

                       Todo o mundo, de sândalo untado

                               

                        De grande poder, com força divina,

                        Senhor de todos os desejos, incline,

                                 Rei Serpente, resolva minha questão -

                        Como nosso mundo ultrapassa o teu ? 

 

   Isto foi respondido pelo Rei Serpente como segue : 

 

                      Vem controle e purificação quando

                      Alguém está no mundo dos seres humanos,

                                Somente lá : uma vez ser humano, nunca mais

                      Verei nem nascimento nem morte novamente. 

 

O rei escutou e então respondeu : 

 

                        Certamente é bom venerar o sábio 

                        Em quem profunda sabedoria e altos pensamentos surgem.

                        Quando vejo você e todas estas donzelas,

                        Farei obras boas de todo tipo. 

 

A ele o Rei Serpente disse : 

  

                      Certamente é bom venerar o sábio

                      Em quem profunda sabedoria e altos pensamentos surgem.

                      Quando a mim e todas estas donzelas você vê,

                      Então farás obras boas de todo tipo. 

 

  Após esta fala, Uggasena desejou partir e pediu licença dizendo, “Rei Serpente, já fiquei muito aqui devo partir.”  O Grande Ser apontou para seu tesouro e ofereceu a ele o que quer que quisesse pegar, dizendo isto,   

 

                    Renuncio a isto, ouro incontável,

                    Pilhas de prata do tamanho de árvores, veja ! 

                           Pegue e faça para você muralhas de prata,

                   Tome e faça casas de ouro. 

 

                  Pérolas, cinco mil carretos, eu acho,

                  Reluzindo coral no meio delas,

                          Pegue e espalhe-as no teu palácio

                  Até que nem terra nem poeira possam ser vistos. 

 

                Tal mansão como falo

                 Construa e lá, Ó monarca ! viva :

                          Rica será a cidade de Benares : 

                 Legisle-a sabiamente, legisle-a bem. 

 

    O rei concordou com esta sugestão. Então o Grande Ser enviou proclama pela cidade batendo o tambor : “Que todos os ajudantes do rei peguem o que quiserem  de riqueza, ouro e joias !”  E ele enviou o tesouro para o rei carregado em várias centenas de carretos. Após isto o rei deixou o mundo das serpentes com grande pompa e retornou para Benares. A partir daquele tempo, dizem, o chão era todo dourado por toda Índia. 

 

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              Este discurso terminado, o Mestre disse, “Assim sábios antigos deixaram as glórias do mundo das serpentes para manter os votos de dias de jejum.”  Então ele identificou o Jataka :  “ Naquele tempo, Devadatra era o encantador de serpente, a mãe de Rahula era Sumana, Sariputra era Uggasena e eu mesmo era Rei das Serpentes Campeyya.”