segunda-feira, 11 de abril de 2016

498 Buddha e Ananda




           ( Buddha e Ananda, Ajanta )


498
Toda boa ação...etc.”- Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana, sobre dois sacerdotes seguidores de Maha Kassapa, que viviam felizes juntos. Este par, nos é dito, eram muito amigos e dividiam todas as coisas com a maior justiça : mesmo quando andavam em coleta de ofertas, juntos saíam e juntos chegavam e não suportavam ficar separados. No Salão da Verdade sentavam os Irmãos, louvando amizade deles, quando o Mestre chegou e perguntou o quê conversavam lá sentados. Eles disseram ; e ele respondeu, “A amizade deles em uma existência, Irmãos, não tem nada de extraordinário ; pois sábios antigos guardavam amizade inquebrável durante três ou quatro existências diferentes.” Assim falando ele contou-lhes uma história do passado.

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Certa vez, no reino de Avanti, na cidade de Ujjeni, reinava um grande rei chamado Rei Avanti. Naquele tempo, uma vila Candala existia fora de Ujjeni e lá o Grande Ser nasceu. Outra pessoa nasceu, o filho da irmã da sua mãe. Um destes dois foi chamado Citta e o outro Sambhuta.

Estes dois quando cresceram, tendo aprendido a arte de varrer da casta Candala, pensaram que um dia iriam ao portão da cidade e apresentariam esta arte. Então um deles se apresentou no portão norte e o outro no leste. Bem, nesta cidade haviam duas mulheres sábias em augúrios de visão, uma filha do mercador e outra do capelão. Elas foram ao parque se divertir, tendo encomendado comida macia e dura, guirlandas e perfumes ; e aconteceu que um saiu pelo portão norte e outra pelo leste. Vendo os dois jovens candalas apresentarem sua arte as garotas perguntaram “Quem são estes ?” Candalas” foram informadas. “isto é um mal agouro aos olhos !” disseram, e após lavá-los com água perfumada, voltaram. Então a multidão gritou, “Ó vis outcasts, vocês nos fizeram perder comida e bebida que não nos custariam nada !” Bateram nos dois primos e causaram-lhes muita miséria e dano. Quando recobraram seus sentidos, levantaram-se e se uniram e contaram cada um ao outro a dor que lhe caiu-lhe sobre, choros e gemidos e cogitaram o quê fazer. “Toda esta miséria caiu sobre nós,” pensavam, “devido a nosso nascimento. Nunca seremos capazes de ser Candalas ; vamos esconder nosso nascimento e ir para Takkasila ( Taxila) disfarçados de jovens brahmins e estudar lá.”Tendo tomado esta decisão, foram para lá, e seguiram seus estudos na disciplina ( lei, dharma ) de um mestre famoso. Um rumor soprou por toda a Índia que dois jovens candalas eram estudantes, e escondiam seus nascimentos. O sábio Citta teve sucesso nos estudos mas Sambhuta não.

Um dia um cidadão convidou o professor, na intenção de oferecer comida aos brahmins. Bem, aconteceu de chover naquela noite e encher todos os buracos na estrada.Cedo de manhã o professor chama Citta e diz, “Meu rapaz, não posso ir, vá junto com os jovens e pronuncie a benção, coma o quê conseguir para você e traga para casa o quê houver para mim.” Concordemente e levou os jovens brahmins e foram. Enquanto os jovens lavavam suas bocas, o Povo preparava mingau de arroz, que ofereceram pronto para eles, dizendo, “Deixe esfriar.” Antes que estivesse frio os jovens sentaram. O Povo lhes deu àgua da oferta e colocou as tigelas diante deles. O entendimento de Sambhuta estava algo confuso e imaginando que estivesse frio pegou uma bola de arroz e colocou na boca mas o queimou como uma bola quente de metal. Em sua dor saiu de si e olhando o sábio Citta, disse em dialeto Candala, “Quente, né ?” O outro esqueceu-se também e respondeu no seu linguajar,”Cuspa fora, cuspa fora.” Com isto os jovens todos se olharam uns para os outros e disseram, “Que língua é esta ?” Sábio Citta pronunciou a benção.

Quando os jovens chegaram em casa, reuniram-se em pequenos grupos e sentaram aqui e lá discutindo as palavras usadas. Descobrindo que era o dialeto dos Candalas, gritaram com eles , “Ó vis outcasts ! Vocês estavam nos enganando este tempo todo e fingindo que eram brahmins !” E bateram em ambos. Um bom homem os os mandou para fora dizendo, “Fora ! A mancha no sangue ( blot in the blood ). Saiam.Vão para algum lugar e se tornem ascetas.” Os jovens brahmins contaram ao professor que estes dois eram Candalas.

O par saiu para a floresta e lá tomaram a vida ascética e após não muito tempo morreram e nasceram novamente como filhotes de uma cerva nas margens do Nerañjara. Desde o nascimento sempre seguiam juntos. Um dia, Um dia, quando já tinham se alimentado, um caçador os espreitou debaixo d'árvore ruminando e abraçando-se
muito felizes, de cabeça focinho e chifres unidos. Ele jogou uma azagaia neles, e os matou ambos com um único golpe.

Em seguida sábio Citta nasceu em Kosambi,como filho do capelão ; o sábio Sambhuta nasceu como o filho do rei de Uttarapañcala. Desde o batismo eles podiam lembrar seus nascimentos anteriores. Mas Sambhuta não era capaz de lembrar todos sem quebras e tudo que lembrava era o quarto, o nascimento Candala ; Citta contudo lembrava de todos os quatro na ordem devida. Quando Citta estava com dezesseis anos de idade, ele saiu e tornou-se asceta no Himalaia e desenvolveu a Faculdade do ênstase religioso e habitava na benção do transe enstático. Sábio Sambhuta após a morte do pai teve o Parassol aberto sobre si e no dia mesmo da cerimônia do Parassol, no meio de grande multidão, fez um hino cerimonial e pronunciou duas estrofes em aspiração. Quando escutaram, as esposas reais e os músicos, todos cantaram,dizendo, “O hino da coroação de nosso próprio rei !” e no passar do tempo todos os cidadãos cantavam, como o hino que o rei gostava. Sábio Citta,em sua moradia no Himalaia, cogitava se seu irmão Sambhuta assumiu o Parassol ou não. Percebendo que sim, pensou, “Nunca serei capaz de instruir um governante jovem ; mas quando ele estiver velho o visitarei para o persuadir a se tornar asceta.” Por cinquenta anos ele não foi e neste tempo o rei tinha crescido em filhos e filhas ; então com seu poder sobrenatural ele foi e pousou no parque e sentou no assento cerimonial como uma imagem dourada. Justo então um rapaz catava lenha e enquanto fazia isto cantava aquele hino. Sábio Citta chamou-o para que se aproximasse ; ele veio fazendo reverência e esperou. Citta disse a ele, “Desde cedo de manhã você está cantando este hino ; não conheces outro ?” - “Oh, sim, senhor, conheço muitos outros mas estes são os versos que o rei gosta, por isto não canto os outros.” - ”Há alguém que possa cantar uma estrofe para o hino do rei ?” - “Não, senhor.” - “você poderia ?” - “Sim, se me for ensinada uma.” - “Bem, quando o rei cantar estas duas estrofes, você canta esta a guisa de terceira,” e ele recitou um hino. “Bem,” disse ele, “Vá e cante isto diante do rei e o rei ficará agraciado com você e te elevará por causa disto.” O rapaz dirigiu-se rapidamente até a mãe e aprontou-se impecavelmente ; e na porta do rei enviou mensagem que um rapaz cantaria para ele uma estrofe do seu hino. O rei disse, “Deixe-o se aproximar.” Quando o rapaz veio e o saudou cotejou o rei, “Dizem-me que você me cantará uma resposta ao meu hino ?” “Sim, meu senhor,” disse ele, “traga toda a corte para escutar.” Logo que a corte estava reunida, o rapaz disse, “Cante teu hino, meu senhor, e te responderei com o meu.” O rei repetiu um par de estrofes :

Toda ação boa produz fruto cedo ou tarde,
Nenhum ato sem resultado, nada em vão :
Vejo Sambhuta poderoso, grande e crescido
Assim suas virtudes produzem fruto novamente.

Toda ação boa produz fruto cedo ou tarde,
Nenhum ato sem resultado, nada em vão.
Quem sabe se Citta também pode ser grande,
E como eu mesmo, seu coração lhe trouxe ganho ?

No final deste hino, o rapaz cantou a terceira estrofe :

Toda ação boa produz fruto cedo ou tarde,
Nenhum ato sem resultado, nada em vão.
Contemple, meu Senhor, veja Citta no portão,
E como ti mesmo, seu coração lhe trouxe ganho.

Escutando isto o rei repetiu a quarta estrofe :

Então és tu Citta, ou escutaste a história,
Dele ou outro te fez conhecer ?
Teu hino é melodioso : nada temo ;
Uma cidade e cem dinheiros te concedo.

O rapaz repetiu a quinta estrofe :

Não sou Citta mas escutei a coisa.
Foi um sábio que me deu este comando -
Vá e recite uma resposta ao rei,
E seja premiado pela mão grata dele.

Escutando isto, o rei pensou, “Deve ser meu irmão Citta ; agora irei e o verei” ; deu as ordens a seus homens nas palavras destas duas estrofes :


Venham, atrelem as carruagens reais, tão finamente trabalhadas e construídas.
Engrinaldem com guirlandas os elefantes, em colares brilhantes arreados.

Batam tambores de alegria e e deixem as conchas serem sopradas,
Para mim a carruagem mais rápida :
Pois saio para aquele eremitério,
Para ver o sábio que senta lá dentro, neste dia.

Assim ele falou ; então subindo na rica carruagem, saiu rapidamente para o portão do palácio. Lá parou a carruagem e aproximou-se do sábio Citta com uma reverência e sentou em um dos lados ; altamente agraciado recitou a oitava estrofe :

Um hino precioso eu cantava bem melodioso
Enquanto multidão aglomerada ao redor me pressionava ;
Agora a este sábio santo venho saudar
E tudo é alegria e satisfação em meu coração.

Feliz no instante que viu sábio Citta, deu todas as ordens necessárias, mandando que se preparasse um assento para seu irmão e repetiu a nona estrofe :

Aceite um assento e para seus pés água fresca : é direito
Oferecer comidas a convidados : aceite, pois convidamos.

Após este doce convite, o rei repetiu outra estrofe, oferecendo-o metade do reino :

Vamos então alegrar o lugar onde morarás,
Multidões de mulheres te servindo ;
Ó, deixem-me te mostrar que gosto de ti,
E reis juntos aqui sejamos.

Quando escutou estas palavras, sábio Citta discursou para ele em seis estrofes :

Vendo o fruto das ações ruins, Ó rei,
Vendo o ganho que ações boas trazem,
Satisfeito exercito rígido auto controle,
Filhos, riqueza e gado não podem encantar minh'alma.

Dez décadas tem esta vida mortal, que sucede uma a uma :
Este limite alcançado, o ser humano seca rápido qual caniço quebrado.

Então o quê é prazer, amor, caçar riquezas, para mim ?
O quê filhos e filhas ? Saiba, Ó rei, sou livre de grilhões.

Pois isto é verdade, sei bem – morte não me ignorará :
E o quê é amor, o quê é riqueza, quando deves morrer ?

A raça mais baixa que anda em dois pés
São os Candalas, os mais vis sobre a terra,
Quando todas as nossas ações estavam maduras, qual prêmio de encontro
Nós dois como jovens Candalas tivemos nossos nascimentos.

Candalas na terra Avanti, cervos em Nerañjara, águias pescadoras em Nerbudda, agora brahmin e Kshatria.

Tendo assim tornado claro seus nascimentos baixos, aqui também neste nascimento ele declara a impermanência das coisas criadas e recita quatro estrofes para fazer surgir uma força :

Vida é curta e o fim deve ser a morte :
O velho não tem onde se esconder e fugir.
Então, Ó Pañcala, o que te peço, faça :
Evite todos os atos que fazem crescer sofrimento.

Vida é curta e o fim deve ser a morte :
O velho não tem onde se esconder e fugir.
Então, Ó Pañcala, o que te peço, faça :
Evite todos os atos cujo fruto é sofrimento.

Vida é curta e o fim deve ser a morte :
O velho não tem onde se esconder e fugir.
Então, Ó Pañcala, o que te peço, faça :
Evite todos os atos manchados de paixão.

Vida é curta e o fim deve ser a morte :
A velhice vai exaurir nossa força.
Então, Ó Pañcala, o que te peço, faça :
Evite todos os atos que levam ao mais baixo ínfero.

O rei alegrou-se enquanto o Grande Ser falava e repetiu três estrofes :

Verdadeira é esta palavra, Ó Irmão ! Que dizes,
Tu qual homem santo tuas palavras injunge :
Mas meus desejos são duros de jogar fora,
Por tal como eu ; eles são grandes.

Como elefantes afundados em mangue
Não podem subir para terra apesar de vê-la
Assim, afundado no atoleiro do forte desejo
No Caminho da Irmandade não posso permanecer.

Como pai ou mãe a seu filho
Aconselharia, como crescer bem e feliz ;
Aconselhe-me como felicidade é ganha,
E diga-me por qual caminho devo seguir.

Então o Grande Ser disse a ele :

Ó senhor dos homens ! Tu não podes jogar fora
As paixões comuns a humanidade :
Que teu Povo não pague taxas injustas,
Lei justa e igual possam encontrar.

Mande mensageiros ao norte, sul, leste e oeste
Convidando brahmins e ascetas :
Forneça-lhes comida e bebida, lugar para descansar,
Roupas e todos os outros requisitos.

Dê tu comida e bebida que satisfaça
Sábios e brahmins santos, cheios de fé :
Aquele que dá e legisla como nele se dispõe
Irá para o céu sem culpa após a morte.

Mas se cercado por tuas mulheres
Sentires tua paixão e desejo muito fortes,
Este verso de poesia então carregue na mente
E o cante no meio da multidão :

Nenhum telhado para cobrir o céu, deita entre cães,
Sua mãe o alimentava enquanto andava : mas ele é rei ho-je.

Tal foi o conselho do Grande Ser. Então ele disse, “Te dei o meu conselho. E agora você se torna um asceta ou não, como pensares adequado ; mas seguirei subindo para os resultados de meus próprios atos.” Então ele se elevou nos ares e sacudiu a poeira de seus pés em cima do outro e partiu para o Himalaia.E o rei viu isto e ficou movido grandemente ; e abandonou o reino para seu filho mais velho, chamou seu exército para fora e dirigiu sua face para os Himalaias.. Quando o Grande Ser escutou de sua vinda, ele foi com ajudantes sábios recebê-lo e ordenou-o para a vida religiosa e o ensinou os meios de induzir o ênstase místico. Ele desenvolveu a Faculdade da meditação mística. Assim estes dois juntos tornaram-se destinados ao mundo de Brahma.

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Quando o Mestre terminou este discurso ele disse : “Assim, Irmãos, sábios antigos continuam amigos firmes através do percurso de três ou quatro existências.” Então ele identificou o jataka : “Naquele tempo Ananda era o sábio Sambhuta e eu mesmo era o sábio Citta.”



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