( Pintura de teto de Ajanta, Índia )
497
“De
onde vens ... etc.” - Esta história o Mestre contou enquanto
residia em Jetavana, sobre o rei hereditário Udena. Naquele
tempo, o reverendo Pindola-bharadvaja passando por Jetavana pelos
ares, costumava geralmente passar o calor do dia no parque do rei
Udena em Kosambi. O Ancião, nos foi dito, foi rei em uma
existência anterior e por um longo tempo gozou de glória
naquele mesmo parque com seu séquito. Por virtude do bem por
ele realizado então, costumava sentar lá no calor do
dia, gozando da benção da Consecução que
era seu fruto.
Um
dia ele estava naquele lugar, sentado debaixo de um salgueiro em
flor, quando Udena chegou no parque com um largo número de
seguidores. Por sete dias ele bebeu pesado e desejava o prazer do
parque. Deitou num assento real nos braços de uma de suas
mulheres e estando ébrio logo dormiu. Então as mulheres
que sentavam ao redor cantando largaram seus instrumentos musicais e
vagaram pelo parque catando flores e frutos. Logo viram o Ancião
e aproximaram-se saudaram-no e sentaram do lado. O Ancião
sentado onde estava discursou para elas. A outra mulher balançou
os braços e acordou o rei, que disse, “Onde aquelas
desleixadas foram ?” Ela respondeu, “Elas estão sentadas
em anel ao redor de um asceta.” O rei ficou irado e foi até
o Ancião, xingando e brigando : “Fora daqui, o farei ser
devorado por formigas vermelhas !” Assim enraivecido fez com que uma
cesta cheia de formigas vermelhas fosse jogada em cima do corpo do
Ancião. Mas o Ancião elevou-se nos ares e aconselhou o
rei ; então foi para Jetavana e pousou no corredor da Câmara
Perfumada. “De onde vens?” perguntou o Tathagata : e ele
contou-lhe o aconteciemnto. “Bharadvaja,” cotejou ele,, “esta
não é a primeira vez que Udena despreza um homem
religioso mas ele fez o mesmo antes.” Então à pedido
do Ancião, ele contou uma história do passado. Cf
Jatakas 409, 474 e 488.
_________________________
Certa
vez, quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ) o Grande Ser
nasceu fora da cidade, como filhode Candala e deram a ele o nome de
Matanga, o Elefante ( tb um nome da casta Candala, a mais baixa ).
Posteriormente ele atingiu sabedoria e sua fama espalhou-se
publicamente como o Sábio Matanga. Bem, naquele tempo uma
filha de mercador de Benares, Dittha-magalika ( lit. 'aquela que viu
bons augúrios'), todo mês ou dois,costumava vir e
brincar no parque com uma multidão de companheiros. Um dia, o
Grande Ser foi à cidade em algum negócio e enquanto
entrava no portão da cidade encontrou Dittha-mangalika. Ele
saiu de lado e permaneceu totalmente quieto. Atrás de sua
cortina Dittha-mangalika o espiou e perguntou, “Quem é
aquele ?” “Um Candala, minha senhora.” “Bah,” ela disse,
“vi algo que traz má sorte,” e lavando seus olhos com
água perfumada deu as costas. O Povo que estava com ela
gritou, “Ah, outcast bandido, fizeste-nos perder bebida e comida
livre ho-je !” Com raiva eles socaram Matanga o sábio com
as mãos e os pés, o fizeram perder os sentidos e foram
embora. Após um pouco ele recobra a consciência e pensa,
“A multidão ao redor de Dittha-mangalika me bateu sem
nenhuma razão, um homem inocente. Não vou arredar o pé
enquanto não a tiver , nem um momento antes.” Com esta
resolução, ele foi e deitou na porta da casa do pai
dela. Quando perguntaram a ele por quê deitava lá, sua
resposta foi, “Tudo que eu quero é Dittha-mangalika.” Um
dia passou, depois um segundo, um terceiro, quarto, quinto e sexto. A
resolução dos Buddhas é imovível ;
portanto no sétimo dia eles trouxeram fora a garota e a deram
a ele. Então ela disse, “Levante-se, mestre, e vamos para
tua casa.” Mas ele disse, “Senhora, apanhei bastante de teu
Povo, estou fraco, ponha-me nas tuas costas e carregue-me.” Assim
ela fez e em plena visão dos cidadãos saiu da cidade
para a colônia Candala.
Lá
por uns poucos dias o Grande Ser a manteve, sem transgredir qualquer
regra da casta. Então ele pensou, “Somente renunciando o
mundo e e de nenhum outro jeito, serei capaz de mostrar alta honra a
esta senhora e lhe dar os melhores dons.” Então ele disse a
ela, “Senhora, se não catar nada na floresta, não
podemos viver. Vou para a floresta ; espere até eu retornar e
não se preocupe.” Ele deixou ordens para os empregados não
a esquecerem e foi para a floresta e abraçou a vida de asceta
religioso, com toda a diligência ; de modo que em sete dias ele
desenvolveu as Oito Consecuções e as Cinco Faculdades
Sobrenaturais. Então ele pensou,”Agora serei capaz de
proteger Dittha-mangalika.” Com seu poder sobrenatural ele voltou
e pousou no portão da vila Candala, de onde procedeu para a
porta da casa de Dittha-mangalika. Ela, quando escutou do seu
retorno, saiu, e começou a lamentar dizendo, “Por quê
me abandonaste, mestre, e te tornaste um asceta ?” Ele disse, “Não
se preocupe,senhora, agora te farei mais gloriosa do que a glória
que tiveste antes. Serias capaz de dizer nomeio do Povo apenas isto :
'Meu marido não é Matanga mas o Grande Brahma' ?”
“Sim, mestre, posso dizer isto.” “Muito bem, quando perguntarem
a você onde está teu marido, deves responder, 'Ele foi
para o céu de Brahma'. Se eles perguntarem, quando ele voltará
você deve dizer, 'Em sete dias ele virá, quebrando o
disco da lua quando estiver cheia'.” Com estas palavras, ele foi
embora para o Himalaia.
Bem
Dittha-mangalika falou o que a ela foi dito aqui e lá em
Benares, nomeio de uma grande multidão. O Povo acreditou
dizendo, “Ah,ele é Grande Brahma e por isto não
visita Dittha-mangalika mas acontecerá assim e assim.” Na
noite da lua cheia, no momento que a lua estava na metade do seu
curso, o Bodhisatva assumiu a aparência de Brahma e no meio de
um brilho de luz que preencheu todo o reino de Kasi e a cidade de
Benares extensa doze léguas, atravessou o disco da lua e desceu
: três vezes fez o circuito acima da cidade de Benares e recebeu
veneração de uma grande multidão com guirlandas
perfumadas e tais coisas, e então virou seu rosto em direção
à cidade Candala. Os devotos de Brahma reuniram-se juntos e
foram para a cidade Candala. Eles cobriram a casa de
Dittha-mangalika com roupas brancas, varreram o cão com as
quatro essências cheirosas, espalharam flores, queimaram
incenso, abriram um toldo, preparam um assento esplêndido,
acenderam uma lâmpada de óleo de essência,
depositaram na porta areia branca e macia como prato de prata,
espalharam flores ( novamente ) , levantaram bandeiras. Diante da
casa assim decorada o Grande Ser desceu e entrou, e sentou um pouco
no assento. Naquele momento Dittha-mangalika estava fértil. O
polegar dele tocou o umbigo dela e ela concebeu. Então o
Grande Ser disse a ela, “Senhora, você está grávida,
e deves dar à luz um filho ; tu e teu filho devem receber
a mais alta honra e tributo ; àgua que lava teus pés
será usada pelos reis para a aspersão cerimonial por
toda a Índia, àgua que você se banha será
um elixir de imortalidade, aqueles que a aspergirem em suas cabeças
serão livres de todas as doenças e não
conhecerão má sorte, aqueles que colocarem a cabeça
nos teus pés e te saudarem devem doar mil peças de
dinheiro, aqueles que em pé te escutam e te saúdam
devem doar cem peças de dinheiro, e aqueles que permanecem
`tua vista e te saúdam devem doar uma rúpia cada.
Esteja vigilante !” Com este conselho, diante da multidão,
ele elevou-se e re-entrou na lua.
Os
devotos de Brahma reuniram-se e permaneceram lá por toda a
noite ; de manhã a fizeram entrar em um palanquim de ouro e a
elevando acima de suas cabeças, a carregaram para a cidade. Um
grande ajuntamento veio até ela, gritando alto, “A esposa do
Grande Brahma !” e a venerou com grinaldas cheirosas e tais
coisas ; aqueles que foram permitidos deitar a cabeça nos pés
dela e a saudar deram uma bolsa de mil dinheiros, aqueles que a
escutam e saúdam cem dinheiros, aqueles que a saúdam
avistando-as de pé, uma rúpia cada. Assim eles
percorreram toda a cidade de Benares, doze léguas extensa e
receberam uma soma de 18 crores ( cento e oitenta milhões ).
Tendo
assim feito o circuito da cidade, eles a trouxeram para o centro e lá
construíram um grande pavilhão e colocaram cortinas ao
redor dele, e a fizeram residir lá no meio de muita glória
e prosperidade. Diante do pavilhão, começaram a
construir sete grandes portões de entrada e um palácio
com sete andares : muito mérito novo foi estabelecido por
conta disto.
Neste
mesmo pavilhão, Dittha-mangalika deu à luz um filho. No
seu dia de batismo, os brahmins reuniram-se e o chamaram
Mandavya-kumara, o Príncipe do Pavilhão porque nasceu
lá. Em dez meses o palácio estava terminado : a partir
daí ela passou a morar nele, honrada altamente. E Príncipe
Mandavya cresceu no meio de grande magnificência. Quando ele
estava com sete ou oito anos, os melhores professores no comprimento
e na largura de toda a Índiareuniram-se e ensinaram a ele os
três Vedas. A partir dos dezesseis anos de idade fornecia
comida para os brahmins e dezesseis mil brahmins eram alimentados
continuamente ; na quarta guarnição de portão as
ofertas eram distribuídas para os brahmins.
Bem,
em um grande dia de festival prepararam uma quantidade de mingau de
arroz e dezesseis mil brahmins sentaram na quarta guarnição
de portão e partilhou desta comida , acompanhada de ghee
fresca amarela dourada, mel cozido e pedaço de rapadura ; e o
príncipe ele mesmo brilhantemente adornado com joias,
sandálias douradas nos pés e uma vara de ouro fino nas
mãos, andava ao redor e dando ordens, “Ghee aqui, mel aqui.”
Naquele momento, o sábio Matanga sentado em seu eremitério
nos Himalaias, virou seus pensamentos para ver que novidades havia do
filho de Dittha-mangalika. Percebendo que ele ia pelo caminho errado,
pensou, “Ho-je irei e converterei o jovem e o ensinarei como
ofertar de modo que a oferta traga muito fruto.” Ele foi pelos
ares para o Lago Anottata e lá lavou os dentes e assim por
diante ; de pé no distrito de Manosila, vestiu um par de
roupas coloridas, cingiu o cinto, colocou o manto remendado, pegou a
tigela de barro, e foi pelos ares para o quarto portão onde
pousou justo junto do salão de ofertas e ficou em um lado.
Mandavya, olhando para um lado e outro, o espreitou. “De onde
vens,” gritou ele, “você asceta, aborto outcast, um duende
e não gente ?” e repetiu a primeira estrofe :
De
onde vens, vestido em roupas sujas,
Uma
criatura vil e tipo duende, prego,
Manto
de retalhos remendados no peito,
Desmerecedor
de um presente – diga, quem és tu ?
O
Grande Ser escutou, e então com coração gentil se
dirigiu a ele nas palavras da segunda estrofe :
A
comida, Ó nobre senhor ! está pronta correta,
O
Povo prova, come e bebe dela :
Sabe
que vivemos do que conseguimos pegar ;
Levante
! Deixe o rústico casta baixa provar um pedaço.
Então
Mandavya recitou a terceira estrofe :
Para
brahmins, para minha benção, pela minha mão
Esta
comida é feita, oferta de coração fiel.
Fora
! De que adianta ficar à minha vista ?
Isto
não é para tais como tu : vil vagabundo, saia !
Então
o Grande Ser repetiu uma estrofe :
Eles
semeiam a semente na terra alta e na baixa,
Esperando
por fruto e nos manguezais planos :
Em
tal fé como esta conceda teus dons ;
Obterás
então recebedores valiosos.
Então
Mandavya repetiu uma estrofe :
Conheço
as terras onde quero semear,
Lugares
apropriados neste mundo para sementes,
Brahmins
altamente nascidos, que conhecem escritos sacros :
Estes
são chão bom e campos férteis realmente.
Então
o Grande Ser repetiu duas estrofes :
O
orgulho de nascimento, ato estima arrogante,
Bebedeira,
aversão, ignorância e cobiça, -
Aqueles
em cujos corações estes vícios encontram lugar,
Estes
todos são campos ruins e estéreis para sementes.
O
orgulho de nascimento, ato estima arrogante,
Bebedeira,
aversão, ignorância e cobiça, -
Aqueles
em cujos corações estes vícios não
encontram lugar,
Estes
todos são campos bons e férteis para sementes.
Estas
palavras o Grande Ser repetiu várias vezes ; mas o outro ficou
irado e gritou - “O sujeito reclama muito. Onde meus porteiros
foram, que não colacam para fora o rústico ?” então
ele repetiu a estrofe :
Ei
Bhandakucchi, Upajjhaya alô !
E
onde está Upajotiya, digo ?
Punam
este sujeito, matem-no, vão -
E
pela garganta arrastem o rústico tratante para fora !
Os
homens escutaram o chamado dele, vieram correndo e o
saudaram,perguntando, “O quê devemos fazer, meu senhor ?”
“Vocês já viram antes este vil outcast ?” “Não,
senhor, não sabíamos que ele tinha entrado : ele é
um malabarista sem dúvida ou um trapaceiro esperto.” -”Bem,
por quê ficam parados aí ?” -”O quê devemos
fazer, meu senhor ?” -”Pois, batam na boca do sujeito, quebrem
sua mandíbula, rasguem suas costas com varas e porretes,
punam-no, peguem o tratante pela garganta, batam nele, fora com ele
deste lugar !” Mas o Grande Ser, para que não viessem até
ele, elevou-se nos ares e lá pousado, repetiu a estrofe :
Maltratar
um sábio ! É tão útil quanto engolir
chama acesa
Ou
morder ferro duro, ou cavar uma montanha com as unhas.
Tendo
pronunciado estas palavras, o Grande Ser elevou-se alto nos ares,
enquanto o jovem e os brahmins contemplavam a visão.
__________________
Explicando
isto, o Mestre recitou a estrofe :
Assim
falou o sábio Matanga, campeão da verdade e do direito,
Então
nos ares elevou-se para o alto diante da visão dos brahmins.
___________________
Ele
girou seu rosto para o leste e descendo em uma certa rua, com a
intenção que suas pegadas ficassem visíveis,
pediu ofertas próximo ao portão leste ; então,
tendo coletado uma quantidade de alimentos variados, sentou-se em um
certo salão e começou a comer. Mas as deidades da
cidade aproximaram-se achando intolerável que este rei falasse
assim aborrecendo o sábio deles. Assim o duende de mais idade
entre eles prendeu Mandavya pelo pescoço e o girou e os outros
prenderam os outros brahmins e giraram os pescoços deles. Por
piedade pelo Bodhisatva, eles não mataram Mandavya : “é
seu filho,” eles disseram e apenas o atormentaram. A cabeça
de Mandavya foi girada de modo que olhava para trás acima dos
ombros ; mãos e pés ficaram hirtas e duros ; seus olhos
virados para cima, como se fora homem morto : lá ele ficou
rígido. Os outros brahmins rodavam e rodavam babando cuspe
pela boca. Povo foi e falou com Dittha-mangalika, “algo aconteceu
com teu filho, minha senhora !” Ela apressou-se em ir lá e
vendo-o gritou, “Ó, o quê é isto !” e recitou
uma estrofe :
Sobre
os ombros virada está sua cabeça ;
Vejam
o braço esticado impotente !
Brancos
estão seus olhos como se mortos estivessem :
Ó,
quem obrou este dano em meu filho ?
Então
os espectadores repetiram uma estrofe, contando a ela sobre isto :
Um
eremita veio, vestido em roupas sujas ,
Uma
criatura vil e tipo duende na aparência,
Com
manto de trapos remendados no peito :
O
homem que fez isto a teu filho é este.
Escutando
isto,ela pensou : “Nenhum outro tem este poder, o sábio
Matanga sem dúvida deve ser ! Mas alguém que é
constante e cheio de boa vontade para todas as criaturas, nunca iria
embora deixando estes indivíduos em tormento. Bem em qual
direção pode ele ter ido ?” , questão que ela
colocou na estrofe seguinte :
Em
que direção foi o sábio, daqui ?
Ó
jovens nobres, prego, respondam-me isto !
Vamos
fazer reparação pela ofensa,
Para
que tragamos à vida novamente nosso filho.
Os jovens
nobres responderam-na deste jeito :
Aquele
sábio, elevou-se nos ares,
Qual lua
em meio curso de décimo quinto dia :
O sábio,
à verdade consagrado, belo de ver,
Em
direção leste ademais inclinou seu caminho.
Esta resposta
dada, ela disse, “Vou procurar meu marido !” e pedindo que
levassem com ela jarros de ouro e copos de ouro, cercada por uma
companhia de mulheres ajudantes, ela foi e encontrou o lugar onde as
pegadas dele tocaram o chão ; estas ela seguiu até o
encontrar sentado em assento comendo comida. Aproximando-se ela o
saúda e permanece parada. Vendo-a, ele coloca um pouco de
arroz cozido na tigela. Dittha-mangalika derrama água para ele
de um jarro de ouro ; ele imediatamente lava suas mãos e
enxagua a boca. Então ela disse, “Quem fez esta coisa cruel
com meu filho ?” repetindo a estrofe :
Sobre
os ombros virada está sua cabeça ;
Vejam
o braço esticado impotente !
Brancos
estão seus olhos como se mortos estivessem :
Ó,
quem obrou este dano em meu filho ?
As
estrofes que seguem são ditas pelos dois alternadamente :
Duendes
eles são, cujo poder e força são grandes,
Que
seguem sábios, belos de ver :
Eles
viram teu filho doente da mente, apaixonado,
E
trataram-no assim teu filho por ti.
Então
foram duendes que obraram esta coisa :
Não
fique irado, Ó santo homem, comigo !
Ó
Irmão ! Cheia de amor por meu filho
Aqui
me refugio, fujo para teus pés !
Então
deixe-me te dizer que minha mente não esconde
Nem
então nem agora um pensamento de inimizade :
Teu
filho, em conhecimento ilusório, bêbado de orgulho,
Não
sabe o significado dos três Vedas.
Ó
Irmão ! Verdadeiramente uma pessoa pode encontrar
Em
um triz seus sentidos todos tapados, cegos inteiramente.
Perdoe-me
este meu erro, Ó sábio sabido !
Aqueles
que sabem nunca se encolerizam em ira.
O
Grande Ser, assim pacificado por ela, respondeu, “Bem, te darei o
elixir da vida imortal, para fazer os duendes partirem ”; e ele
recitou esta estrofe :
Este
fragmento dos meus restos leve contigo,
Que
o tolo Mandavya coma um pedaço :
Teu
filho será curado, a ti restaurado,
E
deste modo os duendes libertarão sua presa.
Quando
ela escutou as palavras do Grande Ser, ela estendeu uma tigela de
ouro, dizendo, “Dê-me o elixir da imortalidade, meu senhor !”
O Grande Ser derramou nele um pouco do seu mingau de arroz e disse,
“Primeiro coloque a metade disto na boca de teu filho ; o resto
misture com água numa vasilha e coloque nas bocas dos outros
brahmins : eles todos ficaram curados.” Então ele
levantou-se e partiu para o Himalaia. Ela carregou o jarro sobre sua
cabeça, gritando, “Eu tenho o elixir da imortalidade !”
Chegando na casa, ela primeiro colocou um pouco na boca de seu filho.
O Duende fugiu ; o rei levantou e escovou a poeira, perguntando, “O
que é isto, mãe ?” -”Tu sabes muito bem o que
fizeste ; veja o estado miserável dos teus mendicantes !”
Quando ele olhou para eles, ficou cheio de remorso. Então sua
mãe disse, “Mandavya, meu querido filho, és um tolo,
e você não sabe como ofertar de modo que a oferta possa
produzir fruto. Tais como estes não são adequados para
tua bondade mas apenas aqueles como o sábio Matanga. De agora
em diante nada dê para homens ruins como estes, mas dê
para o virtuoso.” Então ela disse :-
És
um tolo, Mandavya, de pouco entendimento,
Sem
saber quando é apropriado obras boas :
Ofertas
àqueles cujo pecado é grande,
A
maldosos e intemperantes.
Roupas
de couro, uma massa de cabelos emaranhados,
Boca
igual a poço antigo coberto de grama,
E
veja as roupas de trapos que as criaturas vestem !
Mas
tolos são salvos não por tais coisas apenas.
Quando
paixão, aversão e ignorância, são
direcionados para longe dos seres humanos,
Oferte
a tais santos e calmos homens : muito fruto por isto é
produzido.
“De
agora em diante não oferte aos homens fracos como estes ; mas
quem quer que tenha atingido as oito Consecuções,
ascetas corretos e brahmins que tenham ganho as Cinco faculdades
Transcendentes, Pacceka Buddhas, para estes oferte tuas ofertas.
Venha meu filho, vamos dar a estes nossos empregados o elixir da
imortalidade, e curá-los.” assim falando, ela tomou as
sobras de mingau de arroz e colocou num jarro d'água e
aspergiu nas bocas dos dezesseis mil brahmins. Todos eles levantaram
e escovaram a poeira.
Então
estes brahmins, tendo provado as sobras de um Candala, foram
colocados como outcasts pelos outros brahmins. Envergonhados eles
partiram de Benares e foram para o reino Mejjha, onde eles viveram
com o rei daquele país. Mas Mandavya permaneceu onde estava.
Naquele
tempo havia um brahmin chamado Jatimanta, um dos religiosos, que vivia
próximo da cidade de Vettavati nas margens do rio de mesmo
nome ; e ele era um homem poderosamente orgulhoso de seu nascimento.
O Grande Ser foi lá, resolvido a humilhar o orgulho do sujeito
; e ele fez sua residência próximo do outro mas acima da
corrente. Um dia, tendo mordido uma escova de dentes, ele a deixou
cair no rio, com a resolução de que ela devia
prender-se no coque de cabelo de Jatimanta. Concordemente,enquanto
ele estava lavando-se n'água, o graveto ( da escova de dentes
) prendeu no cabelo dele. “Maldito o animal !” ele disse, quando
viu isto, “de onde veio isto, como a peste ! Vou pesquisar.” Ele
caminhou subindo a corrente e encontrando o Grande Ser, questionou-o,
“De que casta é você ?” -”Sou um Candala.”
-”Você deixou cair uma escova de dentes no rio ?” -”Sim,
deixei.” -”Animal ! Maldito sejas, vil outcast, raios te partam,
não fique aqui, mas vá para baixo da corrente.” Mas
mesmo quando ele foi viver corrente abaixo, a escova de dentes que
ele largava flutuava contra a corrente e prendia no cabelo de
Jatimanta. “Maldito sejas !” cotejou ele, “se ficares aqui, em
sete dias tua cabeça explodirá em sete pedaços
!” O Grande Ser pensou, “Se me permitir ficar irado com este
homem, não manterei minha virtude ; mas encontrarei um jeito
de quebrar o orgulho dele.” No sétimo dia, ele impediu o
nascer do Sol. Todo o mundo saiu para fora : vieram até o
asceta Jatimanta e perguntaram, “És tu senhor que impedes o
Sol de levantar ?” Ele disse, “Esta não é obra
minha ; mas há um Candala vivendo na beira do rio, e deve ser
obra dele.” Então o povo veio até o Grande Ser e
questionou-o, “És tu senhor, que impede o Sol de levantar ?”
“Sim, amigos,” ele disse. “Por quê ?” eles
perguntaram. “O asceta que é favorito de vocês me
hostiliza, um homem inocente ; quando ele vier e prostrar-se aos meus
pés pedindo misericórdia, então deixarei o Sol
ir.” Eles foram e o arrastaram e o jogaram no chão diante
dos pés do Grande Ser e tentaram apaziguá-lo dizendo,
“Senhor, prego, deixe o Sol ir.” Mas ele disse, “Não
posso deixá-lo ir ; s'eu fizer isto, a cabeça deste
homem explodirá em sete pedaços.” Eles disseram,
“Então senhor, o quê devemos fazer ?” “Tragam-me
um bocado de argila.” Eles trouxeram. “Agora coloquem ela sobre
a cabeça deste asceta e deixe o asceta embaixo d'água.”
após fazer estes arranjos, ele deixou o Sol levantar. Logo
que o Sol foi liberto, o bocado de argila dividiu-se em sete e o
asceta mergulhou debaixo d'água. Tendo assim o humilhado, o
Grande Ser ponderou : “Onde agora etão aqueles dezesseis mil
brahmins ?” Ele percebeu que eles estavam com o rei de Mejjha e
resolveu humilhá-los ; pelo seu poder sobrenatural ele pousou
na vizinhança da cidade e com tigela na mão percorreu a
cidade buscando ofertas. Quando os brahmins o perceberam,eles
disseram, “Deixemo-lo ficar aqui apenas dois dias e ele nos deixará
sem refúgio algum !” Com toda a pressa eles foram ao rei,
gritando, “Ó poderoso rei, está aqui um malabarista e
charlatão : faça-o prisioneiro !” O rei estava
pronto o suficiente. O Grande Ser, com sua mistura de alimentos,
estava sentado ao lado do muro, em um banco , comendo. Lá,
enquanto ele estava ocupado dividindo a comida, os mensageiros do rei
o encontraram e o atingiram com uma espada, matando-o. Após
sua morte, ele nasceu no mundo de Brahma. É dito que neste
jataka o Bodhisatva era um amestrador de ariranhas e nesta ocupação
servil foi assassinado. As deidades ficaram iradas e derramaram sobre
todo o reino de Mejjha uma torrente de cinzas quentes e a varreram
para fora dos outros reinos. Por isto é dito :
Então
toda a nação de Mejjha foi destruída, como
dizem,
Pela
gloriosa morte de Matanga, o reino foi varrido fora.
_____________________
Quando
o Mestre terminou este discurso, ele disse : “Esta não é
a primeira vez que Udena abusou de homens religiosos mas ele fez o
mesmo antes.” Então ele identificou o Jataka : “Naquele
tempo, Udena era Mandavya e eu mesmo era o sábio Matanga.”