https://www.ancient-buddhist-texts.net/English-Texts/Manimekhalai/index.htm
https://www.youtube.com/watch?v=WEq3C-VZIU4
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“Ó brahmin letrado ... etc.” - Esta história o Mestre contou em Jetavana, sobre a doação de todos os requisitos.
Em Savatthi, é dito, um certo irmão leigo tendo escutado o discurso ( a tardinha ) do Tathagata, agraciado de coração, fez um convite para a manhã ( seguinte ); na sua porta ele levantou um pavilhão, ricamente enfeitado, e mandou chamar ( a Sangha e o Buddha ) quando estava pronto. O Mestre foi, acompanhado dos quinhentos Irmãos e sentou em um assento bonito preparado para ele. O leigo, tendo dado muitos presentes à companhia de Irmãos encabeçada pelo Buddha, convidou-os novamente na manhã seguinte ; e assim por sete dias ele os convidou e ofereceu presentes e no sétimo deu eles a todos os Requisitos de Irmão ( três hábitos, filtro, cinto, caixa de agulha, navalha, tigela, sandália ). Neste presenteamento ele ofereceu um presente especial de sapatos. Um par de sapatos oferecido ao Buddha valia mil dinheiros, os oferecidos aos dois Discípulos Chefes ( Sariputra e Moggaallana ) valiam quinhentos dinheiros e sapatos avaliados em cem foram dados a cada um dos quinhentos Irmãos que restavam. E depois deste presenteamento de tudo que os Irmãos precisavam, ele sentou diante do Abençoado, junto com a companhia. Então o Mestre retornou os agradecimentos em voz melíflua : “Leigo, bastante munificente, generoso, são teus presentes ; fique contente. Em dias antigos, antes do Buddha ter vindo ao mundo, houve quem desse um par de sapatos a um Pacceka Buddha, e em consequência deste presente encontrar refúgio no mar onde não há qualquer refúgio ; e tu deste a toda a companhia de Buddha tudo que um Irmão pode precisar – como pode senão significar que os sapatos representarão um refúgio para ti ?” e com o pedido dele, ele contou uma história do passado.
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Certa vez, esta Benares ( Varanasi ) chamava Molini. Enquanto Brahmadatra reinou em Molini, um certo brahmin Sankha, rico, de grande fortuna, construiu casa de donativos, salão de ofertas, em seis lugares, um em cada um dos portões da cidade e outro no meio dela, um ao lado da sua própria casa. Diariamente fazia ofertas de seiscentos mil dinheiros e para viajantes e mendicantes fazia muita caridade. Um dia ele pensou consigo mesmo, “Meu estoque de riqueza uma vez acabado, não terei nada mais para dar. Enquanto ele ainda não exauriu pegarei um barco e viajarei para o País Dourado ( Burma e Sião ), e de lá trarei de volta riquezas.” Assim fez com que se construíssem um barco ; o encheu de mercadorias ; e disse, enquanto dizia adeus à esposa e aos filhos, “Até eu voltar, veja para que não aja interrupção na distribuição de donativos.” Isto dito, ele pegou a sombrinha, caçou os sapatos e com seus empregados ao lado, virou a face para o porto e ao meio dia ele partiu.
Naquele momento, um Pacceka Buddha no monte Gandha-mandana, meditando, o viu no seu caminho em busca de riqueza e pensou, “Um grande homem viaja em busca de riqueza : haverá algo no mar para impedi-lo ou não ? - Haverá. - Se ele me ver me presenteará com sapatos e sombrinha ; e em consequência deste presente, ele encontrará refúgio quando seu barco for destruído no mar. O ajudarei.” Então passando pelos ares, ele pousou não muito longe do viajante e deslocando-se para encontrá-lo foi pisando areia quente como uma camada de brasas ardentes com vento feroz e calor do sol. “Aqui,” pensou o brahmin, “está uma chance de ganhar mérito ; aqui devo semear uma semente ho-je.” Em grande alegria ele se apressou em encontrá-lo e saudá-lo. “Senhor,” disse ele, “por gentileza saia da estrada um pouco e venha para debaixo desta árvore.” Então quando o homem foi para debaixo d'árvore, ele tirou a areia dele, estirou o manto e pediu-lhe que sentasse ; com água perfumada e pura ele lavou os pés dele, o ungiu com óleo cheiroso ; de seus próprios pés tirou os sapatos, limpou-os e os ungiu com graxa e os colocou no outro e o presentou com sombrinha, pedindo que vestisse um e abrindo a outra sobre a cabeça dele enquanto seguia o caminho. O outro para agradá-lo, aceitou o presente e enquanto o brahmin fixava sua atenção nele para aumentar a sua fé, voou e seguiu seu caminho ( aéreo ) para Gandha-mandana.
O Bodhisatva por seu lado, feliz de coração, continuou em direção ao porto, e pegou o barco.
Quando chegaram em alto mar, no sétimo dia o barco fez água e eles não conseguiram baldeá-la. Todos temendo por suas vidas deram uma grande gritaria, chamando cada um seu deus. O Grande Ser escolheu um empregado e ungindo todo seu corpo com óleo, comeu uma ração de açúcar com manteiga ( ghee ) tanto quanto quis e dando para o empregado comer também, subiu no mastro. “Naquela direção,” disse ele, “está nossa cidade” ; apontando na direção e jogando fora todo medo de peixe e tartarugas, mergulhou com o outro em grande profundidade. Uma multidão de pessoas pereceram ; mas o Grande Ser, com seu empregado, começaram a fazer seus caminhos pelos mar. Por sete dias ele nadou. Mesmo então ele manteve o dia de jejum, lavando a boca com água salgada.
Bem, naquele tempo uma divindade chamada Mani-mekhala, que traduzindo significa Jóia-do lugar ( n. do tr. : reparem que o nome Mani aparece na Índia e na Ameríndia, no oriente e no ocidente, tanto designa jóia quanto amendoim ou aipim, tendo havido Manipur, cidade de Mani, dos dois lados do Pacífico ), recebeu ordens dos quatro senhores do mundo, “Se por naufrágio qualquer mal acontecer a pessoas que entraram nos Três Refúgios, ou estão dotadas de virtude, ou que veneram seus pais, você deve salvá-los ” ; e para proteger quaisquer destes, a deidade tomou posição sobre os mares ( n. do tr. : o batimento do mar de leite foi esta comunicação por barcos de um lado e outro do Pacífico, fazendo espuma branca como se batesse leite, e escondido na espuma do mar o raio de Indra, sura do oriente, mata o assura Vritra no ocidente. cf. dr. B. Chakravarti, Indians and Amerindians : os assuras seriam os aztecas, mayas e incas que se relacionariam com os suras do outro lado do oceano sendo o último batimento de mar ao redor do ano mil ). Com seu poder divino não viu nada por sete dias e no sétimo, escaneando o mar, ela viu o virtuoso brahmin Sankha, e ela pensou, “É agora o sétimo dia desde que aquele homem lá está jogado no oceano : se ele morresse, grande seria minha culpa.” Assim angustiada de coração a deidade encheu um prato dourado com todos os tipos de carnes divinas e correndo na velocidade do vento até ele, parou pousada no ar diante dele, dizendo, “Sete dias, brahmin, não comeste nada : coma isto !” O brahmin olhou para ela e respondeu, “Afaste esta comida pois estou guardando jejum.”
Seu empregado que vinha atrás, não viu a deidade mas escutou o som ; e pensou, “O brahmin balbucia, parece-me, sendo de frágil estrutura e com sete dias de jejum, estando sofrendo e com medo da morte : vou confortá-lo.” E ele falou a primeira estrofe :
Ó brahmin estudado, cheio de santidade,
Pupilo de muitos professores sagrados, por quê
Fora da razão balbucia em vão,
Quando ninguém está aqui, a não ser eu para responder ?
O brahmin escutou e sabendo que ele não viu a deidade, disse, “Bom companheiro, não é medo da morte ; mas tenho outro aqui para conversar comigo” ; e falou a segunda estrofe :
É uma bela presença radiante, esparzida de ouro,
Que me oferece comida para me alimentar,
Tudo prontamente colocado num prato de ouro :
À ela disse Não, contente de coração.
O homem então repetiu a terceira estrofe :
Se tal ser maravilhoso se vê,
Uma pessoa deve pedir uma benção esperançosa.
Levante, busque ela, mantendo as mãos postas :
'Diga, és humana ou uma deidade ?'
“Você disse bem,” disse o brahmin, e fez sua pergunta repetindo a quarta estrofe :
Como me viste de modo gentil
E 'Tome e coma esta comida' me disseste,
Te pergunto, senhora, de poder excelente,
És uma deusa ou uma mulher, prego ?
Com isto a deidade repetiu duas estrofes :
Uma deusa excelente em poder eu sou ;
E nesta direção no meio do oceano me apressei,
Cheia de compaixão e com coração agradecido,
Para te salvar vim neste fim nesta extremidade.
Aqui comida e bebida e lugar para descansar contemple,
Veículos vários e diferentes ;
Tu, Sankha, fiz senhor de tudo isto
Que para agradar teu coração podes pegar.
Escutando isto o Grande Ser refletiu. “Aí está esta deidade ( pensou ele ), no meio do oceano me oferecendo esta coisa e aquela outra coisa. Por que ela deseja me oferecê-las a mim ? É devido a algum ato virtuoso meu ou por próprio poder dela que faz isto ? Bem, farei a pergunta.” E ele perguntou nas palavras da sétima estrofe :
De todo meu sacrifício e oferta
Tu és a rainha e teu o governo ;
Tu de bela cintura esbelta e semblante lindo :
Que ato meu trouxe frutificou assim ?
A deidade escutando a ele, pensou, “Este brahmin fez esta pergunta suponho porque imagina que não sei que gesto ele fez. Direi a ele.” Então ele disse, nas palavras da oitava estrofe :
Um solitário, em chão quente,
Cansado e de pés machucados, sedento, tu paraste,
Ó brahmin Sankha, para uma oferta de sapato :
Aquilo te deu a Vaca da Abundância neste dia.
[ n. do tr. : Surabbhi, a Vaca da Abundância, sagrada, que os kshatrias roubaram dos brahmanes e causaram uma guerra das castas por eras : teria saído deste mesmo batimento de mar de leite ( como Lakshmi que escolheu Vishnu de esposo ; qual Afrodite, literalmente, da espuma, afros ; e a própria ambrosia, amrita, alimento dos deuses ) : a imagem do mito original une as culturas antigas dos dois lados do Pacífico ; os metais e pedras preciosas parecem avivar ainda mais a imagem ].
Quando o Grande Ser escutou isto, ele pensou consigo mesmo, “O quê ! Neste oceano impraticável o dom de sapatos se tornou um presente de tudo para mim ! Ah, foi sorte minha oferta ao Pacceka Buddha !” Então em grande contentamento, ele falou a nona estrofe :
Que haja um barco de pranchas bem feito,
Acelerado por bons ventos, impermeável ao mar ;
Não há lugar para outro veículo ;
Ho-je mesmo me leve a Molini.
A deidade, agraciada em escutar tais palavras, fez um barco aparecer, feito das sete coisas preciosas ; de tamanho era quatrocentos metros de largura trezentos, de profundidade quarenta metros ; tinha três mastros feitos de safira, cordame de ouro, velas de prata e e ouro também nos remos e nos lemes e timão. Este navio a deidade preencheu com as sete coisas preciosas ; depois beijou o brahmin e o colocou à bordo no belo barco. Ela nem percebeu o empregado ; com isto o brahmin deu a ele uma parte da própria fortuna ; ele ficou feliz, a deidade beijou ele também e o colocou a bordo. Então ele levou o barco para a cidade de Molini e tendo armazenado esta riqueza na casa do brahmin, retornou para sua própria casa.
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O Mestre, em sua Sabedoria Perfeita, pronunciou esta estrofe final :
Ela agradecida, deliciada, como ânimo feliz,
Um navio maravilhoso fez aparecer ;
Então, tomando Sankha com seu empregado,
Àquela muito amada cidade os trouxe para perto.
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E o brahmin por toda sua vida morou em casa, distribuindo bondosamente e sem parar e observando as virtudes ; no final dos seus dias ele com seu ajudante foram engrossar a hoste celeste.
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Quando o Mestre terminou este discurso ele declarou as Verdades :- então na conclusão das Verdades o laico entrou no Primeiro Caminho : - e ele então identificou o Jataka ; “Naquele tempo Uppalavanna era a deidade, Ananda era o empregado e eu mesmo era o Brahmin Sankha.”
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