sábado, 14 de novembro de 2009

382 Buddha e Uppalavanna



382
“Quem é este...etc.” - O Mestre contou esta história em Jetavana, relativa a Anāthapindika [ Sudattha ]. A partir do momento que ele foi estabelecido na fruição do Primeiro Caminho ele manteve intacto todos os cinco preceitos ; do mesmo modo sua esposa, seus filhos e filhas, seus empregados e ajudantes. Um dia no Salão da Verdade eles começaram a discutir se Anāthapindika era puro em seu caminhar e sua família também. O Mestre veio e soube do tema: e disse, “Irmãos, sábios antigos tinham família e criados puros,” e contou um conto antigo.
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Certa vez quando Brahmadatra reinava em Benares ( Varanasi ), o Bodhisatva era um mercador, dando ofertas, mantendo preceitos, e realizando as obrigações dos dias de jejum: também sua esposa manteve os cinco preceitos, e os filhos, e filhas, e empregados e ajudantes. Por isto era chamado o mercador Suciparivāra ( domicílio puro ). Ele pensou, “Se alguém de costumes mais puros que eu chegar, não seria apropriado oferecê-lo meu sofá para sentar, ou minha cama para deitar mas sim oferecê-lo um lugar puro e sem uso” : e assim manteve um sofá e uma cama sem uso preparado em um lado de sua sala de audiências. Naquele tempo no Céu dos Quatro Reis [ que são Dhatarattha, rei do Norte, Virulha do Sul, Virupakkha do Oeste e Vessavana do Leste ] Kālakanni, filha de Virupakkha, e Siri, filha de Dhatarattha, juntas, pegaram guirlandas e perfumes e foram ao lago Anotatta para brincar lá. Bem, neste lago existem muitos lugares de banho: os Buddhas banham-se em seu próprio lugar, os paccekabuddhas no deles, os Irmãos no deles, os ascetas no deles, os deuses dos seis céus-Kāma [ sendo primeiro o céu dos Quatro Reis ] no deles, e as deusas no delas. Essas duas chegaram lá então e começaram a discutir qual das duas devia mergulhar primeira. Kālakanni disse, “Eu ordeno o mundo: é certo que eu me banhe primeiro.” Siri disse: “Eu presido o curso das condutas que dá o senhorio à humanidade: é certo que eu me banhe primeiro.” Então as duas disseram, “Os Quatro Reis saberão qual de nós duas deve banhar-se primeiro no Anotatta. Dhatarattha e Virupakkha disseram, “Não podemos decidir,” e deixaram a tarefa para Virulha e Vessavana. Eles também disseram, “Não podemos decidir, enviaremos a questão aos pés do Senhor” : e perguntaram a Sakra. Ele escutou e pensou, “Estas duas são filhas dos vassalos; não posso decidir este caso” : e então disse a eles, “Há em Benares um mercador chamado Suciparivāra; em sua casa está preparada uma cama e um sofá não usados : aquela que primeiro sentar e descansar lá, é a que deve se banhar primeiro.” Kālakanni escutando em um instante colocou roupas azuis e unção azul e adornou-se com jóias azuis: ela desceu do céu como uma pedra de catapulta, e logo após a meia-noite plainou no ar, difundindo uma luz azul, não distante do mercador que descansava em um sofá na sala de audiências da sua mansão. O mercador olho e viu ela: mas aos olhos dele ela era sem graça e desamável. Falando com ela disse a
primeira estrofe:

Quem é esta em cor tão escura,
Desagradável à vista ?
Quem é você, filha de quem, diga,
Como conheceremos a ti, prego ?

Escutando isto, Kālakanni respondeu com a segunda estrofe:

O grande rei Virupakkha, é meu pai:
Sou Azar ( Infortúnio ), temível Kālakanni:
Dê-me aquele quarto perto de ti, eu desejo.

Então o Bodhisatva falou a terceira estrofe:

Qual a conduta, qual os caminhos,
Das pessoas com quem habitas?
É o que pede minha pergunta :
Marcaremos bem a resposta.

Então ela, falando de suas próprias qualidades, falou a quarta estrofe:

O hipócrita, o arrogante, o moroso,
A pessoa invejosa, gananciosa e traiçoeira:
Tais são os amigos que amo : e disponho
Seus ganhos para que possam perecer completamente.

Falou ainda a quinta, sexta e sétima estrofe:

E mais queridos ainda são a ira e o ódio para mim,
Calúnia e discórdia, difamação e crueldade.

A gente indolente que não sabe seu próprio bem,
Resente de conselho, rude com os seus :

A pessoa levada pela tolice, que despreza amigos,
Ele é meu amigo, nele descansa meu prazer.

Então o Grande Ser, culpando ela, falou a oitava estrofe:

Fora, Kāli: nada te agrada aqui:
Desapareça para outras terras e cidades.

Kālakanni, escutando-o, ficou triste e falou outra estrofe:

Te conheço bem: nada me agrada aqui.
Outros são sem sorte, que acumulam muita coisa ;
Meu irmão-deus e eu faremos tudo desaparecer.

Quando ela foi, Siri a deusa, veio, com trajes e unção dourada e ornamentos de brilho dourado para a porta da sala de audiências, difundindo luz amarela, parada ao nível do chão e com respeito. O Bodhisatva vendo-a repetiu a primeira estrofe:

Quem é esta, divina luz,
No chão firme e verdadeiro?
Quem é você, filha de quem, diga,
Como a conheceremos, prego ?

Siri, escutando-o, falou a segunda estrofe:

O grande rei Dhatarattha é meu pai:
Fortuna e Sorte eu sou, e Sabedoria admiram as pessoas:
Agracie-me com aquela cama, é o que desejo.

(Ele) Que conduta, que caminhos
Das pessoas com quem habitas?
Isto que pede minha pergunta ;
Marcaremos bem a resposta.

(Ela) Aquela que com frio e calor, no vento e no sol,
No meio de sede e fome, que foge de serpente e veneno
Sua obrigação presente dia e noite, faz ;
Com este habito e amo fielmente.

Gentil e amavel, reto, liberal,
Sem culpa e honesto, íntegro, encantador, meigo,
Humilde no lugar alto : tinjo toda sua fortuna,
Como às ondas sua cor no oceano que cresce

À amigos ou inimigos, melhores, iguais ou piores,
Ajudante ou adversário, no escuro ou no dia claro,
Àquele que é gentil, sem ásperas palavras ou maldições,
Sou seu amigo, vivendo ou morrendo, sempre.

Mas se um tolo de mim ganhou algum amor,
E incha orgulhoso e vão,
De seu caminho voluntarioso de irreflexão, fujo,
Como mancha suja.

A boa e má sorte de cada pessoa é seu próprio trabalho, não de outro:
Nem à boa nem à má sorte pode uma pessoa fazer a seus irmãos.

Tal foi a resposta de Siri quando questionada pelo mercador.
O Bodhisatva rejubilou-se com as palavras de Siri, e disse, “Aqui está o sofá e a cama pura, própria sua ; sente e descanse lá.” Ela ficou lá e de manhã saiu para o Céu dos Quatro Grandes Reis e primeiro banhou-se no lago Anotatta. A cama usada por Siri foi chamada Sirisaya : daí a origem da Sirisayana, e por esta razão é assim chamada até hoje.
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Após a lição o Mestre identificou o Jātaka: “Naqueles dias a deusa Siri era Uppalavannā, o mercador Suciparivāra era eu mesmo.”

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