sábado, 5 de outubro de 2024

513 Buddha Príncipe Alinasattu

 













513        Jayaddisa Jataka

 

        “Vejam! Após...etc.” -  Esta história o Mestre contou sobre um Irmão que amparava sua mãe. A história introdutória é como aquela contada no Sama Jataka ( 540 ). Mas nesta ocasião o Mestre disse, “Sábios antigos desistiram do parassol branco com sua guirlanda dourada para amparar seus pais,” e com estas palavras ele contou uma história do passado.

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          Certa vez  viveu um rei na cidade dos Pañcalas do Norte, no reino de Kampilla, chamado Pañcala. Sua rainha concebeu e carregou um filho. Em uma existência anterior sua rival no harém, estando irritada, disse, “Algum dia serei capaz de devorar tua progênie,” e incitando com uma reza para este efeito ela se transformou numa ogra. Então ela encontrou sua oportunidade e apanhando a criança diante dos olhos mesmos da rainha e esmagando e devorando ela como se fosse um pedaço de carne crua, saiu fora. Uma segunda vez exatamente a mesma coisa mas na terceira ocasião, quando a rainha tinha entrado no seu quarto de dormir, guardas cercaram o palácio e mantiveram estreita vigilância. No dia que ela deu à luz, a ogra novamente apareceu e apanhou a criança. A rainha gritou um grito alto de “Ogra” e soldados armados, correram para cima quando o alarme foi dado pela rainha, seguiram em perseguição a ogra. Sem tempo de devorar a criança, ela fugiu e escondeu-se no esgoto. A criança, crendo que a ogra era sua mãe, colocou seus lábios nos seios dela e ela concebeu amor de mãe pelo infante e abrigando-se em um cemitério ela escondeu-se em uma caverna de pedra e cuidava dele. E enquanto ele gradualmente crescia, ela trazia e dava a ele carne humana e ambos viviam desta comida. O garoto não sabia que era ser humano; mas, apesar dele acreditar que era filho da ogra, não podia livrar-se ou esconder sua forma corporal. Então para produzir esta semelhança ela deu a ele uma certa raiz. E por virtude desta raiz ele escondeu sua forma e continuou a viver de carne humana. Bem, a ogra saiu para fazer um serviço para o grande rei Vessavana e morreu lá e então. Mas a rainha pela quarta vez deu à luz a um garoto e porque a ogra agora estava morta, ele estava salvo, e do fato de ter nascido vitorioso sobre sua inimiga a ogra ele foi chamado Jayaddissa (príncipe Vitorioso). Assim que cresceu e foi totalmente educado em todas as matérias, ele assumiu a soberania levantando o parassol e legislou sobre o reino. Naquele tempo sua rainha consorte deu a luz ao Bodhisatva e eles o chamaram príncipe Alinasatru. Quando cresceu  e foi plenamente instruído em todo conhecimento, se tornou vice-rei. Mas o filho da ogra descuidadamente destruindo a raiz foi incapaz de esconder-se  mas vivendo no cemitério ele devorava carne humana em forma visível. As pessoas vendo-o ficavam assustadas e vieram e reclamaram com o rei: “Senhor, um ogro em forma visível está comendo carne humana no cemitério. Com o tempo encontrará caminho para a cidade matará e comerá as pessoas. Você deve pegá-lo.”  O rei prontamente consentiu e deu ordem para a prisão dele. Uma força armada foi colocada ao redor da cidade. O filho da ogra, pelado e horrível de contemplar, com o medo da morte sobre si, gritou alto e saltou no meio dos soldados. Eles, com um grito “Aí está o ogro,” assustados com sua própria vida, dividiram-se em duas divisões e fugiram. E o ogro, escapando daí, escondeu-se na floresta, e não mais aproximou-se dos antros humanos. E ele fixou residência aos pés de uma árvore banian junto da auto estrada que atravessa a floresta e quando as pessoas passavam por ela, ele pegava uma a uma e entrando na floresta as matava e comia. Bem, um brahmin, líder de uma caravana, deu mil peças de dinheiro para mateiros da floresta e estava viajando pela estrada com quinhentos vagões. O ogro na forma humana pulou sobre eles com um rugido. Os homens fugiram aterrorizados e ordinários largavam-se no chão. Ele pegou o brahmin, e sendo ferido por uma lasca de madeira enquanto fugia e sendo perseguido intensamente pelos mateiros da floresta, ele larga o brahmin e vai e deita aos pés d’árvore onde vivia. No sétimo dia depois disso, rei Jayaddisa proclama uma caçada e parte, sai em viagem, da cidade. Justo quando partia, um nativo de Takkasila ( Taxila ), um brahmin chamado Nanda, que amparava seus pais, chega à presença do rei, trazendo quatro estrofes, cada uma valendo cem peças de dinheiro. O rei pára para escutá-las e designa um lugar de residência para ele. Então indo para a caça ele diz, “Aquele homem por cujo lado o cervo escapar pagará o brahmin por seus versos.” Então um antílope malhado sai com ímpeto, se põe em marcha e passando direto pelo rei, escapa. Os cortesãos todos riram de coração. O rei pega sua espada e perseguindo o animal o alcança após uma distância de três léguas, e com um golpe de sua espada o divide em dois e pendura a carcaça em uma vara. Então, quando retornava, chegou no lugar onde o homem-ogro estava sentado e após descansar por um tempo na grama kuça, tentou partir. Então o ogro levantou-se e gritou “Alto! Onde estás indo? Você é presa minha,” e o pegando pela mão, falou a primeira estrofe:

 

                Olhem! Após meu longo jejum de sete dias

                Uma grande presa aparece afinal!

                Prego diga-me, és conhecido famoso?

                Anseio em escutar tua raça e nome.

 

      O rei estava aterrorizado à vista do ogro e tornando-se rígido como um pilar, era incapaz de fugir; mas recobrando sua presença de espírito, ele falou a segunda estrofe:

              Jayaddisa, se conheces,

              Rei de Pañcala clamo ser:

              Caçando além da cerca na floresta extraviei:

              Coma tu este cervo; liberte-me, prego.

 

      O ogro, escutando isto, repetiu a terceira estrofe:

 

           Para salvar tua pele, você me oferece comida

           Esta caça, rei, a qual clamo retamente:

           Saiba que te comerei primeiro e ainda assim não frustrarei

           Meu gosto por caça: cesse de conversa mole.

 

       O rei escutando isto, lembrou-se do brahmin Nanda e falou a quarta estrofe:

 

              Suplico, pudesse eu não conseguir a libertação,

              Ainda assim deixe-me manter a promessa que eu fiz

              Um amigo brahmin. Aurora a-manhã verá

              Minha honra salva e meu retorno a ti.

 

      O ogro escutando isto falou a quinta estrofe:

 

            Estando tão próximo da morte, qual é a coisa

            Que assim tão dolorosamente te perturba, Ó rei?

            Diga-me a verdade, para que assim talvez possa

            Consentir em te deixar ir por um breve dia.

 

  O rei explicando o assunto, falou a sexta estrofe:

 

           Uma promessa uma vez feita a um brahmin;

           Esta promessa ainda é devida, este débito, não pago;

           O voto cumprido, a-manhã aurora verá

           Minha honra salva e meu retorno a ti.

 

 Escutando isto, o ogro falou a sétima estrofe:

 

          Você fez uma promessa a um brahmin;

          Esta promessa ainda é devida, este voto, não pago.

          Cumpra teu voto e deixe a-manhã ver

          Tua honra salva e teu retorno a mim. 

 

E tendo falado assim ele deixou o rei ir. E ele, tendo sido deixado partir, disse, “Não se preocupe comigo; retornarei àurora,” e tomando nota de certos sinais, marcas, do caminho, retornou para seu exército e com seu cortejo fez sua entrada na cidade. Então mandou chamar o brahmin Nanda, o sentou em um esplêndido trono, e após escutar seus versos, o presenteou com quatro mil peças de dinheiro. E fez o brahmin montar em uma charrete e o mandou embora, ordenando que o enviassem direto para Takkasila ( Taxila ). No dia seguinte, estando ansioso para retornar, ele chamou seu filho e assim o instruiu.

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             O Mestre, para explicar o assunto, falou duas estrofes:

 

                     Escapando do cruel duende ele veio

                     Cheio de doces desejos para sua adorável casa:

                     Sua palavra para um amigo brahmin ele nunca quebraria,

                     Mas assim para o caro Alinasatru falou.

 

                    ‘Meu filho, reine tu ungido rei ho-je

                     Legislando sobre amigos e inimigos em reto governar;

                     Não deixe nenhuma injustiça macular teu feliz estado;

                     Eu agora busco meu destino com o cruel duende.’

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      O príncipe, escutando isto, falou a décima estrofe:

 

                 Ansioso aprenderia que ato ou palavra

                Me fez perder o favor de meu senhor,

                Que tu me eleve ao trono

                Que, te perdendo, eu não possuiria.

 

     O rei, escutando isto, falou a próxima estrofe:

 

             Caro filho, não consigo trazer à memória

             Uma única palavra ou ato injusto,

             Mas agora que a dívida de honra está paga,

             Manterei a promessa feita ao ogro.

 

   O príncipe, escutando isto, falou a estrofe:

 

             Não, eu irei e tu ficarás aqui;

             Nenhuma esperança de retorno seguro, eu temo.

             Mas se você fosse, eu te seguiria

             E ambos juntos deixaríamos de ser.

 

  Escutando isto, o rei falou uma estrofe:

 

           Contigo a lei moral concorda,

           Mas a vida perderia todo encanto para mim,

           Se no espeto este ogro cinzento

           Te torrasse e te comesse, membro a membro.

      

   Escutando isto, o príncipe falou uma estrofe:

 

          Se deste ogro tu quiseste fugir,

          Por ti estou preparado para morrer:

          Sim, alegremente morreria, Ó rei,

          Se somente a vida para ti eu trouxesse.

 

  Escutando isto o rei, reconhecendo a virtude de seu filho, aceitou a oferta dele, dizendo, “Bem, vá caro filho.” E então despediu-se de seus pais e deixou a cidade.

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          O Mestre para esclarecer o assunto, falou metade de uma estrofe:

                          Então o bravo príncipe a seus queridos pais deu

                          Um último adeus, com humilde obediência.

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        Então seus pais, sua irmã, sua esposa e os cortesãos saíram da cidade com ele. E o príncipe perguntou a seu pai aqui sobre o caminho e após fazer arranjos cuidadosos e ter dado conselhos para os outros, ele pegou a estrada e partiu para a morada do ogro, tão destemido quanto um leão de juba. Sua mãe, vendo ele partir, não pode se conter e caiu desmaiada no chão. Seu pai, esticando os braços chorava alto.

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           O Mestre para esclarecer a matéria, falou a outra meia estrofe:

 

                        Seu pai com braços esticados, seu filho para ficar

                        Chorava dolorosamente. Sua mãe, sofrendo, desmaiou.

 

     E assim tornando clara a oração pronunciada pelo pai e o Ato de Verdade repetido pela mãe, irmã e esposa, ele pronunciou ainda quatro estrofes mais:

 

                      Mas quando seu filho sumiu totalmente

                      Do olhar desesperado de seu pai,

                            Com mãos levantadas aos deuses ele louvou

                     ‘Os elevados Reis Varuna e Soma,

                     Brahma e os senhores do Dia e da Noite. 

                     Que estes mantenham são e salvo os membros,

                      Escape, caro filho, do ogro cinzento.’

                  ‘Como a mãe, de belos membros, de Rama ganhou

                    Salvação para seu filho ausente,

                    Quando ele buscou as florestas de Dandaka,

                 Do mesmo modo para minha criança seja a liberdade lavrada;

                   E por este Ato de Verdade, clamo

                   Aos deuses, que te tragam para casa inteiro.’

[Cf. jataka 6 que repete esta história e seu paralelo com a de Rama no Ramayana]

 

                 ‘Irmão, em ti não há erro algum

                   Revelado ou escondido, eu lembro;

                  E por este Ato de Verdade clamo

                  Aos deuses que te tragam para casa inteiro.’

 

               ‘Livre de ofensas tu és para mim,

                Eu também, meu senhor, tenho amor por ti;

               E por este Ato de Verdade clamo

               Aos deuses que te tragam para casa inteiro.’

 

                                               _________________________       

 

               E o príncipe, seguindo as orientações de seu pai, partiu pela estrada para a residência do ogro. Mas o ogro pensava, “Kshatrias/Guerreiros são cheios de truques: quem sabe o que acontecerá ?” e subindo na árvore sentou esperando a chegada do rei. Vendo o príncipe, ele pensou, “O filho impediu o pai e está vindo ele mesmo. Não há porque temê-lo.” E descendo da árvore ele sentou dando as costas para ele. Chegando o jovem parou em frente ao ogro, que então falou esta estrofe:

                            De onde és tu, jovem belo e elegante?

                            Sabes tu que este domínio florestal é meu?

                            Os que vem tem suas vidas por muito baratas

                           Onde ogros selvagens tem suas casas. 

 

    Escutando isto, o jovem falou esta estrofe:

 

                            Te conheço bem, ogro cruel;

                            Dentro desta floresta realmente moras.

                            Está aqui o verdadeiro filho de Jayadissa:

                            Coma-me e deixe livre meu caro pai.

 

     Então o ogro falou esta estrofe:

 

                           Conheço o verdadeiro filho de Jayadissa;

                           Teus cachos confessam que estais certo.

                           Uma dificuldade certamente é para ti

                           Morrer, para teu pai deixar livre.

 

    Então o jovem falou esta estrofe:

 

                           Nenhum ato difícil é este, eu sinto,

                           Morrer e pelo bem de um pai

                           E amor de uma mãe, falecer

                           E ganhar a benção celeste para sempre

                          

 Escutando isto, o ogro disse, “Não há nenhuma criatura, príncipe, que não tema a morte. Por que não tens medo?” E ele disse a razão e recitou duas estrofes:

 

                        Nenhum gesto mau meu,

                        Revelado ou escondido, lembro:

                       Bem pesados estão nascimento e morte para mim,

                       Como aqui, do mesmo modo nos mundos a advir.

                      Coma-me ho-je, Ó poderoso,

                     E faça o que deve ser feito.

                     Cairei morto de alguma alta árvore,

                     Então coma minha carne, como te agrade.

 

     O ogro, escutando estas palavras, ficou aterrorizado e disse, “Não se pode comer a carne deste homem”; e, pensando em algum estratagema para fazê-lo correr fora, disse:

                   E tua vontade sacrificar

                 Tua vida, jovem príncipe, para teu pai deixar livre,

                  Então vá rápido, é meu conselho

                  E junte gravetos para acender uma fogueira.

 

    Tendo feito isto, o jovem retornou a ele.

                                                ________________________  

          

                    O Mestre, para esclarecer a matéria, falou outra estrofe:

                              Então o bravo príncipe juntou lenha                

                             E alimentando alto uma poderosa pira,

                             Gritou, acendendo-a, ‘Prepare tua comida;

                             Veja! Fiz uma boa fogueira.’

                                              ________________________

                

             O ogro, quando ele viu que o príncipe voltou e fez uma fogueira, disse, “Este é um sujeito com coração de leão. Morte não o aterroriza. Até agora nunca tinha visto um homem tão sem medo.” E ele sentou lá, atônito, de tempos em tempos olhando para o jovem. E este, vendo como o ogro estava, falou esta estrofe:

 

                           Não fique em pé contemplando em bobo espanto

                               Me pegue e me mate e me coma, prego,

                        Enquanto ainda vivo, tentarei

                              Te fazer disposto a me comer ho-je.

 

       Então o ogro, escutando estas palavras, falou esta estrofe:

 

                           Alguém tão verdadeiro, gentil, justo,

                           Certamente nunca deve ser comido,

                           Ou sua cabeça, daquele que te come, deverá

                           Quebrar em sete pedaços.

 

      O príncipe escutando isto, disse, “Se você não quer me comer, por que você me mandou quebrar gravetos e fazer uma fogueira?” e quando o ogro respondeu, “Era para testá-lo; pois eu pensava que você fugiria correndo,” o príncipe disse, “Como agora você vai me testar, vendo que, quando na forma animal, eu permiti Sakra, rei do céu, em colocar minha virtude em teste?” E com estas palavras ele falou esta estrofe: -

                    A Indra certa vez vestido como algum pobre brahmin

                         A lebre ofereceu sua própria carne para comer;

                   Daí em diante sua forma ficou impressa na Lua;

                         Aquela órbita graciosa que saudamos como Yakkha.

 

 [Cf. Jataka 316; o comentário adiciona que no presente kalpa a lua está marcada por um yakkha ao invés de uma lebre]

 

        O ogro, escutando isto, deixou o príncipe ir e disse,

 

                   Como a clara Lua libertada das garras de Rahu

                   Refulge no meio do mês com brilho acostumado,

                  Assim você também, senhor poderoso de Kampilla,

                  Escapando do ogro, espalhe a alegre luz

                  De tua presença brilhante, animando amigos sofredores,

                E trazendo de volta felicidade a teus pais queridos.

 

   E dizendo, “Vá alma heroica,” ele deixou o Grande Ser partir. E tendo tornado o ogro mais humilde, ele lhe ensinou as cinco leis morais e desejando colocar em teste se ele era um ogro ou não, ele pensava, “Os olhos dos ogros são vermelhos e não piscam. Eles não projetam sombra e são livres de todo medo. Este não é um ogro; é um ser humano. Eles dizem que meu pai teve três irmãos sequestrados por uma ogra; dois deles devem ter sido devorados por ela e o terceiro deve ter sido estimado por ela com amor de mãe por sua criança: este deve ser ele. O levarei comigo e contarei a meu pai e o estabelecerei no trono.” E assim pensando ele gritou, “Ho! Senhor, não és nenhum ogro; tu és o irmão mais velho de meu pai. Bem, venha comigo e levante o parassol como emblema de soberania em teu reino ancestral.” E quando ele respondeu, “Não sou ser humano,” o príncipe disse, “Você não acredita em mim. Há alguém em quem você acredita?” “Sim,” ele disse, “há em tal e tal lugar um asceta dotado com visão sobrenatural.” Então ele levou o ogro com ele e foram lá. O asceta assim que colocou a vista neles disse, “Com que objetivo vocês dois descendentes de um ancestral comum andam aqui?” E com estas palavras ele lhes contou como eram relacionados. O comedor de gente acreditou e disse, “Querido amigo, vá para casa você: quanto a mim, nasci com duas naturezas em uma forma. Não tenho nenhum desejo de ser rei. Me tornarei um asceta.” Então foi ordenado na vida religiosa pelo asceta. E o príncipe o saudou e retornou para a cidade.

                                          ____________________________                 

 

                   O Mestre, para esclarecer o assunto, falou esta estrofe:

                         Então o corajoso príncipe Alinasatru prestou

                             Toda a obediência devida ao ogro cinzento,

                         E livre uma vez mais viajou seu caminho feliz

                             De volta a Kampilla, são e salvo dos membros.

 

          E quando o jovem alcançou a cidade, o Mestre explicou ao Povo e o resto o que o príncipe fez e falou a última estrofe:

 

                     Assim viajando a pé da vila e do campo,

                          Vejam! Multidões ansiosas proclamam

                          O nome do bravo herói,

                Ou no alto de um carro ou elefante eles dirigiram

                        Com homenagem devida vieram

                        Levando o vitorioso para casa.

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                   O rei escutou que o príncipe voltara e preparou-se para encontrá-lo, e o príncipe, escoltado por uma grande multidão, veio e saudou o rei. E o questionou, dizendo, “Querido filho, como você escapou de um ogro tão terrível ?” E ele disse, “Caro pai, ele não é nenhum ogro; ele é teu irmão mais velho e meu tio.” O rei imediatamente ordenou que um tambor fosse tocado e partiu com uma grande comitiva para visitar os ascetas. O asceta chefe contou a ele toda a história; como a criança foi sequestrada pela ogra e como ao invés de comê-la, ela o criou como um ogro e como eles eram parentes um do outro. O rei disse, “Venha, irmão, reine como rei.” “Não, obrigado, Senhor,” ele respondeu. “Então venha e fixe residência em nosso parque e te fornecerei os quatro requisitos.” Ele se recusou a ir. Então o rei mandou fazer um povoado em uma certa montanha, não distante do eremitério deles e formando um lago, preparou campos cultivados e trazendo mil famílias com muito tesouro, fundou uma grande cidade e instituiu um sistema de caridade para os ascetas. Esta vila cresceu na cidade de Cullakammasadamma.

                  A região onde o ogro foi domado pelo Grande Ser, Sutasoma foi conhecida como a cidade de Mahakammasadamma.

                                                ____________________________    

 

               O Mestre, tendo terminado sua lição, revelou as Verdades e identificou o Jataka: - Na conclusão das Verdades o ancião que amparava sua mãe foi estabelecido na fruição do Primeiro Caminho: - “Naquele tempo o pai e a mãe eram membros da corte real, o asceta era Sariputra, o comedor de gente era Angulimala, a jovem irmã era Uppalavanna, a rainha era a mãe de Rahula, príncipe Alinasatru era eu mesmo.” 

sexta-feira, 12 de abril de 2024

512 Buddha Sakra

 



                                         Mulher com espelho. Imagem de Ajanta, Índia


512            Kumbha Jataka

 

       “Quem és tu ....etc.” –  Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana relativa as quinhentas mulheres amigas de Visakha, que bebiam  bebida forte. Bem, a história diz que foi proclamado em Savatthi um festival de bebida e estas quinhentas mulheres, após providenciarem bebida ardente para seus maridos, no final do festival pensaram, “Nós também vamos guardar a festa,” e elas todas foram até Visakha e disseram, “Amiga, nós vamos guardar a festa.” Ela respondeu, “Este é um festival de bebida; eu não bebo bebida forte.” Elas disseram, “Você então dê uma oferta ao supremo Buddha: nós guardaremos a festa.” Ela prontamente assentiu e as mandou embora. E após entreter o Mestre e fazer a ele uma larga oferta, ela saiu ao crepúsculo para Jetavana com muitas guirlandas perfumadas na mão, para escutar a pregação da Lei, sendo seguida por estas mulheres. Bem, elas estavam ansiosas para beber, quando partiram com ela e quando permaneciam na câmara oitanada, elas tomaram bebida forte e então  acompanharam Visakha na presença do Mestre. Visakha saudou o Mestre e sentou respeitosamente em um dos lados. Algumas da mulheres dançaram até diante do Mestre; algumas cantaram; outras fizeram movimentos impróprios com as mãos e os pés; outras discutiam. O Mestre de modo a dar um choque nelas, emitiu um raio  de luz da sua sobrancelha; e isto foi seguido de escuridão cega. Estas mulheres foram aterrorizadas e amedrontadas com o medo da morte e assim o efeito da bebida forte passou. O Mestre, desaparecendo do trono em que estava sentado, tomou sua posição no topo do Monte Sineru e emitiu um raio de luz dos cabelos entre as sobrancelhas, como se fosse a elevação de mil luas. O Mestre enquanto estava lá, para produzir um sentimento entre estas mulheres, falou esta estrofe:

 

                    Não há lugar para riso aqui, nem espaço para prazer,

                As chamas da paixão, os mundos de sofrimento destroem.

                    Por que, envolvido na mais escura noite, eu pergunto

             Vocês não buscam uma tocha que as iluminem no seu caminho? 

            No final desta estrofe todas as quinhentas mulheres foram estabelecidas na fruição do Primeiro Caminho.  O Mestre veio e sentou-se no assento de Buddha, na sombra da Câmara Perfumada. Então Visakha o saudou e perguntou, “Santo senhor, quando surgiu este beber bebida forte, que avilta a honra do ser humano e sua tenra consciência  ?” E  contando para ela e relatou uma história do passado. 

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               Certa  vez quando Brahmadatra reinava em Benares, um mateiro chamado Sura, que residia no reino de Kasi, foi para os Himalaias, em busca de artigos para fazer comércio. Havia uma certa árvore lá que espalhava-se na altura de um ser humano com os braços estendidos acima da cabeça e então dividia-se em três partes. No meio das três forquilhas havia um buraco grande como um jarro de vinho e quando chovia este buraco enchia-se de água.  Ao redor dele crescia duas plantas myrobalans ( Terminalia Chebula e Emblica officinalis ) e um arbusto de pimenta ; e os frutos maduros destes, quando se quebravam caíam dentro do buraco. Não distante desta árvore havia algum arroz selvagem. Os papagaios arrancavam as cabeças do arroz e as comiam pendurados nesta árvore. E enquanto eles estavam comendo o arroz com e sem casca caía lá. Assim, àgua, fermentando com o calor do Sol, assumia uma cor vermelho sangue. Na estação quente, bandos de pássaros, estando sedentos, bebiam ali, e intoxicando-se caíam aos pés d’árvore e após dormirem um pouco voavam embora gorjeando alegremente. E a mesma coisa acontecia com os cães selvagens, macacos e outras criaturas. O mateiro, vendo isto, disse, “Se fosse veneno eles morreriam mas após um sono curto vão embora como querem ; não é veneno.” E ele mesmo bebeu do buraco e tornando-se intoxicado ficou com desejo de comer carne e então fazendo um fogo ele matou as perdizes e galos que caíam ao pé d’árvore e assou a carne deles em carvão ardente e gesticulando com uma mão e comendo carne com a outra ele permaneceu um ou dois dias no mesmo lugar.  Não distante deste lugar vivia um asceta de nome Varuna. O mateiro em outras vezes costumava visitá-lo e um pensamento o atingiu então, “Beberei este licor com o asceta.”  Encheu um tubo de bambu com ele e levando junto alguma carne tostada veio para a cabana de folhas e disse, “Santo senhor, prove este licor,” e ambos beberam dele e comeram a carne.  Assim do fato desta bebida ter sido descoberta por Sura e Varuna ela foi chamada pelo nome deles ( sura e varuni ). Ambos pensaram, “Este é o jeito de lidar com isto,” e encheram seus tubos de bambu e pendurando numa vara chegaram numa vila da fronteira e enviaram mensagem para o rei que alguns mercadores de vinho  tinham chegado. O rei mandou chamá-los e eles ofereceram a ele a bebida. O rei a bebeu duas ou três vezes e ficou intoxicado. Isto durou nele um ou dois dias. Então ele perguntou a eles se havia mais. “Sim senhor,” eles disseram. “Onde?” “Nos Himalaias, senhor.” “Então tragam para cá.” Eles foram e colheram o líquido duas ou três vezes. Então pensando, “Não podemos ficar sempre indo lá,” tomaram nota de todas as partes constituintes e começando com a casca d’árvore, eles reuniram todos os outros ingredientes e fizeram a bebida na cidade. Os homens da cidade beberam dela e tornaram-se desgraçados indolentes. E o lugar tornou-se como uma cidade deserta. Então estes mercadores de vinho fugiram dela e vieram para Benares e enviaram mensagem para o rei anunciando a sua chegada. O rei mandou chama-los e deu-lhes dinheiro e eles fizeram vinho lá também. E esta cidade também pereceu do mesmo modo. Então fugiram para Saketa e de Saketa eles foram para Savatthi. Naquele tempo havia um rei chamado Sabbamitta em Savatthi. Ele mostrou favor para estes homens e perguntou-lhes o que queriam. Quando eles disseram, “Queremos os ingredientes principais e arroz da terra e quinhentos cântaros,” ele deu a eles tudo o que pediram. Então armazenaram o licor em quinhentos cântaros e para guardá-los amarraram gatos um em cada cântaro. E quando o licor fermentou e começou a escapar, os gatos beberam a bebida forte que fluía de dentro dos cântaros e ficando intoxicados deitaram dormindo; e o ratos vieram e roeram os ouvidos, narizes, dentes e rabos. Os oficiais do rei vieram e contaram a ele , “Os gatos morreram porque beberam o licor.” O rei disse, “Certamente estes homens devem ser produtores de veneno,” e ordenou que ambos fossem decapitados e eles morreram gritando, “Dê-nos bebida forte, dê-nos hidromel” ( outra leitura é, ‘Vinho, Ó rei, hidromel, Ó rei’). O rei, após ter matado os homens, deu ordens para que os cântaros fossem quebrados. Mas os gatos, quando o efeito do licor passou, levantaram andaram ao redor e brincaram.  Quando viram isto , falaram para o rei. O rei disse, “Se fosse veneno eles teriam morrido; deve ser hidromel; beberemos dele.”  Então decorou a cidade e levantou um pavilhão no jardim do palácio e tomando seu lugar neste esplêndido pavilhão em um trono real com parassol branco levantando sobre ele e cercado por seus cortesãos, começou a beber. Então Sakra, o rei do céu, disse, “Quem há que no dever do serviço para mãe e semelhantes diligentemente cumpre os três tipos de reta conduta?” E, olhando o mundo, ele viu o rei sentado para beber bebida forte e ele pensou, “Se ele beber bebida forte toda a Índia perecerá: verei para que ele não a beba.”  Então, colocando um cântaro cheio de licor na palma da sua mão, ele foi, disfarçado como um brahmin e permaneceu nos ares, na presença do rei e gritou, “Compre este cântaro, compre este cântaro.”  Rei Sabbamitta, vendo-o pousado nos ares, falando deste jeito, disse, “De onde pode ter vindo este brahmin?” e conversando  com ele repetiu três estrofes: 

 

                     Quem és tu, Ser das alturas,

                     Cuja forma emite raios de luz brilhantes,

                     Qual vívido raio através do céu,

                        Ou lua iluminando a mais escura noite?

 

                   Viajar sobre os ares sem caminhos,

                       Mover-se ou permanecer no espaço silencioso –

                   Real é o poder que tu hás ganhado,

                     E prova que és de raça divina.

 

                  Então, brahmin, declare quem és tu,

                      E o que dentro de teu cântaro pode haver,

                  Que assim aparecendo no meio dos ares,

                       Tu anseias em vender tua mercadoria para mim.

 

             Então Sakra disse, “Me escute então,” e expondo as más qualidades da bebida forte, ele disse:

         

                    Este jarro não sustenta nem óleo nem ghee,

                        Nem mel nem melado aqui,

                   Mas vícios maiores do que podem ser ditos

                      Estão armazenados dentro de suas redondas curvas.

 

                     Aquele que beber cairá, pobre tolo idiota,

                        Dentro de algum buraco ou poço impuro,

                    Ou de cabeça para baixo afundará em um poço de sujeira

                          E comerá o que disposto abjura.

                    Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

                   Aquele que bebe, com os sentidos todos distraídos,

                       Qual gado pastando que ama se extraviar,

                   Vaga a mente, uma criatura sem amparo,

                       E canta e dança todo o dia.

                Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

                  Aquele que bebe correrá tudo sem nenhuma vergonha,

                     Como o asceta nu através da cidade,

                  E tarde toma descanso – tão tonto ele está –

                      Esquecendo quando deitar-se.

                Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

                 Aquele que bebe, como alguém que move-se assustado,

                         Cambaleia como se não pudesse ficar de pé,

                E, tremendo, balança cabeça e braços,

                       Qual boneco de madeira com as mãos movido. 

                Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

                Aqueles que bebem queimam até a morte na cama,

                    Ou então caem presas de chacais,

                São levados para prisão ou para morte,

                     E sofrem perda dos bens também.

              Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

             Aquele que bebe perde a decência

                    E fala de coisas que são obscenas,

             Sentará sem roupa numa reunião,

                   Está doente e de todo modo impuro.

             Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

               Elevado está o homem que bebe,

                    Sua visão de modo algum é clara,

              O mundo é todo meu, ele pensa,

                   Não sou páreo para nenhum senhor de terra.

             Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

            Vinho é uma coisa de orgulho assoberbado,

                  Um diabo feio, nu e covarde,

             Aliado da discórdia e da calúnia,

                     Uma casa que abriga ladrão e alcoviteiro.

            Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

            Apesar das famílias poderem ser ricas,

                    E gozarem de tesouros incontáveis,

            Tendo em feudo os mais ricos dons da terra,

                Isto destruirá sua herança.

             Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

            Prata e ouro e utensílios domésticos,

                 Gado, campos e celeiros de grãos –

            Tudo, tudo é perdido: bebida forte, eu temo,

                Está provada ser, da riqueza da casa, o veneno.

             Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

          O homem que bebe está cheio de orgulho,

                E a seus próprios pais insultará,

          Ou, laços de sangue e parentesco desafiará,

                Ousará a cama de casamento desonrar.

          Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

          Aquela que bebe também em seu orgulho

                  Insultará pai e marido,

          E a dignidade da raça desafiará,

                Escrava da loucura, enganará.

         Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

             O homem que bebe ousará matar

                   Um padre correto ou um brahmin verdadeiro,

             E então em mundos de sofrimento para sempre

                 O ato de pecado terá de lamentar.

             Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

           Aqueles que bebem errarão de três maneiras,

                Pela palavra, pela ação e pelo pensamento,

           Então afundam no Ínfero, para agonizar

                 Por todo o mal que obraram.

           Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

          O homem de quem as pessoas pedem em vão,

                 Mesmo ao preço de montes de ouro,

          Dele quando bêbado seu pedido eles ganham

                E prontamente a mentira é contada.

          Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

          Alguém que bebe deve levar uma mensagem

                  E olhe! Uma grande emergência

           Surge de repente, ele vai praguejar

                  A coisa fugiu de sua memória.

          Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                   Cheio até a borda do vinho mais forte.

              Mesmo o Povo humilde, intoxicado

                     Com vinho, se tornará o mais indecente,

              E o mais sábio dos homens, quando bêbado, tagalerá

                    E murmurará bem tolamente.

              Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

                Através da bebida as pessoas, jejuando, deitam,

                    A dura terra nua seu lugar de descanso,

                Amontoados como porcos, um ajuntamento sem vergonha,

                   Eles suportam a desgraça mais imunda.

                Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

               Qual gado abatido até o chão

                    Caídos, aos montes eles jazem;

                Tal fogo é encontrado na bebida alcóolica,

                    Nenhum poder humano rivaliza com ela.

               Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

               Quando todas as pessoas, como de serpente mortífera,

                      Aterrorizadas com o veneno fogem,

               Que herói é corajoso o suficiente para matar

                      Sua sede com tal drinque fatal?

               Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

                Foi após beber isto, eu suponho,

                     Que a raça dos Andhakas e de Vrishni,

                Vagando pelas costas, foram vistas

                        Cair, todas pelo porrete de seus parentes.

                Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

               Anjos enfatuados de vinho

                      Caíram do céu eterno, Ó rei,

               Com todo seu poder mágico divino:

                     Então quem provaria esta coisa amaldiçoada?

               Compre então, Ó rei, este meu cântaro,

                     Cheio até a borda do vinho mais forte.

 

               Nem coalhada nem o doce mel estão aqui,

                     Mas lembre-se sempre

                O que está guardado dentro destas curvas redondas,

                     Compre, compre meu cântaro, Ó rei.

 

    Escutando isto o rei, reconhecendo a miséria causada pela bebida, ficou tão agraciado com Sakra que cantou seus louvores em duas estrofes:

 

                    Não tenho pais sábios que ensinem como tu,

                    Mas tu és gentil e misericordioso, eu vejo;

                    Buscador da Mais Alta Verdade de todo modo;

                    Portanto obedecerei tuas palavras ho-je.

 

                   Olhe! Cinco cidades escolhidas que tenho são tuas,

                   Duas vezes cinquenta empregadas, sete centenas de gado,

                   E estes dez carros com corcéis do mais puro sangue,

                   Pois tu me aconselhaste para meu próprio bem.

 

      Sakra escutando isto revelou sua divindade e se fez conhecido e permanecendo nos ares ele repetiu duas estrofes:

 

                   Estas centenas de escravas, Ó rei, podem ficar contigo.

                   E também as cidades e os rebanhos de gado;

                   Não quero charretes puxadas por corcéis puro sangue;

                   Sakra, chefe dos Trinta e Três deuses, é meu nome.

 

                    Goze de teu ghee, arroz, leite e carne mal passada,

                   Fique ainda contente ao comer teus pães de mel.

                   Assim, rei, deliciando-me nas Verdades preguei,

                   Continue teu caminho sem culpa, até alcançar o Céu.

 

    Assim Sakra o advertiu e então retornou para seu domicílio no Céu. E o rei, abstendo-se de bebida forte, ordenou que os cântaros de bebida fossem quebrados. E encarregando-se de manter os preceitos e de dar esmolas, tronou-se destinado ao Céu. Mas o beber bebida forte gradualmente desenvolveu-se na Índia.

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           O Mestre aqui terminou sua lição  e identificou o Jataka: “Naquele tempo Ananda era o rei e eu mesmo era Sakra.”