quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

511 Buddha rei de Benares

 



511           Kimchanda jataka

 

          “Por que tu...etc.” – Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre a observância de dias de jejum.

        Bem, um dia quando um número de Irmãos e Irmãs leigos, que estavam guardando dia de jejum, vieram escutar a Lei e estavam sentados no Salão da Verdade, o Mestre perguntou a eles se estava guardando dias de jejum e quando eles disseram que estavam, ele adicionou, “Vocês fazem bem em observar dias de jejum: homens antigos, em consequência de guardarem metade de um dia de jejum, atingiram grande glória,” e com o pedido deles ele contou um conto do passado.

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           Certa vez em Benares, Brahmadatra reinava em seu reino com retidão e sendo crente era zeloso na observância dos deveres do dia de jejum, em guardar os mandamentos e em dar esmola. Ele também induziu seus ministros e os outros para que fizessem votos de castidade e semelhantes. Mas seu capelão era caluniador, ganancioso de subornos e um produtor de julgamentos injustos. O rei no dia de jejum reuniu seus conselheiros e pediu-lhes que guardassem o jejum. O sacerdote não guardou consigo mesmo os deveres do jejum; então durante o dia esteve recebendo propinas e dando falsos julgamentos e quando foi para a corte prestar respeito ao rei, o rei, após perguntar a cada um de seus ministros primeiro se estavam guardando o jejum, questionou também o sacerdote, dizendo, “E estás tu, Senhor, jejuando?” Ele contou uma mentira e disse “Sim” e deixou o palácio. Um certo ministro o censurou dizendo, “Certamente você não está guardando o jejum.” Ele respondeu, “Me alimentei cedo de manhã mas quando voltar para casa vou enxaguar a boca e guardando comigo mesmo os deveres do dia de jejum não comerei nada à noite e toda a noite guardarei a lei moral e desde modo guardarei metade de um dia de jejum.” “Muito bem, Senhor”, disseram. E ele foi para casa e fez isto.  Bem, um dia enquanto ele estava sentado em julgamento, uma certa mulher, que guardava os preceitos morais, tinha um caso em julgamento e não sendo capaz de ir para casa, ela pensou, “Não transgredirei a observância do dia de jejum,” e quando aproximava-se o tempo ela passou a enxaguar sua boca. Naquele momento uma penca de mangas maduras foi trazida para o brahmin. Ele percebeu que a mulher estava guardando jejum e disse, “Coma isto e assim guarde o jejum.” Ela fez isto. Basta de ações do brahmin. Logo logo ele morreu e nasceu novamente no país Himalaia em um lugar adorável na margem do ramo Kosibi do Ganges, em um bosque de mangas, extenso três léguas, em uma esplêndida cama real de um palácio dourado.  Ele nasceu novamente como alguém que acabou de acordar do sono, bem vestido e adornado, com muita beleza de forma e acompanhado de dezesseis mil ninfas. Durante toda a noite ele gozou desta glória de nascer qual Espírito em uma aparição de palácio, seu prêmio correspondente a seu ato. Então ao se aproximar a aurora ele entrou no bosque de manga e no momento de sua entrada seu corpo divino desapareceu e ele assume uma forma tão alta quanto uma palmeira, oitenta cúbitos de altura, e todo seu corpo queima como uma árvore da judeia em plena floração. Tinha apenas um dedo em cada mão, enquanto suas unhas eram grandes quais enxadas e com estas unhas ele cravava a carne nas suas costas e rasgava ela e comia, e louco com a dor que sofria, pronunciava um alto grito. Ao crepúsculo este corpo desaparecia e sua divina forma reaparecia. As garotas dançarinas celestes, com vários instrumentos musicais em suas mãos, o atendiam e gozando de grande honra ele ascende para o palácio divino em um encantador bosque de manga. Assim ele, como resultado de dar uma manga a uma mulher que guardava jejum, adquiriu um bosque de manga, três léguas de extensão, mas em consequência de receber propinas e produzir falsos julgamentos, ele rasga e come a carne de sua própria costa, enquanto devido ao fato de ter guardado meio dia de jejum, ele goza de glória durante a noite, cercado por um harém de dezesseis mil ninfas dançantes. 

                Neste tempo o rei de Benares, cônscio dos pecados dos desejos, adotou a vida ascética e fixou residência em uma cabana de folhas, em um lugar agradável no baixo Ganges, subsistindo do que catava, colhia. Um dia uma manga madura daquele bosque, do tamanho de uma tigela grande, caiu no Ganges e foi levada pela corrente ao lugar oposto ao que estava residindo este asceta. Enquanto ele enxaguava a boca, viu a manga flutuando no meio da corrente e atravessando ele a pegou, a trouxe para seu eremitério e a colocou na cela onde seu fogo sagrado era mantido. Então, cortando a manga com uma faca, ele comeu justo apenas para sustentar a vida e cobrindo o resto com folhas de bananeira, ele repetidamente, dia após dia, comeu da fruta, enquanto ela durou. E quando já estava toda consumida, ele não conseguia comer nenhum outro tipo de fruta mas tornando-se escravo do seu apetite por gostosuras, ele fez o voto de apenas comer manga madura e descendo a margem do rio ele sentou olhando a corrente, determinado a nunca mais levantar-se até que tivesse encontrado manga. Lá jejuou por seis dias consecutivos e sentado procurava o fruto até que estava seco pelo vento e pelo calor. Bem, no sétimo dia uma deusa do rio, refletindo sobre o assunto, entendeu a razão da ação dele e pensando, “Este asceta, sendo escravo de seu apetite, está sentado jejuando por sete dias, olhando para o Ganges: é errado negar a ele uma manga madura: pois sem ela ele morrerá; darei uma a ele.” Então ela veio e permaneceu nos ares acima do Ganges e conversando com ele pronunciou a primeira estrofe:

    

         Por que tu permaneces nesta margem de rio durante o calor do verão?

              Brahmin, qual tua esperança secreta? Que objetivo alcançarias?

 

      O asceta escutando isto repetiu nove estrofes:

 

       Boiando na corrente, bela ninfa, uma manga eu vi;

       Esticando o braço peguei a fruta e a trouxe para casa comigo.

 

      Tão doce era de gosto e de cheiro, que a considerei um prêmio e tanto;

      Sua bela forma compara-se com o maior jarro de água em tamanho.

 

     A escondi no meio de folhas de bananeira e a fatiava com uma faca;

    Um pouco serve de comida e de bebida a alguém de vida simples.

 

    Meu estoque acabou, minha angústia apaziguou mas ainda devo me afligir

    Em outros frutos que possa encontrar, não tenho nenhum contentamento.     

     

    Sofro; aquela doçura da manga que resgatei das ondas

    Trará minha morte, temo. Não anelo nenhum outro fruto.

 

   Te contei porque jejuo, apesar de residir ao lado de um rio

   Cujas largas ondas pululam com todos os peixes nadando.

 

  E agora te peço diga-me e não fujas atemorizada

  Ó amável donzela, quem és tu e por que estás aqui.

 

  Belas são as criadas dos deuses, como ouro cor de fogo elas são,

  Graciosas qual filhote de tigre brincando nas encostas das montanhas.

 

  Aqui também no mundo das pessoas as mulheres são belas de ver,

  Mas nenhuma entre os deuses ou as pessoas pode ser comparada contigo.

  Pergunto a ti então, Ó amável ninfa, dotada de graça celeste,

  Declare-me teu nome e parentesco e de onde deriva tua raça.

 

           Então a deusa pronunciou oito estrofes: 

 

   Por esta bela corrente, ao lado da qual tu sentas, Ó brahmin, eu presido,

  E resido abaixo nas vastas profundezas, sob as ondas que rolam do Ganges.

 

  Toda protegida com floresta crescida tenho mil cavernas nas montanhas,

  De onde flui igual número de rios que misturam-se com minhas ondas.

 

  Cada bosque e floresta, caras aos Nagas, enviam muitos riachos cheios,

  E entregam seus estoques de águas azuis, enchendo meu amplo curso.

 

  Geralmente carregados nestes rios tributários são frutos de todas as árvores,

  Jambos, fruta-pão, castanhas e figos, com mangas pode-se ver.

 

  E tudo que cresce em ambas as margens e cai dentro do meu alcance,

  Clamo como prêmio de direito e ninguém meu título pode impedir. 

 

  Sabendo disto, me escute, Ó sábio e estudado rei,

  Pare de ser indulgente com desejo do teu coração – renuncie a coisa maldita.

 

  Ó legislador primeiro de amplos domínios, não posso louvar teu ato,

  Desejar a morte, no começo da juventude, grande loucura, certamente, denuncia.

 

  Brahmins e anjos, deuses e pessoas, todos conhecem teus atos e nome,

  E santos que por sua santidade atingiram na terra a fama –

  Sim, todos estes sábios e famosos, proclamam teu ato de pecado. 

 

        Então o asceta pronunciou quatro estrofes:

 

     Alguém que saiba quão frágil é nossa vida e quão transitórias as coisas dos sentidos,

     Nunca pensa em matar a outro mas reside na inocência.

 

    Honrada antes por santos em conselho, dona de um nome virtuoso,

   Agora conversando com pessoas pecadoras, tu ganharás má fama.

 

   Se eu morresse em tuas margens, ninfa dotada de bela forma,

   Má reputação cairia sobre ti, como a sombra de uma nuvem.

 

   Portanto, bela deusa, peço a ti, se afaste de todo ato vil,

   Para que não tenhas, pelo ditado do Povo, que lamentar que causaste minha morte.

           

      Escutando isto, a deusa respondeu em cinco estrofes:

 

   Bem, eu sei o teu desejo secreto tão pacientemente carregado,

   E faço de mim mesma tua serva dando para ti a manga.

   Olhe! Prazeres vis anteriores, prazeres difíceis de serem abandonados,

   Tu ganhaste, manter para sempre, santidade e paz da mente.

 

  Aquele que, liberto de laços anteriores, abraça grilhões que antes abjurou,

 Duramente trilhando caminhos não santos, sempre peca mais e mais.

 

 Te darei teu desejo anelado e farei teus problemas cessarem,

 Te levando a lugares legais, onde possas habitar em paz.

 

  Garças, pássaros maynah e cucos, com os gansos vermelhos que amam

  Pegar néctar das flores, cisnes que movem-se em tropas,

  Pássaros dos arrozais e senhores pavões, com suas canções acordam o bosque.

 

  Flores kadamba e açafrão descansam qual palha no chão,

  Castanhas maduras, palmeiras adornando, penduradas em pencas ao redor,

  E, no meio de galhos carregados, veja como mangas aqui abundam!

 

       E cantando os louvores do lugar ela transportou o asceta para lá, e mandando a ele que comesse manga neste bosque até saciar sua fome, ela seguiu seu caminho. O asceta, comendo mangas até ter apaziguado seu apetite, descansou um pouco. Então, enquanto ele vagava pelo bosque, espreitou o Espírito no estado de sofrimento e não teve coração para pronunciar uma palavra para ele mas ao crepúsculo ele o viu sendo ajudado pelas ninfas e no gozo de glória celeste e dirigiu-se a ele em três estrofes:

 

      Toda a noite ungido, festejando, com uma coroa nas sobrancelhas,

     Pescoço e braços ornados com joias – todo o dia em angústia você!

 

    Muitos milhares de ninfas te ajudam. Que poder mágico este!

    Impressionante variar de um estado de sofrimento para o de benção!

 

    O que te levou a este desfazer? Qual o pecado que tu deves te arrepender?

   Por que de tuas próprias costas deves sempre comer a carne todo dia de novo?

 

     O Espírito reconheceu-o e disse, “Você não me reconhece mas fui certa vez teu capelão. Esta felicidade que gozo à noite é devida a você, como resultado de ter guardado metade de um dia de jejum; enquanto o sofrimento que experimento de dia é resultado do mal que obrava. Pois eu estava estabelecido por você na cadeira de juiz e ganhava propinas e dava falsas decisões e era caluniador e em consequência do mal que obrava de dia, agora suporto este sofrimento,” e ele pronunciou um par de estrofes:

 

        Certa vez deliciado em tradição santa, eu em operações vis estava jogado,

       Obrando o mal para meu vizinho passei através de longos anos.

 

       Aquele que amaldiçoando outros gostando de depredar seu bom nome,

      Carne de suas próprias costas sempre cortará e comerá, qual eu ho-je.

 

      E assim falando, ele perguntou ao asceta por que viera lá.  O asceta contou toda sua história extensamente. “E agora, santo senhor,” o Espírito disse, “ficarás aqui ou irás embora?”  “Não ficarei, retornarei para meu eremitério.” O Espírito disse, “Muito bem, santo senhor, eu constantemente te suprirei com uma manga madura,”  e com exercício de seu poder mágico ele o transportou para seu eremitério e pedindo que vivesse lá contente, tirou dele uma promessa e foi embora. Daí em diante o Espírito constantemente o supria com fruto de manga. O asceta, no gozo do fruto, realizou os ritos preparatórios para induzir meditação mística e foi destinado ao mundo de Brahma. 

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          O Mestre, tendo terminado esta lição ao pessoal leigo, revelou as Verdades e identificou o Jataka: - Na conclusão das Verdades, alguns atingiram o Primeiro Caminho, alguns o Segundo e outros o Terceiro Caminho: - “Naquele tempo a deusa era Uppalavanna o asceta era eu mesmo.”  

 

sábado, 21 de outubro de 2023

510 Buddha sábio Ayoghara

 





     


510  Ayoghara  jataka 

                “Vida uma vez concebida...etc.” – Esta história o Mestre contou sobre a Grande Renúncia. Aqui novamente ele disse, “Esta não é a primeira vez, Irmãos, que o Tathagata fez a Grande Renúncia pois ele fez o mesmo antes.” E ele contou a eles uma história do passado.         

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                   Certa vez, quando Brahmadatra reinava em Benares, a rainha consorte concebeu, e quando seu tempo estava completo ela deu a luz um filho justo após aurora do dia. Bem, em uma existência anterior, outra esposa do mesmo marido rezou para que pudesse ser capaz de devorar a criança desta mulher; ela, foi dito, era estéril e ficando com raiva de mãe e filho pronunciou esta prece, pela qual veio a existir enquanto duende fêmea, ‘duenda’. A outra tornou-se consorte do rei e deu a luz este filho. Bem, a duende encontrou sua chance e colocando uma forma horrível pegou a criança diante dos olhos da mãe e fugiu. A rainha gritou em alta voz – “Um duende está levando meu filho! ” A outra o mastigou e mascou como uma cebola e o engoliu; depois após várias transformações de seus membros, que aborreceu e aterrorizou a rainha, partiu. Quando o rei escutou, ele ficou bobo: o que poderia ser feito, pensou ele, contra um duende?

                 Da próxima vez que a rainha estava para ter criança, ele colocou uma forte guarda ao redor dela. Ela teve outro filho; a duende novamente veio e o devorou também e partiu.

             A terceira vez foi o Grande Ser concebido em seu útero.  O rei reuniu um número de pessoas e disse: “Cada filho que minha rainha deu à luz, um duende fêmea veio e o devorou. O que deve ser feito? ” Então alguém disse, “Duendes tem medo de folha de palmeira; você deve amarrar uma destas folhas em cada uma de suas mãos e pés. ” Outro disse, “É uma casa de ferro que eles temem; uma deve ser feita.” O rei estava querendo. Ele reuniu todos os ferreiros de seu reino e ordenou-lhes que construíssem para ele uma casa de ferro, e colocou vigias sobre eles. Na cidade mesma em um lugar agradável eles construíram uma casa; ela tinha pilares e todas as partes de uma casa, tudo feito de nada além de ferro: em nove meses ela estava terminada, uma grande sala com quatro cantos: ela brilhava, iluminada continuamente com lâmpadas.

            Quando o rei soube que ela aproximava-se do tempo de parir, ele aprontou a casa de ferro e a levou para lá. Ela deu a luz um filho com as marcas da bondade e da sorte nele e lhe deram o nome de Ayoghara-Kumara, o Príncipe da Casa de Ferro.  O rei o confiou ao cargo de enfermeiras e colocou uma grande guarda ao redor do lugar, enquanto ele com sua rainha fazia o circuito de toda a cidade girando para a direita e então subiu para seu terraço magnífico. Enquanto isto a duende querendo água para beber foi destruída tentando pegar alguma água de Vessavana.

          Na casa de ferro o Grande Ser foi criado e cresceu em sabedoria e lá também foi educado em todas as ciências.

          O rei perguntou a seus cortesãos, “Qual a idade de meu filho? ” Eles responderam, “Ele está com dezesseis anos, meu senhor: um herói, poderoso e forte, pronto para domar mil duendes! ” O rei determinou-se a colocar o reino nas mãos de seu filho. Ele decorou a cidade e deu ordens para que o rapaz fosse trazido até ele fora da casa de ferro.  Os cortesãos obedeceram: toda Benares ficou decorada, esta grande cidade de doze léguas em extensão; eles adornaram o elefante de estado em armadura magnificente e vestiram o garoto do melhor modo e o colocaram em cima das costas do elefante, dizendo, “Meu senhor, faça um circuito para a direita ao redor da cidade feliz, sua herança e saude seu pai o Rei de Kasi; pois neste dia receberás o Parassol Branco. ”  O Grande Ser fez este circuito cerimonial para a direita e vendo os belos parques, as belas cores, lagos, pedaços de chão, todas as casas bonitas e assim por diante, pensou assim consigo mesmo: “Tudo isto, enquanto meu pai me manteve fechado numa prisão, nunca me deixou ver, esta cidade tão ricamente adornada. Que falta pode haver em mim? ”  Ele colocou esta questão para os cortesãos. “Meu senhor, ” eles disseram, “não há nenhuma falta em você; mas uma duende fêmea devorou seus dois irmãos, por isto teu pai te fez viver dentro de uma casa de ferro e a casa de ferro salvou tua vida.”  Estas palavras o fizeram pensar novamente, “Por dez meses eu estive no útero de minha mãe, como se fossem o Inferno do Caldeirão de Ferro ou o Inferno do Esterco; e quando saí do útero, por dezesseis anos habitei nesta prisão, sem nenhuma chance de ver aqui fora.  Apesar de ter escapado das mãos da duende não estou livre da velhice nem da morte. Que interesse tenho na realeza? Uma vez estabelecido no lugar real é difícil para alguém sair fora.  Neste dia mesmo pedirei a meu pai licença para abraçar a vida religiosa e irei para o Himalaia e farei isto. ” 

                Concordemente após sua procissão pela cidade estar terminada, ele foi ao palácio do rei, saudou o rei e permaneceu esperando. O rei vendo seu belo corpo, olhou para seus cortesãos com forte amor em seus olhos. “O que você deseja que façamos, Senhor? ” eles perguntaram. “Peguem meu filho e o coloquem em uma pilha de joias, façam a aspersão nele com as três conchas, levantem o Parassol Branco com suas grinaldas douradas. ” Mas o Grande Ser saudou seu pai e disse, “Pai, não quero ter nada a ver com a realeza. Quero abraçar a vida religiosa e anseio sua permissão para fazer isto. ” “Por que você deixaria tua realeza, meu filho, e abraçaria a vida religiosa? ” – “Meu senhor, por dez meses eu estive no útero de minha mãe como se ele fosse o Inferno de Esterco; uma vez nascido, por temor de um duende habitei dezesseis anos em uma prisão, sem nunca ter nem a chance de olhar para fora, - me parece como se tivesse sido jogado no inferno Ussada.  Agora a salvo do duende não estou nem salvo da idade nem da morte, pois a morte nenhum homem pode conquistar. Estou farto da existência. Até que doença, idade, morte venham até mim seguirei a vida de religioso, andando em retidão. Nenhum reino para mim! Meu senhor, dê-me permissão! ” Então ele declarou a Lei para seu pai assim: 

 

                       Vida uma vez concebida dentro do útero, logo que começa

                      Segue continuamente, seu curso nunca acaba.

 

                      Nenhuma proeza guerreira nem força poderosa

                  Pode manter a distância das pessoas velhice e morte;

                  Tudo atormentado com nascimento e idade eu vejo:

                  Então me resolvi – uma vida santa para mim.

 

                  Grandes reis pela força ou violência dominam

                  Hostes de quatro armas, terríveis de ver ;

                  Sobre a hoste da morte eles não ganham nenhuma vitória:

                   Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

                  Apesar de cavalos, elefantes, carros e homens

                  Os cercarem, alguns ainda se libertaram novamente;

                  Mas das mãos da morte nenhum homem se livra:

                  Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

                  Com cavalos, elefantes, carros e homens

                  Heróis destroem e esmagam e esmagam novamente;

                  Mas para esmagar a morte não vejo nenhum homem tão forte:

                  Daí me resolvi – uma vida santa para mim. 

 

                  Elefantes loucos rugindo com pele lamacenta

                  Pisam cidades inteiras e matam as pessoas dentro,

                  Para pisar na morte não vejo ninguém tão forte assim:

                  Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

                  Arqueiros que são os mais fortes e habilidosos.

                  Ferindo como um raio de relâmpago de longe,

                  Mas para ferir a morte não vejo nenhum homem tão forte assim.

                  Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

                 Grandes lagos, suas florestas e rochas, caem em ruínas,

                Após um tempo ruína chega para todos,

               Com o tempo tudo é levado a nada

               Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

              Como uma árvore na beira de um rio,

              Ou qual um bêbado trocando seu casaco por bebida,

              Tal é a vida daqueles que são mortais:

               Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

               Os elementos do corpo se dissolvem – eles decaem

               Jovem, velho, idade mediana, homens, mulheres – todos,

               Caem como o fruto cae de uma árvore que se balança:

               Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

              O vigor humano é todo dessemelhante a rainha cujo reino

              Legisla sobre as estrelas (a Lua): nunca retornará novamente.

             Para um ancião esgotado que alegria ou amor pode haver?

              Daí me resolvi – uma vida santa para mim. 

 

             Enquanto fantasmas e espíritos e duendes horríveis podem

             Quando irados soprar seus sopros envenenados no homem,

             Contra a morte seus sopros-venenos não são de nenhuma ajuda:

             Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

             Enquanto fantasmas e espíritos e duendes horríveis podem

             Quando irados, apaziguarem-se por atos dos homens,

              Usar isto com a morte, nenhum abrandamento eu conheço:

              Daí me resolvi – uma vida santa para mim. 

 

             Aqueles que praticam crime e coisas erradas e que machucam,

           Quando conhecidos, são punidos pelos atos do rei,

           Mas contra a morte nenhuma punição pode haver:

           Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

          Aqueles que praticam crime e coisas erradas e que machucam

          Podem encontrar um jeito de parar as mãos dos reis,

          Mas como parar a mão da morte nenhum jeito pode haver:

          Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

         Guerreiros ou brahmins, homens de alto escalão,

         Homens de muitas riquezas, o poderoso e o grande,-

         Rei Morte, não tem dó, nem piedade ele tem:

         Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

        Leões e tigres, panteras, pegam suas presas,

        E todos as devoram, mesmo podendo ela lutar;

        A morte é livre do medo de ser devorada por eles:

       Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

       No palco o mágico com sua manha

       Numa performance pode enganar as vistas das pessoas,

       Para enganar a morte, não há nenhum truque tão rápido:

       Daí me resolvi -  uma vida santa para mim. 

 

       Serpentes iradas atacarão com picada envenenada

       E matarão imediatamente uma pessoa;

       Para a morte não há medo de picada envenenada:

       Daí me resolvi – uma vida santa para mim.

 

       Serpentes iradas com presas envenenadas podem picar,

      O antídoto habilidoso pode segurar a força do veneno;

      Para curar a mordida da morte nenhum homem tão forte pode ser:

       Daí me resolvi: uma vida santa para mim.

 

       Habilidade médica pode curar picada de serpente;

       Agora eles mesmos estão mortos e fora de vista,

       Bhoga, Vetarani, Dhammantari:

       Daí me resolvi: uma vida santa para mim.

 

       Alguns que em encantos e conhecimentos mágicos são sábios

       Podem andar invisíveis aos olhos do próximo,

       Ainda assim nem tão invisíveis pois a morte pode ver:

       Daí me resolvi: uma vida santa para mim. 

 

       Salvo está a pessoa que anda em retidão;

       Religião bem observada tem poder de abençoar;

       Feliz a pessoa correta e nunca ele

       Enquanto for correto cairá em miséria.

 

       Não é verdade, seu próprio fruto, do certo ou do errado brotarão?

       Certo leva ao céu, errado a pessoa ao ínfero levará. 

 

       Quando o Grande Ser assim declarou a Lei em vinte e quatro estrofes, ele disse, “Ó grande rei! Guarde teu reino para ti mesmo; não quero nada dele. Permaneça onde você está.”  Então como um elefante louco rompe seus grilhões de aço, ou como um jovem leão quebraria uma jaula dourada, ele rompeu seus desejos carnais; e saudando seus pais, ele partiu. Então seu pai disse, “Não quero o Reino!” e largando-o foi com ele. Quando ele já tinha ido, a rainha e os cortesãos, brahmins, donos de casa, e todos os outros me habitavam na cidade, deixaram suas casas e foram embora. Houve uma grande reunião; a multidão estendia-se por doze léguas. Com esta multidão ele partiu para o Himalaia. 

          Quando Sakra percebeu que ele partira, enviou Vishvakarma para fazer um eremitério doze léguas de comprimento e sete de largura e pediu-lhe que coloca-se dentro todas as coisas necessárias, requisitos da vida ascética. Como o Grande Ser procedeu para admití-los na Irmandade e advertiu-lhes e como eles se tornaram destinados ao mundo de Brahma ou entraram no Terceiro Caminho, tudo deve ser repetido como antes.

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               Este discurso terminado, o Mestre disse: “Assim Irmãos, o Tathagata fez a Grande Renúncia antes”; após o que ele identificou o Jataka:- “Naquele tempo os pais do rei eram o pai e a mãe, os seguidores de Buddha eram seus seguidores e eu mesmo o sábio Ayoghara.


quinta-feira, 4 de maio de 2023

509 Buddha Hatthi pala


 

      Buddha cortando o cabelo e renunciando ao mundo em pedra de Barabudur, Indonesia.


509            Hatthi pala Jataka

 

          “Por fim vemos...etc.” – Esta história o Mestre contou enquanto residia em Jetavana sobre a Renúncia. Então com estas palavras,- “Não é a primeira vez, Irmãos, que o Tathagata fez a Renúncia mas fez o mesmo antes,” – o Mestre então contou-lhes uma história do passado.

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         Certa vez reinava em Benares um rei chamado Esukari. Seu capelão desde os tempos da juventude é seu companheiro favorito. Ambos eram desfilhados, sem filhos, Quando os dois estavam sentados juntos um dia amigavelmente pensaram. “ Temos grande glória mas nem um filho ou uma filha; agora o que deve ser feito?” O rei então diz ao capelão, “Amigo, se um filho nascer em tua casa, ele deve ser senhor do meu reino; mas se eu tiver um filho, ele será o dono da tua riqueza.” Os dois fizeram uma barganha sobre isto nestes termos.

     Um dia, quando o capelão aproximava-se de suas vilas feudo e entrou pelo portão sul do lado de fora do portão ele viu uma mulher pobre que tinha muitos filhos: sete filhos ela tinha e todos fortes e saudáveis; um segurava panela e prato para cozinhar, um esteira e cama, um seguia a diante e outro o seguia, um segurava o dedo dela, um sentava no calo dela e outro no seu ombro. “Onde,” perguntou o capelão, “está o pai destas crianças ?” “Senhor,” ela respondeu, “as crianças não tem pai algum com certeza.” “Por que então” ele disse “como você conseguiu sete filhos como estes?” Sem considerar o resto da jângal ela apontou uma árvore banian  que estava ao lado do portão da cidade e cotejou ela, “Ofereci oração, Senhor, à deidade que habita esta árvore e ela me respondeu me dando estas crianças.” “Você pode ir então,” disse o capelão, e descendo da charrete, ele subia até àrvore e segurando um ramo o balançou dizendo, “Ó divindade, o que faltou ao rei te oferecer ? Ano após ano ele te oferece tributo de mil peças de dinheiro e tu não dás a ele nenhum filho. O que esta esposa mendicante fez para ti que você lhe dá sete ? Tu deves dar ao rei um filho dentro de sete dias ou eu te cortarei abaixo com as raízes te picando em pedaços.” Assim gritando à deidade da árvore banian ele sai fora. Dia após dia por seis dias ele fez o mesmo e no sexto, segurando um ramo, galho, ele disse – “Resta apenas uma noite, deidade d’árvore; se você não der um filho ao meu rei, para baixo virás!”

 

           A deidade d’árvore refletiu, até que entendeu exatamente qual era o problema. “Aquele brahmin lá” ela pensou, “destruirá minha casa se ele não tiver filho nenhum: bem, por que meios posso conseguir um filho para ele?”  Então ela foi para diante dos quatro grandes reis” e contou a eles. “Bem,” eles disseram, “nós não podemos dar ao homem um filho.” Foi em seguida aos vinte e oito senhores das guerras dos Duendes, e todos eles disseram a mesma coisa. |Ela foi então até Sakra rei dos deuses e contou a ele. Ele ponderou consigo mesmo: Deve o rei ter filhos dignos dele ou não? ” Então ele olhou ao redor e viu quatro merecedores filhos dos deuses. Estes, é dito, foram quatro tecelões de Benares; e todos os seus ganhos no comércio eles dividiam em cinco partes; destas, quatro eram as suas partes mesmas e a quinta eles doavam comunitariamente. Quando eles nasceram novamente saindo daquele lugar eles vieram para o Céu dos Trinta e Três e então novamente nasceram no mundo de Yama ( Terceiro dos Céus dos Sentidos, Hardy: Manual, p.25) (ou Dharma), então em devida sucessão eles passaram para baixo e para cima através dos seis mundos celestiais e gozaram de muita glória. Justo então era o momento que deveriam ir do Céu dos Trinta e Três para o Céu de Yama. Sakra foi procurá-los e os chamou e lhes disse, “Santos senhores, vocês devem ir para o mundo dos homens para serem concebidos no útero da consorte principal do Rei Esukari.” “ Tá bom meu senhor”, eles disseram para estas palavras “nós iremos. Mas nós não queremos ter nada a ver com a casa real: nasceremos na família do capelão e ainda jovens nós renunciaremos ao mundo.”  Então Sakra os aprovou por sua promessa  e retornou e contou tudo à deidade que vivia n’árvore. Muito agraciada, a deidade d’árvore pediu licença a Sakra e foi para sua residência.

        Mas dia seguinte veio o capelão e junto com ele homens fortes que ele reuniu tendo cada um machado e semelhantes. O capelão aproximou-se d’árvore e segurando um ramo, gritou – “Olá então, deidade d’árvore! Este é o sétimo dia desde que supliquei um favor para ti: o tempo da tua destruição chegou!”  A deidade d’árvore por seu grande poder fendeu, abriu, o tronco d’árvore e saiu fora e com doce voz dirigiu-se a ele assim: “Um filho brahmin? Ora! Te darei quatro.” Ele disse, “Não quero filhos; dê um ao meu rei.” “Não,” ela disse, “Darei apenas para você.” “Então dê dois ao rei e dois para mim.” “Não, o rei não deve ter nenhum filho, você deve ter todos os quatro; mas eles serão somente dados a você porque eles não viverão em casa mundana: nos dias de juventude ainda renunciarão ao mundo.” “Apenas me dê os filhos e eu verei para que não renunciem ao mundo,” disse ele. Assim a deidade agraciou seu pedido por crianças  e retornou para sua residência. Para sempre esta deidade foi tida em grande honra.

               Bem, o deus mais velho desceu e foi concebido pela esposa do brahmin. No seu dia de batismo o chamaram Hatthi pala o Condutor de Elefante;  e para afastá-lo da renúncia ao mundo, o confiaram aos cuidados de alguns guardadores de elefantes, entre os quais ele cresceu. Quando já estava velho o bastante para andar nos próprios pés, o segundo nasceu da mesma mulher. No nascimento o chamaram de Assapala, ou ‘cow boy’ e ele cresceu entre aqueles que guardavam cavalos. O terceiro no seu nascimento foi chamado Gopala, o pastor de vacas e ele cresceu entre os cuidadores de vaca. Ajapala ou rebanho de cabras era o nome do quarto quando também ele nasceu; e ele cresceu entre os pastores de cabras. Quando cresceram eram rapazes de presságios auspiciosos.

             Bem, por medo que eles renunciassem ao mundo, todos os ascetas que fizeram tal coisa foram banidos do reino; em todo o reino de Kasi não foi deixado nenhum. Os rapazes eram duros: em qualquer caminho que fossem eles pilhavam os dons cerimoniais que eram enviados para aqui e para lá.

           Quando Hatthipala estava com dezesseis anos, o rei e o capelão vendo sua perfeição corporal, pensaram assim com eles mesmos. “Os rapazes estão crescidos e grandes. Quando o parassol da realeza estiver levantado o que será feito com eles? – Assim que a cerimônia de aspersão for feita sobre eles, crescerão muito e impetuosamente: ascetas virão, eles o verão e se tornarão ascetas também; uma vez que tiverem feito isto, o país inteiro ficará em confusão. Primeiro vamos testá-los e depois faremos a cerimônia de aspersão.” Então ambos se vestiram quais ascetas e vagaram em busca de ofertas até que chegaram na porta da casa onde Hatthipala vivia. O rapaz ficou agraciado e deliciado em vê-los; aproximando-se, ele os saudou com respeito e recitou três estrofes:

 

                     Por fim vemos um brahmin qual um deus, com grande coque,

                     Com dentes não limpos e sujo de poeira e carregado com peso.

                    

                     Por fim vemos um sábio, que se delicia em retidão,

                     Com hábitos de casca d’árvore a cobri-los e com a roupa amarela.

 

                   Aceitem um assento e para seus pés água fresca; é correto

                   Oferecer dons de comidas a convidados – aceitem, pois convidamos.

 

   Assim ele lhes falou um após o outro. Então o capelão disse a ele: “Hatthipala meu filho, você fala isto porque você não nos conhece. Você pensa que somos sábios dos Himalaias mas tal não o somos, meu filho. Este é o rei Esukari e eu sou teu pai o capelão.” “Então,” disse o rapaz, “por que estão vestidos quais sábios ?” “Para testá-lo,” ele disse. “por que me testar?” ele perguntou. “Porque, se você nos ver e não renunciar ao mundo, estaremos prontos a realizar a cerimônia de aspersão e torná-lo rei.” “Oh meu pai,” cotejou ele, “não quero realeza alguma; renunciarei ao mundo.” Então seu pai respondeu, “Filho Hatthipala, este não é o momento para renunciar o mundo;” e explicou sua intenção na quarta estrofe:

 

                 Primeiro aprenda os Vedas, ganhe riqueza e esposa

                 E filhos, goze das boas coisas da vida,

                Odores, gostos e todos os sentidos: doce é a floresta

                Para viver dentro então e depois o sábio é bom.

 

   Hatthipala respondeu com uma estrofe:

               A verdade não vem através dos Vedas nem pelo ouro;

              Nem conseguir filhos evitará o envelhecimento;

              Dos sentidos há libertação, como homens sábios sabem;

              No próximo nascimento colhemos o que agora semeamos.

 

  Em resposta ao jovem, o rei agora recitou uma estrofe:

 

            Muito verdadeiras as palavras que dos teus lábios saíram:

            No próximo nascimento colhemos enquanto agora semeamos,

            Teus pais agora estão velhos: mas que eles possam ver

            Cem anos de saúde armazenados para ti.

 

“O que você quer dizer, meu senhor?” perguntou o príncipe e repetiu duas estrofes:

 

           Aquele que na morte, Ó rei, um amigo pode encontrar,

           E com a idade uma aliança assinou;

           Para este que não morrerá seja esta tua reza,

           Cem anos de vida seja sua parte.

 

           Qual alguém atravessando um rio sobre

           Um barco e viaja para a outra margem,

           Iguais os mortais inevitavelmente tendem

           Para a doença e velhice e o fim da morte.

 

Deste modo ele mostrou a estas pessoas como são transitórias as condições da vida mortal, adicionando este conselho: “Enquanto você está aí, Ó grande rei, e enquanto falo contigo, mesmo agora doença, envelhecimento e morte aproximam-se de mim. Então fiquem vigilantes!” Assim saudando o rei e seu pai, ele tomou consigo seus ajudantes e abandonou o reino de Benares e partiu com a intenção de abraçar a vida religiosa. E uma grande companhia de pessoas foi com o jovem homem Hatthipala; “pois”, eles diziam, “esta vida religiosa deve ser uma coisa nobre.” A companhia estendia-se por uma légua de distância. Ele com esta companhia procedeu até que chegaram nas margens do Ganges. Lá ele induziu o transe místico contemplando as águas do Ganges. “Haverá uma grande reunião de pessoas aqui,” ele pensou. “Meus três irmãos mais jovens virão, meus pais, rei, rainha e todos, eles com seus ajudantes abraçarão a vida religiosa. Benares ficará vazia. Até que eles venham permanecerei aqui.” Então ele sentou lá, exortando a multidão reunida.

                Dia seguinte o rei e seu capelão pensaram, “E assim príncipe Hatthipala realmente renunciou seu direito ao reino e está sentado nas margens do Ganges, para onde ele foi para seguir a vida religiosa e carregou uma grande multidão com ele. Mas vamos tentar Assapala e aspergí-lo como rei.”  Então como antes vestidos de ascetas eles foram para sua porta. Agradecido ele ficou quando os viu, foi até eles e repetiu as linhas “Por fim” e assim por diante, fazendo o que o outro fizera. Os outros fizeram como antes e contaram a ele a causa da sua vinda. Ele disse, “Por que o Parassol branco é ofertado primeiro a mim, sendo que tenho um irmão príncipe Hatthipala?”  Eles responderam, “Seu irmão foi embora, meu filho, para abraçar a vida religiosa; ele não terá nada a ver com a realeza.”  “Onde ele está agora?” perguntou o rapaz. “Sentado nas margens do Ganges.” “Caros,” ele disse, “não quero nada daquilo que meu irmão cuspiu para fora da boca. Tolos e aqueles que são privados de sabedoria não podem renunciar este pecado mas eu renunciarei.” Então ele declarou a Lei para o pai e o rei em duas estrofes que ele recitou:

                Prazeres dos sentidos são apenas lodo e lama;

                A delícia do coração traz morte e problemas dolorosos.

              Quem afunda nestas lamas não se aproxima nem um pouco

              Em loucura sem sentido da margem distante (o nirvana). 

 

             Aqui está alguém que certa vez inflingiu sofrimento e dor:

            Agora ele foi pego e nenhuma libertação é encontrada.

             Para que ele nunca possa fazer tais coisas novamente

             Construirei paredes impenetráveis ao redor.

 

      “Enquanto vocês estão aí e mesmo enquanto falamos, doença, envelhecimento e morte aproximam-se cada vez mais.” Com este conselho e seguido por uma companhia de pessoas por uma légua de distância, ele foi para seu irmão príncipe Hatthipala. Que declarou a Lei a ele, estando pousado nos ares e dizendo, “Irmão, haverá uma grande reunião de pessoas neste lugar; permaneçamos nós dois aqui juntos.” O outro concordou em ficar lá. 

        Dia seguinte rei e capelão foram da mesma maneira para a casa do Príncipe Gopala: e por ele sendo recebidos com a mesma alegria, explicaram a causa da vinda deles. Ele igual a Assapala recusou a oferta deles. “Por um longo tempo,” ele disse, “desejei abraçar a vida religiosa; como uma vaca perdida na floresta, estou vagando em busca desta vida. Vejo o caminho que meus irmãos vão, qual trilha de uma vaca perdida; e por esta mesma trilha irei.” Então ele repetiu uma estrofe:

 

                     Como alguém que busca uma vaca perdida,

                     Que todo perplexo pela floresta extravia-se.

                     Assim meu bem estar perdido; então por que esperar,

                     Rei Esukari, em seguir a trilha ?  

 

    “Mas,” ele respondeu, “venha conosco por um dia, filho Gopalaka, por dois ou três dias, venha conosco; faça-nos felizes e então você renunciará o mundo.”  Ele disse, “Ó grande rei!  Nunca adie para a-manhã o que deve ser feito ho-je; se queres sorte, pegue ho-je pelo topete.” Então ele recitou outra estrofe:

 

                A-manhã! grita o tolo; dia seguinte! ele berra.

                Nenhuma residência no futuro! diz o sábio;

                O bom a seu alcance ele nunca desprezará.

 

     Assim falou Gopala, declarando a Lei em duas estrofes; e adicionou, “Enquanto vocês estão aí e enquanto falamos, aproximam-se doença, envelhecimento e morte”. Seguido então por uma companhia extensa uma légua de gente, ele fez seu caminho até seus dois irmãos. E Hatthipala pousado nos ares declarou a Lei a ele também. 

        Dia seguinte do mesmo modo rei e capelão apareceram na casa de Príncipe Ajapala, que os saudou com alegria como os outros fizeram. Eles contaram porque vieram e propuseram levantar o parassol da realeza. O príncipe disse: “Onde estão meus irmãos ?”  Eles responderam, “Seus irmãos não terão nada a ver com o reino; eles renunciaram o Parassol Branco e com um séquito que percorre três léguas eles estão sentados nas margens do Ganges.” “Não colocarei sobre minha cabeça o que meus irmãos cuspiram fora das suas bocas e assim viver; mas eu também tentarei a vida religiosa.” Eles disseram, “Meu filho, você é muito jovem; teu bem estar é nosso cuidado; fique mais velho, e abraçarás a vida religiosa.” Mas o rapaz disse, “O que é isto que você está falando ? Certamente a morte chega na juventude igual que com idade! Ninguém tem marca na mão ou no pé para mostrar se morrerá jovem ou morrerá velho. Não sei o tempo de minha morte e portanto renunciarei agora ao mundo de uma vez.”  Ele então recitou duas estrofes: 

 

              Certa vez vi uma donzela jovem e bonita,

              Olhos qual flores, intoxicada com a vida, sua parte

              De alegria intocada ainda, na primeira floração da juventude:

              Morte veio e carregou embora o tenro ser. 

 

             Assim nobres, belos rapazes, bem feitos e jovens,

             Com barbas negras penduradas ao redor do queixo –

             Deixo o mundo e todas suas luxúrias, para ser

             Um eremita: vocês vão para casa e me perdoem.

 

      Ele continuou então, “Vocês estão aí e enquanto falamos doença, velhice e morte aproximam-se.”  Ele saudou ambos, e na frente de um séquito de uma légua de distância ele saiu para as margens do Ganges.  Hatthipala pousado nos ares declarou a Lei a ele também e sentou para esperar a grande reunião que ele esperava.

          Dia seguinte o capelão começou a meditar sentado em seu sofá. “Meus filhos,” ele pensou “abraçaram a vida religiosa; e agora estou sozinho um toco seco de ser humano. Seguirei a vida religiosa também.”  Então ele se dirigiu com esta estrofe para a esposa:

 

            Aquilo que tem galhos ramificados chamam árvore:

            Desgalhado, desramificado, é um tronco, não árvore alguma.

            Assim um homem sem filhos, minha esposa bem nascida:

            É tempo para mim de abraçar a vida santa. 

 

    Isto dito, ele reuniu os bramins diante dele:  sessenta mil deles vieram. Ele então os questionou o que planejavam fazer.  “Você é nosso professor,” eles disseram. “Bem,” cotejou ele, “devo buscar meu filho e abraçar a vida religiosa.”  Eles responderam, “O inferno não é quente apenas para você; nós faremos a mesma coisa.”   Ele entregou seu tesouro, oitenta milhões, para sua esposa e na frente de um séquito de brahmins extenso uma légua partiu para o lugar em que seus filhos estavam. E para este séquito como antes Hatthipala declarou a Lei, pousado alto nos ares.

            Dia seguinte pensou a esposa com ela mesma, “Meus quatro filhos recusaram o Parassol Branco para seguirem a vida dos religiosos; meu esposo deixou a fortuna de oitenta milhões e chutou sua posição de capelão real e foi se juntar a seus filhos: - que sou eu para fazer tudo por mim mesma? Pela caminho que meu filho foi eu irei também.”  E comentando um antigo ditado ela recitou esta estrofe de aspiração:

 

                 Os meses de chuva passam, os gansos quebram redes e armadilhas,

                 Com um voo livre igual das garças através dos ares;

                 Então pelo caminho de marido e filho

                 Buscarei conhecimento como estes dois fizeram. 

 

[ o escoliasta se refere a história descrevendo como um aranha teceu uma rede que encobriu um bando de gansos dourados, como dois dos pássaros mais jovens no fim das chuvas rompem através com plena força e como o resto seguiu pelo mesmo buraco e voaram fora.]

                “Desde que isto sei,” disse ela consigo mesma, “por que eu não renunciaria ao mundo? ” Com este propósito ela reuniu as mulheres brahmins e disse a elas: “O que vocês pretendem fazer com vocês mesmas? ” Elas perguntaram, “Você vai fazer o que? ” – “Quanto a mim, renunciarei ao mundo.” – “Então nós faremos o mesmo.” Largando então todo seu esplendor, ela foi atrás de seus filhos, levando com ela um séquito de uma légua de distância de mulheres. A esta companhia também Hatthipala declarou a Lei, sentado nos ares pousado.

              Dia seguinte o rei perguntou, “Onde está meu capelão? ” “Meu senhor,” responderam, “o capelão e sua esposa deixaram toda a riqueza para trás e seguiram seus filhos em uma companhia que cobre duas ou três léguas.” Disse o rei, “Dinheiro sem dono vem para mim, ” e mandou o juntarem na casa do capelão. A rainha principal agora quer saber o que o rei estava fazendo. “Ele está mandando buscar o tesouro, ” foi dito a ela, “da casa do capelão.” “E onde está o capelão? ” ela perguntou. “Saiu para se tornar um religioso, esposa e todos.” “Por que,” pensou ela, “aqui está o rei mandando trazer para sua própria casa o esterco e o cuspe largados por este brahmin e sua esposa e seus quatro filhos! Tolo enlouquecido! O ensinarei com uma parábola.”  Ela pegou um pouco de carne de cachorro e fez um monte dela no jardim do palácio. Depois ela armou uma armadilha ao redor deixando o caminho aberto direto para cima. Os abutres vendo-a de cima desceram rapidamente. Mas os sábios entre eles notaram que a armadilha estava ao redor; e sentindo que eram muito pesados para elevar-se direto, eles vomitaram o que tinham comido e sem ser pegos na armadilha elevaram-se e voaram. Outros cegos de loucura devoraram o vômito dos primeiros e ficando pesados não conseguiram ficar leves mas foram pegos na armadilha. Trouxeram um dos abutres para a rainha e ela levou-o para o rei. “Veja, Ó rei!” ela disse, “há algo a ser visto por nós no jardim.” Abrindo a janela, “Veja aqueles abutres, sua majestade!” e ela repetiu duas estrofes:

             Os pássaros que comeram e vomitaram estão livres voando nos ares:

 Mas aqueles que comeram e guardaram, para baixo são capturados por mim agora.

 

              Um brahmin vomita suas luxúrias e tua comerás a mesma?

    Um homem que come um vômito, senhor, merece a mais profunda reprovação.

 

          Com estas palavras o rei se arrependeu; os três estados da existência (sensual, corporal, sem forma, os três mundos) pareciam com chamas flamejantes; e ele disse, “Ho-je mesmo devo deixar meu reino e abraçar a vida religiosa.” Cheio de dor, ele louvou a rainha em uma estrofe:

 

                Como um homem forte empresta uma mão de ajuda

                Para o mais fraco que afunda no lodo ou na areia movediça:

                Deste modo, Rainha Pancati, tu me salvaste aqui,

                Com versos cantados tão docemente aos meus ouvidos.

 

       Logo que ele disse isto no mesmo momento mandou chamar seus cortesãos, ansioso em tentar a vida religiosa e disse a eles, “E o que vocês farão? ” Eles responderam, “O que você fará? ” Ele disse, “Procurarei Hatthipala e me tornarei religioso.”  “Então,” eles disseram, “nós, meu senhor, faremos o mesmo.” O rei deixou sua soberania sobre Benares, esta grande cidade, doze léguas extensa, e disse, “Deixemos quem levantará o Parassol Branco.”  Então cercado de seus cortesãos, na frente de uma coluna três léguas extensa, ele foi para a presença do jovem. A este corpo também Hatthipala declarou a Lei, sentado alto nos ares. 

                                        _______________________       

 

                 O Mestre repetiu uma estrofe que conta como o rei renunciou este mundo. 

                 Então Esukari, rei poderoso, senhor de muitas terras,

                 De Rei tornou-se eremita, como um elefante que rompe suas amarras. 

 

                           _____________________

 

          Dia seguinte o Povo que foi deixado na cidade reuniu-se diante do portão do palácio e queriam falar com a rainha.  Eles entraram, e saudando a rainha, permaneceram em um dos lados, repetindo a estrofe:

 

                  É o prazer de nosso nobre rei

                  Ser um eremita, largando tudo.

                  Então no lugar do rei agora pedimos que tu permaneças;

                  Cuide do reino, protegido por nossas mãos.

 

       Ela escutou ao que a multidão disse e então repetiu as estrofes restantes: 

 

           É o prazer do nobre rei

           Ser um eremita, largando tudo.

           Agora saibam que andarei sozinha no mundo

           Renunciando cada uma das luxúrias e prazeres.

 

            É o prazer no nobre rei

           Ser um eremita, largando tudo.

           Agora saibam que andarei sozinha no mundo,

           Onde quer que estejam, renunciando cada uma das luxúrias.

 

           Tempo passa, segue noite após noite,

            Belezas jovens uma a uma devem diminuir e morrer:

            Agora saibam que andarei sozinha no mundo,

            Renunciando cada uma das luxúrias e prazeres.

 

            Tempo passa, segue noite após noite,

            Belezas jovens uma a uma devem diminuir e morrer:

            Agora saibam que andarei sozinha no mundo,

            Onde quer que estejam, renunciando cada uma das luxúrias.

 

             Tempo passa, segue noite após noite,

            Belezas jovens uma a uma devem diminuir e morrer:

            Agora saibam que andarei sozinha no mundo,

            Cada laço jogado fora, nem poder de apaixonar eu tenho.

 

       Com estas estrofes ela declarou a Lei para a grande multidão; reunindo então as esposas dos cortesãos disse a elas, “E o que vocês farão?” “Madame,” elas disseram, “o que você fará”- “Abraçarei a vida religiosa.” – “Então também o faremos.” A rainha então deixou aberta as portas de todos os depósitos de ouro no palácio e fez com que fosse gravado em um disco dourado, “Em tal lugar há um grande tesouro escondido; quem quiser pegá-lo pode tê-lo.” Este disco dourado ela amarrou num pilar sobre o grande tablado e enviou o tambor batendo a proclamação ao redor da cidade. Deixando então toda sua magnificência, ela saiu da cidade.  A cidade toda então ficou em ebulição: o grito era, “Nosso rei e nossa rainha deixaram a cidade para se juntar aos religiosos; o que nós faremos agora?” Em seguida o Povo todo deixou suas casas e tudo que havia nelas e saiu, levando seus filhos pela mão; todas as lojas permaneceram abertas mas ninguém nem mesmo se virou para olhá-las: toda a cidade ficou vazia.

          E a rainha com um séquito de três léguas de extensão foi para o mesmo lugar que os outros. Para a sua companhia Hatthipala também declarou a Lei, pousado nos ares acima deles; e então com todo o conjunto de séquitos totalizando doze léguas ele partiu para o Himalaia.

         Todo o estado de Kasi fervilhava, gritando como Hatthipala esvaziou a cidade de Benares, extensa doze léguas e como em grande companhia partiu fora rumo ao Himalaia para abraçar a vida religiosa; “certamente então” eles disseram, “quanto mais melhor!” No fim esta companhia cresceu tanto que cobria trinta léguas; e ele com esta grande companhia foi para o Himalaia. 

         Sakra meditando percebeu o que estava acontecendo. “Príncipe Hatthipala,” ele pensou, “fez a Renúncia; haverá uma grande reunião de gente e eles devem ter um lugar para viver.”  Ele então deu ordens a Vishvakarma: “Vá, faça um eremitério trinta e seis léguas extenso e quinze de largura, e reúna dentro dele todo o necessário para os religiosos.” Ele obedeceu; e fez nas margens do Ganges em um lugar agradável um eremitério do tamanho pedido, preparou nas cabanas de folhas estrados juncados com galhos ou juncados com folhas, aprontando todas as coisas necessárias para os religiosos. Cada cabana tinha suas portas, cada uma seu  corredor; havia lugares separados para ficar de dia e ficar de noite; tudo bem acabado com cal; havia bancos para sentar. Aqui e lá haviam árvores floridas carregadas com fragrantes florações de muitas cores; no final de cada corredor havia um poço para retirar água e ao lado uma árvore frutífera e cada árvore dava um tipo de fruto. Tudo isto foi feito com poder divino. Quando Vishvakarma terminou o eremitério e dotou as cabanas de folhas com todas as coisas necessárias, ele escreveu em letras vermelhas numa parede – “Quem quer que abrace a vida religiosa é bem vindo para estas coisas necessárias.”  Então com seu poder sobrenatural ele baniu daquele lugar todos os sons ruins, todos os pássaros e bestas odiosos, todos os seres inumanos e voltou para seu próprio lugar.

                       Hatthipala chegou neste eremitério, presente de Sakra, por uma trilha e viu o que estava escrito. Então ele pensou, “Sakra deve ter percebido que fiz a Grande Renúncia.” Ele abriu a porta, e entrou numa cabana e pegou aquelas coisa que marcam o asceta saiu novamente e pelo corredor andou para cima e para baixo algumas vezes. Então ele admitiu o resto da companhia para a vida religiosa e foi inspecionar o eremitério. Ele colocou a parte no meio a habitação das mulheres com crianças e próximo a esta das mulheres mais velhas e próxima a das mulheres sem crianças; as outras cabanas ao redor ele colocou os homens.

                    Então um certo rei, escutando que não havia rei em Benares. Foi ver e encontrou a cidade adornada e decorada. Entrando no palácio real, ele viu o tesouro num monte. “O que! ” disse ele, “renunciar a uma cidade como esta e tornar-se um religioso logo que chega uma chance isto é verdadeiramente um gesto nobre!” Perguntando o caminho para algumas pessoas bêbadas ele seguiu para encontrar Hatthipala. Quando Hatthipala percebeu que ele estava vindo para a encosta da floresta, ele saiu para encontrá-lo e pousado nos ares declarou a Lei para esta companhia.  Então os levou para o eremitério e aceitou todo o grupo na Irmandade. Do mesmo modo seis outros reis se juntaram a eles. Estes sete reis renunciaram sua riqueza.   O eremitério, trinta e seis léguas de extensão, enchia continuamente. Quando algum grande homem tinha pensamentos de luxúria ou qualquer coisa semelhante, ele declarava a Lei para ele e ensinava-os o pensamento das Perfeições e o Ênstase; estes então geralmente desenvolviam o transe místico; e dois terços deles nasceram novamente no mundo de Brahma, enquanto um terço sendo dividido em três partes, uma parte nasceu no mundo de Brahma, uma nos seis céus dos sentidos, uma tendo realizado uma missão de vidente nasceu no mundo dos homens. Assim eles tiveram cada um seu próprio mérito. Assim o ensinamento de Hatthipala salvou todos do inferno, do nascer animal, do mundo dos fantasmas e de encarnar como um Titan.

                                                   __________________ 

                

                    Na ilha do Ceilão, aqueles que fizeram a Renúncia foram: Ancião Dhammagutta, que fez a terra tremer; Ancião Phussadeva, um cidadão de Katakandhakara; Ancião Mahasamgharakkhita, de Uparimandalakamalaya; Ancião Malimahadeva; Ancião Mahadeva, de Bhaggiri; Ancião Mahasiva, de Vamantapabbhara; Ancião Mahanaga, de Kalavallimandapa; aqueles na companhia de Kuddala, de Mugapakkha, de Culasutasoma, de Ayoghara o Sábio, e último de todos Hatthipala. Portanto disse o Abençoado, “Apressem-se, vocês felizes! ( Dhammapada, 116), isto é, felicidade virá somente se usarem de toda a pressa. 

             Quando ele terminou este discurso, o Mestre disse, “Assim, Irmãos, o Tathagata fez a Grande Renúncia muito tempo atrás como a fez agora”; o que dito ele identificou o Jataka: “Naquele tempo, Rei Suddhodana era rei Esukari, Mahamaya sua rainha, Kassapa o capelão, Bhaddakapilani sua esposa, Anurudha era Ajapala, Moggaallana era Gopala, Sariputra era Assapala, os seguidores de Buddha eram o resto e eu mesmo era Hatthipala.